Descobrindo Sombras escrita por Lucy Devens


Capítulo 15
Você está bem?




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Acordei um segundo antes do despertador, o que fez com que eu levasse um susto quando ele começou a tocar. Desliguei-o e sentei na cama, exausta por conta do sonho. Ou memória?

Peguei a foto que havia deixado embaixo do travesseiro e olhei para ela. John e eu estavamos abraçados. Mas, pelo que eu havia entendido, era Lúcio quem estava comigo. Tudo era realmente confuso. A curiosidade em mim estava aumentando cada vez mais.

E o que John quis dizer quando confessou que ele era diferente? Será que Lúcio também era?

Levei meus pensamentos comigo para o chuveiro, na esperança de que a água fosse suavizar meu corpo, mas as gotas pareciam agulhas. Me arrumei com dificuldade, colocando uma calça jeans e uma blusa branca de manga comprida. Assim que cheguei na sala para minha primeira aula avistei Roland com o meu café.

—Você parece péssima - Disse ele quando entramos na sala e fomos para os nossos lugares.

—Muito obrigada - Olhei para ele de soslaio antes de dar um gole no meu café.

—Não, Mey - Ele tentou sorrir - Eu só estou preocupado. Primeiro você desmaiou e agora é como se não houvesse se recuperado. Não quer ir à um médico?

—Eu só estou cansada, Roland. Logo vou ficar bem.

A preocupação dele era genuina. Ele não conseguia parar de pensar que talvez eu estivesse doente.

Assim que a sala de aula encheu o professor começou sua aula. Eu tentei não demonstrar, mas estava sentindo calafrios o tempo todo. O café quente ajudava um pouco e me concentrar nas aulas, era algo que estava me distraindo. Mas não estava distraindo meu amigo. Ele me olhava de canto de olho como se estivesse sempre checando para ver se eu estava bem.

Quando o professor nos dispensou, fui em direção à minha próxima aula.

—Isso tem alguma coisa a ver com John? - Meu amigo foi me seguindo - Odiaria admitir que Vanilla está certa e ter que tomar alguma atitude com aquele cara.

—O que? - Eu dei risada -Claro que não. John está tentando me ajudar.

— Então você está doente?

Parei na frente dele.

—Roland - Respirei fundo. - Pela milésima vez, eu estou bem.

—Não, você está estranha.

Olhei no fundo dos olhos dele com um sorriso debochado.

Você está estranho - Eu ri e segui meu caminho - Eu te ligo mais tarde. - E continuei para a minha próxima aula.

Aquilo pareceu acalmá-lo. Eu sabia que ele ele estava mandando uma mensagem para Vanilla, pois estava ensaiando o que dizer em sua cabeça.

Ótimo. A pessoa mais preocupada iria aparecer a qualquer momento. Fiquei ansiosa durante o resto do dia, até finalmente chegar na minha última aula. A aula de Lúcio. Me esforcei para chegar junto com as pessoas e não ter que falar com ele antes da aula, mas assim que eu entrei ele me viu e me deu um sorriso. Fingi que não vi e fui até o meu lugar de sempre, isolada. Pude sentir uma ponta de tristeza vindo dele, mas logo ele se recompôs e deu início à aula.

Ele começou falando sobre as divindades e seus papéis no cotidiano do povo egípcio, dando ênfase à Ísis, a deusa da ressurreição. Os calafrios voltaram quando ele disse aquilo.

Ressurreição. Quantas vezes? E por que?

John disse que me conhecia há mais de dois mil anos. Quanto tempo mais? E Lúcio, qual era o papel dele nessa história?

Me senti tonta com tantas perguntas e absolutamente nenhuma resposta. Eu desejei nunca ter me perguntado, nunca ter ido confrontar John. De repente viver na ignorância me pareceu ótimo.

As pessoas começaram a se levantar e eu percebi que estava em devaneios por toda a aula. Esperei todos saírem da sala para me levantar e ir até o professor.

—Oi - Eu disse.

—Oi - Ele respondeu enquanto arrumava as coisas. - Você parecia distante hoje. Está tudo bem?

Olhei para o chão e fiz que sim com a cabeça. Tinha medo de que se eu olhasse em seus olhos uma outra imagem minha apareceria.

—Podemos conversar mais tarde? - Minha voz saía quase como num sussurro.

—Claro - O tom de voz dele revelava que ele estava preocupado e a energia que eu sentia vindo dele, também - Posso passar no seu dormitório mais tarde.

—E se…

—Não vai ser um problema - Disse ele -Confie em mim.

Aquilo não era nada certo. Mesmo se tudo aquilo fosse real e realmente nos conhecêssemos há muito tempo, ele ainda era meu professor.

Mesmo assim, decidi confiar nele. Afinal, não era como se eu tivesse outra escolha.


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Notas finais do capítulo

Gostaria muito de saber o que estão achando da história. Estou adorando escrevê-la ^^



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