As pessoas mudam..

Depois de uns dias, o meu aniversário estava chegando, a Manu estava animada, a mamãe fez na confecção um vestido pra Manu e um pra mim, a festa seria na praça, mas eu não iria, eu avisei que não queria festa.

O Omar ajudou a organizar as coisas, todos da banda, estavam no vilarejo, até a Priscila, mas eu estava no meu quarto, a Manu já tinha se arrumado e ido pra praça, minha mãe tentou me convencer, mas eu disse que não, estava sozinha em casa.

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Enquanto isso.

A festa estava linda, a Manu dançou com o Joaquim, com o Otávio, com o Pedro.

Em uma mesa distante o Téo estava sentado sozinho.

— Téo, eu quero falar com você.  -  disse o Omar.

— agora não Omar.

O Omar sentou, ignorando a expressão do Téo.

— é serio que você não vai fazer nada........ vai ficar ai parado.... e deixar a Isa....

— você deve estar feliz.

— eu acho que você está mais cego do que antes.

— fala logo o que você quer e vai embora.

— vai atrás da Isa.

— que.......você e ela.

— somos amigos......como você e a Manu.........ela gosta de você......eu vi o que aconteceu aquela noite na praça, eu sei que você não fez nada errado.

— mas.

— mas.... então... levanta dai e vai na casa da Isa, ela ta sozinha......e eu tenho uma ideia pra ela não expulsar você .

— porque você esta fazendo isso por mim.

— e quem disse que é por você.

— é pela Isa.

— você sabe que eu gosto dela.........se fosse antes, pode ter certeza, que eu estaria comemorando, e fazendo o possível, pra que ela te odiasse...... mas.....agora, eu só quero que ela seja feliz....... e por mais que isso me doa, eu sei que você é o único capaz de fazer isso.

— mas.... eu não entendo....porque....

— sabe Téo, a Isabela me mostrou o quanto eu estava errado, ela me chamou tanta vezes de idiota, arrogante, mimado que me fez perceber que realmente eu era, ela me disse que a solidão era o pior destino pra uma pessoa......... eu sempre achei que eu não precisava de ninguém, que amizade era para os fracos, mas na verdade eu sentia era muita inveja de você.

— de mim.

— quando eu te conheci, você estava cercado de amigos, que seriam capazes de tudo por você, pra proteger você........uma família que te ama.... você sabe como é meu pai........e........a Sabrina foi a única que se aproximou de mim, mesmo eu sendo um idiota com ela......porque ela se sentia sozinha, ela queria tanto um amigo, que não se importava de ser humilhada, mas a Isa foi diferente, eu acho que comecei a gostar dela porque ela foi a única que me disse umas verdades........ ela não precisava de mim, eu é que preciso dela....... e quando ela escolheu você, eu não queria admitir, mas eu entendia.

— como assim.

— presta atenção que eu nunca mais vou repetir isso, e se você contar pra alguém eu nego,..........eu admiro você.

— você o que.

— eu nem sei o que eu faria se tivesse nascido cego.

— se acostumaria, eu não tinha outra opção.

— você poderia ser uma pessoa infeliz, com raiva do mundo.

— é claro que as vezes eu ficava com raiva, mas eu acho que todos sentem raiva, por um motivo ou por outro.

— é isso que eu to falando, mesmo cego, você era feliz, nunca reclamou, pelo contrario, agradecia pela vida que tinha, nunca desistiu, enfrentava tudo, mesmo na completa escuridão, você acha que eu aprenderia tocar teclado sem ver......ou entender aquele monte de bolinhas que é o braile, você acha que eu conseguiria passar por tudo isso e manter o sorriso no rosto, nunca..

— é serio que você pensa isso de mim.

— pensava..... agora eu acho você um idiota......acho que seu problema nos olhos afetou seu cérebro.......

— tá...... eu não tenho como provar que eu não tenho culpa.

— eu penso nisso depois....... agora se ela deixar você se aproximar sem levar outro tapa, já é um começo.

— você viu aquilo.

— bem......digamos......que eu me diverti com a cena, ela é bem forte, né.

— é....... e quando está com raiva mais ainda.

— mas você gosta disso nela, né.

— gosto.

O Omar falou pro Téo o que ele devia fazer, pra pelo menos poder falar com a Isabela.

— você acha que vai dar certo.

— você não tem nada a perder.......... conhecendo a Isa, talvez ela te expulse, ou jogue alguma coisa em você, mas agora você pode ver, então se ver que não está dando certo, eu aconselho que saia correndo, antes que ela realmente te machuque.....

O Téo se levantou, e estava indo em direção a casa da Isabela, mas antes ele se virou.

— obrigado, Omar.

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Estava sozinha em casa, dava pra ouvir o barulho da festa, resolvi colocar o vestido que a mamãe me deu, pra ver como ficava, até que era bonito.

De repente ouvi um barulho, ou melhor uma musica......

Abri a porta do meu quarto, e desde a porta do quarto até a sala havia pétalas de rosas brancas pelo chão, a musica era bem romântica, na sala havia um buque de rosas, e um bolo, pequeno, mas que me fez lembrar do meu pai.

— você está linda.

Eu me virei, meu coração acelerou, o Téo estava na minha frente, sorrindo.

— você aceita dançar comigo.

Eu levantei minha mão, ele fechou os olhos, acho que pensou que eu ia dar outro tapa nele, fiquei com vergonha, mas eu não ia bater nele, não depois desse gesto de carinho. Eu toquei o rosto dele, no mesmo local onde eu tinha machucado, mas invés do tapa, dessa vez eu fiz um carinho.

Ele abriu os olhos, estava mais tranquilo, eu não bati, nem gritei com ele, então ele se aproximou, passou a mão pela minha cintura, e dançamos no meio da sala, eu encostei minha cabeça no ombro dele, e naquele momento eu esqueci de tudo, esqueci até que existia um mundo além daquela sala, me deixei guiar pela emoção que eu estava sentindo, nada mais importava, eu só queria ficar ali, sentindo o coração dele batendo no mesmo ritmo que o meu.