Valentia e Doçura escrita por Amorecida


Capítulo 10
Um Acidente ou um Toque do Destino ?


Notas iniciais do capítulo

Olá meus docinhos. Sejam bem vindos a mais um capítulo! ✌(´•౪•`)✌
Aos que ainda acompanham, peço perdão a demora!



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P.O.V.  Alice 

Despertei de um sono perturbado em plena madrugada. Olhei no relógio e eram 4:10h. Levantei e fui lavar meu rosto. Novamente, um lobo branco fazia sua aparição. Desta vez, o sonho ( pesadelo) foi mais violento, aterrorizante. Eu queria dar ouvidos as ideologias do Dr. Marcos, mas aquele maldito lobo tinha que significar alguma coisa, senão, por que viria me visitar inúmeras vezes ? 

Deitei novamente e voltei a dormir. Acordei e mamãe já estava de saída, ela iria para a missa das 8:00h e de lá, seguiria para o trabalho. Ela pediu para que eu levasse o lixo e avisou que rezaria por mim, como sempre fez e faz. Mamãe aparentava estar muito mais animada que o costume. E também ela estava mais arrumada, perfumada. O que quer que tenha acontecido, foi bom, é maravilhoso ver minha mãe assim. Fazia anos, que não via sua figura tão radiante, e eu sentia falta. Tomei meu café e desci com as sacolas de lixo. Olhei de relance para Aroldo, que folheava uma revista com mulheres de biquíni. Na volta, encontrei Murilo, que entrava em seu apartamento. 

— Oi Alice, que bom te encontrar! — Ele me deu um abraço caloroso que retribui. 

— Oi Murilo, como vai ? É bom te ver também. 

— Estou bem. Você está ocupada agora ? 

— Não, por quê ? 

— Quer dar uma volta comigo e com Koda? Ele... caham — Tossiu. — Nós.. sentimos sua falta. 

— Sim, só vou entrar rapidinho e já volto. 

Adentrei meu apartamento e coloquei um tênis. Quando voltei Murilo já estava com Koda na coleira. Cumprimentei meu amiguinho peludo. Eu e Murilo descemos pelo elevador e depois subimos a nossa rua. 

— Você recebeu minha mensagem ? — Perguntei. 

— Recebi sim e desculpe por não responder. Caio vai de mal a pior.

— O que aconteceu ? 

— Naquele dia, depois que saiu da minha casa, Caio foi até a casa de Amanda. Chegando lá ele viu Amanda... — Ele parou e fez uma careta. — Bom ela estava... sabe ? Com outro. 

— Minha nossa, você estava certo quando a chamava de vadia! 

— Pois é, eu quis matá-la. Caio está depressivo. Ele provavelmente parou de tomar banho, está enchendo a cara e ouvindo Reginaldo Rossi — Ele gargalhou e eu o acompanhei. 

Demos a volta no quarteirão, Koda já aparentava estar cansado. Quando estávamos subindo a rua, Murilo me pegou de surpresa. 

— Alice, você tem namorado ? 

— N-não — Gaguejei sem jeito, aquela pergunta de novo, na mesma semana. 

— Não sabe o quanto fico feliz em ouvir isso — murmurou enquanto alisou meu rosto com o polegar, fazendo-me ruborizar. — Mas por que não namora ? 

— Ahn, eu não... q-quer dizer... olhe para mim. 

— Estou olhando — afirmou. 

— Quem iria querer... ter algo comigo ? 

— Eu iria. Eu quero ter algo com você — Falou e seu rosto passava seriedade.

— O quê ? — Perguntei confusa.

— Relaxa, estou brincando — Ele disse isso, mas não havia nenhum sorriso em seu rosto, pelo contrário, seu semblante tornou-se triste. 

— Está tudo bem ? Eu fiz alguma coisa errada ? 

— Não, você é certinha demais para fazer algo errado. Só estou preocupado com Caio, aquele corno está sofrendo pra caramba. 

— Ah, entendi. 

Chegamos ao final de nosso passeio, subimos e me despedi de Koda, pensei em como queria ter um animalzinho de estimação. Despedi-me de Murilo e desejei vibrações positivas ao pobre Caio. Eu não sabia como ele se sentia, afinal eu nunca fora traída, nunca depositei confiança em alguém, mas imaginei que devia doer, bastante. 

Almocei rapidamente e me troquei. Finalizei minha arrumação com algumas borrifadas de perfume. Decidi preparar meu lanche, não poderia gastar com pastel todos os dias,  fiz um sanduíche com patê de presunto e enrolei no papel alumínio. Saí de casa no horário de sempre. 

Ao chegar na faculdade, vi Bruna logo na entrada. Cumprimentei-a e ficamos conversando. Ela me avisou que Rafael iria faltar, pois estava de ressaca por conta de uma festa que ele foi noite passada. Logo na primeira disciplina que era Teoria e Prática da Cor, entreguei minha pesquisa ao professor Carlos, feita na noite anterior. Ficamos 15 minutos dentro de sala de aula, onde Carlos discursou sobre a ciência das cores; tons, luz, pigmento etc. O restante da aula ficamos no Ateliê, onde utilizamos as telas e tintas para fazer " arte". As duas aulas seguintes foram de Desenho Artístico em Design Gráfico, onde ficamos na sala. Fiz anotações para mim e também para Rafael, para que ele não perdesse conteúdo. Quando o intervalo chegou, fui até a classe de Bruna. 

— Eu não vou comprar pastel hoje, trouxe bolachas de casa. 

— Eu também não, fiz um sanduíche.

Sentamos na mesa de sempre e comemos nossos lanches em silêncio.

— Ele faz falta mesmo né ? — Suspirou Bruna. 

— Verdade. Será que você ... ? 

— Não! Ele é só meu amigo. 

— Então diga isso pro seu coração. 

— Alice! Quando foi que você ficou tão abusada ? — Perguntou, rindo. 

— Quando comecei a estudar com seu futuro marido. 

Começamos a rir. Bruna realmente era uma amiga, uma amiga de verdade. Em meu peito eu sentia, que ela pensava o mesmo de mim. Ficamos tão entretidas que perdemos a noção do tempo e chegamos atrasadas na sala de aula. As últimas três aulas foram tranquilas, e agora eu já tinha mais duas pesquisas. A última professora, informou que poderíamos usar a biblioteca para fazer pesquisas. Decidi seguir seu conselho. Ao final da última aula, avisei Bruna e segui para a biblioteca. Fiquei maravilhada com a quantidade de livros que haviam ali. Em alguns minutos, concluí uma das pesquisas, só faltaria imprimir. 

Eu estava pronta para ir embora, quando uma capa de livro chamou minha atenção. Era um livro de Biologia na qual mostrava descrições de alguns animais. Folheei, encontrei diversas espécies de sapos, serpentes, aves e finalmente, encontrei o intruso de meus sonhos mais estranhos: O lobo-do-ártico. 

Se distingue por sua pelagem branca, que o ajuda a se camuflar em meio à neve. A cor de seus olhos pode variar do dourado ao castanho.

Liguei para casa para comunicar de meu evidente atraso para o jantar. Mamãe estava preocupada, afinal já eram 7:20h e eu ainda não estava em casa. Tranquilizei-a e dirigi-me até a sala de informática, liguei um computador e iniciei minha paranoia. 

O simbolismo de lobo possui sentidos conflitantes. De um lado representa o bem, e nesse contexto, nele encontramos a astúcia e a valentia, bem como alguns traços humanos que a esse animal são atribuídos, os quais incluem inteligência, sociabilidade e gentileza.
Por outro lado, o lobo representa o mal, compreendendo nesse sentido a fúria e a crueldade, bem como a ambição.

Peguei meu caderno de desenho e esbocei o lobo de meu sonho. Olhei o horário no monitor, e eu já estava mais que atrasada. Enfiei meus cadernos na mochila e saí do campus. Eu queria conferir se a papelaria ainda estava aberta, pois poderia imprimir meu trabalho, já que minha impressora havia quebrado. Enquanto seguia pela rua escura, avistei um grupo de homens na calçada mais a frente. Haviam duas motos perto deles. Todos me encaravam, exceto um, que estava de costas. Um sutil arrepio invadiu meu dorso. Dei meia volta, eu definitivamente não queria passar por eles, eu poderia ir na papelaria outro dia. Podia sentir os vários pares de olhos em minhas costas, mas eles pareciam discutir entre si. Eu ouvia, mesmo à certa distância, suas vozes embriagadas. 

Continuei andando, peguei meus fones e apertei-os em meu ouvido, ao som de uma música qualquer, apenas para me distrair. Maldita hora em que coloquei o volume ao máximo. Por conta desse detalhe, quando fui atravessar a rua, não ouvi uma das motos e seu motoqueiro vindo em minha direção, prestes a me atropelar. O motoqueiro, um cara pálido e de olhos negros e arregalados e que aparentava estar drogado, berrava, possivelmente me xingando. Eu não entendia de modelos de motos, mas percebi que a dele era vermelha, não reparei direito, em segundos ela iria passar por cima de mim. Ordenei a minhas pernas que corressem, mas elas não me obedeciam. 

Ele está vindo, não vai desviar, vai me atropelar. Ele tem olhos ferozes, quer me matar. 

Quando meu irmão morreu, passei a me imaginar frenquentemente sofrendo um acidente qualquer e batendo as botas. Talvez fosse aquilo que uma parte de mim queria. Uma parte de mim queria ir embora desse mundo amargo e encontrá-lo em algum lugar. Uma outra parte, a predominante, teimava em sonhar com um futuro melhor, e essa mesma parte, não seria capaz de abandonar os maravilhosos pais que foram destinados a mim. 

Não que eu quisesse morrer naquele momento, eu não queria. Mas uma onda de pânico atingiu todo o meu corpo, eu não me mexia, mesmo que tentasse. Parecia um daqueles sonhos, em que o perigo está perto e tentamos fugir dele, mas não saímos do lugar. Pensei em meus avós maternos, que eu nem sequer sabia se estavam vivos. E se estiverem mortos? Vou conhecê-los daqui a pouco? 

O motoqueiro estava a poucos metros, senão centímetros, de mim. Meus ouvidos pareciam não ouvir nada, nem mesmo qual fosse a música nos meus fones. 

MEXA-SE! ELE ESTÁ VINDO! ESTÁ VINDO! 

Fechei os olhos, instintivamente. 

Então eu fui jogada bruscamente de encontro ao chão, mais precisamente, algo ou alguém me jogou ali. Eu sentia meu coração descontrolado dentro do peito, indo e vindo, sentia a dor insuportável invadindo meu ser por conta do impacto. Aquilo latejava em fortes ondas de ardor. Talvez eu estivesse sangrando. 

Não abri os olhos, pelo contrário, apertei-os ainda mais. Eu devia estar chorando ou gemendo. Depois de alguns minutos — ou segundos — meu nariz sentiu um aroma de o que parecia ser sândalo. Aquilo era cheiroso, cheiroso demais. Mas o que era tão cheiroso assim ? 

Abri os olhos, havia alguém em cima de mim. Era ele. 

" E naquele momento, eu não conseguia me lembrar de como se respirava." 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!



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