Fazia um dia quente, então o Omar foi a sorveteria, Téo estava sozinho em uma mesa, ele se aproximou e começaram a conversar.

— oi Omar.

— oi.

— eu quero agradecer, se não fosse o seu conselho , eu e a Isa não teríamos voltado a namorar.

— não precisa agradecer, eu fiz o que achei certo, mas eu achei que você estaria mais feliz.

— é que..... ela ainda não acredita em mim, não confia, eu sinto ela estranha, as vezes distante, acho que ela talvez não goste mais de mim.

— ela gosta de você, mas ela tá insegura, é normal depois de tudo o que aconteceu, eu acho que ela só vai acreditar em você, se a Camila falar a verdade.

— ela nunca vai fazer isso.

— mas isso deixa comigo, eu resolvo, mas primeiro eu quero descobrir porque ela odeia a Isa.

— inveja.

— não pode ser só isso...

— a Isa tem amigos e....

— então ela teria inveja da Manu, mas não ela implica só com a Isabela, a Manu tem aquele jeito ingênuo que encanta, que faz com que ela fique cercada de amigos.......já a Isa, as vezes ate assusta com a agressividade dela.

— é, mas depois que a gente se acostuma, percebe que atrás de tanto espinho sempre tem uma bela flor.

— é verdade, eu não suportaria ouvir ela chorando de novo.

— como assim.

— ah.....não.....eu...

— Omar.

— o tempo que eu passei na cidade com ela, eu as vezes a noite passava em frente ao quarto dela.

— por que.

— não precisa ficar com ciúmes......era pra ver se ela estava bem......mas na primeira semana, eu podia ouvir ela chorando, e eu ficava parado em frente a porta sem saber o que fazer.

— agora eu entendi porque você faz tanta questão de me ajudar, porque até hoje eu não consigo esquecer o jeito que ela me olhou aquela noite.

— eu sei... eu vi o que aconteceu.

— ela ainda me olha estranho........ ela não confia em mim.

— eu acho que ela esta esperando o momento que você vai terminar com ela e ficar com a Camila.

— que.

— as vezes a gente deixa de ser feliz porque tem medo de sofrer.

— você tá querendo dizer que ela tá estranha porque ela espera ser decepcionada, então está se preparando pra não sofrer tanto.

— sim, uma vez eu vi um filme, que a mulher tinha tanto medo de perder o namorado que ela tentava ir perdendo ele aos poucos..

— eu não sei o que fazer pra que ela perceba que eu gosto dela, tentei..... comprei vários  presentes.

— oi..... como........Téo, sabe o que isso parece, que você é culpado e estava tentando comprar ela.

— não eu só queria fazer ela feliz.

— a Isa pode comprar o que ela quiser.

— mas.

— um gesto romântico, faz mais efeito.

— você acha.

— tenho certeza.......... em vez de ficar enchendo a garota de coisas que ela não vai usar, faz uma serenata, um passeio , sei lá, o romântico aqui sempre foi você e não eu.

— eu vou pensar em alguma coisa.

— e faz isso, agora eu preciso ir...... vou sair com a Chloé.

— como assim.

— que foi.... você acha que só você pode ter uma namorada.

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Estava deitada na minha cama, pensando, estava começando a acreditar no Téo, aquela garota se parecia muito com a Regina, e isso até me assustava, não só no jeito mas na aparência, senti uma coisa estranha, como se eu tivesse que tomar cuidado.

— Isa, você me........ aconteceu alguma coisa.

— Manu..... eu estava pensando a Camila....

— esquece essa garota.

— me ouve...... você não acha ela parecida com a Regina.

— como assim.

— você já viu a mãe dela.

— não.

— porque eu me lembrei que a Regina tem uma irmã.

— que, mas eu achei que o Geraldo.....

— além do Geraldo, ela tinha uma irmã......... mas eu nunca conheci pessoalmente, vi uma foto uma vez, ela morava muito longe, e meu pai não gostava dela, então ela nunca veio nos visitar, mas uma vez a Regina disse que a irmã tinha uma filha da minha idade, que estudava num internato, ela sempre me ameaçava me mandar pra lá também.

— você esta querendo dizer que......

— a Regina é tia da Camila.

— se for verdade, isso explica muita coisa, por exemplo o ódio que ela sente por você, porque não é normal, ela te tratou mal no instante que soube seu nome.

— eu vou falar com o Téo, eu preciso pedir desculpa pra ele, ai eu tratei ele tão mal, eu cheguei a dar um tapa nele, e até hoje eu.......

— tá tratando ele com frieza, né.

— é, e ele sente, eu percebi que ele não esta muito feliz comigo, não como antes, ai como eu sou burra, como não percebi isso antes, justo eu, que sempre me achei tão esperta.

— é que quando o assunto envolve o coração, a gente esquece a razão e fica mesmo burro...........eu sei já tratei mal o Joaquim por ciúme.

Me senti péssima, depois de tudo o que eu passei, e o Téo sempre esteve do meu lado, acreditou em mim, até quando eu mesma não acreditava, me incentivou a voltar a cantar, o jeito que ele me olhou pela primeira vez depois da operação, sempre tão atencioso, educado, carinhoso, mesmo quando eu era grossa com ele, nunca vou esquecer a primeira vez que troquei de lugar com a Manu, e vi ele pela primeira vez.

A admiração que eu senti, ao ver a alegria e determinação dele, apesar de ser cego, o sorriso dele ao falar comigo, admito que no inicio eu senti pena, era difícil, olhar nos olhos, e ver aquele olhar sem foco, ver o meu reflexo nos olhos dele sabendo que ele não me via. Ver um brilho no olhar dele, e ao mesmo tempo um olhar sem vida. Mas logo a pena se tornou admiração e a admiração se tornou amor.

E eu duvidei dele, depois de tantas provas de amor, de tantos gestos de carinho, justo dele que ficou do meu lado, nos momentos mais importantes da minha vida. Acho que teria que passar resto da minha vida pedindo perdão por não ter confiado nele.