Destino: Nova York escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 1
1. Destino: Nova York


Notas iniciais do capítulo

De novo, muito obrigada a Juh pela capa, e a Ligia, pela interminável fonte de conhecimento sobre lufanos adoráveis (e pelúcios)
Link da capa do capítulo: http://biancalupinblack.tumblr.com/image/154602677914



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/718806/chapter/1

Sirius

30 de junho de 1978, Godric’s Hollow

—Você vai mesmo? - perguntou James pelo que me parecia ser a milésima vez.

—Eu tenho que ir, James – respondi, pegando meu malão. - Orion colocou o Ministério na minha cola, e eu não fiz nada.

—Isso quer dizer que você é inocente, então não tem que temer – disse Remus, me fazendo bufar.

—O que me preocupa não são os aurores, pelo amor de Merlim, eu sou um Maroto, já enfrentei coisas mais perigosas na escola – dei um sorriso para meu amigo e ele revirou os olhos -, o problema é o que Orion fará se me encontrar em pessoa.

Foi a vez de Lily protestar, dizendo que estávamos em uma cabana inumerada, sendo impossível de nos localizar. Por mais que eu amasse cada um dos meus amigos, eu queria que eles se calassem, nem que precisasse de violência para tal. Eu comprara a passagem para Nova York há meses, e conseguira manter tudo em segredo, mas como Sirius Black é a pessoa mais sortuda que já andou na Terra, James perdeu seu maldito casaco de capitão do time de quadribol – como se fosse precisar dele quando estávamos terminando o último ano de escola -, insistiu em procurar no meu malão, encontrou minha passagem para o mesmo dia e reuniu nossos amigos para tentar me impedir de viajar.

—Me desculpem vocês três – eu suspirei irritado -, mas não estou fazendo isso só por mim. Ele sabe quem são meus amigos, e caçará vocês também. Isso eu não posso suportar.

Lily torceu o nariz e jogou os braços em meu redor, com lágrimas quentes escorrendo para meu peito.

—Se cuida Black.

—Vou me cuidar Evans – prometi. - Tome conta do James por mim, sim? Ele não sabe se cuidar sozinho, pobrezinho.

—Não me difame para a minha namorada, cara – disse o Potter, me abraçando também.

—Qual é, ela conhece seus podres tão bem quanto eu próprio. Seja bom o bastante para o nosso lírio, está ouvindo? Se eu souber que você não foi o suficiente… - brinquei.

—Até mais ver, Sirius – disse Remus, me abraçando.

—Até – dei minha última palavra e aparatei.

O cais principal de Londres era grande e apinhado, o que me concedia um disfarce muito bem camuflado até embarcar no navio com destino aos Estados Unidos. Minha cabine ficava no subsolo do convés e era minúscula. Uma das mazelas de ser o primeiro Black pobre do século. Sentei-me no catre fino e duro, colocando minha única mala – o malão da escola, com minhas iniciais gravadas, que seria meu único companheiro por muito tempo – no vão sob ele.

Repousei a cabeça no travesseiro ralo, tentando dormir, mas meu peito estava apertado de saudade de James, Lily, Remus, Euphemia, Fleamont e todos os meus outros amigos. Eu os deixara para trás, em Godric’s Hollow, a vila que sempre seria meu lar – depois de Hogwarts, é claro – para a segurança deles, mas nunca deixaria de sentir falta das brincadeiras marotas, noites de lua cheia na Casa dos Gritos, suspiros apaixonados, e outras lembranças boas o bastante para me ajudar a produzir meu Patrono.

Bianca

30 de junho de 1978, o cais de Londres

Eu estava muito animada em viajar com Juliana para Nova York. Em parte porque essa viagem marcava o fim do nosso último ano em Hogwarts – algo que há muito tempo esperávamos, desde meses antes dos N.I.E.Ms – e eu gostava muito de viajar.

Nosso pai dera o dinheiro e passagens de navio no começo do ano letivo, com beijos na testa e dizendo: “Este é o presente de formatura de vocês. Acho que vão gostar”. Adorávamos fazer surpresas para nós mesmas, então deixamos o envelope selado até ontem à noite, quando nos encontramos no corredor de feitiços após o banquete de despedida das aulas.

—Vem – Juliana puxou meu braço em direção ao barco. - Olha isso, papai deve ter pago uma nota nessas passagens.

Assenti. Durante o ano, troquei algumas cartas com papai, e falamos muito sobre minha mãe, como sempre. Eu nunca a vi, não sei porquê. Sempre morei com meu pai, Michelle e sua filha, Juliana. Michelle me olhava de forma estranha, principalmente depois que eu fui selecionada para a Sonserina. A família não tinha uma Casa específica, como outros clãs puros-sangues, mas pelo que se sabia, eu era a primeira Slytherin dos Avery em séculos.

Eu não era cruel como Voldemort ou seus seguidores. Claro que eu tinha alguma coisa parecida com eles, já que era da mesma casa que eles em Hogwarts. “Você é o que escolhe ser”, Juliana me disse no nosso primeiro Natal em casa. “Se quiser ser sádica como aquelas Blacks, pode ser isso. Se quiser ser uma estudiosa como McGonagall, pode ser também. A escolha está em suas mãos”. Claro que eu ri dela depois. Era apenas um mês mais velha que eu, mas às vezes agia como se tivesse a idade do diretor Dumbledore.

Nossa cabine ficava nos níveis superiores, de luxo. Brigamos um pouco pelo chuveiro, mas ela venceu. Então eu destranquei minha mala e separei as roupas que usaria depois do banho, reservando um momento para apertar o casaco de quadribol contra o peito. Foi capitã do time da Casa pelos três últimos anos, além de ser batedora desde os treze.

Juliana estava à frente do time da Lufa-Lufa, mas apenas no sexto e sétimo anos, e ela entrou no time um ano depois de mim. O narrador oficial das partidas, Lee Jordan, ia à loucura quando nos enfrentávamos no campo. Uma “pena” que a Sonserina ganhou a Copa das Casas todos os anos em que eu fui capitã. Nem a Grifinória, com James Potter, conseguiu ganhar da gente.

Mas vitórias esportivas à parte, eu amava minha irmã mais do que tudo. Ela era minha melhor amiga. Ela riu comigo quando o Chapéu Seletor nos colocou em Casas diferentes, quando todos juravam que ficaríamos juntas por sermos muito parecidas - “somos irmãs, mas não nascemos coladas” se tornou uma piada interna para nós -, me incentivou a fazer o teste para o quadribol – e eu lhe devolvi o favor um ano depois - , passou dias e noites na biblioteca estudando comigo para os N.O.Ms e N.I.E.Ms, aturamos juntas um milhão de reuniões do Clube do Slugue, e nos empurramos em muitos encontros ao longo dos nossos dezessete anos de vida.

É, acho que eu não seria exatamente a pessoa que sou hoje sem a Juliana para me apoiar e encher o saco.

Juliana

30 de junho de 1978, suíte do navio

Me tranquei no banheiro da cabine e tirei o uniforme de quadribol amarelo e preto com um texugo estampado – são minhas roupas favoritas, problem? - e apalpei o pescoço em busca do colar com pingente de beija-flor que Bianca me deu no meu aniversário de quinze.

Não o encontrei e naquele momento, o desespero me invadiu. Não só aquele colar esteve comigo em momentos muito difíceis, como eu odiava perder qualquer coisa.

—Bia! - gritei. - Você viu meu colar de beija-flor?

—Não, por quê?

—Eu não estou achando. Procura na minha mala?

—Okay.

Abri a água e tomei meu banho. Recoloquei as roupas com que estava antes, e vi Bianca ajoelhada, minha mala aberta, e meus pertences revirados. Ela suspirou com tristeza e disse:

—Não está aqui. Vamos procurar, revirar o navio se for preciso.

Ela odiava perder objetos tanto quanto eu. Fomos para o convés, procuramos em cada centímetro do chão e perguntamos para todos que vimos, mas nem sinal dele. Choraminguei enquanto ela me abraçava e me guiava de volta ao quarto. Fechara os olhos para que as lágrimas não ardessem. Meu coração estava destruído.

Seriam longos oito dias.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destino: Nova York" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.