No Topo do Mundo escrita por JP Lopes


Capítulo 2
Desespero


Notas iniciais do capítulo

creio que o ser humano tenha forças para lutar contra seus maiores medos se a luta for em nome do amor



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    A claridade cegou Bernardo por alguns instantes enquanto o sol esquentava sua face, o barulho do cascalho no chão aumentava com o grupo percorrendo a extensão do local. Com o sol em seu rosto e a bela visão dos grandes prédios que tocavam o céu azul na parte alta da cidade, Bernardo quase se esqueceu seu motivo de estar ali. Sobreviver.

O telhado tinha seu chão completamente coberto por cascalho e bem no centro se encontrava uma segunda construção, era uma caixa de concreto puro de no máximo dois metros de largura e comprimento, que só estava ali para servir de base para a grande antena de TV e telefone que se estendia até as nuvens.

Toda a contemplação de Bernardo foi interrompida quando Carmen, sua mãe, avistou a onda se aproximando, ela deu um grito de terror tão profundo que sua garganta chiou como se suas cordas vocais se partissem. Bernardo ficou olhando para sua mãe enquanto a mesma se ajoelhava, ignorando o fato de que estava de saia que apesar de longa não era grossa o bastante para proteger seu corpo das pontas dos cascalhos no chão.

Carmen de joelhos começou a implorar aos céus que sua família fosse levada aso céus depois do fim, Bernardo ainda sem entender completamente a atitude de sua mãe, percebeu que todos os outros presentes ali olhavam para mesma direção então Bernardo se virou e quando focou sua visão no horizonte foi capaz de entender todo o terror de sua mãe.

Paralisado pelo medo, Bernardo começou a chorar silenciosamente enquanto todos os músculos do seu corpo se mantinham imóveis. Todos observavam a grande onda se aproximar, enquanto uma nova orquestra do terror podia já ser ouvida, o vento urrava entre os prédios, os gritos dos inocentes que não foram capazes de se elevar soavam como um eterno eco de dor e desespero.

Fernando em prantos observava a todos imaginando onde sua família estaria agora, será que já estavam mortos? Tentando não se prender a esses pensamentos naquele que poderia ser seu último minuto de vida, Fernando olhou a sua volta e pode ver, o seu azul com poucas nuvens, pode sentir de um modo diferente aquele vento que assustava a todos, pode ver o casal do elevador abraçados trocando palavras de afeto, viu senhor Carlos segurando o choro enquanto cantava para suas filhas uma última canção de ninar, Carmen ainda se mantinha presa as preces desesperadas e Bernardo....

O coração de Fernando gelou quando ele se deu conta do estado em que seu namorado estava, Bernardo se encontrava pálido, seus olhos verdes haviam perdido o brilho em meio ao vermelho causado pelas lagrimas, suas mãos tremiam enquanto todo o restante do corpo se enrijecia como pedra.

Fernando se aproximou de Bernardo e agarrou sua mão direita, e rapidamente a encostou em seu peito sobre o coração.

—Be eu estou aqui com você, olhe para mim, essa não precisa ser a última coisa que você vai ver... – Disse Fernando enquanto lagrimas caiam sem parar- Olha para mim- suplicou ele pressionando a mão de Bernardo em seu peito. - Meu coração, você sente? Ele bate por você, por favor olhe para mim uma última vez.

Bernardo venceu seu pânico e virou-se para seu amado que suplicava por aquela última troca de olhares, que sempre foi tão significativa para eles.

— Eu...- Bernardo se esforçava para vencer o medo e dizer algo a Fernando- eu te...

Quando de repente ele foi interrompido por uma buzina de carro e gritos chamando por Fernando, o semblante de Fernando mudou totalmente quando aquela voz masculina surgiu ao fundo gritando seu nome.

—Pai? - Disse Fernando em total espanto.

— ESTAMOS SUBINDO!!! – Gritou o homem na entrada do prédio, sua voz estava distante por causa da altura, mas de algum modo eles conseguiram entender.

Bernardo se aproximou da beirada, tremulo, e viu dois adultos entrarem no prédio com o que parecia ser duas crianças correndo ao seu lado, em seguida Bernardo ergue a cabeça e encarou a onda que vinha de encontro com o prédio, ela estava absurdamente próxima.

— Eles precisam correr- pensou Bernardo.

Poucos segundos se passaram e já era possível ouvir as vozes em extrema aflição vindo da escadaria, antes que Bernardo pudesse fazer algo Fernando correu em direção a escada e foi de encontro ao portão de grade um andar abaixo.

— Fernando NÃO VA! - Gritou Bernardo, que olhava desesperado para as outras pessoas ali presentes para ver se alguém lhe dava apoio, mas todos ainda estavam em usas posições iniciais como se já tivessem desistido de fato.

Bernardo não podia deixar Fernando sozinho, não podia desistir do amor, então Bernardo correu atrás de seu namorado.


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Notas finais do capítulo

Demorou mas saiu. se você leu ate aqui muito obrigado, espero que tenha gostado.

Próximo cap: Impacto



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