Quando Harry Potter o viu antes de desmaiar no seu primeiro dia a caminho de Hogwarts, não conseguiu parar de pensar nele.

Professor Remus Lupin o salvara do dementador que roubara toda a alegria e calor daquele vagão, mas Harry acreditara que ficara ficcionado naquela magia que o professor usara naquela noite. Todo aquele brilho prateado e luminoso vinha na cabeça de Harry quando lembrava dos dementadores.  Será que também conseguiria fazer isso? pensava na magia e lhe vinha à cabeça o professor. O professor estava por trás da varinha e Harry, não percebia que seu coração pulava exageradamente ao pensar em Remus Lupin.

Foi quando a primeira aula de Magia contra Arte das Trevas acontecera que Harry teve realmente certeza do que sentia. Ele já estivera nervoso na frente de outros professores, como por exemplo Snape, só que ele lhe deixava desconfortável ou McGonagall que exalava respeito apenas com o seu olhar.

Era diferente o sentimento quando via Remus Lupin. Seu coração tomava outro ritmo quando ele passava no corredor. Claro que Harry insistia em que era por causa de sua magia de proteção. Ele considerava até demais o professor Lupin.

Só que naquela aula, Harry não conseguiu encarar o bicho-papão porque o professor acabara a aula antes que ele tentasse. Por quê? Ele também gostaria de saber. Será que o professor não lhe achava capaz de encarar um monstro daqueles por causa do seu desmaio? Harry não conseguia dormir quando pensava nisso. Claro que Black estava na cabeça do garoto também, mas lhe apavorava de um jeito ou de outro que a pessoa que ele considerava tanto talvez lhe achasse uma daquelas grandes bombas de bosta que os Weasley jogavam na Sala Comunal. Tudo seria culpa do dementador naquele dia?

Esse pensamento pertinente ficava ali cutucando Harry, assim como o de não poder ir em Hogsmeade. Pouco tempo depois, quando todos estavam e festejavam a ida no grande vilarejo bruxo, Harry encontrou o professor Lupin perto do Salão Principal, um tanto mais magro e debilitado que o de costume, mas seu coração acelerou do mesmo jeito.

— Harry! - disse o professor animado - Que bom vê-lo.

    E realmente era bom vê-lo. Lupin sentia uma harmonia agradável entre eles, como se o conhecesse há muitos anos E realmente o conhecia, mas Harry nem sequer imaginava.

— Imaginei que estaria por Hogsmeade.

— Pois é. Eu também, professor. - Harry se preocupou ao ver Lupin nesse estado deplorável - O senhor está bem?

— Estou, sim. - o professor deu uma risadinha forçada, um pouco desconfortável com a pergunta - apenas um problema de saúde rotineiro, mas logo estarei bem. Se me permite, Harry, gostaria de ir para a minha sala descansar.  

    E antes que Harry pudesse perguntar alguma coisa, o professor já se encaminhara para sua sala. Harry ficou ali, sem saber direito o que fazer, o observando se afastar, mas então ele correu até o professor e decidiu lhe acompanhar até sua sala.

— Professor, eu preciso lhe perguntar uma coisa.

    Os dois andavam lado a lado. Harry com o coração na boca e Lupin sorria encarando o garoto.

— Por que não deixei você enfrentar o bicho-papão naquela aula?

— Sim. - Harry respondeu surpreso, mas eles mantiveram seus olhares fixos um no outro. Lupin suspirou e parou de caminhar. Ele segurou o braço de Harry que quase perdeu os sentidos.

— Olha, só não fiz isso porque tive medo dos outros alunos, entende? - ele explicou baixinho - Como os outros iriam lidar com um Lord Voldemort dentro da sala de aula. Porque acredito que esse é o seu grande medo. Estou errado?

    Harry mirou o chão com suas expressões caídas.

— Pensei nele de princípio, mas depois me lembrei daquele dia no Expresso de Hogwarts...

— Ah, entendo - disse Remus, afirmando com a cabeça e sorrindo delicadamente - Seu grande medo é sentir medo. Estou muito impressionado - Harry voltou a olhá-lo, só que agora com a cara de espasmo -  Você é forte, Harry. Como o seu pai. - Remus sorriu e Harry eleva a cabeça para frente e pro lado, desentendendo totalmente o que o Remus acabara de dizer - Sim, fui muito amigo de seu pai. Nós estávamos em quase todas as encrencas que esse castelo poderia nos proporcionar naqueles anos, mas nós sempre nos ajudávamos quando precisávamos. Sempre foi uma honra ser amigo do seu pai, acredite.

    Harry sentiu-se corar e sorriu acanhado. Ele levara todas essas palavras como um elogio. Seu pai fora um grande homem, afinal e estava bem feliz por isso.

— Você se parece mais com o seu pai do que você imagina, Harry.

    Agora realmente Harry não sabia o que dizer e nem para onde olhar. O garoto se sentia com o interior iluminado. A pessoa que ele gostava tinha convicção de que ele mesmo era uma grande pessoa, mas mal sabia Harry que todas essas demonstrações de afeto ao seu pai, eram realmente ao seu pai, pois Remus Lupin sempre fora apaixonado por James Potter.