Está escuro. Não ouso me mover, o silêncio do cômodo ensurdece meus ouvidos, tento prestar atenção nas batidas apressadas do meu coração, tento respirar devagar, não quero demonstrar o medo e pavor que estou sentindo. Mesmo depois de tantos anos isto ainda me assombra. Posso lembrar-me da primeira vez: o mesmo medo, o mesmo escuro... Lágrimas que brotavam e desciam quentes em meu rosto, minha mão tampando a boca para não gritar, estava com dez anos quando ele entrou no meu quarto e deitou comigo, abraçando-me por trás, não estava conseguindo mais conter as lágrimas, minha boca estava prestes a soltar um grito de socorro até ele dizer ‘’Não tente isso, rapaz. Você sabe que é inútil’’, seu hálito quente e fedido inundou minhas narinas e tentei me conter o máximo que pude. Depois disso fechei os olhos e apenas deixei que tudo se desenrolasse como estava previsto. Nenhuma dor corporal foi tão esmagadora quanto a que senti quando meus sentimentos por meu pai se transformaram a nada naquela noite.

O herói que eu tanto admirava estava ali, deitado comigo, fazendo coisas que ele não deveria fazer, transformando seu filho em seu escravo, pronto para realizar qualquer desejo obscuro e proibido que ele tivesse. E hoje, mais uma vez, aquilo irá se repetir.

— Está acordado meu bebê? – A porta range baixo e sua voz rouca quebra o silêncio do meu quarto. Ele entra.

Tira a roupa.

Deita ao meu lado.

Sinto seu corpo roçar ao meu... Já desnudo.

Ele me molesta.

Hoje é sábado à noite, está é a centésima quadragésima terceira vez que meu pai me estupra.

Sou Ariel, um jovem sem sentimentos.