Na casa dos Clearwater havia alguns sinais de vozes conversando sobre algo aleatório, risos ou simplesmente cantoria por pura brincadeira. Jacob se aproximou da porta e deu espaço para Sarah adentrar primeiro, tentando ser cavalheiro. A garota sorriu para o gesto e caminhou para dentro.
A maioria dos olhares voltaram-se para os dois por alguns segundos, mas logo voltaram à seus afazeres. Billy veio caminhando da cozinha um pouco tonto, esmagou alguns pés e esbarrou em algumas pernas até chegar aos dois.
— Sarah, como você sumiu! — ele tentou abraçar a visitante, mas quase caiu de cara na chão; Jacob o segurou.
— Olá, Billy. Bom te ver também. Vejo que está se divertindo bastante, hein? E fico feliz por isso! — Sarah sorriu de maneira divertida e cobriu a boca para evitar um riso.
— Pai, vou te levar para casa antes que se machuque! — Jacob avisou e tentou empurrar a cadeira de rodas, mas o homem tocou as rodas e impediu de prosseguir.
— Deixe de ser chato, Jacob. O pai aqui sou eu, não do contrário! — resmungou Billy, dando um tranco para sair deslizando em sua cadeira sozinho.
— Pai, deixe de ser teimoso! — o rapaz resmungou, impaciente.
— Jake, deixe ele. Ele está se divertindo! — Sarah tocou o peitoral do garoto e o conteve.
— Ele vai se machucar, poxa... — resmungou.
— Mas ainda assim vai estar se divertindo! — a garota rebateu — Vem, vamos nos sentar ali. — o puxou para o sofá que havia acabado de ficar livre.
Sob protesto, Jacob seguiu até lá. Os dois se sentaram e ficaram um tempo em silêncio, apenas encarando toda a aglomeração de palavras e risos. Alguns conhecidos vieram cumprimentar o rapaz e desejaram boas vindas à "Namorada de Jacob". Sarah acabou ficando quase roxa de vergonha e isso piorou a situação, onde a mesma pessoa gritou para outras que Jacob estava namorando.
— Sai daqui, você está atrapalhando nosso momento! — Jacob o empurrou de brincadeira e então riu.
— Desculpe! — o homem ergueu as mãos em rendição e seguiu para a cozinha, onde as outras pessoas seguiram ao sentir cheiro de biscoitos recém-assados.
— O que foi? Não gostou da brincadeira? — ao perceber a expressão chateada de Sarah, Jacob perguntou.
— Não é isso... Aqui está super legal, mas... — ela suspirou e o encarou.
— Mas...? — a incentivou a continuar.
— Só não quero que você concorde com essas coisas, se nunca vai ser verdade... — outra vez Sarah desviou o olhar.
— Nossa! — Jacob arfou e se encostou no sofá.
— Que foi? — a garota perguntou, olhando-o.
— Você acaba de me dar um fora! — se fingiu de ofendido.
— Eu? — Sarah riu.
— Sim, você disse "nunca vai ser verdade". — o rapaz fez bico.
— É só o que eu acho que você pensa, Jake... — deu de ombros.
— E você pensou errado! — anunciou Jacob — Você acha que eu voltaria para Forks se você não fosse importante para mim? Você acha que eu pularia de um penhasco para te salvar em um mar violento, mesmo se os outros da matilha estavam por perto e poderiam fazer isso por mim levando em consideração que eles provocaram isso? E vale lembrar, eu quase a beijei dias atrás, caso a matilha de Sam não tivesse aparecido para conversar com você! — argumentou.
— Eu não consigo entender. Uma hora você quase me beija, na outra não está nem aí para mim. Um dia você está próximo e no outro está tão distante que ninguém consegue te achar. Eu só preciso que você seja mais claro, Jacob. Porque o jeito como você age comigo não tem sido fácil, está me confundindo muito! — um suspiro tremulo escapou da garganta de Sarah e ela fechou os olhos com força para evitar as lágrimas que cogitaram em surgir.
— Quer que eu seja mais claro então? — o rapaz sorriu de lado.
— Por favor! — a garota abriu os olhos outra vez e esperou para ver o que Jacob falaria.
Ao invés de palavras, Jacob agiu. Mesmo se as pessoas estavam retornando para a sala, ele tocou o rosto de Sarah e puxou para junto do seu. Sem mais suspense, sem perder tempo algum, ele a beijou. Aquele beijo que estava guardado para ela durante muito tempo, aquele beijo que apagava aquele que foi feito por aposta, agora era um beijo válido e de graça. Billy foi o primeiro a gritar comemorando o gesto, e em seguida as demais pessoas o acompanharam. Sarah se afastou rapidamente de Jacob e escondeu o rosto extremamente vermelho nas mãos, e o rapaz a abraçou de lado enquanto gargalhava com a repercussão de sua atitude.
— Jacob Black, você ainda vai acabar me matando! — Sarah resmungou enquanto tirava as mãos de seu rosto e fuzilava Jacob, que gargalhava.
Contagiada pelo riso divertido do rapaz e pela euforia em enfim ter sido beijada por aquele com quem tinha tanta feição, Sarah acabou rindo também. Ela riu e conseguiu olhar em sua volta, sentindo seu rosto bem menos quente do que antes. Mas ele voltou a ficar quente quando reparou olhos julgadores fuzilando-a, olhos de Leah Clearwater. Então lembrou-se da conversa com ela horas atrás e seu sorriso se reprimiu.
— Jacob, vamos lá para fora? Preciso de um pouco de ar... — ela pediu.
— Tudo bem! — o rapaz concordou.
Ambos se levantaram do sofá, avisaram que logo voltariam para dentro, foram atingidos por mais alguns gritinhos engraçados e então saíram para fora da casa. Eles caminharam de mãos dada em frente a casa e ficaram um tempo em silêncio, até que Jacob a puxou delicadamente para um novo beijo e foi contido por um leve empurrão.
— Jacob, o que é um imprinting? — ela perguntou, enroscando os braços em volta do pescoço do rapaz para indicar que estava tudo bem entre eles.
— Alguns lobisomens experimentam um "incidente" denominado imprinting, que os torna incondicionalmente ligados a um humano do sexo oposto. Quando acontece, de repente não é a gravidade que te prende à terra, sim ela. Você faz tudo, se torna tudo o que ela precisar...um amigo, um irmão, um protetor! — Jacob explicou, acariciando a cintura de Sarah, mas sem encará-la por estar desconfortável com aquele assunto.
— Você teve isso por mim? — Sarah continuou a perguntar, dessa vez tocando o rosto de Jacob para que ele a encarasse nos olhos.
— Não. — Jacob respondeu, francamente; a garota abaixou o olhar e suspirou — Ei, você acha mesmo que vou deixar esse "encantamento" idiota acabar com o que temos? Eu já enfrentei todo o tipo de coisa nos meus poucos anos de vida, já rasguei nos dentes vampiros, que são criaturas extremamente fortes, então você acha que vou perder para meus sentimentos? — e a levantou do chão sem dificuldade alguma para tentar arrancar algum riso.
— Promete? — mesmo sabendo que ele não poderia cumprir, ela pediu.
— Prometo! — Jacob respondeu com toda a sinceridade de seu ser, mesmo temendo por seu amanhã.
E eles se beijaram outra vez. Fizeram isso até ser o momento da garota voltar para casa, por ter de dormir para ir para a escola no dia seguinte. Como se fosse possível dormir diante de uma noite tão cheia de acontecimentos... Mas ela pelo menos teria de fingir que esteve em casa durante todo o tempo, pois tudo o que ela menos queria era ser impedida de ir à La Push durante as férias.

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Os dias passaram rápido e o parto de Bella se aproximava. Com isso, Jacob e Sarah passaram a se ver menos durante alguns poucos dias. Faltava entregar alguns últimos trabalhos, fazer uma prova e então ela estaria de férias. Por sorte, isso aconteceu rápido e ela pode voltar a ir aos Cullen junto com ele.

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Aproveitando que seus pais foram embora semanas atrás e os avós tiraram a noite para ir ao cinema, Sarah usou a desculpa de que iria dormir em La Push, na casa de Emily, e então partiu para a casa dos Cullen. Ela caminhou sozinha pelas árvores, seguindo o caminho apressadamente para chegar ao ponto em que Jacob falou que estaria a esperando. Parou por um momento para descansar e então ouviu quatro passos pesados se aproximando; ela se esquivou em uma árvore e ficou espreitando, até que viu quatro enormes lobos passando correndo e resmungando para algo. Seus olhos inundaram-se de lágrimas segundos mais tarde... Ah, como seus cachorrinhos faziam falta, independentemente da situação em que estavam.
Se lembrando do motivo pelo qual não mais falava com seus amigos, Sarah secou os olhos nas mangas da blusa, suspirou fundo e então seguiu com uma mascara de indiferença para encontrar Jacob, aquele com quem ela escolheu o lado da batalha, a sua melhor escolha até então.
Jacob a recebeu com um abraço amoroso, mas não conseguiu esconder certa rigidez. Tão detalhista devido sua paixão por fotografia, a garota acabou percebendo.
— Aconteceu alguma coisa? — Sarah perguntou, enroscando os braços no pescoço de Jacob e dando beijinhos em sua bochecha.
— Nada com que você possa se preocupar! — garantiu Jacob, caminhando com Sarah suspensa no ar e presa ao seu pescoço.
— Eu vi o restante da matilha passar correndo pela floresta! — a garota avisou, enquanto movia o corpo para ser colocada no chão.
— Como eu disse, nada com que você possa se preocupar! — repetiu e colocou a garota no chão.
Com as mãos dadas e os dedos entrelaçados, os dois adentraram a casa dos Cullen. Na sala estavam Alice e Rose junto com Bella e ambas cochichavam sobre algo que não dava para ouvir. Edward apareceu um tempo depois e veio de encontro à Jacob.
— Obrigado! — agradeceu; Sarah encarou os dois querendo entender do que se tratava.
— Eles conseguiram passar? — Jacob perguntou, indiferente com a gratidão do vampiro.
— Sim! — o Cullen falou.
— Que bom! — falou e desviou o olhar para Sarah, que estava com várias interrogações acima de sua cabeça — Depois eu te conto! — garantiu e sorriu.
Os dois passaram por Edward e seguiram para perto de onde Bella estava. Notando suas visitas, Bella sorriu e foi ajudada por Alice e Rose para ficar de pé.
— Oi... — ela sussurrou, visivelmente exausta — Vocês estão bem? — perguntou.
— Sim, não é como se minha namorada estivesse grávida de um demônio e eu tivesse que suportar isso! — Jacob respondeu brincalhão e desviou olhares para Edward.
— Namorada? — Sarah perguntou e riu.
— Sarah está grávida? — Alice perguntou, também humorada.
— Deus me livre. Depois de conhecer Bella nesse estado, vou demorar horrores para pensar em filhos! — Sarah balançou a cabeça e estremeceu com a ideia.
Todos, exceto Rose, deram risada. Depois de um tempo, Bella encarou a loira e ela pareceu traduzir o que o olhar dizia.
— Isso é muito importante, Bella! — Rose falou — Por que não conta para Jacob o que decidiu? — continuou.
— O que foi agora? — Jacob perguntou, alarmado.
Um sorriso divertido se abriu nos lábios de Edward e Sarah o avistou, logo chamando Jacob para olhar. O rapaz ficou mais confuso ainda.
— Rose está fazendo Bella decidir os nomes para o bebê! — Edward falou e riu outra vez.
— Ela odiou! — Bella avisou, fraca.
— Fique sabendo que estou do seu lado para o que der e vier! — garantiu Jacob, com um sorriso divertido.
— Não pode ser tão ruim quanto de um professor que tive num curso de Português que fiz, que se chamava Chevrolet da Silva! — Sarah a encorajou a continuar; todos deram risada.
— Não são tão ruins. — Bella encarou Rose por um momento — Se for menino, é EJ... Edward Jacob! — anunciou.
Controlando-se para não rir, Edward apertou os lábios. Jacob acabou fazendo o mesmo, mas ainda assim sorriu.
— Acho tão lindo nomes compostos! — disse Sarah, pigarreando em seguida para disfarçar um riso.
— Tudo bem, esse não é tão ruim! — confessou Rose — E se for menina, qual o nome? — perguntou.
— Eu estava combinando com os nomes das nossas mães! — Bella encarou Edward — René e Esmee. Então pensei em... Renesmee! — concluiu.
Fez se um silêncio na sala. Edward continuava a apertar os lábios.
— Renesmee? — Jacob perguntou para ter certeza do que havia ouvido; atrás dele, Edward acabou rindo outra vez.
— Muito estranho? — perguntou Bella.
— Ah... Hummm... — Jacob murmurou sem conseguir responder.
— Não, não é muito estranho! — Edward respondeu por ele — É lindo. E é único, é perfeito para a situação... Gosto de Renesmee! — continuou a falar, pois Jacob ainda estava engasgado com as palavras.
— É chique! — Sarah concluiu e encarou Jacob, que ainda não havia conseguido dizer nada.
Bella sorriu para os dois. Rose se moveu até a mesinha logo ao lado e pegou mais um copo da única refeição em que o corpo debilitado da garota aceitava: Sangue. Ela moveu-o em direção à Bella e sorriu.
— Ele gosta! — ela falou para Rose, que revirou os olhos.
No momento seguinte, Bella se moveu para tentar pegar o copo que Rose soltou cedo demais, então foi ouvido um estralo vindo de seu corpo e em seguida seu gemido angustiante. O copo estourou e sujou o chão de vermelho. A garota continuou a cair e então foi a vez de fraturar seus joelhos, ao sofrer o impacto de cair ajoelhada. Antes que ela batesse a cabeça no chão, Edward correu e a segurou. Jacob também correu para perto, quase derrubando Sarah ao esquecer-se de que segurava a mão dela.
Assustada com o que viu, Sarah se recuperou do tranco que sofreu de Jacob e então recuou alguns passos, com lágrimas inundando seus olhos e o pânico lhe causando um aperto no peito. Foram questões de segundos para ela sentir mãos tocando seus braços e logo ser guiada para fora da casa.
— Vem comigo... Vai ficar tudo bem! — era Seth, e ele estava tão perturbado quanto ela, mas disfarçava melhor.

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Haviam passado alguns segundos e Sarah andava de um lado para o outro em frente à casa dos Cullen. Lá dentro, vez ou outra, dava para ouvir Bella gritar. O grito era tão horripilante, que todas as vezes Seth tinha que conter a garota de entrar lá dentro, pois ela nada poderia fazer. No último grito, passou-se um tempo e então foi ouvido um choro de bebê.
— Nasceu! — Sarah arfou, aliviada e então abraçou Seth, que também estava tão feliz quanto ela.
— Será que já podemos entrar? — Seth perguntou.
— Ainda não! — Leah respondeu, firme e encarando alarmada a entrada da casa.
— Por quê? — resmungou Sarah, voltando a caminhar de um lado para o outro.
E então a resposta da garota foi ouvida quando a porta foi aberta com rigidez e Jacob saiu de lá. Ele desceu as escadas rapidamente, se agachou no e então começou a chorar, enquanto desabava sentado no chão e voltava a unir suas pernas para abraça-las. Os três que estavam do lado de fora se aproximaram devagar, sem qualquer outra reação.
— Ela não conseguiu... — Seth murmurou, ao mesmo tempo chocado e triste; Leah também mudou sua carranca.
Sarah bateu as costas contra uma árvore quando deu alguns passos para trás, chocada com o que havia ouvido. Mas o arfar que aconteceu em seguida foi mais pela notícia do que pelo impacto inesperado. Ela queria se aproximar de Jacob para lhe dar algum apoio, mas suas pernas estavam tão bambas que ela teve certeza que fosse cair caso se movesse de sua posição atual. Então ela ficou ali, paralisada, com lágrimas escorrendo uma atrás da outra, sentindo muito pelo sofrimento de Jacob e por sua recente amizade com Bella.
Até que Jacob parou de chorar e ergueu a cabeça. A tristeza deu lugar a raiva e então ele se levantou, olhando em direção à casa. Então seguiu naquela direção com passos pesados.
— Jacob! — Sarah o chamou, com a voz rouca de tanto chorar; mas foi ignorada.
Seth tentou segui-lo, mas Leah o impediu.
— O que ele vai fazer? — Sarah perguntou aos dois irmãos, desesperada; ninguém a respondeu.
Mas então ela caiu ao intendimento e correu atrás do rapaz. Foi a vez de Seth impedir sua irmã de dar algum passo, para deixar o caminho livre para Sarah fazer o que bem entendesse. 

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