Já amanhecera. A luz do Sol iluminara o quarto do garoto, fazendo com que o mesmo seja obrigado a acordar antes do despertador o despertar.

Não que ele tenha tido uma excelente noite de sono.

Adrien não conseguiu tirar da sua mente a ida até a casa da menina das marias-chiquinhas.

Tudo o que ele queria, era tentar conversar com a menina e tentar saber o porquê ela se encontrava naquele estado, porém, tudo saiu do controle.

O que era somente uma ida com a finalidade única e exclusiva de fazer a garota desabafar e do próprio amigo tentar entender o que os outros tentavam esconder dele, acabou por se tornar um momento constrangedor para ambos os dois.

— E aí, Romeu?! - Plagg deu as guisas de bom dia.

— Não enche, Plagg. - Retrucou Adrien, desorientado pela luz do amanhecer.

— Ui nervosinho! Você só está assim porque seus planos não seguiram conforme o planejado. - Plagg pensou se deveria continuar, e ao fazê-lo, mudou levemente seu tom de voz, porém imperceptível aos ouvidos do garoto que estava imerso em sua própria bolha de pensamentos. - Adrien, você está apaixonado pela Marinette?

— Plagg! Claro que não! - Adrien se levantou bruscamente, na intenção de sair de perto de seu kwami. - Meus olhos são somente para Ladybug, você já deveria saber disso. - Sua mente estava tão longe que nem ouviu o bater da porta.

— Deveria saber do quê, Adrien? - Perguntou Nathalie assustando o louro, que acabou deixando cair suas roupas que levava ao banheiro para banhar-se.

— Q-que meu fone quebrou... E-eu estava querendo pedir um fone novo para meu pai comprar para mim, mas como ele nem vem me ver... - disse recolhendo a roupa e pegando o telefone na mão. Havia duas mensagens. Uma delas era do Nino e a outra de sua amiga Alya.

"E aí, mano?! Preciso conversar contigo sobre umas parada que eu tava pensando tem uns meses, já... assim que puder me responda."

— Adrien Agreste. - Nathalie chamou impaciente, enquanto sacudia as mãos na frente dele para que saísse de seu estupor.

— Como? D-desculpe... - Adrien baixou a cabeça e corou.

— Eu disse que acho que estava mentindo. E gostaria de saber se não tenha nada que queira me contar.

— Ahn... Tudo bem... A professora da escola passou um trabalho para nota, e ele é em dupla... Estou fazendo com o Nino, e pelo meu quarto ser mais espaçoso, nós gostaríamos de fazer aqui o trabalho, será que é possível? Quer dizer... Eu devo ter uma hora da minha agenda hoje para os afazeres escolares...

— Tudo bem, Adrien. Hoje você tem uma hora e meia sobrando, das uma e meia da tarde às três, vocês irão conseguir terminar o trabalho em uma hora e meia, certo?! Você sabe que após às três e quinze, precisa estar no ensaio fotográfico para a campanha do seu pai.

— Não precisa me lembrar, Nathalie... Obrigado. - disse de maneira monótona e cabisbaixo.

"Ok." respondeu simplesmente ao amigo, com a promessa silenciosa de que na escola iriam conversar.

Ele então foi tomar um banho, na esperança que este fosse mais um dia normal.

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Marinette despertou esta manhã repentinamente, o despertador nem havia soado.

— Bom dia, Marinette. - Cumprimentou Tikki à sua amiga.

— Bom dia, Tikki. - Marinette retribuiu com um bocejo em seguida, então esfregou os olhos.

— Dormiu bem? - perguntou preocupada.

— Sim... - Mentiu ela. Ainda não havia conseguido processar todas as informações que o dia anterior a havia proporcionado. - Eu só não consegui tirar o Chat Noir da minha cabeça. Mas eu sei o real motivo da sua pergunta, e sim, nós vamos à casa dEle.

— Eu confio em você, Mari. - Disse depositando um beijo em minhas bochechas.

— Obrigada, Tikki. - Pegou o celular a fim de verificar o horário. - Olha a hora! Preciso me arrumar e rápido, a Alya vai passar aqui hoje para irmos para o colégio juntas.

Marinette vestiu-se, da maneira habitual: suas marias-chiquinhas arrumadas do jeito de sempre, sua calça rosa bebê, sua blusa branca e seu casaco preto, além das sapatilhas e óbvio, o brinco cheio de pintinhas que a tornava diferente dos demais, embora eles nunca tivessem reparado nisso.

A jovem já havia chegado na parte debaixo da casa, onde se situava a padaria Dupain-Cheng, e as três pessoas que habitavam aquela casa já estavam reunidas para o café da manhã.

— Bom dia, filha. - disseram em uníssono.

— Bom dia, pessoal. Peço desculpas por ontem, não tive um dia muito bom. - virou-se para sua avó. - Vovó, me desculpe por não ter conseguido receber-te do jeito que a senhora merecia.

— Minha netinha linda, não se preocupe. Está tudo bem, eu entendo, na sua idade não é fácil mesmo.

— Aliás gente, que dia é hoje? - A garota perguntou inocentemente.

— 15 de abril, filha. - Respondeu sua mãe.

— O QUÊ?! - Gritou a garota. - Meu pai amado, hoje é a entrega do trabalho de história! Aquele que eu fiz com o Adrien e fomos ver os destroços ou o que sobrou do massacre que foi a Revolução Francesa. Ao menos toda essa revolução e a ida contra o governo, ocasionou em uma coisa boa: liberdade e a garantia de muitos direitos que não tínhamos anteriormente por conta da Monarquia que se estabelecia. - começou a balbuciar nervosa.

— Boa sorte filha. - desejaram os três, em uníssono. A campainha da casa dos Dupain-Cheng ressoou e a azulada soube que era sua amiga Alya.

— Tchau pai. Tchau mãe. Tchau vovó. Amo vocês. - Partiu apressadamente objetivando, ao menos uma vez, chegar a tempo para a apresentação.

Marinette procurou chegar cedo ao colégio, já que seu parceiro de trabalho, Adrien, também chegava cedo.

— Bom dia, Marinette! Chegou cedo hein. - cumprimentou Adrien.

— Finalmente essa baixinha chegou cedo! - Nino disse cumprimentando Marinette com um beijo na bochecha, enquanto a mesma revirava os olhos.

— Podem parar por aí! Todos sabem que se eu não tivesse ido à casa dela e a carregado a força, ela nem teria cogitado chegar aqui antes da aula começar. - Alya disse convencida enquanto mexia em seus cabelos e olhava impaciente para sua amiga. - Os créditos por este feito grandioso é todinho meu. - terminou triunfante, como se houvesse ganhado a medalha de ouro olímpica.

— Já riram bastante, agora parem de tirar sarro da minha cara. - respondeu a azulada em um tom brincalhão. - A-Adrien... podemos... podemos revisar o nosso trabalho? - perguntou com a cabeça baixa e o garoto conseguiu ver um certo rubor em sua face.

— Tudo bem, Mari, vamos começar a revisar. - Tchau Alya. Não esqueça de hoje a tarde, Nino. - então piscou para o menino descolado à sua frente.

— Desculpe a intromissão senhor "sou modelo e louro e lindo" - começou a ruiva, fazendo as aspas em sua representação e arrancando risadas dos garotos que estavam entre a roda de amigos -, mas o que pretende fazer hoje a tarde com o Nino? Que eu me lembre, não íamos jogar just dance hoje a tarde?!

— Ehr... - Nino olhou para Adrien desesperado por ajuda.

— Ele precisa de uma ajuda em química, sabe como é né Alya, componentes orgânicos são o bicho de sete cabeças para ele. - A mentira saira tão facilmente de seus lábios que tampouco notara o olhar instigante que Marinette lançara à ele.

— Aí, ó, amiga, uma coisa que vocês têm em comum além da teimosia.

— Não sou teimosa/o. - reclamaram em uníssono.

Adrien e Marinette se entreolharam e riram, dos amigos emburrados.

— Tudo bem, deixarei essa passar... mas nem pense Nino Lahiffe que vou esquecer! Você me paga.

— Pagar como? Com beijos ou salgados?! - sondou Nino, aproximando-se de sua amada com um sorriso brincalhão.

— Só posso escolher uma das duas opções?! - respondeu a ruiva com um olhar malicioso. Aproximou-se do garoto e deu-lhe um selinho. - Se quiser mais, terá de me pagar um salgado primeiro.

— Vem minha pequena, vamos comer. - Nino pegou Alya pelas mãos e ambos saíram.

— Química é? - Marinette olhou para Adrien e cruzou os braços.

— É, ué, todos tem dificuldade em alguma coisa... o que me faz lembrar de uma conversa que nós tivemos. - Vendo o olhar confuso de Marinette, continuou. - E então, consegui cumprir com meu objetivo de te fazer gostar ao menos um pouquinho de história?

— Tudo bem... - começou Marinette, fingindo derrota. - Confesso que você me fez gostar de história... mas só um pouquinho.

— Isso já é o suficiente. - os dois riram. - Agora vamos que daqui a pouco precisaremos apresentar este trabalho.

Então os dois ficaram revisando juntos o texto da apresentação até o início das aulas. A primeira aula do dia, era justamente a de História. Ambos discutiram a respeito da ordem de apresentação e Adrien a convencera a ser a primeira dupla a apresentar, pois assim a azulada teria mais confiança em si mesma e em seu trabalho. A dupla Adrien e Marinette, foram a primeira dupla a se apresentar, e recebera diversos elogios da professora que achou o trabalho dos dois esplêndido.

Houve um intervalo entre as aulas, onde Marinette encontrara Nathaniel Kurtzberg e o informara acerca da situação atual das coisas, sobre seu estado emocional, contou como sua avó surgira de surpresa em sua casa, rira com ele... Ele por sua vez contara como batera em Scott e como aquele garoto o tirava do sério, Marinette repreendeu-o e pediu para que não se colocasse em risco por causa dela.

O ruivo era uma ótima companhia para a azulada que sentia que ninguém conhecia ela como ele, exceto talvez Chat Noir, mas este só a conhecia como Ladybug, não poderia dividir segredor como agora. Para a sorte de Marinette, Scott havia faltado, o que tornara seu dia mais suportável.

A próxima aula da lista, era aula de teatro. Na realidade era educação artística, no modo mais genérico possível, contudo, haviam obrigatoriamente 3 períodos da semana reservados para aula de teatro. O objetivo é você ser quem é, sem menor de qualquer julgamento ou represaria, é simplesmente ser você mesmo e aprender a lidar com seus sentimentos por meio do corpo.

— Pessoal, tenho uma notícia excelente para vocês... - começou o professor Olivier - vamos realizar uma cena icônica de uma das peças mais prestigiadas do mundo e ainda vamos acrescentar algo a mais. Sem mais delongas, a cena em questão, é a cena da varanda de Romeu e Julieta, e o acréscimo é que será em forma de musical, ou seja, precisarei de cantores e compositores.

"Os testes para os papeis principais começam na semana que vem, preciso que decorem o roteiro do leito de morte de Romeu e o reproduzam de forma cantada, acham que conseguem?! Ótimo. Nos vemos semana que vem para se iniciarem os testes.

Quanto à organização geral, já tenho cada um sendo designado para uma tarefa: Marinette e Nathan trabalharão juntos para realizarem o figurino e desenharem o cenário; Adrien será um dos auxiliares de Marinette em relação as cores de roupas e equilibrio entre a história, já que ele conhece tão bem a peça; Alya será a responsável pelo roteiro e coordenar posições de palco; Nino cuidará do som e trabalhará com o compositor; Rose, Juleka, Ivan e Alix cuidarão da decoração; e finalmente Max e Kim serão responsáveis pela arrecadação de fundos para realização do cenário e compra dos materiais necessários. Lembrando que, todos poderão realizar os testes, independentemente da função que eu os designei. Boa sorte, meninos."

A aula passou como um jato. Os garotos estavam eufóricos, pois iriam apresentar uma das peças mais aclamadas no mundo todo.

Quando bateu o sinal, que indicava o fim do período letivo, Adrien e Nino saíram em rumo à limusine do louro para que ambos fossem para a casa de Adrien, na companhia de seu guarda-costas, carinhosamente conhecido como Gorilla. Chegando lá, Adrien pediu à Nathalie que não fosse incomodado, já que, o suposto trabalho que iriam fazer demandaria tempo e concentração.

— Nossa mano, ninguém te deixa respirar nessa casa...

— Nem me fale, irmão... Me sinto como se estivesse encarcerado. - terminou cabisbaixo.

— Chega de melancolia que eu vim falar de algo extremamente sério. - sentou-se no sofá de Adrien.

— Pode falar, estou aqui para o que precisar.

— Então, você sabe que eu amo a Alya não é?! - Nino estava nervoso e trêmulo. Ao ver o amigo assentir continuou. - Então mano, eu ainda não pedi ela em namoro ou tive a coragem de chamar ela para sair, na real, ela que teve a iniciativa e me chamou para irmos ao cinema. Mas cara... não consigo sair sozinho com ela, confesso que ela me assusta.

— A pergunta certa, meu amigo, seria: quem a Alya não assusta.

— Realmente... - concordou o moreno dando uma gargalhada logo em seguida. - Eu já estou saindo com ela tem quase 6 meses e não saímos do lugar ainda, sabe? Tipo, agimos como namorados, contudo, não conseguimos nos tornar oficialmente e do jeito correto...

— Tudo bem... E você veio aqui para...?

— Eu preciso da sua ajuda para pedir a Alya em namoro. Eu estou com uma ideia ge - ni - al na minha cabeça e estou pronto pra coloca-la em prática, mas antes... lembra que combinamos de ir ao cinema?! Ela e eu? Então... eu não estou preparado para ir sozinho... você não gostaria de ir com a gente?

— O que? Eu? - adrien perguntou incrédulo ao seu amigo apontando para si. - Não... Não... Para ficar de vela?! Obrigada, mas dispenso.

— E se você levasse alguém contigo?! Já sei, leva a Marinette, já que está super amigo dela.

— Nino, você acha que ela iria aceitar ir ao cinema comigo?! - perguntou incrédulo ao seu amigo. - Mas eu pensarei na sua proposta.

— Ótimo! Mas o cinema terá de ser depois da festa da Dona Elizabeth...

— Quem?! - Adrien perguntou, desconhecendo aquele nome.

— Dona Elizabeth, a avó materna da Marinette. Você não leu teu celular não?! A Alya realizou uma transmissão para todos que se importam com a Marinette, que a minha garota e o Nathaniel estão planejando realizar uma festa em comemoração a chegada da Dona Elizabeth e para animar um pouco a Marinette que aparentemente está meio triste... Desde a chegada do Scott...

— Nino, você gostaria de me explicar quem é esse cara e porquê a Marinette se põe neste estado quando está perto dele?

— Adrien... Honestamente... Eu prefiro que saiba direto pela Marinette, ela deve lhe contar... Mas peço para que fique longe dele, ele não é flor que se cheire.

A conversa dos garotos foi interrompida por um leve bater na porta.

— Adrien? Seu amigo precisa ir embora, você está quase atrasado para o ensaio.

— Está bem, Nathalie.

— Enfim, falow, irmão. - E os garotos terminaram com um toque de mãos.

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Eram exatas 2 da tarde e Marinette dissera aos seus pais que iria para a biblioteca estudar, pois não estava conseguindo concentrar-se em casa, e passaria a tarde toda lá. Sua avó não estava em casa, ela saíra e não dissera para onde foi. Seus pais depositaram-lhe um beijo em sua bochecha e desejaram sorte.

Marinette saíra com a mochila nas costas, porém ao contrário do que os pais dela pensam, ela não iria para a biblioteca e sim para a casa de um senhor muito bondoso e sábio; e em sua mochila, não se encontravam diversos livros ou utensílios para estudos, mas sim, um pequeno livro antigo, cheio de magia e mistério sobre os heróis de Paris.

De dentro da casa ouvia-se o som do silêncio, até que o bater da porta despertou o senhor de sua meditação.

— Bem-vinda, Marinette. - disse o senhor.