No dia seguinte teve aula de harpa. Nada demais, tirando o fato que eu suava frio e tremia perto de David. Até que no meio da aula ele puxou um banco ao lado do meu e me beijou.

-Você está tensa demais, Larissa. Assim não consegue tocar direito. – disse ele depois de separar nossos lábios.

-E-eu estou? E você acha que ajuda me beijar assim?

Ele apenas riu e pediu para eu retomar de onde tinha parado a musica.

Então acabou a semana, passou o fim de semana e segunda chegou!

Sábado e domingo fiquei em casa. Jenny viajou para a praia e David ficou ocupado com ensaios e o tempo livre passou com o tio dele que morava muito longe e estava de aniversário. E segunda-feira foi um desastre. Ou não. Só sei que nada aconteceu como o normal.

-Hein Sasá?

Como sempre Andrew falava pelos cotovelos e eu nem o escutava em direção ao colégio.

-Desculpa Andrew, eu não tava escutando.

-Poxa, quantas vezes eu vou ter de pedir pra você me chamar de Dedé?

-Aii, tá bom Dedé.

-Assim está melhor. Eu tava perguntando se você acha que eu não sou bom o bastante pra namorar com alguém especial.

Isso era uma indireta para mim, eu tinha certeza. Ou não.

-N-não sei. Depende da pessoa, não acha?

-Você quis dizer que só certas pessoas merecem alguém tão podre quanto eu, não é?

-N-não foi i-isso que eu disse.

-Mas foi o que você quis dizer.

-Andrew!

-Dedé – ele me corrigiu.

-Dedé!

-Que foi? Não é assim?

-Obvio que não!

-Então como é que é? – Ele cruzou os braços e olhou sério para mim. Eu não sabia o que responder, porque não queria me “denunciar”, então fiquei gaguejando, e ele chegava cada vez mais perto, até que enlouqueci de vez e saí correndo para o colégio sem olhar para traz. Possivelmente o que Andrew viu foi só uma fumaça em forma de Larissa na sua frente.

E eu o ignorei o reesto da manhã. Fugia dele quando chegava perto de mim, fingia que não o escutava me chamar, qualquer coisa para ficar longe dele. Até que acabou a maldita aula, me arrumei correndo e saí apressada da sala, e Andrew desde que tocara o sinal de final de aula ficou me chamando e me seguindo.

Até que no meio do caminho de casa ele me alcançou e segurou meus braços para não ter mais escapatória.

-Porque tá fugindo de mim? – Disse ele, muito perto.

-Porque você é um chato que só sabe atazanar a minha vida. – Respondi emburrada.

-Mas eu só fiz uma pergunta!

-E quem disse que eu quero responder?

-Porque você não quer me responder? – Que saco, porque ele tem que me incomodar tanto com isso?

-Se eu quiser não respondo.

-Eu não vou te soltar enquanto você não me explicar o que você queria dizer com aquilo hoje de manhã.

-Andrew, por favor, me solta. Eu não quero falar – Eu me debatia, mas sem muito entusiasmo.

-Não, por favor digo eu – Ele me puxou para mais perto, me abraçando e me olhando de tal maneira que eu mal pudesse mexer meus braços.

-Andrew, me solta, ou eu grito.

-Não vou te soltar.

-Andrew, estou falando sério! – Ele suspirou, acreditando em mim (também pudera, depois de tudo que ele já apanhou de mim, provavelmente não duvida de mais nada) e disse:

-Ok, eu solto você. Mas só se pedir direito.

-Andrew...

-Não é assim que eu gosto.

-Aff... Dedé, por favorzinho, será que você poderia ser querido comigo e me soltar para eu poder voltar para casa?

-Não.

-Andrew!

-Tá bem, tá bem. Só deixa eu te dar um beijo. – Ele foi chegando a mim, e eu, sem saber o que fazer, apenas fechei os olhos e aguardei, nervosa. Mas ao invés de me grudar, como pensei que faria, Andrew me deu um beijo na testa apenas, e me soltou. Quando abri os olhos, ele já estava de costas, indo para casa, e eu, com o coração na boca, arrumei meus cabelos e fui atrás, mas a uma pequena distância de onde ele andava.