Daiki P.O.V

Eu sempre fui sozinho. Mesmo a família sendo grande e eu tendo um irmão e uma irmã mais velhos. 

Nunca me senti como parte disso, em outras palavras sempre fui o diferentão.

Mas me lembro de quando isso mudou. Foi quando meus pais resolveram trazer um cachorrinho para casa.

Por coincidência ou não, era meu aniversário. Estava completando meus 7 anos, por aí...

Flashback on

— Temos uma surpresa para vocês. – Disse minha mãe.

— Para vocês ou pro Daichi? – Perguntou meu irmão, Takashi.

— Se encaixa em ambos os casos. Já que é algo que vai se encaixar perfeitamente nessa casa. – Disse meu pai. – Eu vou trazer.

— Estou curiosa. Será que é um celular novo? O meu já está velho. – Disse Kaori minha irmã.

— Não ouviu? Ele disse que é para se encaixar em casa não no seu quarto. – Disse Takashi

— Não te perguntei. – Disse Kaori

— O que você acha que é Daichi? – Perguntou minha mãe para mim.

— Eu não sei. – Respondi.

Foi quando um cachorrinho filhote entrou correndo pela casa, abanando o rabinho e cheirando a todos, claramente contente por estar ali.

Meus olhos brilharam. Nunca me senti tão feliz por um presente dos meus pais assim antes.

— Podemos ficar com ele? – Perguntou Takashi

— Sim, ele é nosso. Mas precisam cuidar bem dele, tudo bem? – Perguntou meu pai

— Ichi – Disse eu

— O que disse? – Perguntou minha mãe

— Ele pode se chamar assim. – Respondi. – Ichi.

— Está perfeito ! – Disse meu pai. – Se chamará Ichi.

Flashback off

Desde então ele me conquistou. De todos os outros da família fui eu a pessoa quem mais se aproximou dele. Desde pequeno ele me segue para todos os lugares, eu conversava com ele e parecia que ele realmente podia entender tudo que eu dizia.

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Eu estava no meu quarto assistindo animes como de costume. Daiki brincava com alguns ossinhos dele, quando eu ouvi minha mãe chamando a todos.

Aparecia na sala, Ichi veio logo atrás de mim, fiquei de braços cruzados.

 - Preparem as malas. – Disse minha mãe. – VAMOS FAZER UMA VIAGEM !

Ichi trouxe seu ossinho e subiu no sofá para continuar brincando com ele.

— Uma viagem? – Disse Kaori. – Não acredito, POR QUE NÃO FALOU ANTES? QUANDO VAMOS VOLTAR?

— Vamos voltar alguns dias depois do natal. – Disse meu pai

— Que milagre, e para onde vamos? – Disse Takashi

— Vamos passar o natal na praia, uma coisa que nunca fizemos antes e vai ser bem inesquecível. – Disse minha mãe

Eu estava sem palavras. Isso era realmente novidade, já que quase nunca viajamos. Não sei se isso é bom ou ruim mas tem coelho nesse mato.

— E você Daichi não vai falar nada? – Disse Kaori

— Nada. – Falei.

— Bem, parece que todos concordam. Vamos sair amanhã bem cedinho, CINCO DA MANHÃ PARA SER EXATO. – Esclareceu meu pai

Meus irmãos não gostaram da noticia, mas para mim talvez seja até divertido.

Voltei para o meu quarto, peguei minha mala e arrumei, não coloquei muita coisa. Só as essenciais.

— Acho que esse natal pode ser bom ! – Falei

Os natais da minha família costumam sempre dar algo errado. Uma vez já acabou a força, outra vez abriram a champanhe e derramou na ceia, ou quando meu irmão quebrou uma panela de arroz e caiu tudo no chão.

Da sala dava para ouvir Takashi, Kaori e minha mãe conversando alto, pareciam estar se divertindo mas não me importa. Meu pai então entrou no quarto, Ichi entrou também, trazendo em sua boca o mesmo ossinho.

— Você não parece animado. – Disse meu pai

— Vai ser divertido. Não se preocupe, eu apoio a viagem. – Falei

— Certo ! – Disse meu pai animado.

Logo saiu do quarto. Olhei para o Ichi e disse:

— Ichi, essa família é cheia de malucos. Tenho certeza que vai dar algo errado durante essa viagem, capaz até do pneu do carro furar no meio do caminho ou algo até pior. – Falei rindo

Ichi veio abanando o rabo contente.

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— Para onde você vai? – Perguntou Takashi, deitado no sofá lendo manga.

— Dar uma volta com Ichi. – Falei, enquanto colocava a coleira nele.

— Vê se não demora, eu preciso de sua ajuda para fazer minha mala e...

Não deixei ele terminar de falar e sai da casa com o Ichi.

O tempo estava ótimo, Ichi também estava gostando do passeio. Pensei em parar para comprar um suco em um quiosque.

Havia uma avenida bem movimentada, e o quiosque do suco ficava do outro lado. Olhei bem para os dois lados e não havia sinal de carros, atravessei normalmente e comprei e o suco, senti uma leveza na coleira do Ichi. E quando olhei para baixo, onde ele estava?

Ouvi uma grande barulheira de carros, quando percebi que Ichi estava lá

Deixei o copo cair no chão, corri até ele, sem olhar para os carros que passavam. Quando senti uma grande batida e apaguei.

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Acordei no sofá, o mesmo em que Takashi estava quando sai de casa. Todos gritavam entre si e parecia estar tendo uma grande confusão.

— O que está acontecendo? – Pensei, minha cabeça estava doendo.

— DAIKI. – Gritou Takashi – ELE ACORDOU.

Minha mãe veio chorando até mim.

— Você está bem? – Disse ela

— Sim. O que está havendo. – Disse eu

— Ichi e você foram atropelados. – Disse ela

— Onde está o Ichi? – Falei

— Ele... se foi. – Disse minha mãe

Olhei para os lados, Takashi e Kaori também estava chorando, meu pai estava sentado na mesa com as mãos no rosto.

— ESTÁ BRINCANDO? EU PERGUNTEI ONDE ELE ESTÁ. – Gritei

— Calma Daiki. Não é culpa nossa. – Disse meu pai

Naquele momento ignorei a todos e me tranquei no meu quarto, eu chorei a noite inteira e não acendi a luz nenhuma vez.

— ICHI. – Gritei bem alto. – VOCÊ ESTÁ VIVO, NÃO ESTÁ?

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 Após o acidente, a viagem foi cancelada. Eu  não queria sair de meu quarto nem para comer.

Dia 24

Já era de noite, sete horas da noite. Eu ainda na escuridão de seu quarto, ouvi batidas na porta.

— Daiki... venha para cá por favor. É natal. – Disse Takashi

— ME DEIXA EM PAZ. – Gritei

— Ichi...está vivo. – Disse Takashi

A porta se abriu ao mesmo instante. Eu limpei as lágrimas que continuavam escorrendo.

— Me acompanhe. – Disse ele

Ele me levou até o quintal. A mesa estava lá fora, havia balões com o nome “ Ichi “ , Kaori e meus pais estavam lá. Fotos nossas com Ichi também estava na mesa da ceia. Então eu entendi o que Takashi quis dizer com “ Ichi está vivo “.

Fiquei realmente surpreendido com o que eles haviam feito. Imaginei que apenas eu considerava Ichi realmente como um membro da família.

Eu não esperava por isso.

— Ele ainda está vivo e sempre estará vivo nos nossos corações. – Disse meu pai

Me senti completamente confortável, foi um natal memorável quando contamos histórias e coisas engraçadas de Ichi.

Eu realmente me senti parte da família naquele momento, não me senti estranho nem o diferentão dessa vez.

Tudo graças ao Ichi.

— Feliz natal Ichi...descanse em paz. – Pensei