No dia seguinte achei que ele não teria coragem de aparecer na esquina como sempre. Estava enganada.

Andrew estava com as mãos nos bolsos, e se encolheu ao me ver. Eu apenas virei o rosto e continuei andando, como se não o tivesse visto. Ele, como sempre, apenas seguiu ao meu lado.

-Me perdoa Larissinha, por favor. Foi uma aposta idiota.

Não respondi, mas não agüentava mais aquela cara de cachorro morto de fome. Continuamos andando em silêncio. Na portaria da escola, ele parou na minha frente e segurou minhas mãos, e eu me senti como se estivesse fazendo pose pra ensaio fotográfico de casais.

-Por favor Larissinha. Sabe como eu gosto de você. Prometo nunca mais fazer nenhuma burrada contigo.

Eu não suportava mais aquilo, então disse um “ta bem” sem graça. Eu não deveria me importar com esse tipo de coisa na verdade. Ele sorriu ao ouvir, me abraçou e beijou minha bochecha. Fiquei corada quando ele fez isso, e quando ele me soltou, eu disse que precisava ir ao banheiro antes de começar a aula e corri para lá. Entrei somente para esperar que a temperatura do meu rosto baixasse. Então segui para a nossa sala.

Quando eu entrei, Andrew sorriu para mim e me abanou. Percebi que a garota na qual ele conversava me encarou com cara de ódio, e a aluna nova me olhou de cima a baixo. Não gostei muito daquilo, mas acabei não me importando muito. Já estava acostumada a receber olhares estranhos dos outros.

Acabou a aula novamente, e Andrew voltou a ser o mesmo tagarela de sempre. Mas, ao chegar na nossa esquina, ao invés de dar apenas um pequeno beijo na minha bochecha, ele me abraçou forte. Não soube como reagir, então fiquei parada. Mas senti seus braços confortáveis em meu pescoço.

-Brigada por ser assim, Larissinha.

Então ele me deu o mesmo beijinho de sempre e foi embora. Eu fiquei por alguns segundos olhando suas costas, com a mão em minha face, exatamente onde senti seu beijo. Depois continuei meu caminho de sempre.