História baseada em arrependimentos reais. escrita por bramorxki


Capítulo 1
2005


Notas iniciais do capítulo

Nascido em 1999, Lages (SC - BRA)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/718532/chapter/1

[...] Era como uma festa de criança e quando se é criança, você nunca quer que acabe. Mas acabava, eu sempre acabava sozinho. Acho que eu nunca soube ao certo o que é ser a criança mais brincalhona da turma, ou a criança que a turma inteira escolheria por primeiro pra ser líder ou comandar a própria, e por fim, ser uma criança com amiguinhos. O problema de sempre ser rejeitado e esquecido era maior do que o problema de ser a segunda opção de alguém, pois nem isso eu conseguia ser na verdade. 

Uma criança comum se encanta com uma piscina gigantesca de bolinhas, e confesso, eu vivia dentro delas, porém sozinho. Eu costumava falar com as bolinhas, organizá-las cada uma de acordo com a sua cor e tamanho, e hoje vejo que como criança eu errei num aspecto: rejeitar as bolinhas deformadas da piscina de bolinhas. E por que eu ''errei''? Por que é exatamente isso que eu sempre fui contra, a rejeição, e talvez por isso, apenas talvez pelo fato de eu rejeitar uma simples bolinha de plástico não perfeitamente redonda ou com deformações, eu me tornei o rejeitado por tanto tempo. Eu sei que você deve pensar, 'mas se éramos tão inocentes e até por sermos tão novos, por que já naturalizávamos a ideia da exclusão social?'; pois é, e é aí que você se engana. Crianças não são tão inocentes assim. Na verdade, a misericórdia de uma criança é igual a de um adulto, alterna conforme seus próprios interesses.

Quando se é sozinho, a rotina é sempre a mesma. Casa, escola - escola, casa.

E meus pais? Vou deixar para o final de tudo, afinal, foram eles quem deram início a tudo isso.

Era um pátio enorme, daqueles que você olha e escolhe para brincar de pega-pega, mas nem sabe por onde começar. Eram tantas as brincadeiras; esconde-esconde, pique-esconde, pega-pega, menina-pega-menino, amarelinha, escravos de jó, queimada, e entre muitos outros que eu não era incluído. E quando eu era, achava o máximo até por que nunca fiquei sozinho por escolha própria, e sim pela exclusão que eu sofria. E quando fui escolhido para o famoso esconde-esconde, eu era engado o repetitivamente. Ou alguém que eu tinha descoberto não valia, era o famoso ''café com leite'', ou a rodada era simplesmente anulada e recomeçada, comigo contando, lógico. Umas pessoas diriam que eu devia ficar feliz que pelo menos eles me incluíram algumas vezes, e o que eu digo a elas? Eu digo que ás vezes somos capazes de ser ás vezes. Ás vezes tristes. Ás vezes confusos. Ás vezes ignorados e esquecidos. E no meu caso, ás vezes morto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua com:
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "História baseada em arrependimentos reais." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.