Ao chegar em casa, Marinette deu um beijo em sua mãe e disse que ia para seu quarto descansar, dando a desculpa que o trabalho foi extremamente exaustivo. O que não era mentira. Contudo, ela preferiu contar uma versão diferente da verdade.

Ao chegar em seu quarto, Marinette trancou as portas e fechou as janelas e levantou um pouco a blusa. Ela viu os hematomas que tinha. Em sua barriga havia um roxo-esverdeado enorme. Seus braços estavam vermelhos e doloridos.

Como ela tinha dois espelhos em casa, ela deixou um na frente do outro e foi ver como estavam suas costas, já que ela tinha sido arremessada. Ao tirar a blusa para ver, se assustou. Suas costas estavam totalmente vermelhas e ela vira que aquilo iria virar um roxo enorme. Suas costas estavam doendo, ela estava totalmente quebrada.

Tikki olhou para sua amiga e suspirou. Ela precisava conversar com a garota, só não sabia como. Ela não poderia contar nada até a jovem estar pronta. Mas quando Marinette estaria pronta? A kwami achou que já estava na hora de contar um pouco da verdade para a menina.

— Mari? - chamou Tikki com a cabeça baixa. Ao ver sua amiguinha daquele jeito, Marinette parou o que estava fazendo e foi junto dela. Ao ver isso Tikki inspirou e expirou, então continuou. - Precisamos conversar.

— Tikki, tá tudo bem? - perguntou Marinette preocupada. Ela nunca havia visto sua kwami daquele jeito. Estava preocupada. Normalmente era Marinette quem ficava meio insegura e cabisbaixa e Tikki vinha aconselhar e acolher a azulada.

— Mari... eu sei que você quer me perguntar uma coisa, pode perguntar. - a pequenina sabia o que sua amiga humana iria perguntar.

— Tikki... eu não tenh... - e ao ver o semblante de Tikki ela se rendeu e perguntou. - Tikki, o que está acontecendo? Você está muito preocupada nesses tempos. Porque as coisas estão piores no meu físico? Tipo, eu lutava contra os akumas e não ficava desse jeito. Agora eu estou totalmente quebrada e roxa. - disse ela rindo. - Um dia eu vou morrer de tanto lutar... - começou a brincar. Mas ao ver uma lágrima caindo do olho de sua kwami. Ela perguntou. - O que está acontecendo, Tikki?

— Mari, eu não vou poder te contar 100% da verdade e também em nenhum momento vou mentir para você. - começou ela. - Nós, kwamis, precisamos responder nossos donos e precisamos contar a verdade pra eles. Mas eu posso escolher qual verdade te contar e o tanto que eu poderei te contar. Então quando eu disser que não poderei contar alguma coisa, você não deve me pressionar, tudo bem?

— Tu-tu do bem. - respondeu Marinette meio atordoada, ela nunca havia visto Tikki falar nesse tom com ela. Ela sabia que daquela conversa nada de bom iria sair. Mas precisava saber o que incomodava tanto a pequenina.

— Vamos começar do início, há três dias atrás você me fez uma pergunta que eu não consegui responder naquele momento. Agora, eu acho necessário você saber. É em relação ao livro do Adrien... aquele onde Hawk Moth estava lá como super-herói. - a pequenina tomou folego e prosseguiu.

"O livro que você viu é algo muito antigo. Ele não é apenas um livro sobre super-heróis. É muito mais do que isso. Ele esconde segredos que se, por algum caso caírem em mãos erradas, a humanidade correria riscos bem maiores do que Paris corre com Hawk Moth.

No caso do Hawk Moth ter aparecido... quero que saiba que nem todos os vilões foram sempre vilões.

Infelizmente por enquanto eu só poderei lhe dizer isso, as outras coisas eu te direi quando for a hora. Vamos precisar ir até Ele para sabermos o que fazer. Talvez Ele possa te dizer mais coisas."

— Qu-quem é Ele? - gaguejou Marinette de nervoso.

— O guardião - respondeu Tikki. - Ele sabe de tudo, e todos os kwamis sabem de tudo também, na verdade sabemos o mínimo. Ele não deixa uma informação como essa com um kwami, apenas. Ele deixa pedaços das informações com todos, como um quebra-cabeças. Digamos assim que talvez você já o conheça. E essa semana nós vamos lá. E Mari... não se esqueça que sua avó está chegando. - disse Tikki pela primeira vez animada.

"Agora continuando. Não vou dar muitas informações porque caso você tenha esquecido, você tem um encontro com o Chat Noir esta noite. Não pode estar com muita coisa na cabeça. Parece que o que ele ia dizer era importante.

Sobre o que está acontecendo: por enquanto não está acontecendo nada, mas nós estamos monitorando tudo e se caso algo venha a acontecer precisamos ficar atentos.

A minha preocupação se deve às suas preocupações também Mari, eu estou reparando em você desde que você brigou com Chat Noir. Eu estou realmente preocupada contigo. Eu sei que você também se preocupa comigo e não solta o que precisa, mas quero que saiba que as vezes desabafar é bom. Nunca é bom reter as coisas dentro de você ou então você pode se afogar.

No caso do seu físico, eu te digo que não precisa se preocupar. Não é nada demais. A causa é somente o fato de infelizmente Hawk Moth estar mais forte a cada dia. - Tikki não precisava preocupar sua amiga com mais coisas. Mentir as vezes era necessário. - E não Mar, você não vai morrer com esses hematomas, eles vão sair antes disso. - disse ela recobrando o tom humorado e divertido. - E ago... - sua fala foi interrompida pelo toque do celular de Marinette."

Era Alya. A garota ficou doente 3 dias antes. De acordo com suas mensagens, ela não poderia falar por estar muito ruim da garganta e que sua "linda voz" tinha ido.

Sua mãe pegou uma gripe no trabalho que passou para sua irmã mais nova - e como em crianças menores o vírus é mais forte, juntando o fato de que Alya estava a cuidar de sua "macaquinha" (como ela chamava a criancinha por ela ser muito atentada) - e por fim a ruiva pegou a gripe. Alya tinha quase dado um chilique depois que viu sua amiga chorar. Ela disse que assim que ela melhorasse da garganta as duas iriam conversar.

Marinette olhou a hora: eram 15:30. Daria tempo de conversar com a Alya e depois descansar para o encontro de hoje a noite.

— Tikki, vai descansar. - disse Marinette depois de dar um beijo na bochecha de Tikki. - Vai ser uma lomga noite. - E arrastou o "botão" verde para atender o telefone.

Oi Alya! Está melhor?

Não me venha com "oi Alya"— a voz dela ainda não estava 100%. E mesmo assim o tom mandão continuava ali. - E sim senhora, estou melhor... em dois dias poderei voltar a escola. Enquanto a você hein?! Porque da última vez que nos falamos, você não estava nada bem.

Alya...— suspirou a mestiça - eu sinceramente estou melhor. Foi só uma bad passageira e...

Bad passageira o caralho.— respondeu e pelo tom de voz, a ruiva estava nervosa. - Você não é assim Mari... eu estava preocupada contigo, o Nathanaël me chamou para saber o que havia acontecido, o Nino veio falar comigo sobre isso... o Adrien também...

Espera aí, o Adrien?— ela interrompeu. - O Adrien preocupado comigo?

Claro né amiga... mesmo depois de você ter tentado disfarçar com o espelho. Sua cara não convenceu a ninguém. E sabe como eu percebi que não foi uma bad passageira?! Porque você ficou com a cabeça baixa a aula toda e não trocou uma palavra comigo. Isso me fez ver que você realmente estava mal. E eu quero saber agora mesmo o que aconteceu. Poxa Mari... eu achava que eramos amigas e você me dá uma dessas?!— finalizou ela em um tom revoltado.

Nossa Alya, quanto drama.— disse rindo, mas logo em seguida recobrou o tom sério. - Ai amiga, eu tinha ficado mal porque meu dia tinha sido uma loucura e eu estava extremamente estressada, e então meu amigo fez uma coisa que não me agradou. Eu me irritei e estou há 3 dias sem falar com ele. Aquele dia na escola, eu estava arrependida... eu não queria que você me visse daquele jeito... me desculpe.— respondeu Marinette sem jeito.

Tudo bem Mari... mas tente não guardar as coisas para você, tudo bem?— seu tom era suplicante. - E agora esquecendo esse assunto, vamos direto ao que interessa. Como foi com você e o Adrien?! - seu tom curioso era perceptível até mesmo sem poder vê-la.

Marinette sabia cada reação que sua amiga teria em cada coisa que ela diria. E então contou. Contou tudo. Desde a ida à mansão dos Agreste até o sorvete que foi lhes derrubado. Ela contou também dos outros dois dias e que como ela havia ido na casa dele, agora era a vez dele ir na casa dela. Amanhã ele iria para lá. Alya riu, ficou chocada, riu de novo e riu muito de sua amiga desastrada. Ao olharem o relógio e verem que eram 18:30 elas decidiram desligar.

Marinette foi jantar, lavou os pratos e depois foi descansar. Dormiu até às 22:00. Seu relógio despertou, ela foi escovar os dentes, arrumar o cabelo direito, acordou Tikki e lhe deu um biscoito. Embora a kwami estivesse olhando para ela como um unicórnio olha o arco-íris, Marinette sabia que ela estava preocupada com alguma coisa. O que a fez com que pensasse na conversa que as duas tiveram. Ela não poderia sair daquele jeito. Por isso ela foi ao banheiro e jogou uma água em seu rosto.

— Tikki, transformar. - disse a jovem ao retornar para seu quarto.

A joaninha estava a "voar" - como ela mesma se referia à sensação. Era maravilhosa, como se realmente estivesse voando. - Até que chegou a torre e lá estava ele. Todo nervoso. Com uma única rosa em sua mão esquerda. Gatinho bobo.

Na hora em que Ladybug pousou, - por mais delicada que tenha sido - a audição aguçada de Chat Noir indicou que sua amada estava lá.

— Então... podemos conversar? - disse entregando a flor para sua lady.

— É para isso que estamos aqui, certo?! - disse ela dando um meio sorriso e pegou a flor que o gatinho havia dado à ela.

O pequeno gesto, que para ele significava muito, queria dizer que ela aceitaria falar com ele. O que é isso? Seu estômago estava embrulhando e suas mãos estavam suando. Isso era o que a joaninha causava nele.

— Erh... bem... eu queria te pedir desculpas... - começou ele, quase que sussurrando - eu sei que eu não deveria ter usado aquele tom. Eu na verdade estava desesperado. Eu realmente precisava daquele livro, aliás ainda preciso já que não o encontrei. Acho que a causa de eu ter usado aquele tom é que bem... na minha vida civil, eu meio que não sou como você pensa, aliás sou beeeeeeeem diferente. - deu um sorriso fraco. - A questão é que se uma certa pessoa descobrir que eu peguei aquele livro eu já estarei morto, se caso essa pessoa descobrir que eu peguei o livro... o gatinho aqui vai miar para Deus. - disse voltando com o tom humorado. - A coisa é que eu estou arrependido e não estou aguentando mais estar longe de você. Me desculpa, por favor.

— Chat... meu gatinho tolo... - começou Ladybug. - É-é claro que eu te desculpo. Mas já que estamos aqui, eu preciso te pedir desculpas também.

"Eu sei que errei ao ser precipitada... você queria só perguntar sobre o livro e eu te tratei daquele jeito. Eu sei que fui horrível e extremamente irresponsável, mas é que bem... na minha vida civil eu também sou beeeem diferente. Eu meio que me deixei levar pelos meus problemas civis. Sabe, havia acontecido muita coisa naquele dia e... eu estava com a cabeça quente. Me desculpe também."

— My Lady... - sussurrou Chat Noir indo de encontro a ela e a abraçando. Ele sentiu ela respirar fundo como se estivesse segurando alguma coisa. Em seguida, ela se afastou. - Porque se afastou, My Lady? Tá acontecendo alguma coisa? - Perguntou ele preocupado ao olhar para a cara da mascarada.

— Na... nada não. - disse Ladybug. - Tá tudo bem. Eu só preciso de uma boa noite de sono. Está tarde.

— Então isso quer dizer que você me perdoa?

— Claro que sim, não poderia ficar brava contigo por muito mais tempo. - pegou o ioiô e antes de sair, deu um beijo amigável na bochecha de Chat Noir. Que o deixou extremamente enrubescido. - Boa noite Chat. - gritou Ladybug e saiu pelos prédios indo para casa.

— Boa noite, My Lady. - sussurrou Chat Noir com um sorriso bobo na face. E então ficou observando a vista parisiense durante a noite, depois de 10 minutos, ele pegou seu bastão e foi para casa.