P.O.V Ícaro

Depois de levarem o corpo da minha mãe, alguns médicos vieram cuidar do meu ferimento. Após isso, deixaram que eu fosse para o meu quarto e até agora eu não saí daqui.

— Senhor Ícaro? - ouvi a voz de uma das criadas e disse para entrar - O senhor não comeu nada até agora

— Não estou com fome.

— O senhor precisa comer. Sua mãe não ia querer vê-lo desse jeito - olhei para ela e vi que era a Em, a criada da Amy e que antigamente era da minha mãe.

— Não fale dela, por favor - disse baixinho e ela assentiu e deixou meu jantar na mesinha. - Obrigado.

— De nada Alteza. - e saiu do quarto. Olhei para a comida e fui até a bandeja. Quando fui beber o suco, vi que tinha um bilhete embaixo do copo.

Oi
Eu sei que você não está bem, mas eu queria saber como você está. Não precisa me responder agora, eu meio que entendo pelo que você está passando, mas se precisar eu estou aqui. Ainda sou sua melhor amiga.

Amy ♥

Sorri ao ler o bilhete, mas mesmo assim ainda tinha vontade de chorar. Minha mãe estava morta e meu pai não se preocupou em saber se eu estava bem. Se ela estivesse aqui comigo...

As lágrimas começaram a encharcar meu rosto e joguei o copo, já vazio, na parede.

— Por que você me deixou mãe? Por quê? - sentei no chão e ouvi a porta ser aberta.

— Está tudo bem Alteza?

— Claro, está tudo ótimo. Tirando o fato de a minha mãe ter morrido e me deixado, está tudo perfeito.

— Senhor...

— Me deixe em paz. Não aconteceu nada comigo.

— Tudo bem - ele saiu e fechou a porta. Eu sabia que não deveria ter falado com ele daquele jeito, mas naquela hora a dor estava me consumindo.

Dois dias depois

Não saí muito do quarto nesses dias. Também não respondi o bilhete da Amy, só saía do quarto para mostrar que eu estava vivo. Por fora pelo menos.

Hoje é o dia do funeral e me trouxeram um terno preto. Olhei para ele e me arrumei. Tentei fingir que tudo estava bem, mas meu rosto demonstrava totalmente o contrário: estava com olheiras, os olhos estava vermelhos e inchados e minha cara não estava boa.

— Senhor, está na hora - ouvi a voz de um guarda e assenti. Saí do quarto e fui direto para o Salão, encontrando meu pai e as selecionadas, menos a Amy.

Ficamos esperando durante um tempo e ela desceu, e mesmo que estivesse vestida para um funeral, ela estava linda. Como sempre.

Fui em sua direção assim que ela pisou no chão e disse um patético “oi”.

— Oi - ela pegou minha mão e não me segurei a abraçando logo em seguida - Eu...

 - Não precisa dizer nada, só me abraça - derrubei algumas lágrimas e ela me abraçou forte - Não precisa me sufocar.

— Desculpa - ela deu um sorrisinho e beijei sua testa. Ela olhou para as meninas e sorriu também - Vamos.

— Sim - entrelacei nossos dedos e fomos para o carro. Os outros ficaram em outros carros e eu e Amy fomos sozinhos - Foi mal.

— Pelo que?

— Por ter meio que te ignorado esses dias.

— Tudo bem. Eu entendo pelo que você está passando. Ela era quase a minha mãe.

— Eu sei - encostei a cabeça no ombro dela e suspirei - Sinto falta dela.

— Eu também. Muita. - ela começou a chorar e abracei - Vamos ficar bem não é?

— Sim, nós vamos. - dei um selinho nela e ficamos assim até chegarmos.

Depois que todos foram embora, e tinha muita gente dentro do cemitério já que a Amy obrigou meu pai a deixar o povo de Illéa entrar também, fomos para o palácio.

Eu sabia que a Amy era a dona do meu coração, mas depois de vê-la agir daquele jeito, pensando na população de Illéa mesmo estando triste, eu decidi que não agüentava mais esperar.

— Você está bem? - ela me perguntou enquanto tirava o salto. Ela percebeu e não sei se estou preparado para isso.

— Sim, na verdade não muito. Ah que droga - me joguei na cama e ela riu - Isso é difícil sabia?

— O que é difícil? - tudo bem, lá vou eu.

— Te pedir em casamento. - ela começou a piscar nervosamente e sorri.

— Ícaro...

— Eu sei que você deve estar pensando que eu só estou falando isso por que eu estou triste e tudo mais, mas depois do que você fez hoje... Na verdade, desde o dia que sofremos aquele primeiro ataque eu sabia que você é a mulher que eu quero passar o resto da minha vida.

 - Mas...

— Se você aceitar, tudo isso acaba. A Seleção, os problemas.

— Sempre vamos ter problemas.

— Eu falo dos problemas da Seleção. Amy, eu só preciso que você me responda uma coisa.

— Mas o que as pessoas vão falar?

— Eu não ligo, eu quero você e só você para o resto da minha vida. - Amy sorriu e vi que ela estava se segurando para não chorar.

— Então, você acei...

— Sim.

— Mas eu não terminei.

— Não importa. Minha resposta é sim. Mil vezes sim. - sorri para ela e a abracei.

— Eu te amo tanto Amy.

— Eu também te amo Ícaro. - grudamos nossas bocas e senti algumas lágrimas dela escorrerem

— Não precisa chorar amor.

— É de alegria seu besta. - fui até o travesseiro dela e tirei uma caixinha de lá - Você tinha tanta certeza que eu ia aceitar?

— Sempre tive - abri a caixinha e me ajoelhei - E me deixa terminar de falar.

— Ok - ela riu e a olhei. Os olhos dela brilhavam e um sorriso estava estampado em sua boca.

— Amélia Wood, você aceita se casar comigo?

— Aceito - levantei do chão e coloquei a aliança em sua mão direita.

— Nossa, ficar ajoelhado no chão dói.

— Idiota - Amy riu e me beijou novamente. Finalmente poderíamos ser felizes juntos.