Destino: Nova York escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 2
2. As garotas no convés


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a Juh Sato e e Clenery Aingremont pelos comentários do cap anterior! Amo vcs hehehe
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Newt

1 de julho de 1978

Conforme constatei à noite, minha cabine me deixou com claustrofobia, então decidi que passaria o mínimo de tempo possível nela. Assim sendo, logo que acordei, sai para o convés. Faltavam alguns minutos para o café da manhã ser servido, então passei a observar os outros passageiros. A maioria era pessoas de meia-idade, mas uma dupla bem peculiar chamou-me a atenção.

Eram duas meninas que andavam de mãos dadas olhando para baixo, como se inspecionassem o chão. Ambas usavam óculos quadrados, que favoreciam seus rostos. Uma delas usava um short que acabava no meio da coxa, evidenciando suas belas pernas, já a outra estava com um jeans agarrado, deixando sua cintura marcada.

Não sei bem o que me motivou a fazer isso, mas me aproximei delas, quase certo que as conhecia. Nunca falei com nenhuma delas, mas seus rostos eram famosos por Hogwarts.

—Oi – falei, meio sem graça.

Depois dessa, você percebeu que eu sou péssimo em lidar com pessoas. Achei que elas iam me ignorar, mas a garota de jeans se voltou para mim, abrindo um sorriso. Ela era Juliana Avery, uma colega da Lufa-Lufa. Eu a vira algumas vezes no salão comunal da nossa Casa, mas nós éramos de… mundos diferentes.

Ela era atleta, eu era um rato de biblioteca, ela era amiga de quase todo mundo, eu tinha amizade apenas com os professores – e alguns “contatos” que me ajudaram a coletar criaturas mágicas. Como eu disse, mundos diferentes.

—Oi – Juliana respondeu com um risinho. - Newt Scamander, não é?

Eu não queria me dar ao papel de bobo e perguntar: “Você sabe o meu nome?” com cara de babaca, mas não podia negar que ficara surpreso.

—Eu mesmo – tentei me manter normal, estava indo bem, até. - Juliana Avery, certo?

Ela assentiu, sem tirar a expressão chateada do rosto. Sua amiga – chutava que era Bianca Avery, a irmã dela, mas se eu mal conhecia Juliana que era lufana, que dirá a outra que era da Sonserina – puxou-lhe o braço com delicadeza, apontando para um canto.

—Ah – Juliana estalou a língua. - Legal te conhecer, Newt, mas precisamos ir agora.

Acenei enquanto elas iam para o canto indicado. Vasculharam as tábuas de madeira por um momento, mas logo desistiram, frustradas. Sentaram-se na amurada, olhando o mar com poucas ondas abaixo de nós. Um instinto me compelia a chegar perto e perguntar qual era o problema – porque obviamente havia um problema -, mesmo que não soubesse se seria bem-vindo.

—Er… vocês precisam de ajuda? - perguntei.

Dessa vez quem se virou para mim foi Bianca.

—Se encontrar um colar com um pingente de beija-flor dourado… nos avise, okay?

Assenti. Durante toda a minha vida como estudante de Hogwarts, via os sonserinos como pessoas más e cruéis, levando como exemplo a família Black e alguns outros que apoiavam o autointitulado Lorde das Trevas, e nunca percebera o quão legais membros da Casa verde e prata podiam ser. Sob a aparência genérica de menina sádica e esnobe, Bianca era uma irmã cuidadosa e preocupada, de quem eu podia aprender a gostar.

Sirius

1 de julho de 1978, convés do navio

Durante meu passeio matinal pelo convés, vi um garoto e duas garotas vasculhando o chão, mas eles não demoraram a se frustrar e desistir. O garoto tentou consolar a menina que usava jeans agarrado, mas eu estava prestando mais atenção na outra, que usava shots e tinha uma leve pose de nariz empinado que eu já vira em meu irmão. Reconheci-a dos jogos de quadribol, Bianca Avery, a capitã da Sonserina. James quase tremia nas bases só de vê-la montada em uma vassoura. Mal podia esperar para escrever-lhe, contando que estive cara a cara com “Avery do Mal” - nosso apelidinho “carinhoso” para ela – e que ela não parecia má vista de perto. Era até bonita e tinha um ar simpático no sorriso.

Ela se voltou na minha direção, e seu sorriso se tornou um pouco sem graça ao me ver, mas, ainda assim, se aproximou de mim, e jogou seus braços ao meu redor.

—Reggie! Oi! O que está fazendo aqui? Achei que ia… junto com seus novos amigos.

Reggie? Avery do Mal fez amizade com o meu irmão babaca? E ainda por cima era gentil com ele? Essa garota perdeu alguns pontos comigo, mas ainda era muito gata, então eu não ia perder a chance – ou não me chamava Sirius Black.

—Hã… moça, Black errado. Eu sou Sirius.

—Ah – ela se soltou do abraço, um pouco constrangida. - Sirius Black, do time da Grifinória, certo?

—O primeiro e único – pisquei para ela. - Você é Bianca Avery, capitã do time sonserino, não é?

—A primeira e única – ela me deu uma piscadela atraente. A dupla atrás dela deu um pigarro baixo. - Esta é minha irmã Juliana – acenei com a cabeça para a capitã lufana – e o nosso amigo, Newt.

Cumprimentei-o de forma distante, estava muito mais interessado em Bianca, é claro. Ela tinha olhos castanhos lindos, emoldurados por um par de óculos que deixavam seu rosto ainda mais suave e atraente, o que deixaria James com muita inveja – ele adorava seus óculos, mas achava que eles não favoreciam seu rosto “maravilhoso”.

—Hey Sirius, pode nos dar uma mãozinha? - pediu Bianca, ajeitando os cabelos morenos com as mãos. - Estamos procurando um colar de beija-flor.

—Vou ver o que posso fazer por você – sorri – se você jantar comigo hoje.

—Hey, hey, hey, hey, hey – Juliana se intrometeu. - Não está indo rápido demais?

Sim, estava. Nunca chamaria uma garota para jantar no primeiro dia, isso criava expectativas, e coitadas das meninas que nunca poderiam me ter, não é? Mas eu estava em busca de algo mais do que uma garota bonita. Queria informações, e a fonte delas ser uma garota bonita, era um extra. Um extra com o qual eu podia lidar.

—Talvez, mas eu juro solenemente que não vou fazer nada demais – garanti. - Eu só preciso conversar com você sobre um assunto em comum.

Bianca hesitou por um segundo, provavelmente pensando o que uma sonserina e um grifinório teriam em comum. Não demorou muito e ela assentiu.

—Fechado, mas você não vai parar de nos ajudar enquanto não acharmos o colar.

Se esse era o jeito de saber o que eu precisava… que assim fosse. Concordei com a condição dela, e começar a procurar com eles, mas não havia nenhum sinal do tal colar. Fizemos uma pausa para o almoço. Juliana e Newt eram tão legais quanto Bianca, e eram um pacote completo, eu acho. Se quisesse ser amigo de Bianca, teria de ser amigo dos outros dois. Mas isso não era tão difícil, no fim das contas. Com Juliana, eu podia falar sobre quadribol, com Newt, o assunto era animais, ele os achava fascinantes. Já com Bianca eu podia falar sobre qualquer coisa, literalmente. Se quisesse falar sobre aulas chatas, ela era a pessoa certa; se quisesse fazer piadas idiotas, ela era a pessoa certa; se quisesse sentir uma pontinha de saudade dos meus amigos, ela era a pessoa certa.

À tarde, reviramos o navio, ouvindo Juliana descrever a joia detalhadamente sem parar, mas nem sinal. Faltavam vinte minutos para o jantar, então decidimos encerrar as buscas por hoje. Bianca se despediu por ela e pela irmã, dizendo que ia se arrumar para o jantar. Elas seguiram para o deck superior, enquanto Newt e eu fomos para as cabines inferiores, fazendo algumas piadas sobre não termos tanta grana quanto as meninas para pagar aposentos melhores.

Os Avery eram um clã puro sangue tão antigo quanto os Black, e tão ricos quanto, o que dava uma brecha para que Juliana e Bianca fossem intragáveis como meu irmão e minhas primas, mas não. Elas eram gentis, engraçadas, sabiam ser sarcásticas, e sabiam fazer qualquer um rir. James e Remus as adorariam, e Remus adoraria o senso de humor nerd de Newt. Acho que aqueles três dariam ótimos Marotos, se tivessem a oportunidade.

Me arrumei e segui para o saguão de jantar, Usava as roupas mais formais que tinha, eram de segunda mão, herdadas de Alphard, mas dada a minha condição de “filho do mundo” como ele gentilmente me chamara em uma carta, era o máximo que eu podia pedir.

Bianca estava em uma mesa no centro do saguão, usando um vestido longo vermelho escarlate, o que atraia vários olhares. Talvez ela gostasse disso, de ser admirada por sua beleza, e isso me fazia lembrar um pouco de mim, eu acho.

—Senhorita Avery – saudei, fazendo-a rir.

—Senhor Black… qual é a necessidade disso, Sirius? Você pode me chamar de Bianca, sabe disso.

—Direta, gostei.

O garçom trouxe nossos pratos, ela remexeu a comida com o garfo, pensativa, e observá-la me fez pensar também. O objetivo principal disso era eu conseguir minhas informações e Bianca conseguir a ajuda que precisava, mas eu também podia aproveitar a companhia, não é?

—Então… sobre o quê quer conversar? - ela perguntou, mantendo os olhos baixos.

—Regulus – disse eu, sem rodeio algum, e ela torceu o nariz. Estava na cara que ela detestava meu irmão quase tanto quanto eu. - Você me chamou de Reggie, vocês se conheciam bem?

—Nem tanto… ele costumava andar com Snape, Yaxley, Bellatrix… essa turma.

—Ah… - é claro que ele se tornaria um Comensalzinho assim que pudesse – mas por que o apelido?

—Eu um dia conheci o Regulus Black de verdade, mas ele mudou. Acho que foi depois do quinto ano dele, porém, antes disso nós éramos unha e carne, andávamos juntos para cima e para baixo, era meu melhor amigo, depois de Juliana, só que depois daquele verão, ele nunca mais foi o mesmo.

Exatamente como Lily e Ranhoso. Tive um pouquinho de pena dela, ela era muito legal – conforme eu ressaltei várias vezes, tenho certeza -, merecia apenas amizades maravilhosas que dessem-lhe apelidos fofos, e que ela pudesse apelidar também. Sirius, a parte mais cafajeste e Marota de mim me repreendeu, você está protegendo demais a menina que nem conhece. Pare de colocá-la em um pedestal, ela é humana normal, com defeitos e qualidades, pelo amor de Deus!

—Ele te deu um apelido também? - perguntei, tentando manter a postura de cara legal antes que ela notasse e caísse fora.

—É ridículo… você tem que me prometer que não vai contar a ninguém. É sério, nem a Juliana sabe disso.

—Juro pela minha vassoura. Se eu um dia quebrar essa promessa, pode ficar com a Cleansweep para você – falei, dando um gole no espumante.

—Bibi.

Não me aguentei e cuspi o espumante na minha camiseta. O quê? Eu sabia que Regulus era péssimo com nomes e apelidos – ele já chamou a cobra de estimação dele de Jardinzinho (sério, que raio de nome ridículo é esse? Ele tinha uma cobra venenosa, não um gatinho) – mas não que chegava a esse nível. Parecia uma buzina! Também, o que eu podia esperar do garotinho que achava que Siri era um bom apelido para o irmão mais velho? Confesso que aos seis anos, achei até legal, mas mudei de ideia quando descobri os animais horrendos que eram os siris.

—Você está bem? - ela perguntou entre risadas e soluços. - Se molhou todo.

—Estou, é só… Bibi? Isso é muito ridículo. Como você foi aceitar?

Ela deu de ombros.

—Quando eu o conheci, Regulus era um garotinho triste e indefeso, que estava muito chateado com a distância do irmão mais velho, principalmente depois que o Chapéu Seletor colocou um na Sonserina e o outro na Grifinória. Ele estava muito carente e precisando de amigos. Todo mundo na nossa Casa torcia o nariz para ele, falavam que ele era muito fraco para ser da Sonserina, então só fui lá e estendi a mão para quem precisava. Nada demais.

Sorri um pouquinho. Bianca Avery era uma ótima pessoa, apesar de ter um dedo levemente podre para amizades.


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