Destino: Nova York escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 4
4. Um dos nossos




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Newt

10 de julho de 1978, World Hotel

Tomei fôlego. Precisava contar toda verdade antes que descobrissem de outra forma, e eles poderiam muito bem descobrir de um jeito muito pior se alguém resolvesse passear pela cidade. Peguei a mão de Bianca, que parou com os carinhos nas minhas costas, os olhos castanhos aflitos.

—Na minha mala há algumas criaturas mágicas das quais eu cuido.

—Você precisa reaver a mala – concluiu Sirius – antes que algo grave aconteça.

As meninas moveram a cabeça, concordando, porém antes que pudéssemos falar algo mais, alguém bateu à porta tão forte que quase a derrubou. Sirius se adiantou para abrir. Era um policial, acompanhado de três outros. Juliana abriu a boca para perguntar o que queriam, mas o homem interrogou:

—Newt Scamander, Sirius Black, Bianca e Juliana Avery?

—Somos nós – Juliana confirmou receosa. - Por quê?

—Vocês estão presos.

10 de julho, delegacia de Nova York

Tudo o que aconteceu em seguida parecia saído de um filme estúpido. O delegado O’Donnell nos colocou em uma cela pequena, de dois metros quadrados no máximo. Ele remexia arquivos em sua escrivaninha, e nós tentávamos nos distrair para não enlouquecer.

Bianca tirara os óculos e brincava com eles nas grades; Juliana andava de um lado para o outro; Sirius sentara em uma banqueta apoiada encostada à parede; e eu pendurei meus braços através da grade, ao lado de Bianca. Percebi que estavam muito calmos, como se já tivessem sido presos. Sirius, eu até entendo, mas Bianca e Juliana… elas não eram santas, tinham uma ficha mediana, depois de pegarem o carro de Robert para ir à loja de conveniência do posto de gasolina mais próximo para comprar bebida com algumas amigas e enfiarem o carro em uma árvore na volta. Nem a mágica conseguiu salvá-las da polícia.

Perguntei-me quanto tempo O’Donnell demoraria para entender que éramos britânicos. Ele largou os papéis e pegou o telefone. Alguns minutos depois, ele caminhou até a cela, com uma pose de superioridade. Jurei ouvir Sirius rosnar “babaca” entredentes.

—Vocês têm sorte de ser um problema pra cima da minha alçada – ele falou, e seu sotaque americano fez Bianca se empertigar, pronta para uma briga.

Ele abriu a porta da cela e saímos. Fomos levados até um carro, que seria conduzido por um cara bronzeado, baixo e gordo, até um prédio imponente, devia ser o MACUSA, o Congresso Mágico dos United States of America. Nos escoltaram até uma sala do subsolo cheia de cadeiras.

Bianca,

10 de julho, sala do MACUSA

Ninguém falou conosco, nem para explicar porque estávamos ali, até que uma mulher morena adentrou a sala, seguida por meia dúzia de bruxos e bruxas.

—O que é isso, Jacob? - ela perguntou para o gorducho. - Você precisou de aurores para colocar quatro crianças para dentro? E aliás, por que estão aqui?

—Não são crianças comuns, Serafina. Foram pegos pela polícia não-maj ao deixar uma maleta suspeita no caís da cidade.

—Então isso é problema deles, Kowalski.

—Uma maleta com animais mágicos, é problema nosso.

—Sim, é… prepare o conselho Kowalski. Teremos um julgamento em meia hora.

Kowalski deixou aurores tomando conta de nós enquanto notificava os membros do conselho. Sirius colocou a cabeça entre os joelhos, sentando em um canto. Certamente essa história de julgamento e confinamento o incomoda bastante, o deixa com raiva, com ganas de sair por aí quebrando tudo, mas ele reprimia seus sentimentos, se sentando. Poderia ser uma metáfora sobre sentar em cima dos seus sentimentos para manter o controle. Ele ergueu os olhos para mim, pedindo-me com o olhar para me juntar a ele.

—Eu tô ferrado – ele disse, baixando os olhos de novo, para o chão.

—Todos estamos. O MACUSA não perdoa ninguém. Nós quatro vamos pagar por Newt ter perdido a maleta. Bichos mágicos são ilegais aqui, o que quer dizer que Newt cometeu o crime e nós somos cúmplices.

Ele sacudiu a cabeça e me calei.

—Eu tô muito ferrado, mais do que ser cúmplice. Orion, o meu pai, “convenceu” - ele fez aspas com as mãos – todo mundo no ministério britânico que eu assassinei duas pessoas, mas não fui eu, Bianca. Juro que não – ele chorou no meu ombro. - Nunca matei ninguém.

Parabéns Black, estou me sentindo horrível e a culpa é sua. Não podia evitar, quando meu problema nesse conselho era ser cúmplice. Sirius podia ser condenado por assassinato, o que sem dúvida, era pior.

—Quando você disse que ele convenceu todo mundo, quis dizer suborno, não é? - ele assentiu. - Eu vou cuidar de você, Sirius. Não tenho como impedir nada nesse momento, mas se prenderem você, não vou descansar até que esteja livre de novo e Orion pague pelo que fez.

Ele me abraçou, colocando o nariz no meu pescoço inspirando meu cheiro. Parara de chorar, mas ainda soluçava.

—Eu adorei te conhecer, Bianca. Se eu for preso, por favor escreva para meus amigos James, Lily e Remus, explicando tudo. Eles moram em Godric’s Hollow.

Assenti e a conversa morreu. Chamei Newt e Juliana para mais perto e disse-lhes:

—Nós somos amigos agora, e amigos não deixam amigos para trás.

—Newt, você não tem culpa de ter perdido a mala – disse Sirius -, mas Serafina e seus asseclas não ligam, então vamos nos defender uns aos outros,

—Como se todos nós fossemos donos da mala – falou Juliana, piscando um olho para Newt.

Quarenta minutos depois, Serafina voltou com todo o conselho – gente o bastante para encher todos os bancos. Tomaram seus lugares e Jacob começou o discurso:

—Sessão 601 de 10 de julho de 1978, a respeito da transgressão à lei que proíbe animais mágicos no território americano, por parte de Newt Scamander, Sirius Orion Black III, Bianca e Juliana Avery, a ser presidida por Serafina Picquery, presidente do MACUSA.

Serafina tomou a palavra.

—Quem é o dono da maleta apreendida? - nenhum de nós disse nada. - Sabem meninos, se ficarem calados, os quatro serão julgados como igualmente culpados pelo crime, mas vocês não precisam passar por isso. É só um de vocês reconhecer a culpa.

Newt abriu a boca para responder, mas eu logo cortei:

—Todos nós éramos responsáveis pela mala, meritíssima.

Newt me encarou estarrecido. Juliana e Sirius apenas assentiram em concordância. Newt era um dos nossos, e nós nunca abandonávamos um dos nossos.


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