Make a Memory escrita por Paula Freitas


Capítulo 8
Capítulo VII – Flashback


Notas iniciais do capítulo

“Se há coisas que são inesquecíveis na vida... Estar com o carneirinho é uma delas”.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/718798/chapter/8

... ...

—... Parece que o acidente teve consequências.

— Q-Que tipo de consequências?

— É melhor você mesmo vir ver, Niko.

...

Quando Paloma me disse isso, fiquei sem ação.

...

—... Niko?... Ainda está aí?

—... S-Sim...

...

Respondi um sim com um ar de não sei.

Eu não sabia se conseguiria ver o meu Félix sofrendo com essa tal consequência.

E que consequências seriam essas?

...

— Você vem?

—... Vou.

...

Que sequelas o acidente teria deixado?

Por mais que eu pensasse em mil possibilidades todas pareciam dolorosas demais para aquele homem tão cheio de vida, de energia e de disposição que é o Félix.

...

— Estamos te esperando, então. Até logo.

— Até.

...

Depois de desligar o telefone, comecei a falar sozinho, pensando alto no que poderia ter acontecido.

— Será que ele... Não está se mexendo? Foi um acidente de carro, não é tão incomum perder os movimentos... Não! Não quero nem pensar nisso!... Mas, pode acontecer... ... E se... Ele teve traumatismo craniano, ele pode ter ficado... Cego! E se foi isso? Por isso a Paloma não quis me contar?... Como ele vai suportar uma coisa dessas? Não, não, não! Não deve ser isso, não pode ser isso! ... O que estará acontecendo com o Félix, meu Deus?...

Parei com as indagações quando ouvi baterem na porta do quarto.

— Papai!

— Oi! Oi, Jayminho, estou indo! – Olhei para o relógio e só então percebi que já era hora de ele ir para a escola e eu havia ficado trancado no quarto todo o tempo. Vesti-me depressa e saí.

— Filho, eu me atrasei! Desculpa!

Ele olhou curioso para dentro do quarto. – Eu pensei que você estivesse falando com alguém.

— Eu? Ah, não... Eu estava falando sozinho, filho. Pensando umas coisas... Coisa de adulto. Liga não.

— Tá. Já tô pronto.

— Ah, estou vendo! Tá bonito. Olha só, acho que já estou ouvindo a van da escola chegando... – No mesmo instante o motorista da van buzinou em frente de casa. – Viu só?

Jayminho fez carinha de surpresa. – Papai é adivinho!

Só mesmo meus filhos para me fazerem rir apesar de tudo. Levei-o até a porta e antes de nos despedirmos ele me fez um pedido.

— Papai, você vai visitar o Félix no hospital?

— Eu... Vou. Por quê?

— Diz pra ele que eu mandei um abraço e que ontem eu rezei para ele melhorar.

Meus olhos encheram-se de lágrimas no mesmo instante. Meu pequeno anjo havia operado um milagre, essa era a verdade para mim.

— Eu vou dizer isso pra ele, filho. Agora me dá um abraço para eu passar para ele. – Ele me abraçou e aquilo me devolveu todas as forças. – Agora vai que estão te esperando, vai.

Assim que ele foi, entrei em casa e me preparei para ir ao hospital.

Dei um beijo no meu bebê e pedi para Adriana avisar ao Jayminho onde eu estava caso eu não voltasse antes dele para casa. Eu não sabia quanto tempo poderia demorar.

Eu precisava saber o que havia acontecido com o Félix e, fosse o que o fosse, nós dois superaríamos juntos. Eu seria suas pernas se ele não pudesse andar, eu seria seus olhos se ele não pudesse enxergar, eu seria sua voz se ele não pudesse falar, eu seria tudo e qualquer coisa que ele precisasse... Pois, tudo que me acompanhava naquele instante era a certeza de que eu seria quem estaria para sempre no coração dele.

...

...

...

... ... ...

Estava eu chegando à casa de mami depois de uma noite maravilhosa com o carneirinho. Eu não conseguia tirar da minha mente as cenas... Ele tirando a roupa todo sensual, aquela expressão de prazer em seu rosto, ele segurando minhas mãos e se desafiando a me fazer delirar de paixão... E ele conseguiu! Ah, como amo aquele homem! Se há coisas que são inesquecíveis na vida... Estar com o carneirinho é uma delas.

Ao entrar na casa, porém, olhei para a porta do quarto do papi e senti um desânimo inevitável. Como eu queria que acontecesse o milagre de ele me aceitar como sou e aceitar os planos que tenho de agora em diante. Mas, eu nunca tive provas de que milagres existem. A não ser, claro, pela aparição do Niko na minha vida. Sim, isso foi um verdadeiro milagre do qual achei que nunca fosse merecedor. Mas, será que ainda sou merecedor de mais algum pequeno milagre que seja?

Pelo sim ou pelo não, bati na porta do quarto perguntando se o papi estava acordado. Eu estava decidido a contar-lhe os detalhes dos meus planos, ou seja, contar-lhe que eu queria levá-lo comigo para Angra dos Reis, mas, que ele não seria o único que eu levaria.

Mesmo não tendo conseguido contar para o Niko essa parte, eu tinha a certeza no meu coração de que ele não mudaria de ideia. O carneirinho iria mesmo comigo para onde eu fosse! Toda a confiança que ele depositava em mim era o que me dava forças para fazer qualquer coisa. Como ir falar com o papi, por exemplo.

— Papi? Está acordado?

— Óbvio!

— Hum... – Ótimo. Ele já começou me dando uma patada. Mas, tudo bem, já era de praxe.

— Papi soberano, eu tenho muitas coisas para te contar.

— Quantas vezes terei que dizer que não gosto que me chame assim? – Ele falava com o rosto virado para o outro lado para não olhar para mim.

— É... Desculpe. Já sei que não gosta que te chame de papi. Enfim, eu gostaria de conversar seriamente com o senhor. Posso?

—... Sobre o quê?

— Sobre... Digamos que sobre o futuro.

— O futuro?... Futuro de quem?

Eu estava sentindo o papi desconfiado de alguma coisa, mas... Do quê?

— Bem... Nosso futuro.

—... Fale o que quer.

Respirei fundo para falar, mas tentei desviar o assunto por enquanto quando vi que o papi sequer queria olhar na minha cara.

— É... Já tomou o café da manhã?

— Não quero nada.

— Papi, o senhor tem que comer. Não tem isso de não quero nada. Eu vou buscar alguma coisa...

— Não quero nada, já disse!

Nesse mesmo minuto a empregada entrou trazendo a bandeja com o café da manhã do papi.

— Ah, deixa que eu dou isso pra ele. Vou fazê-lo comer queira ou não. – Falei pegando a bandeja. Ela saiu e eu fui ajudar o papi a levantar. Mas, ele resmungou: - Não quero sua ajuda! – E deu um tapa com a mão esquerda na bandeja fazendo com que eu derrubasse tudo.

— Papi! Por que fez isso?

— Eu disse que não queria nada! E não me toque! Pare de me enrolar e vá direto ao assunto! Tem algo para me dizer?

Eu já estava ficando assustado com aquela atitude dele. Mas, como eu sempre posso esperar qualquer sinal de ódio da parte dele para comigo, comecei a falar o que queria lhe dizer.

— Papi... É... É o seguinte, nós temos aquela casa em Angra dos Reis, você lembra?

— Claro! E o que tem ela?

— Tem que eu gostaria de ir morar lá.

Ele fez uma cara como se eu tivesse falado em outra língua.

— Você quer o quê?

— Quero morar lá.

— Morar lá?... – Ele me olhou finalmente e de forma muito estranha, como se eu estivesse errado só por estar ali. – Quais são seus planos, Félix?

Aquela pergunta veio carregada de raiva. Ele só perguntou e virou de novo para o outro lado. Ele estava com raiva de mim. Parecia até que o papi já sabia quais eram os meus verdadeiros planos.

— Bom... O senhor sabe que não pode ficar aqui, aliás, que nós dois não podemos ficar aqui na casa de mami para o resto da vida. Então, eu procurei uma solução que beneficiasse a nós dois. E qual foi? A casa em Angra. Papi, eu andei revendo a planta daquela casa, localização, pontos de referência, tudo. Ela fica perto de tudo! E eu gostei muitíssimo da ideia que tive. Claro, eu sempre tenho ótimas ideias. E minha ideia foi de nos mudarmos para lá. A casa já é nossa... Ou melhor, sua, mas poderíamos dividir se o senhor quisesse. E, além do mais, ela é espaçosa, tem quartos amplos, sem falar no clima de lá, seria perfeito para a sua melhora. Então... O que me diz?

Ele ficou calado como se estivesse pensando em tudo que eu havia acabado de dizer.

— Não vai me dizer nada, papi? Pelas contas do rosário, me dá uma resposta, pelo menos!

— Por que quer ir para lá?

— Ah, é como eu já disse, a casa já é sua e é ótima, não tem pra quê procurar outro lugar e... É isso.

— Você nem emprego tem e quer se mudar para um lugar com o padrão de vida de Angra dos Reis?

— Mais um motivo, não acha? Eu sei que eu posso ter um bom emprego lá e ainda ter tempo de cuidar do senhor. Eu já tenho tudo planejado...

— Pelo visto, você já tem tudo planejado mesmo.

— O que quer dizer?

— Diga... Que tipo de emprego você teria lá?

— Como qual? De administrador, lógico! É o que sei fazer.

— Administrador? De quê? Você nunca administrou bem o hospital. Quem vai querer te dar emprego em qualquer empresa?

— É o apocalipse ouvir uma coisa dessas logo de manhã. Eu sou um grande administrador, papi. Meu currículo diz tudo. Além do mais, eu tenho capacidade e inteligência suficientes, além de um Q.I altíssimo e...

— Nada disso importa! – Ele me interrompeu. – Você não é de confiança! Eu tenho conhecidos em Angra que devem saber tudo que você fez. Como pretende que alguém confie em você para te deixar administrar uma empresa ou o que quer que seja?

— Eu sei que perdi a confiança de muita gente, papi. Mas, acredite ou não, ainda têm pessoas que confiam em mim e que me deixariam administrar seu capital.

— Está falando de alguém em especial, Félix?

Aquilo foi uma pergunta capciosa. O papi parecia saber a resposta.

— Eu... E-Estou. É... Tem alguém sim, que me daria esse cargo. Aliás, eu serei o responsável por fazer o negócio dele acontecer, então...

— Dele?

—... Sim. Dele.

— Eu quero a verdade, Félix.

— Q-Que verdade?

— Esses seus planos... Incluem a pessoa com quem você estava até agora? A pessoa com quem você passou a noite?

Senti um calafrio e questionei:

— Como você sabe?

— Descobri.

— Então... V-Você sabe que eu...

— Que você passa quase todas as noites na casa de um tal namoradinho e ainda é acobertado pela sua mãe, sua avó e provavelmente todo o resto? Sim, eu sei! – Ele esbravejou.

Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Como o papi havia descoberto tudo?

— P-Papi, eu...

— Não diga mais nada, não quero suas explicações acerca desse assunto. Apenas responda minha pergunta. Seus planos de ir morar em Angra incluem esse fulano?

Abaixei a cabeça, respirei fundo de novo e respondi: - Em primeiro lugar, o nome dele é Niko e ele é meu namorado...

— Que coisa mais ridícula!

— Posso terminar?

— Continue.

— E... Não sei por que tanto alarde, papi, eu já tinha te dito outra vez que estava saindo com alguém. O que achou, que era com uma mulher? B-Bem... E... Concluindo e respondendo sua pergunta, sim, eu pretendo incluir ele nos meus planos.

— Como? – O papi estava muito zangado, não queria nem virar para mim.

— Eu queria... Não! Eu vou morar com ele na casa de Angra. – Afirmei para ele ter certeza de uma vez por todas da minha vontade.

— Você pretende ir morar com ele?

— Isso.

— Na mesma casa para onde você quer me levar?

— S-Sim...

Ele, então, gritou furioso: - E você acha que eu vou aceitar uma coisa dessas?!

Eu já esperava que ele gritasse. Eu não sabia como ele havia descoberto sobre meu namoro e sobre onde eu estava essa noite, mas, fosse como fosse, ele não ia aceitar nunca mesmo.

— Quer saber, não me interessa se você aceita ou não. O que eu vim propor foi que nos mudássemos para a casa de Angra para ficarmos melhor, tanto o senhor quanto eu. Lá eu tenho planos de abrir um negócio com... C-Com o meu companheiro e...

— Companheiro? Você já está com o linguajar desse povinho...

— É assim que vou chamar meu namorado quando formos morar juntos, papi, ele será meu companheiro, tá? E não há nada de errado nisso. – Respirei fundo para conseguir continuar. – Ele é dono de um restaurante aqui em São Paulo e eu pretendo ajudá-lo a abrir um restaurante em Angra. Assim ele seria o chef enquanto eu administraria. Eu já andei estudando algo sobre o negócio de restaurantes e sei que posso fazer dar certo. É esse o meu plano. Queria saber de tudo? Pois bem, aí está. ...Aos poucos iríamos prosperar porque ele é muito talentoso e poderíamos nos sustentar naquela casa, com um bom padrão de vida. Além do mais, eu trabalharia em casa, passaria o tempo cuidando das contas e do senhor. Seria perfeito! Eu pensei em tudo...

— Você sempre pensa em tudo!

— Penso...

— Pensa sim... Sempre! Você sempre pensa em tudo que vai fazer, nos mínimos detalhes, cada movimento seu é muito bem traçado...

— O que quer dizer?

— Não se faça de imbecil, Félix, que de imbecil você não tem nada! Você é um calculista de primeira! E saía daqui que não quero mais falar com você!

— Mas, papi! Precisamos conversar sobre isso...

— Não! Não precisamos! Você sabe muito bem que eu não vou a lugar nenhum onde você esteja, ainda mais vivendo com outro homem. E eu não quero vocês dois dentro da minha casa também!

— Ah! Quer dizer que o senhor nem vai nem deixa a gente ir?! Ótimo! Eu devo ter salgado mesmo a santa ceia para merecer isso! Sabe o que eu deveria fazer, papi? Deveria não ligar mais para o senhor, para a sua saúde, para nada. Deveria me importar só em refazer a minha vida e ser feliz.

— Faça o que quiser! Viva sua vida, morra, não me importa!

— Você não se importa mesmo, não é? Nunca se importou. Para você tanto faz eu estar vivo ou morto. Eu sempre fui um nada pra você.

— Não, não me importa... Porque eu nunca quis um filho como você. Nunca quis e nunca vou querer.

Ele sempre dava um jeito de pisar em mim. Mas, suas últimas palavras tinham ferido ainda mais meu coração já machucado. Uma vontade de chorar incontrolável tomou conta de mim, pois parecia que eu podia ver meus planos, meus sonhos, desmoronando na minha frente. Apenas me afastei até a porta do quarto para sair, mas ele ouviu um soluçar que escapou sem querer e acabou de acabar comigo.

— Olhe só pra você, já está chorando feito uma mulherzinha! Deve ser para isso que você serve, para ser mulherzinha de macho por aí!... Vá, vá embora, Félix, faça o que bem quiser da sua vida, se quiser brincar de casinha com outro homem, pois que brinque, mas na minha casa em Angra vocês não pisam.

— Está bem... – Respondi com a voz baixa e vazia. Era como eu estava me sentindo naquele instante. Mas, antes de sair do quarto, um resquício de força tocou em mim para ainda dizer: - Se eu fosse embora?

— O quê?

— Se eu fosse embora e não voltasse mais... O que faria?

— Nada. Sua presença é totalmente dispensável. Se quiser ficar na casa de um dos seus amantes, namorados, ou sei lá o quê, que fique. Não fará a menor diferença.

— O que faria sem eu por perto?

—... Nunca te quis por perto.

Pronto. Suas palavras soaram como a última estrofe de uma poesia de morte. A morte da minha felicidade. Por que, a partir dali, toda a felicidade com a qual eu havia chegado havia morrido.

Já que ele não me queria por perto, fui para o mais longe possível. Fui para meu quarto... Com vontade de me trancar no armário e não sair mais de lá. Mas, caí antes na cama e chorei. Chorei como há muito tempo não chorava. Chorei como quando era menino e levava broncas ou tinha que ouvir todas as porcarias que o meu próprio pai tinha para reclamar de mim. Chorei demais até sentir como se minhas lágrimas secassem e meus pulmões cansassem. Quando parei, estava cansado de chorar, não só por hoje, mas pela vida inteira. E fiz uma promessa a mim mesmo... Nunca mais chorar de novo por nada de ruim que o papi me falasse e por nada do que ele fosse contra em mim.

Eu já havia mudado e evoluído demais para me deixar abater. Agora eu tinha um ideal de vida... Ser feliz. Ser feliz como nunca fui. Ser feliz junto a uma família que me foi dada de presente e que eu não iria recusar jamais.

— Eu prometo... Pelo Niko, pelo Jayminho, pelo Fabrício... E por mim... Que, por culpa de César Khoury, eu não vou mais chorar. Eu prometo. De tristeza, de raiva, de ressentimento ou dessa angústia que dói tanto... Eu não vou mais chorar. De agora em diante, Félix Khoury só chora se for de alegria.

... ... ...

...

...

...

No quarto do hospital...

A família Khoury se encontrava reunida esperando Félix acordar outra vez após alguns minutos sob efeito dos medicamentos. Pilar segurava em sua mão e Bernarda estava ao seu lado. Um pouco mais longe, Paloma, Jonathan e Paulinha esperavam uma reação.

Niko chegou guiado por Lutero até o quarto. Olhou para o seu amado ali com os olhos fechados e falou: - Já estou aqui. O que aconteceu?

Paloma respondeu: - Ele acordou agitado, tiveram que medicá-lo.

Jonathan, quase chorando, comentou: - Ele... Ele não dizia coisa com coisa...

— Como assim? – Niko indagou e na mesma hora Félix apertou a mão de Pilar.

— Filho! – Ela alarmou a todos que voltaram os olhos para Félix.

O moreno começou a despertar. Começou a respirar mais forte e abriu e fechou os olhos diversas vezes até conseguir deixá-los abertos. Niko apertava as próprias mãos, ansioso para saber, afinal, qual era o problema com o seu amado.

Após passar com os olhos por todos ao seu redor, Félix olhou para a mulher que lhe segurava a mão e falou baixinho:

— Mãe?

— F-Filho? – Pilar se emocionou, num misto de choro e sorriso, feliz por ver o filho acordar e reconhecê-la.

Ele continuou olhando para as duas mulheres ali emocionadas e então falou:

— Vovó?

Bernarda, embora com lágrimas no rosto, sorriu feliz com esse chamado e lhe fez um carinho no rosto.

 - Meu neto! Que bom te ver bem!

—... Onde estou?

— Você está no hospital, meu filho. – Pilar explicou.

— Por quê?

— Você... Você sofreu um acidente. Mas, agora vai ficar melhor.

— Acidente?

Ele, então, voltou seu olhar para o outro lado e viu o resto da família. Com uma expressão indiferente e totalmente irreconhecível para o seu normal, ele perguntou:

— Quem são?

— Eles? Não sabe quem são eles? – Pilar perguntou e ele balançou a cabeça em negativo. Paloma se aproximou.

— Não se lembra de mim?

Ele a olhou com um ar pensativo e respondeu:

— Não.

Ela e Pilar se olharam assustadas.

— Filho!... Não se lembra da sua irmã?

— Irmã? – Ele voltou a olhar para Paloma, confuso. Jonathan, então, se aproximou.

— E de mim? Você se lembra?

Ele o olhou com insistência, como se fizesse um esforço para lembrar, mas acabou por responder:

— Não.

Jonathan não conseguiu falar mais nada. Engasgou com o choro que tentava conter e virou de costas enquanto Paulinha se aproximava dizendo:

— Tio... Você não se lembra de nós?

— Tio? Eu?... Eu não... – Virou para a mãe. – Eu não me lembro de ter uma irmã, nem sobrinhos...

Jonathan virou para ele. – Você não sabe mesmo quem eu sou?

Ele ficou olhando fixamente para Jonathan como se o reconhecesse, porém sem saber de onde. Estendeu a mão para ele e pediu: - Chegue mais perto.

Jonathan pegou em sua mão, se agachou ao lado da cama e, ao questionar: - Você não se lembra mesmo de mim, não é? – Um flash de memória surgiu na mente do pai.

... ... — Não acredito! Era hoje aquela reunião na escola? Eu esqueci completamente!

— Você nunca se lembra mesmo de mim, não é? ... ...

Uma expressão surpresa tomou conta de seu rosto e ele exclamou:

— Você... É meu filho!... Não é?

Jonathan sorriu ao ouvir isso e abraçou o pai.

— Sim, pai... Sou eu. Não faz mais  isso, não se esquece mais de mim, por favor!

— N-Não... – Mesmo ainda confuso, ele abraçou o filho e, foi aí que avistou o belo loiro que o encarava, com aqueles olhos verdes arregalados e uma expressão assustada.

— Você... – O moreno apontou para ele que, como que automaticamente, se aproximou.

— Eu...

O moreno o olhou com insistência, como que curioso com sua presença. Niko, depois de presenciar tudo aquilo, também estava confuso e assustado. E antes que pudesse falar ou fazer qualquer coisa, seu coração foi despedaçado com a pergunta que partiu da boca do seu amor:

— Quem é você?

...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Make a Memory" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.