— Mestre, o senhor está seguro de que vai contar a verdade para a menina Marinette? - Perguntou Wayzz pela milésima vez.

Wayzz é o kwami da proteção. Atualmente pertencente ao Mestre Fu. Por seu portador ser um Guardião, o miraculous da tartaruga tem alguns poderes a mais do que os outros.

— Sabe que não faço por mim, Wayzz. Se fosse em quaisquer outras circunstâncias eu garanto que não passaria pela minha cabeça contar à ela. Sabe que a menina ainda não está pronta.

— Mestre, eu acho melhor o senhor não contar toda a verdade à ela. Considerando que ela e o Chat Noir são muito unidos... não acho que seria justo com ele... - Wayzz fechou os olhos e sentiu algo. - Mestre, o kwami da criação está por vir, sinto sua energia nas proximidades.

— Wayzz, você ouviu o que disse? Não posso deixar informações completas ou que revelem mais do que o necessário com mais de uma pessoa. Os únicos que devem saber toda a verdade somos você e eu. Por isso os outros kwamis só detém partes do conhecimento da verdade. - Mestre Fu se mostrou pensativo neste momento. - Mas acho que não posso cometer o mesmo erro duas vezes, certo? - Virou-se para Wayzz e ofereceu-lhe um sorriso torto.

— De acordo, Mestre.

— Aceita chá com biscoitos enquanto esperamos nossa amiguinha chegar? - Ainda mirando seu kwami, o viu assentir à sua pergunta. De repente ouviu-se o bater da porta.

— Pode entrar. - Gritou o mais velho.

A porta rangeu quando a menina a empurrou devagar. Estava com medo de entrar, não fazia ideia do que esperar. A azulada forçou-se a colocar a cabeça para dentro, e ao olhar o local, viu que não lhe era estranho. Ao olhar para sua kwami, a pequenina rosada assentiu com um gesto de incentivo. A jovem respirou e adentrou o recinto, sentiu um cheiro de incenso, e ao olhar o local viu várias velas acesas.

— Bem-vinda Marinette. - Disse o senhor de cabelos brancos e de olhar cansado. - Ou se me permite dizer... Ladybug. - A azulada arregalou os olhos e sentiu que aquele rosto lhe era familiar.

— Ei! Não foi o senhor que curou a Tik... - A azulada parou e cobriu a boca com uma de suas mãos. - O senhor não é um curandeiro, certo?! - Questionou ao mais velho.

Neste momento Marinette se lembrou de que já havia estado ali antes, quando Tikki estava enferma. A joaninha indicou o local no qual necessitavam ir e lhe disse que lá se encontrava o curandeiro.

Agora que estava com a cabeça mais fresca... parando para analisar melhor a situação, realmente era bem estranho que tenha conseguido curar a pequena Kwami tão rápido e de maneira tão majestosa. E ainda, não questionou acerca da origem do bichinho voador, que Marinette mentira dizendo que era uma espécie de gato.

— E no seu primeiro dia também não foi um encontro ao acaso. - Disse o senhor referindo-se ao incidente no qual Marinette, ao se encaminhar para a escola viu o senhorzinho atravessando a rua no sinal vermelho, e por pura adrenalina se pôs de prontidão à tirá-lo da rua antes que o carro que estava vindo o atingisse. - Está na hora de nos apresentarmos oficialmente, sou Wang Fu, Guardião dos Miraculous, minha missão é deixá-los em boas mãos e fazer de tudo para que não caiam em mãos erradas, mas infelizmente não consegui realizar a última parte. - Terminou cabisbaixo.

— Não entenda mal, Marinette... - começou uma criaturinha verde que aparentava ser um kwami - a propósito sou Wayzz, o kwami do Mestre Fu, muito prazer em conhecê-la, continuando, ele não estava falando por você e pelo Chat Noir e sim, pelos miraculous perdidos.

— Miraculous perdidos? - Questionou a azulada.

— Mestre, o senhor precisa ver o que a Marinette trouxe. - Pela primeira vez Tikki se manifestou. - Mostra pra ele, Marinette. - Encorajou a kwami.

Marinette retirou a mochila das costas, abriu e de lá tirou um livro que tinha uma coloração marrom e aparentava ser bem velho, embora a garota tivesse folheado as páginas antes e concluísse que de fato não era um livro tão velho, já que as páginas mantinham-se conservadas. Ao levantar o livro para que o Mestre pudesse vê-lo, a garota notou a mudança da feição do Mestre, de plenitude para surpreso, de surpreso para apreensivo, e de apreensivo para um misto de nervosismo e preocupação.

— Onde você conseguiu este livro, Marinette? - Perguntou Mestre Fu de maneira calma.

— Como eu posso saber que posso confiar no senhor? - Retrucou Marinette com outra pergunta.

— Marinette! - Se assustou Tikki.

— Mas realmente Tikki, eu não o conheço, como posso ter certeza de que posso confiar no que ele diz?

— De todas as decisões que tomei na vida, a maior e melhor delas foi ter te escolhido como Ladybug.

— O senhor não me ganhará com elogios. - A azulada disse firmemente, como se encerrasse o assunto naquele momento.

— Tudo bem, explicarei algumas coisas e você explicará onde encontrou o livro, de acordo? - Ponderou o Mestre.

— Claro, desde que eu me convença que está falando a verdade.

— Pois então, sente-se, Marinette, que vou lhe explicar tudo. - Pediu o mais velho. - Primeiro de tudo, você precisa saber que eu sou o último membro que restou da Ordem dos Guardiões. Nós somos responsáveis por guardar e distribuir os miraculous quando necessário. Somos escolhidos desde pequenos e passamos por um treinamento de anos até estarmos prontos para assumir a responsabilidade que é a de ser um Guardião.

"Naquela época eu era menor que você quando iniciei meu treinamento para ser o Guardião, meus pais diziam que era uma missão de prestígio e que eu deveria me sentir orgulhoso, mas cometi um erro e o templo dos guardiões foi destruído por culpa minha. Além de ter causado a destruição do templo, perdi dois miraculous naquele dia: o da borboleta e do pavão, e também O Grande Livro foi perdido, este mesmo livro que aparentemente encontra-se em suas mãos, Marinette, posso dar uma olhada?"

— Ainda não estou convencida... - meneou Marinette - Preciso que me responda algumas perguntas: esse livro... O senhor realmente sabe o conteúdo dele? E o que quis dizer com não conseguir proteger eles? Proteger os miraculous de qual ameaça? - não eram essas as perguntas que a azulada gostaria de fazer, mas foram essas que sua boca conseguiu proferir.

— Como eu disse, Marinette, eu era mais novo que você quando iniciei meu treinamento, logo eu não pude encostar diretamente no livro. Contudo, aprendi o suficiente para que possa desvendar uma parte dos mistérios que se encontram aqui. - O Mestre viu a expressão confusa da menina. - Você não vai desistir, certo? Esse livro não é somente um livro antigos com imagens de super-heróis e coisas escritas, é muito mais do que isso... "Se você souber onde procurar, um grande segredo vai encontrar", isso era o que meus superiores me diziam e hoje eu vejo que é verdade, pois usei um pouco da sua internet para pesquisar algumas coisas e com os documentos extraídos da biblioteca, eu sei do que se trata parcialmente o livro e lhe garanto que este não é um livro qualquer.

"E quanto a outra pergunta: os miraculous como você bem sabe, são jóias raras, criadas há milhões de anos atrás e o propósito dela é servir para o bem maior, como um controle das forças malignas desse mundo ou de qualquer outro. Resumidamente os miraculous são o equilíbrio do mundo. Pelo que você conhece do seu parceiro Chat Noir, e do Wayzz aqui, essa joias não foram criadas para vias malignas, mas é o que eu acho que aconteceu, devido ao meu erro do passado. O kwami somente obedece ordens do seu portador.

"Agora que esclareci tudo, sou eu quem farei as perguntas agora: posso ficar com o livro? E onde o encontrou?"

Marinette suspirou e começou a contar que encontrou o livro com Adrien Agreste, que o perseguira em seu "quase-encontro" com Lilá Rossi e por fim sequestrara o livro.¹

— Estranho... - concluiu depois de alguns minutos após o termino da história da garota. - O chá ficou pronto. Aceita chá com biscoitos, Marinette? - perguntou Fu, calmamente.

— O que seria estranho? - sondou Marinette. - Aceito sim, por favor.

— Nada com que seja necessário se preocupar no momento. Entretanto, há algo que está me preocupando um tempo, quer me contar algo, Ladybug?

Marinette já sabia do que ele estava falando e não queria entrar no mérito, mas era necessário, haviam muitas perguntas a serem respondidas.

— Está falando do que aconteceu semana passada, certo? Na realidade eu não me lembro direito o que aconteceu aquele dia, sabe... tipo, eu só me lembro de estar lutando e ter levado um golpe da barriga e depois não me lembro de mais nada. Eu não tive coragem de ver a filmagem que a Alya colocou no Ladyblog. - terminou em um sussurro.

— Mestre, eu precisei contar para ela sobre o efeito que as emoções trazem na batalha e... - dizia a kwami.

— E que eu poderei morrer em uma luta, sendo assim, eu preciso achar Hawk Moth antes que ele me ache. - Finalizou marinette. - Mestre... o que eu posso fazer?

— Primeiro de tudo, precisa controlar suas emoções, lembre-se de tudo que a Tikki disse e aplique em sua vida. Marinette, você está no controle. Desabar as vezes é necessário, entretanto não se pode deixar vencer. Você é uma garota forte e eu confio em você, confie também. - Então o mais velho virou-se para Wayzz que se encontrava ao seu lado - Você conseguiu, está na hora.

"Marinette, preciso de sua ajuda. Você vai voltar a praticar defesa pessoal, traga Chat Noir consigo. Avise a ele. Vocês vão vir para conversar acerca da primeira aula, mas eu preciso ter mais um encontro com a senhorita antes de iniciar. E outra coisa, você precisará fazer roupas confortáveis para você e para ele, pois vão fazer as aulas juntos, e uma máscara também, já que estarão sem seus miraculous. Por hoje é só, jovenzinha, já lhe passei informações demais."

Para sua sorte, Ladybug iria se encontrar com Chat Noir hoje a noite, devia explicações ao gatuno. Inclusive sobre coisas que não gostaria de relembrar.

— Mestre, tenho umas últimas perguntas: porquê? Digo, por qual razão me escolheu como Ladybug? Eu estou realmente fazendo a coisa certa? E como o senhor sabe que eu já pratiquei defesa pessoal antes?

— Eu te escolhi como Ladybug, pelo seu altruísmo e inteligência e se não tivesse fazendo a coisa certa, eu retiraria o miraculous das suas mãos sem hesitar. Sobre a defesa pessoal? Intuição. Brincadeira... seu porte físico lhe entrega e acredite em mim, treinei durante anos, então sei bem do que estou falando. Adeus menina Marinette, até logo. - Mestre Fu despediu-se de Marinette. A garota apenas retribuiu com um aceno de cabeça.

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Na volta para casa, a azulada, ao mesmo tempo que sentia que um peso tinha saído de seu peito, algo dentro dela dizia que a próxima visita ao mais velho não seria tão tranquila quanto a primeira.

— Como foram os estudos, filha? - Sabine perguntou à azulada assim que ouviu o ranger da porta e a garota entrando.

— Cansativo. Mas nada diferente do resto dos dias. - Marinette desabou no sofá, devido ao cansaço.

— Marinette? Está cansada? É que... bem... querida, mal tivemos tempo de conversar desde que a vovó chegou, eu gostaria de saber se gostaria de dar um passeio com sua velhota aqui.

— Claro! - Respondeu a jovem de prontidão, levantando-se de seu torpor no sofá. - Mas para onde vamos?

— Ora, você é a anfitriã. Mora há mais tempo aqui do que eu. Você me mostrará o caminho e as coisas de que mais gosta.

— Adorei a ideia, vó. Vou subir pra tomar um banho, me trocar e volto já. - Marinette saiu da sala mais animada.

Em seu quarto, Tikki saiu da bolsinha de sempre e encarou a azulada.

— O que houve, Tikki? Pode falar, sei que você tem algo a me dizer.

— Como pôde desconfiar do Mestre Fu? Ele é nosso guardião há mais de 150 anos...

— Tikki, pode parando por aí. - Interrompeu a jovem. - Eu não sabia se poderia confiar nele, o que é natural... não sei como era antes de eu ser a Ladybug, mas nesse mundo, as pessoas não são confiáveis e você não pode fazer qualquer coisa sem refletir em suas consequências.

— Fala isso pelo Scott e pela Chlóe? - A kwami questionou genuinamente.

— Terminei. Vem Tikki, a vovó está me esperando. - Com essa deixa, a pequenina entendeu que aquele assunto não seria mais abordado.

A azulada levou sua avó para conhecer o parque em que leva a filha de Nadja Chamack, contou que cuidava da filha da repórter de Paris e que seus amigos passavam o tempo lá. Mencionou também que o algodão doce era uma delícia e ambas comeram o doce. Quando estava ficando mais escuro, e Marinette deixou escapar um bocejo, a avó soube que a azulada precisava descansar.

— A vovó já viu muito por hoje, ma chérie. Venha, vamos para casa, você precisa descansar. - Beth deu um beijo carinhoso em sua testa e afagou suas bochechas e azulada nada conseguiu fazer, somente apreciar o momento e o carinho. Voltaram de Táxi para casa e a azulada dormiu no colo de sua avó. - Meu amor... Chegamos em casa, vamos para a cama, suponho que seu dia tenha sido cheio.

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— Marinette! Marinette acorda hoje você tem o encontro com o Chat Noir.

— Ain me deixa dormir. - Marinette resmungou sonolenta.

— Marinette! A. Conversa. - A kwami pegou uma pálpebra de sua dona e a ergueu para que Marinette se levantasse.

— Tikki? Que horas são? Meu deus estou atrasada!

— Eu avisei. - Murmurou a pequena.

Marinette escovou os dentes e se transformou em Ladybug. Ao pousar no ponto de encontro, na Torre Eiffel de frente para a Lua, o gatuno a avistou.

— Ladybug! - Cumprimentou Chat com uma rosa vermelha em suas mãos. - Sabe que precisamos conversar, não sabe?

— Chat Noir. - Ladybug aceitou a flor de bom grado e o mirou fundo em seus olhos. - Realmente precisamos conversar e não é pouca coisa.

Por onde eu começo?

O que eu faço?

Não posso dizer toda a verdade para ele

O que eu falo?