Destino: Nova York escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 5
5. Aquela noite




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Sirius

10 de julho, tribunal do MACUSA

—Temos outras questões a avaliar – disse Serafina, se recompondo do choque de nos ouvir assumindo a culpa igualmente. - William, as criaturas saíram da maleta?

—Algumas delas, acho. Estava um pouco aberta.

Newt arregalou os olhos. Os animais que ele tanto amava estavam à solta em Nova York. Serafina mandou que nós levassem para as celas, enquanto uma equipe de aurores procurava os animais e outra iniciava as execuções.

—Não! - Newt gritou, apesar de o estarem tirando do recinto. - Não machuquem minhas criaturas, por favor! Elas são inofensivas.

Ninguém – exceto eu, Bianca e Juliana – deu ouvidos a seus apelos, o que só o fez gritar mais. Não sei bem porquê, Bianca começou a gritar também, pedindo que deixassem as criaturas, logo Juliana e eu nos juntamos ao coro. Nos puseram na mesma cela, e as meninas foram logo consolar Newt.

Sentei-me recostado à parede. Tinha muita sorte de não terem levado em consideração que sou procurado pelo ministério da magia britânico – injustamente, como não canso de dizer.

Bianca chegou à conclusão de que estava sobrando enquanto Newt chorava no ombro da irmã dela, porque veio até o meu lado, imitando minha postura.

—Estamos ferrados. Você estava certo.

—Mas pelo menos… ah, pera. Eu fui preso.

—Não por assassinato – ela disse com um sorriso. - Não que isso anemize a situação, é claro.

Agradeci por ela, pelo menos, tentar ver as coisas de outro modo. Às vezes, eu me perguntava porque gostava tanto da companhia dela. Uma das respostas era: ela tinha o alto-astral e o positivismo que me faltava. Fiz carinho na bochecha dela, que se aninhou no meu abraço.

Pelas histórias que Fleamont contava, cadeias destruíam pessoas, quanto mais as inocentes. Não, disse a mim mesmo. Esse lugar não vai destruí-la. Vou tirá-la daqui antes. Ela adormeceu no meu ombro. Foi um longo dia, então eu dormi também.

***

11 de julho, cela do MACUSA

Naquela noite, eu sonhei.

Eu e Bianca estávamos no ministério da magia. Ela, sentada com os auditores e eu no banco dos acusados. Orion se levanta e diz:

—Sirius Orion Black, você foi acusado de cinco assassinatos.

—Eu sou inocente – falei, desesperado. - Diga a eles, Bianca.

Todos os olhares se viraram para ela.

—Sirius é culpado – ela diz, seus olhos frios e inflexíveis fixos em mim. - Você os matou, Sirius, não negue, Juliana, Newt, Remus, Lily, James. Todos eles, a sangue-frio.

—Já chega, levem-no – decreta Orion, ao mesmo tempo em que grito “Não!”

Mãos invisíveis me agarram e sou arrastado para longe de Bianca, que me encara, séria.

Acordei de salto, e Bianca se virou para mim.

—Ah, você acordou – ela puxou uma bandeja. - Café da manhã.

Foi a refeição mais deplorável que já tive. Não só porque a comida era horrível e estava impressionado com meu sonho, mas também porque percebi que aquela bandeja era para dois, e Bianca não estava comendo. Ela já tinha comido a parte dela? Eu não tinha como saber, então estendi um pão duro para ela, que negou com a cabeça.

—Eu já comi, Six.

Por mais que o sonho tivesse me assutado, Bianca continuava a mesma. A mesma a ponto de me dar um apelido.

—Vamos lá, Mal. Só uma fatia de pão não vai matá-la.

Isso a dissuadiu a aceitar. Eu mastigava com dificuldade e meus pensamentos se distanciaram dali. Se alguém perguntasse, eu diria que estavam mais ou menos um ano atrás, perdidos naquela noite que eu não esqueceria tão cedo.

1977, Hogwarts

James, Remus, Peter e eu estávamos espiando os sonserinos no corredor de feitiços, como de praxe, até que vi Regulus passar com Ranhoso e Rabastan Lestrange, que gargalhavam como hienas. Meu irmão andava atrás deles sem falar nada. Pedi a James para me emprestar a Capa da Invisibilidade. Ele me deu, sem perguntar porquê.

Segui o trio sonserino. Regulus tomou coragem para entrar na conversa sobre meninas.

—Bianca Avery e eu vamos nos encontrar na sala precisa hoje à noite – confessou ele, em tom casual.

Eu, Ranhoso e Rabastan fizemos a mesma cara incrédula. Como o meu irmão panaca conseguiu convencer Avery Maligna a beijá-lo? E fora que o tom usado por ele sugeria que eles fariam algo mais do que só beijar. Orgulhoso, ele tirou um bilhete do bolso e esfregou no nariz de seus asseclas, que murmuraram, ainda sem acreditar.

Lucius Malfoy cruzou o caminho deles, todo empertigado e tomou o bilhete das mãos de Regulus.

—Que pena. Você não pode ir.

—Quê? - exclamou Regulus abismado. - Quem você pensa que é para…

—O lorde convocou uma reunião para esta noite. Se não for, será expulso do Círculo e eventualmente morto – Regulus engoliu em seco.

Lucius Loira Oxigenada Malfoy deu um belo ultimato, eu tinha que reconhecer, pressionando-o a escolher entre o clube das trevas e sua vida.

—Acho que a Bianca vai ter de esperar então.

Era a minha deixa. Me aproximei dele e dei um puxão em seu cabelo, me afastando o mais rápido que pude.

—James, precisamos ir ao estoque de Slughorn – falei assim que entrei no dormitório, jogando-lhe a Capa.

—O que quer de lá?

—Polissuco.

—Ótimo. Remus, você distrai Slughorn. Peter, você fica com o Mapa, vigiando. Sirius e eu entramos lá e pegamos todo o necessário. Querem mais alguma coisa?

Eles negaram com a cabeça e sob a Capa, tomamos nossas posições. Tinha tantos frascos de polissuco que Slughorn não notaria a falta de um. Peguei e caímos fora. Agora, eu só tinha de observar se Regulus não mudaria de ideia e mandaria Voldemort se lascar e fosse para a sala precisa com a Avery Maligna – era o que qualquer cara normal faria.

—Hã, Sirius, que mal lhe pergunte, mas por que você quer isso?

—Eu te conto depois, agora eu preciso ir.

Passei a tarde vigiando a porta da sala precisa, escondido entre as vigas. Regulus passou por ali algumas vezes, angustiado e triste. Quando o relógio bateu dez e meia, uma menina encapuzada adentrou a sala. Fui atrás dela, tomando a poção polissuco com o cabelo de Regulus dissolvido. Eu conseguia fazer isso. Eu podia ser o Regulus por uma noite.

Assisti Avery Maligna tirar a capa, expondo um vestido curto de cetim verde esmeralda, ressaltava sua pele clara. Deixara os óculos de lado, estava com lentes. E quando me viu, abriu um grande sorriso.

Corri para abraçá-la, e fui bem recebido. Ela me puxou para a cama de casal com dossel, beijando meus lábios com audácia. Por um minuto, eu cheguei a pensar que ela estava fazendo aquilo por pena dele, mas não. Bianca Avery de fato queria aquela noite quente ou o que quer que fosse com meu irmão.

Acabei de perceber que tinha um problema com foco. Enquanto metade de mim tentava se concentrar no momento, a outra pensava, calculava todas as formas possíveis de Regulus ter chegado quase aqui – e não, não me senti mal por tomar o lugar dele, pelo menos não por ele; Se fosse me sentir mal, seria por ela que não sabia o que estava acontecendo.

Já tínhamos terminado as preliminares, então começamos a tirar nossas roupas. Ela estava com um sutiã preto que aportava seus seios fartos. Honestamente, eu não queria saber o que ela estava achando do meu corpo emprestado – mas créditos a ela, porque se ela estava com nojo do corpo franzino do meu irmão, não demonstrou.

Depois disso, o mais difícil para mim foi falar e agir como Regulus, mas acho que ela não desconfiou. Resumindo, aconteceu numa boa e no final, ela adormeceu, a cabeça no meu peito – ok, no de Regulus, mas quem é que liga? Só ela, né, seu babaca, disse a minha parte mais racional -, e eu deixei minha mão se perder em seus cabelos.

Na manhã seguinte, quando acordei com Bianca Avery do meu lado, sorri comigo mesmo, apesar de o peso na consciência ter batido na hora. Eu tinha enganado a garota. Ela achava que era Regulus, e era eu, que carregava uma tremenda fama – merecida - de cafajeste. Acho que o mínimo que eu podia fazer era prometer a mim mesmo que contaria a Regulus o que tinha feito e nunca mais encontraria Bianca Avery.

Foi a promessa mais difícil de cumprir que já fiz. Além de estar nos jogos de quadribol, ela não saia da minha mente.


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