Destino: Nova York escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 18
Finally togheter




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Sirius, 26 de dezembro, casarão em Berlim

— Sim… — murmurou enquanto eu tirava a menor do descanso e colocava no seu dedo. — Sim, sim, SIM!

Eu a agarrei e a beijei. Beijei, beijei e beijei mais um pouco. Ela finalmente seria a senhora Black, com o Black que queria e que a amava de verdade. Só precisávamos assinar os papéis para formalizar a situação perante a lei. Bianca e eu éramos tão “almas livres” que não precisávamos de cerimônia. Amor era suficiente e o tínhamos de sobra. A aliança era um agrado. O presente de verdade era estarmos juntos outra vez.

Naquela manhã, ela sacou um envelope e me deu. Era uma apólice de transferência, onde Regulus destinava a mim todo o cofre Black. Mas este não era nosso único sustento. Contávamos com o cofre Avery também. Robert destinou integralmente o dinheiro à Bianca, logo que soube que ela se casaria com Regulus e depois de ter deserdado Juliana. Bianca insistiu para que a irmã aceitasse a parte que lhe cabia, afinal agora ela era a gerente da conta e podia fazer o que bem entendesse com o dinheiro. Então, com a junção de nossos “trapos” formou-se a conta Avery-Black, tão bem recheada quanto a de qualquer sangue puro por aí. Para quem parecia fadado a viver de sobras, até que estamos muito bem.

Matamos tempo na sala de estar, assistindo o telejornal matinal. Eram mostradas imagens do muro que separava Berlim e a Alemanha, por consequência, em duas partes, a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental (onde estávamos). O fluxo de imigrantes ilegais de lá para cá era muito intenso, apesar de grande parte das tentativas ser contida pela polícia com sucesso. É por isso que Voldemort não vem. Problemas demais sem ele. O país — ou os países, como preferir — estava em crise, e o residencial era um dos únicos lugares a salvo das revoltas e protestos.

Me abracei à Bianca, vendo o brilho das alianças contra nossos dedos pálidos. Os rubis e as esmeraldas formavam espirais hipnóticas.

— Acho que devíamos passar a semana transando. É o que se espera de recém-casados, afinal.

— Eu concordo com você, mas precisamos de preservativos, antes de encher a casa feito coelhos.

— Coelhos? Nada disso. Dois, no máximo.

— Tuuuuuudo bem, senhora Black. Só dois.

— Aliás, falando em filhos e Blacks… preciso contar uma coisa. Seus pais tiveram outro filho, pouco antes de sua mãe morrer. Você se lembra?

— Me lembro de minha mãe grávida, quando ela estava para dar à luz, Regulus e eu fomos morar com tia Druella e tio Cygnus por um tempo… quando voltamos, ela já tinha morrido. Orion disse que ela e o bebê morreram no parto, por quê?

— Orion me disse coisa diferente, mas não importa agora. Conheceu o garoto que Remus levou para Mônaco?

— O tal Credence, sei. Pobre garoto.

— Ele é Callidor — arregalei os olhos. — Um acesso de magia acidental o matou. Orion o entregou a uma família trouxa na América, mas um incêndio “misterioso”, você sabe o que quero dizer, dizimou a família, porém ele sobreviveu e acabou no sistema de adoção, na casa de Mary Lou Barebone. Depois disso, ele reprimiu tanto sua mágica que se tornou… Newt suspeita que seja um Obscurial.

— Disse que ele está com Remus — ela assentiu. — Eles sabem disso? Dessa história? — ela assentiu novamente. — Remus está tentando se matar, por acaso? Aquele menino mata qualquer um que se aproxime.

— Sirius, ele é só uma criança.

— Uma criança que matou a mãe biológica e a adotiva. O que o impede de matar Remus também?

Eu tinha razão, e ela sabia. Remus se arriscava muito ao ficar tão perto de Credence. Ele estava aprendendo a controlar a magia, mas acidentes acontecem, não é?

Deu-me vontade de puxá-lo pela orelha de volta para casa, mas pelo que conversamos no hospital, a distância era o melhor para nós três. Remus e Bianca quase se envolveram romanticamente, e quando eu voltei, eles decidiram que não era para ser, então ela veio comigo para Berlim e ele foi para Mônaco. Não podia arrancá-lo da vida que escolheu para si mesmo, mas podia expressar minha preocupação.

Remus Lupin — e Moony também.

Chegamos a Berlim ontem. A casa é confortável, e a paisagem maravilhosa. Só tenho um questionamento: por que esse lugar é tão frio? Eu sei, eu sei. Como alguém que passou a vida toda na Europa reclama de frio em um país europeu? Bem, você só saberá quando sentir o frio daqui. Falando em sentir, sinto saudades do meu melhor amigo. Você e Credence estão convidados a nos visitar. Logo, de preferência.

Como está Credence? Algum progresso? Aliás, já que entrei nesse assunto, não sei se você sabe Bianca diz que sim, mas é melhor confirmar —, mas Credence matou Walburga com um acesso de magia acidental, e a família adotiva em seguida, o que me fez pensar numa coisa muito interessante: E SE VOCÊ FOR O PRÓXIMO, SEU BRILHANTE IDIOTA?

Sei que tem as melhores intenções, mas está arriscando sua vida ao conviver tanto com um Obscurial sentimental. E pode morrer por causa disso. Sei muito bem porquê você está em Mônaco agora, sei que sou parte da razão, mas não me deixo de me preocupar, sabe?

Garanta que está seguro. E feliz Natal.

Sirius Orion Black.

***

Remus, Mônaco, 28 de dezembro

Quando trouxe Credence para Mônaco, não imaginaria que o garoto sombra de Mary Lou, que parecia tão retraído, seria tão simpático e gentil. Eu já tinha algum conhecimento de francês, graças ao tempo com Bianca, e Credence lutava para aprender a língua o quanto antes.

Apesar de termos físicos bem diferentes, por causa das idades próximas, passávamos por irmãos, o que foi bem cômodo quando nos mudamos para o apartamento minúsculo. O lugar é tão pequeno que caberia três vezes no que Bianca tinha.

Mesmo com a casa apertada, as contas estavam bem confortáveis. Credence — ou Callidor, para efeitos legais — herdara um terço do cofre Black, e Bianca nos disponibilizou o dinheiro para só termos de nos preocupar com as pesquisas.

Newt mandou alguns contatos de especialistas que estudam Obscuriais e estavam dispostos a conversar com “o Obscurial mais velho do mundo”. Ao que parece, crianças como Credence, vivem muito pouco, e ele viveu bastante para a média. Tudo parecia que daria certo, até que chegou uma carta de Sirius. E foi um choque. Ele tinha razão. Eu estava em risco ao continuar com essa ideia humanitária e maluca, mas eu já tinha chegado aqui, e isso era longe demais para largar agora. Lancei mão de uma caneta e escrevi uma resposta.

Feliz Natal, Sirius.

Eu não tinha pensado nisso antes de chegar a Mônaco, já que eu não sabia dessa história.

Não negarei que você tem um ponto nisso. Mas preciso ter fé no que quero fazer, apesar dos riscos que corro. Sei que com a minha ajuda, isso nunca mais acontecerá. Esse é um dos motivos porquê estou aqui.

Agradeço a sua preocupação, e vou começar a planejar uma visita.

Mande um alô à Bianca,

Remus J. Lupin.

— Remus? Está tudo bem?

— Está tudo bem, Credence. Já arrumou seu guarda-roupa? Vamos sair cedo amanhã.

Ele assentiu, ainda com os olhos fixos na carta na mesa.

— Isso é para um amigo meu, Sirius. Ainda queremos manter contato, apesar da distância.

— Ah… foi ele quem casou com a Bianca, não é?

— Na verdade, não. Aquele era o Regulus, irmão do Sirius. Apesar de que, cá entre nós, acho que eles vão juntar os trapos oficialmente logo, logo.

Credence deu uma risadinha. Não me surpreende que ele não acredite em amor ou essas coisas.

***

Bianca, Berlim, 29 de dezembro

— Vá em frente, garoto. A moto não vai te morder.

Sirius montou na moto e acelerou, dando voltas pelo gramado. Alphard assistia encantado e orgulhoso de seu fedelho, é claro. Eu também estava, mas abafa o caso.

—A alavanca! — Alphard gritou, com as mãos em concha.

Sirius mexeu em uma alavanca e a motocicleta levantou voo. O berro eufórico dele encheu o ar enquanto fazia acrobacias. Idiota exibido, torci o nariz e revirei os olhos quando ele passou por mim e se esticou para me beijar.

— Idiota! — gritei, rindo.

— Eu também te amo!

Depois de um tempo, ele desceu e agradeceu ao tio diversas vezes pelo presente.

— Disponha rapaz. Ah, e mais uma coisa: eu precisava escolher um herdeiro, e minhas opções eram seu irmão, você, ou suas primas. Acho que entendeu qual eu escolhi.

— Meu. Merlim. Obrigado, tio. Obrigado.

— Por nada, já lhe disse. Agora, se me permitem, preciso dar uma palavrinha com Sirius.

***

O Ano Novo veio e se foi com alegria. Brindamos com o álcool que Alphard trouxe — muito bom, por sinal. Sobrou meia garrafa de Whisky, e nós decidimos bebê-la enquanto jogávamos Verdade ou Desafio. Quer uma dica do fundo do coração? Nunca, nunca, nunca jogue isso embriagado com um parceiro embriagado. Não vai prestar. As primeiras rodadas foram “inocentes”, um pouco de strip tease, beijos em lugares pouco convencionais, até que eu respondi “Verdade” e ele perguntou:

— Você já ficou chapada?

— Já. Com Regulus — acho que Alphard misturou Veritasserum nessa coisa. — Ele disse que tinha uma “surpresinha” para acalmar os nervos. Era um baseado fininho. Nos revezamos e eu só fui sacar que estava chapada quando passou. Por que a pergunta?

— Sei lá. Eu só quis saber.

— Você… já tocou uma pensando em mim?

Ele balançou a cabeça, talvez estivesse calculando. Eu sabia que tinha sido a estrela de todas as vezes em que ele fez isso desde os treze anos. Nos beijamos mais um pouco e cambaleamos até o sofá, onde dormimos nus, um sobre o outro.

***

— Bom dia, pombinhos!

Acho que Sirius e eu nunca dissemos tantos palavrões de uma vez só. Apanhei de qualquer jeito a primeira roupa que vi e lutei para vesti-la às pressas. James e Lily estavam morrendo de rir ao lado da mesa de centro.

— Eu vou matar vocês! — resmunguei, percebendo que vestira a camisa de flanela de Sirius e ele estava cobrindo a cintura com a minha saia. — Não sabem bater?

— Essa é a nossa casa agora, Mal. Não precisamos bater — disse James, claramente se divertindo com nosso constrangimento.

— Quero só ver quando seu filho entrar sem bater e pegá-los fazendo coisas indecentes — Sirius retorquiu, vestindo a calça aos chutes. — Você está com a minha camisa.

— E você com a minha saia.

Trocamos olhares confusos, apanhamos as roupas e fomos até o lavabo mais próximo.

— A noite de ontem foi ótima.

Sorri um pouco presunçosa. Fiz menção de tirar a camisa, mas ele me segurou.

— Quer saber? Está melhor em você do que em mim. Fique com ela — ofereceu, beijando o topo de minha cabeça.

— Nem pense em devolver esse short — brinquei. Apesar do físico bem cultivado, da cintura para baixo, ele parecia magricela e desajustado. — Ótima roupa de baixo.

Ele me abraçou e trocamos beijos nas alianças. Era nossa forma silenciosa de dizer: “Eu te amo”. Deixei meus braços descansarem em seu pescoço por mais tempo do que o normal, e ele tinha suas mãos em minha cintura. Não tínhamos intenção nenhuma de nos soltarmos tão cedo.

— Podíamos viver aqui para sempre — sugeriu.

— Nesse lavabo? Eu te amo mais do que tudo, mas temos uma mansão ao nosso dispor, lembra-se?

— SIRIUS! — James bateu à porta com o punho fechado. — Quero usar o banheiro!

— Tem outros na casa, idiota!

Ouvimos o resmungo de James e seus passos subindo a escada.

— Precisamos aprender feitiços de silêncio — falei, beijando seu pescoço com a barba por fazer e marcando-o.

— Ai! — ele esfregou a mancha roxa e olhou o espelho. — Doeu!

Eu ri, ele revirou os olhos e deixamos o banheiro. Lily estava no sofá onde acordamos, mas assim que nos viu, levantou-se.

— Nunca mais vou me sentar nesse sofá — disse, com cara de nojo.

— Nem pense que não sei sobre o sofá novo e caro dos Potter, cara Evans — respondeu, gargalhando. — Vem, vamos alimentar o pequeno Harry.

A levamos para a cozinha e preparamos o café, o mais britânico possível, mas o enjoo não deixava o rosto de Lily. James surgiu, secando o cabelo para todos os lados. Sentou ao lado de Lily e não tardou a reparar no azedume em sua expressão.

— Lils…

— Eu preciso contar, Jay. Perigo, lembra-se? — ela respirou fundo, acariciou a barriga e contou até três. — Tem uma profecia sobre Harry. Voldemort quer eliminá-lo. Por isso deixamos a Inglaterra antes do combinado. Não vamos nos demorar, logo procuraremos outro lugar.

— Não, Lily — eu disse, pegando sua mão. — Esta casa é de vocês também. Têm todo o direito de ficar. E mais, Voldemort não vem para cá. Problemas demais, mortes mágicas demais.

— E ele quer evitar derramamento de sangue “útil” — Sirius fez aspas com as mãos — o máximo possível.

— E ainda assim quer meu filho morto. Não faz sentido — James bufou.

— Faz — disse Lily. — É o Bem Maior em ação. Com Harry fora do caminho, ele pode governar o mundo bruxo e nenhum sangue puro perderá a vida.

— Mas os mestiços e nascidos trouxas serão aniquilados — percebi, alarmada.

Os Avery eram um clã sangue puro há muitas gerações, mas como eu não fazia ideia do histórico sanguíneo que Serafina me deu, não sabia se estava em risco ou não.

— Eu preciso contar uma coisa. Michelle Avery não é minha mãe. Serafina Picquery é.

 

Newt, apartamento em Londres, 5 de janeiro de 1980

Estávamos de malas prontas mais uma vez. Nosso destino era Berlim. Eu corria de um lado a outro do apartamento, verificando se nada era deixado para trás. Não tínhamos previsão de voltar à Inglaterra, o caos estava prestes a se instalar por aqui. Foi por isso que Lily e James saíram antes do prazo. Agora eles tinham um filho para se preocupar. Depois que tudo estava perfeitamente empacotado, só precisávamos deixar a casa de uma vez por todas. Juliana estava pendurada em uma das janelas, olhando os transeuntes na rua abaixo de nós.

— Temos que ir. O avião parte logo.

Ela deu um longo suspiro e estendeu-me a mão. Apanhamos a pouca bagagem e aparatamos. A fila para o check-in foi complicada. Os seguranças queriam que eu despachasse a mala com as criaturas junto com nossas malas comuns, mas podia correr o risco de ela abrir e os animais escaparem de novo. Juliana usou confundus e entramos na aeronave às pressas com a maleta.

— Vai ficar tudo bem — Juliana sorriu, tentando me acalmar. — A tranca não vai abrir.

Assenti e respirei fundo, apoiando os ombros no encosto da poltrona. Nenhuma criatura ladina vai sair dessa mala agora. Nós vamos para Berlim encontrar nossa família, sem problemas.

Ou assim pensávamos.

1980 veio e se foi. Harry nasceu em julho, como previsto. E ai começaram os problemas. Lily e James lidavam com a paternidade normal — tão normal quanto pode ser cuidar de um bebê bruxo — Juliana e eu estudávamos cada vez mais criaturas, Sirius e Bianca tentavam fugir do passado sombrio, mas, ainda assim, tudo parecia sob controle.

Achávamos que sobreviveríamos a tudo, juntos como sempre. E continuamos firmes no casarão, sem previsão de sair. Remus e Credence vieram visitar algumas vezes, mas o clima sempre ficava estranho entre Sirius, Remus e Bianca, então eles nunca se demoravam.

No geral, estávamos felizes e sem arrependimentos. Cometemos apenas um erro e percebemos tarde demais: nos isolamos no condomínio. Em nosso mundinho, éramos mais fortes que tudo e ignorantes. Ignoramos os riscos reais de Voldemort nos encontrar. E pagamos caro por isso.

***

O massacre do Halloween

Na noite de Halloween (31), as trevas finalmente caíram. Voldemort atacou a casa onde viviam Bianca e Sirius Black, Juliana e Newt Scamander, Lily, James e Harry Potter, em Berlim, Alemanha. Dos sete moradores, apenas um saiu ileso: Harry Potter. Os outros foram assassinados cruelmente por Voldemort e seus seguidores.

Porém, o autoproclamado Lorde das Trevas não sobreviveu à tentativa de assassinar o bebê Potter, não se sabe como. Os Comensais que participaram do ataque estão sendo procurados pelos Ministérios Mágicos do mundo todo, visto que ameaçam a segurança de bruxos e trouxas.

“Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte”

— Harry Potter e as Relíquias da Morte


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Notas finais do capítulo

E com esse capítulo, me despeço dessa história! Até a próxima!



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