Make a Memory escrita por Paula Freitas


Capítulo 15
Capítulo XIV – Coração disparado


Notas iniciais do capítulo

“Por que cada palavra que ele dizia me fazia ter a sensação de já ter vivido aquilo?”



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Ao entrar naquele restaurante e vê-lo, meu coração disparou sem explicação. Era ele! Era o Niko!

Fiquei paralisado vendo seu rosto se iluminar a me ver.

Que belo!... Espere... Por que pensei isso?

Só me mexi dali quando Jonathan me puxou para uma mesa. Meu filho me deixou ali e foi conversar com ele. Fiquei pensando sobre o quê poderiam estar falando. Seria de mim?

— Será que o Jonathan vai contar o meu sonho para ele? – Comecei a me questionar. – Se ele contar eu vou morrer de vergonha! Mas... Se bem que, por outro lado, talvez o Niko viesse aqui falar comigo e... Ai, ai! Estou agindo feito um adolescente! E por quê? Por que estou sentindo isso? Por que fiquei tão nervoso desde que o vi? Por que não consigo evitar isso que estou sentindo? É como se eu tivesse borboletas no estômago, a boca seca!... Até parece que sou... – Me dei conta de uma coisa importante sobre meu passado que, com certeza, eu devia ter esquecido. – Até parece que sou apaixonado por ele!

...

...

—... É por isso que eu o trouxe aqui. Ele precisa redescobrir o que ele sente por você. Enquanto ele estava no hospital eu achava que não era bom tocar em certos assuntos, mas agora eu vejo que ele só vai melhorar de verdade quando souber quem ele é de verdade.

Jonathan me explicava e eu começava a entender o que ele queria.

— Sabe, Jonathan... Eu também andei pensando muito nisso ontem, principalmente depois que eu soube... É... Bem, depois que eu soube que a Edith foi visitá-lo.

— Como você ficou sabendo?

— Não importa. Mas, então é verdade? Ela o viu?

— Viu. Bom, Niko, o que aconteceu foi que a minha mãe apareceu no hospital dizendo que já sabia do acidente do meu pai e me pediu para vê-lo. Como só estava eu lá, eu achei que não teria problema.

— E não tem. É um direito seu, eles são seus pais.

— É, mas... Houve algo que eu acho que você precisa saber também...

— O quê? – Perguntei já imaginando do que ele iria me falar.

— É que... Ela... Eles dois se beijaram.

— Eles se beijaram? Por quê? – Perguntei com um aperto no coração enquanto pensava: - Então o Eron me disse a verdade!

— Eu não entendi muito bem, mas parece que foi... O meu pai que pediu.

— Quê? – Dessa parte eu não sabia e isso sim me surpreendeu.

— Foi. Parece que quando ele soube que eles foram casados ele quis tentar recordar alguma coisa com ela e pediu um beijo, mas foi só isso, Niko, nada mais...

— Mas, ele recordou? Ele se lembrou dela? – Podia parecer egoísta, mas eu queria uma resposta negativa para essa pergunta.

— Não! Como você acha que isso seria possível? Eu sei muito bem que eles nunca se amaram, Niko. E se ele não se lembra de você como iria se lembrar dela?

— O que quer dizer com isso?

— Você sabe o que quero dizer. Eu posso até ser inexperiente nessa coisa de relacionamentos, sentimentos, mas se eu tenho certeza de uma coisa é que meu pai te ama. Ele não te esqueceu de verdade... Você só está guardado na memória dele, num lugar onde ele não consegue te achar.

As palavras do Jonathan me tocaram e minhas esperanças só aumentavam, assim como minha alegria que voltava e que só seria completa quando eu tivesse meu Félix completamente de volta para mim.

— Jonathan... Obrigado por dizer isso. O que eu mais quero nesse instante é poder me encontrar na memória do Félix. Como eu comecei te dizendo, eu pensei muito nisso ontem... Em como eu poderia trazê-lo de volta. Foi uma enorme coincidência ou o destino que trouxe vocês aqui hoje, porque eu não via a hora de vê-lo de novo. Estava morrendo de saudades. ...E quer saber? Eu acho que sei o que fazer!... Talvez eu não consiga trazer o Félix de volta, mas eu posso tentar transformar o Cristiano no Félix que conhecemos.

— Como você faria isso? Eu vim justamente para ele te ver e talvez recordar alguma coisa, mas também vim para te pedir ajuda. Ajuda para ajudá-lo.

— E é claro que eu vou ajudar! Não tem ninguém mais interessado em ter o Félix de volta do que eu.

— Ei! Você quer seu namorado, mas eu quero meu pai, hein?

Nós dois rimos com a brincadeira de verdade.

— Claro! Não se preocupe, a gente divide ele como sempre.

Demos as mãos em sinal de um novo acordo selado: tudo pela volta do Félix.

Jonathan me contou rapidamente seu plano para aquela tarde e o resto era por minha conta. Depois ele voltou para a mesa onde o Félix estava enquanto eu voltei para a cozinha para preparar o prato que o meu amado mais gostava.

...

Em poucos minutos preparei tudo e levei até a mesa. Meu coração batia forte por chegar pertinho dele outra vez. Quando os servi, ele me olhou e eu sorri para ele. Ele continuou me olhando com um jeitinho que estava me dando uma vontade louca de botá-lo no colo e enchê-lo de carinho.

— Espero que gostem. – Eu disse ao servir e toquei no ombro dele. Ele ficou calado enquanto Jonathan me respondia.

— Obrigado, Niko.

— Obrigado... – Ele falou com um jeitinho todo tímido, bem diferente do seu normal.

— De nada, Jonathan e... Cristiano.

Ele me olhou surpreso quando o chamei por esse nome, mas senti que ele ficou mais confiante, pois sorriu para mim. Aquele sorriso iluminou meu dia.

Foi então que coloquei o plano em ação.

— Então... Já que hoje não tem muita gente no restaurante e vocês são meus amigos... Eu posso acompanhá-los no almoço?

Os dois se olharam. Claro que Jonathan estava fingindo que não sabia de nada.

— Claro, Niko, senta aí.

— Eu vou buscar meu prato, já volto.

...

...

O Niko estava muito perto de mim e eu, completamente inquieto com sua presença. Quando ele me tocou o ombro eu não saberia dizer o que senti, mas me senti tão protegido quanto se um anjo me tocasse. Senti que poderia estar correndo qualquer perigo, mas se ele estivesse ao meu lado assim, eu não teria porque sentir medo.

Por que ele me passava essa sensação de proteção e felicidade?

Quando ele me chamou de Cristiano, então, foi como se ele me conhecesse há tempos. Como se ele me conhecesse melhor que eu mesmo. De fato, creio que qualquer pessoa me conhecia melhor que eu mesmo naquele momento.

Ele, então, se retirou dizendo que voltaria. E dentro de mim, por algum motivo absurdo, eu queria ele voltasse e sentasse ao meu lado.

— Jonathan!

— Oi, pai?

— Ele vai voltar? – Perguntei baixinho.

— Vai. Por quê?

— Porque... Por nada. Por que você não me disse que ia me trazer aqui?

— Ah, eu quis te fazer uma surpresa!

— Mas... Ele... Ele trabalha aqui?

— Ele é o chef e dono do restaurante.

— Ah!... Jonathan... Eu já estive aqui, não?

— Claro que já! Várias vezes.

— Eu sabia! Antes mesmo de a gente entrar eu tinha a impressão de já ter vindo nesse lugar.

— Você adorava vir aqui.

— Eu adorava?... Pela comida? Ou...

— Ou?

— Ou... – Fiquei sem jeito de perguntar e vi que o Niko já vinha. Então fiz só um gesto com a cabeça para que o Jonathan entendesse o que eu queria saber.

— Quer saber se você vinha aqui pela comida ou pelo Niko?

Ele já vinha muito perto e eu senti que fiquei vermelho quando o Jonathan completou minha questão. Fiz sinal para ele se calar antes que o Niko nos ouvisse.

— Mas, pai, quer saber ou não?

— Shh!

— Mas, pai...

— Shh! Depois você fala! – Ordenei num sussurro quando Niko se aproximou da nossa mesa. Vi que o meu filho disfarçou o riso, mas eu não falaria mais sobre isso com ele enquanto o Niko estivesse presente.

— Oi! Voltei! – Ele veio e, assim como eu pedia em pensamento, ele sentou ao meu lado. Olhou para o meu prato e indagou: - Por que ainda não começou a comer? Esse é seu prato favorito.

— A-Ah, é?

— É! Não me diga que esqueceu também o sabor do que eu faço!

Ele me falou aquilo me olhando tão profundamente que me senti estremecer internamente.

Tentei pegar a comida com os hashis, mas acabei deixando cair um pedaço no chão de tão nervoso.

— Ai... A-Acho que estou sem prática.

— Não é tão difícil. Vê? – Ele pegou os do seu próprio prato e me mostrou como fazer, pegando uma porção e levando à minha boca. Naquele momento, não sei se pela tensão que eu estava sentindo, foi como se eu tivesse outro dejá-vu. Aquela cena me era familiar. Ele já tinha feito isso antes... Comigo! Nós já tínhamos ficado assim tão próximos!

—... Mas, se você preferir eu peço os talheres pra você. Quer? – Ele já estava falando há algum tempo e eu não havia prestado atenção. Só conseguia olhar para ele e tentar decifrar todas as sensações que me aconteciam.

— É... N-Não, não precisa... – Tentei novamente pegar a comida com os hashis e dessa vez consegui. Era apenas o nervosismo mesmo me atrapalhando, pois eu tinha jeito no final das contas.

— Viu só? Você sabe usar. Acho que você só tinha esquecido como.

— Acho que esqueci coisas demais até. – Não pude evitar pensar alto nisso e percebi que tanto o Niko quanto Jonathan me olharam. Fiz como se não tivesse falado nada e continuei comendo.

...

...

O plano parecia estar dando certo. Eu percebia o Félix inquieto, nervoso, até meio atrapalhado. Ele não era assim de jeito nenhum. E se aquilo era por causa da minha presença eu me sentiria a pessoa mais feliz do mundo, pois tal ansiedade queria dizer que ele sentia algo por mim. E eu só descansaria quando ele estivesse ao meu lado e, no lugar daquela inquietude, sentisse plenitude.

Em determinado momento, Jonathan, que comeu rápido de propósito e já estava quase acabando a refeição, pôs mais uma parte do nosso plano em ação.

— Ah, meu celular tá vibrando!

— Eu não ouvi nada. – Félix comentou.

— Vibrou, pai. Deixa eu atender, é minha namorada. – Ele pôs o telefone na orelha e começou a falar: - Oi, meu amor! ... Sim... Não, estou no restaurante do shopping com meu pai... É, nesse mesmo. ... Ah! Você está aqui também? Onde? ... Sei... Sei... Precisa de ajuda? ... Não, imagina, eu vou e volto rapidinho... Não, ele não vai ficar só, o Niko está aqui... Tá bom, já estou indo. Não sai daí, hein? – Desligou.

— Aonde você vai? – Félix perguntou enquanto Jonathan se levantava da mesa.

— Pai, olha só... A minha namorada está aqui no shopping, ela quer que eu a ajude com umas compras... Você poderia ficar aqui um pouquinho? É rápido...

— Mas... F-Ficar aqui? Não! Espera, eu... Eu acabo rápido e nós vamos. Você já aproveita e me apresenta a sua namorada.

— Não! É... Deixa pra outro dia! Ela está com pressa, por isso eu vou super rápido e volto. Fica aí! O Niko te faz companhia. Não é, Niko?

— Claro, sem problema.

— Tá vendo, pai? Eu já volto já. Não se preocupa. Tchau! – Jonathan saiu quase correndo me deixando sozinho com o Félix. Era tudo que eu queria!

...

...

Aquela saída repentina do Jonathan não passava de uma desculpa para me deixar sozinho com o Niko. Ele pensou que eu não havia percebido?

Niko sorriu e começou a puxar assunto comigo.

— Engraçado, né? Ele recebe uma ligação da namorada e já vai correndo atrás dela! É muito bom estar apaixonado nessa idade.

Eu nada respondi. Fiquei calado, sério. Meu pensamento distante.

— É... Está gostando do almoço, Cristiano? Sei que você não se lembra, mas... Você já veio comer aqui várias vezes e esse é prato que você mais gosta de pedir. – Ele continuava tentando conversar e eu continuava calado, tentando entender.

— Você... Você se lembra de quando conversamos no hospital, não se lembra? Você sabe que somos amigos, pode ficar tranquilo...

— Por que ele nos deixou a sós?

Eu precisava questionar.

...

...

A pergunta dele me pegou de surpresa. Eu devia imaginar que ele, mesmo não sendo o mesmo Félix, continuava com a mesma perspicácia.

— D-Do que está falando?...

— O Jonathan não recebeu ligação nenhuma. Ele mentiu. O que eu quero saber é por quê.

— Ah... P-Por que... Por... Nada! É impressão sua! Ele recebeu uma ligação sim, você não devia estar prestando atenção, só isso... – Eu tinha um grande defeito que ele mesmo me apontou antes tantas vezes: eu não sabia mentir.

— Não recebeu não. O celular dele sequer acendeu, eu vi!

— Ah... Acho que... Então, ele queria ir a outro lugar, talvez, e... Sei lá, não queria que você fosse...

—... Talvez. – Ele me encarou. – Mas, ainda acho que ele quis me deixar aqui... Com você.

Suas suspeitas eram estranhas. Por que ele pensava aquilo? Eu precisava saber mais.

— Por que acha isso?

— Não sei.

— Você... Acha que deveria ficar a sós comigo?

Vi-o desviar o olhar e ruborizar. Nunca o havia visto tão tímido e não sabia o quanto isso o deixava charmoso. Não resisti e levei uma mão ao seu rosto. Ele pareceu um gatinho assustado quanto o toquei.

— Ei... Por que você acha que nós dois... Ficamos sozinhos?

— E-Eu... Não sei... Não sei por que...

— Mas, você acha isso, não acha? Acha que... Deveríamos ficar a sós... Conversar... Acha que tem uma ligação comigo? É isso?

Ele, finalmente, olhou para mim ao responder:

— Acho.

Aproximei um pouco mais meu rosto do dele. Minha vontade era de beijá-lo, mas eu precisava me controlar.

— Você... Não entende que ligação é essa entre nós... Não é?

— É. Niko...

— Sim?

— P-Posso... Posso te fazer uma pergunta?

— Claro! Todas que você quiser.

...

...

Nesse momento tudo aconteceu muito rápido!

Eu paralisei com aquelas lembranças que vinham todas juntas à minha mente.

... ... “É você quem eu tenho que procurar...” ... “Quando estou com você eu sinto uma coisa que...” ... “Posso dormir aqui hoje?”... ...

— Eu não posso ficar! – Levantei tão rápido que quase derrubei o prato.

— Espera! Por que não? – Ele segurou em minha mão. Eu parei. E foi quando ele me olhou nos olhos e disse: - A gente precisa conversar.

... ... “A gente precisa conversar...” ... “Eu vou preparar um jantar bem gostoso pra a gente...” ... “Pra mim?”...

Mais uma vez imagens, vozes, frases, recordações embaralhadas... Ou não. Me vi entregando o arranjo de flores com o qual sonhei para ele! Me vi tocando seu rosto, acariciando! Me vi tão perto dele que...

— A gente... N-Nós dois...

Por que cada palavra que ele dizia me fazia ter a sensação de já ter vivido aquilo? De já tê-lo ouvido me dizer as mesmas coisas? O que significava tudo aquilo afinal?

Era imensurável a confusão na minha cabeça e nos meus sentimentos. Me senti mal, minha cabeça começou a doer e eu senti uma tontura de repente. Foi como se apagassem todas as luzes e ao mesmo tempo, em meio a escuridão, incontáveis imagens aparecessem diante dos meus olhos em frações de segundos.

...

...

Ele levou uma mão à cabeça e pareceu que ia desmaiar. Assustado, quando o segurei para ele não cair acabei deixando escapar:

— Félix!

Ele se segurou em mim com um abraço.

— Vem, vem... Senta. – Ajudei-o a se sentar, torcendo para que ele não tivesse percebido meu chamado. – O que você está sentindo?

Ele não me respondeu, parecia bastante perturbado. Num impulso, peguei meu celular e mandei uma mensagem de voz para o Jonathan.

— Jonathan, vem rápido, acho que seu pai tá passando mal!

Mas, quando enviei, ele já parecia estar melhorando ou voltando a si. Eu continuava assustado com a possibilidade de que aquilo fosse mais uma consequência do acidente e não soltava a mão dele por nada.

— Por favor, me fala o que está sentindo! Já está melhor?

Ele balançou a cabeça afirmando, mas parecia tão assustado quanto eu.

— O que você tem? Me fala. – Sem me controlar mais levei de novo uma mão ao seu rosto, acariciando-o. Ele voltou a me olhar... E dessa vez eu podia jurar que seu olhar era diferente.

...

...

Eu não podia mais me enganar. Depois de todas aquelas imagens, vozes, lembranças ou sei lá o quê, eu só podia ter certeza de uma coisa: o Niko era mais importante para mim do que eu poderia imaginar.

— Me fala o que você sentiu. Vai, por favor... Não me deixa assustado. Pode confiar em mim.

Ele insistia. E de alguma forma eu sabia que podia confiar nele.

Eu não sabia dizer o que eu havia sentido... Mas, eu sabia de uma coisa.

— Você tem razão. A gente precisa conversar.

Ele sorriu. E como aquele sorriso me acalmou! O que ele fazia comigo? Com meu coração?

— Nós vamos conversar... Quando você quiser.

Ele foi tirando a mão do meu rosto naquela hora, mas eu a segurei. Eu não sabia por que estava gostando de sentir seus dedos acariciando meu rosto, sua pele na minha pele.

...

...

Ele segurou minha mão! E para mim esse momento foi... Inexplicável. Sentimentos e emoções se misturaram de forma imensurável em meu coração. Para mim, apenas uma palavra podia resumir aquele momento e o futuro: esperança. A esperança regia todo meu ser a acreditar que o meu Félix voltaria a ser meu.

— Eu... Eu preciso ir.

Engraçado... Agora era eu quem tinha a estranha sensação de já ter vivido aquilo. Era como quando o Félix fugia de mim, pois não sabia aceitar seus sentimentos. Poderia o mesmo estar acontecendo de novo? Como se agora quem eu tinha na minha frente era o Cristiano?... Se bem que quando olho fundo nos seus olhos, quem eu vejo é o meu Félix e ninguém mais.

Eu já o havia deixado ir uma vez. Era a hora de fazer diferente.

— Você precisa mesmo ir?

—... Preciso.

— Por que quer ir agora? Não disse que nós precisávamos conversar?

— P-Precisamos! Mas... Não agora. – Ele virou o rosto, claramente para que eu tirasse a mão. Tirei. Mas, segurei ambas as mãos dele.

— Quando?

Ele olhava para as minhas mãos na dele.

— Não sei.

— Você quer... Ir hoje à noite a minha casa?

Novamente ele levantou o olhar com aquela estranha timidez que estava me deixando ainda mais louco por ele.

— N-Na sua casa?

— É. Assim a gente poderia conversar... Sobre o que você quiser.

...

...

Ele estava tão perto de mim. Era como se a cada palavra me seduzisse um pouquinho. Minha vontade era de beijá-lo, mas eu não conseguia compreender aquela vontade.

— Eu vou. – Respondi sem pensar e só depois me dei conta de que tinha aceitado ir a casa dele.

Ele, mais uma vez, abriu o sorriso mais lindo que eu lembrava já ter visto e me derreteu por dentro. Senti vontade de sorrir junto dele, de não parar de admirar sua beleza nunca mais.

— Está combinado então. – Ele falou me tirando do transe. E eu sei que fiquei vermelho, mas estava impossível resistir. – Você vai ver, não vai se arrepender. Olha... Eu vou preparar um jantar bem gostoso pra a gente...

Ele já havia me dito isso antes!

— Eu sei que vai. – Respondi com uma certeza que eu não sabia de onde vinha, só, que estava dentro de mim.

...

...

Jonathan entrou no restaurante apressado.

— Que foi, Niko? Ouvi sua mensagem e... – Ele parou ao ver como Félix e eu nos olhávamos. A felicidade estampada em meu rosto era bem visível e eu ainda segurava as mãos do pai dele.

 - É... O que houve aqui? – Ele indagou me olhando, esperando uma boa resposta.

— Nada demais, Jonathan. O... Cristiano passou mal, mas foi muito rápido. Já passou. A gente conversou um pouco e... Mais tarde, você poderia levá-lo lá em casa?

— Hein?! Na sua casa? – Ele me olhou de um jeito que se eu lesse pensamentos diria que ele pensou em como eu reconquistei o Félix tão rápido, ou que ele havia se lembrado de mim.

Sorri e expliquei.

— É, Jonathan, na minha casa. Ele e eu combinamos de conversar. Nós precisamos muito disso... Não é? – Perguntei olhando para o Félix esperando sua confirmação, que veio!

— Precisamos. Principalmente eu, preciso... Esclarecer muita coisa. Preciso trazer luz às sombras que rodeiam minha mente.

Jonathan me fez um sinal mostrando que também havia compreendido o que o pai queria dizer. Então, eu soltei as mãos do meu amor para que eles pudessem ir embora.

— Bom, vamos, pai? Você tem que descansar para mais tarde.

— Sim, vamos.

Ele levantou e antes que os dois saíssem, eu tinha que matar um pouquinho a minha vontade. Dei um abraço primeiro no Jonathan para o Félix não estranhar e sussurrei: - Vai dar tudo certo. – Em seguida dei um abraço no meu amor e sussurrei: - Até à noite. – Virei o rosto e lhe dei um beijo leve na bochecha.

Eu mal podia esperar para que meus beijos voltassem a ser em sua boca e em todo seu corpo.

...

...

Aquele beijo me causou um arrepio em todo meu corpo. Foi breve, mas intenso.

Eu já estava quase desistindo de me perguntar os motivos para tanta ansiedade de minha parte para vê-lo de novo, mas eram tantas questões para desvendar...

Por que eu sentia tudo que sentia perto dele?

Por que não conseguia tirá-lo do pensamento?

Por que ele fazia meu coração bater mais forte?

Por que ele havia me chamado por aquele nome?... Félix. Eu havia ouvido isso mesmo ou havia sido uma ilusão em meio às minhas lembranças conturbadas? Fosse como fosse, ainda ficava a pergunta: Quem é Félix?

E você, Niko... Quem é você na minha vida? Quem é você para mim? E, o mais importante e inegável:

Quando eu me apaixonei por você?

...

 


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Notas finais do capítulo

Continua...



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