Dark Moon escrita por Pakalia


Capítulo 2
Volte para Lambert


Notas iniciais do capítulo

Voltei! E adorei ver que minha história teve diversos acessos! Hora dela começar de verdade!



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10 anos depois...

—Jack - Gritei da extremidade direita do balcão do hotel, o barman veio tranquilo na minha direção, pegou meu copo se dizer uma palavra e serviu mais um shot do uísque caro - Obrigada.

—Esse é o último - Ele disse - É o seu quarto.

—Eu to pagando não to? Ouvi a grosseria na minha voz, mas o senhor de meia idade sorriu debochado:

—Dane-se, sou o único barman aqui, e não te sirvo mais um shot sequer.

—Merda. Beberiquei a bebida forte e segui o homem com olhos furiosos, ele me ignorou atendendo aos novos clientes e eu perdi a vontade de permanecer brava.

A propósito, só para constar, eu não sou uma alcoólatra descontrolada, eu trabalho, faço cursos, sou a melhor no que eu faço, mas não gosto de ficar sóbria a noite, porque sempre que o relógio bate 11pm, eu lembro, lembro daquela noite.

Terminei o shot, deixei uma gorjeta gorda na bancada e subi para o quarto, meus patrões tinham sido generosos com o hotel dessa vez, quarto luxuoso, tudo pago, a única exigência era conseguir o cliente e novamente, eu tinha conseguido.

Deitei na cama sem me dar ao trabalho de tirar a roupa, a entorpecente sensação do whisky na minha garganta e pelas minhas veias me adormeceu rapidamente - amanhã eu teria outras coisas para fazer, não poderia pensar naquilo.

*

—O voo está atrasado moça.

—A senhorita não entende - Eu bati com a mão na bancada do aeroporto - Eu tenho uma reunião em três horas, meu voo dura duas e meia!

—Infelizmente a companhia aérea não pode se responsabilizar.

—espero que a companhai aérea possa desembolsar os milhares de dólares que perderei junto a reunião. Falei.

No meu celular, mais de dez mensagens - do meu chefe, da minha chefe, do meu pai, do meu pai ligando do celular da minha madrasta - como se eu fosse atendê-la - Ignorei as ligações familiares e liguei para o meu chefe:

—Já está no avião?

—Alguma possibilidade de atrasar a reunião?

—Os clientes chineses tem voo marcado.

—Se for da minha companhia eles não precisam se preocupar.

Ouvi o suspiro:

—Vou oferecer uma noite extra no hotel, mas isso saíra da sua conta.

—Pode ser. Respondi desligando o telefone e me jogando na poltrona do aeroporto.

—Voo atrasado? O estranho de terno ao meu lado perguntou, murmurei um sim para desencorajá-lo a continuar, mas não funcionou:

—Para onde está indo?

—Capital.

—Estou indo para Lambert. Cidade natal.

Meus pelos arrepiaram, desde a perna depilada até os longos cachos loiros:

Não. Lambert não. Por favor.

—Já ouviu falar? O homem nem sequer me olhava, apenas encarava o celular.

—Sim - Engoli em seco.

—Já visitou?

Menti:

—Ainda não tive a oportunidade.

—Bem - Ele se levantou - Meu portão foi definido, se puder, visite, é uma bela cidade e me procure quando for lá.

Sorri forçada e ele se afastou dizendo:

—Meu nome é Lucas Montez.

Merda.

Não Lucas. Não esse Lucas.

Lucas foi meu parceiro na dança da escola cinco anos consecutivos, era quase um amigo, as professoras nos punham juntos porque tínhamos a mesma altura e nas palavras dela `` o mesmo espírito de liderança ´´ coisa da qual discordava porque nunca nos demos bem.

Entretanto, ele sempre foi bonito e mesmo tendo ficado vários ( vários) centímetros mais alto que eu, isso não mudava muita coisa, não no que realmente importava: Ele era de Lambert. Eu nunca voltaria a Lambert.

*

—Volte a Lambert.

—Como é que é? 

—Volte a Lambert. Meu chefe repetiu sem entender.

—Por que?

—Porque estou mandando.

—Não posso.

—Sim, você pode.

—Senhor...

—Caramba Anne, eu sou seu chefe, temos interesses lá, você vai para lá.

Fiquei quieta:

—Ninguém pode ir no meu lugar?

—Não.

—Senhor...

—Qual o seu problema? Você nunca questionou uma cidade tanto assim.

—Eu nasci em Lambert, eu...

—Então provavelmente não terá que gastar com hotel.

—Senhor, minha mãe morreu em Lambert.

—Por favor Anne, isso foi há dez anos.

—Mas senhor...

—Nunca superará isso se não voltar lá.

Não quero superar.

—Senhor, por favor...

—Sem por favor. Ou vai ou perde o emprego.

—Não pode me mandar embora.

—Sim eu posso, a empresa é minha.

—Eu sou a melhor.

—Há outros.

—Não tão bons quanto eu.

—Não seja tão superestimada. Um bom treinamento faz milagres.

Suspirei fundo, eu gostava desse emprego:

—Quanto tempo?

—Mínimo de uma semana. Ou o tempo necessário para conseguir os investidores.

—Uma semana?

—Uma semana, tem onde ficar?

—Tenho. Vou atrás dos telefonemas.

—Ótimo.

Não, não está nada ótimo.

Quatro telefonemas depois - eu tinha casa, cozinheira, faxineira, e avião. Faltava apenas o meu pai.

Não morávamos juntos desde que eu entrei na faculdade - com dezesseis anos - foi a desculpa que encontrei para ficar longe dele e da minha - maravilhosa - madrasta Cassie, ela não era de todo ruim, mas era irritante, falava com voz de bebê e mimava meu pai como se ele tivesse treze anos - o que realmente parecia quando estavam juntos.

E é claro, eu considerava aquilo uma traição a minha mãe.

Sem contar que Cassie tinha amor por colégios internos - e que eu passei cinco anos da minha vida em um - então acreditem eu sei como um colégio interno pode ser bom e ruim ao mesmo tempo.

 Desci do táxi na frente do apartamento de luxo que eles moravam ,  porteiro me olhou com o olhar tarado de sempre - desde os dez anos - e eu subi sem fazer mais delongas.

Na cobertura, senti o cheiro dos biscoitos de aveia light da cassie e o batucar - quase - familiar do meu pai dedilhando no computador, não fiz questão de cumprimentá-la ou dar a alguém sinal da minha visita, entrei de supetão no escritório dele como uma criança mimada e disse enquanto me jogava na poltrona vermelha:

—Estou indo para Lambert em três dias.

Meu pai parou no mesmo instante e antes que ele se opusesse:

—Não tenho escolha pai, meu chefe deixou bem claro, ou vou, ou perco o emprego.

—Mas filha...

—Não tem mais pai, não há nada que possa fazer isso mudar, já liguei para Shelby, ela já contatou todos para deixar a casa pronta para mim.

—Não prefere um hotel?

—Meu chefe não quer gastar mais e estou vermelha graças ao gosto chinês por hotéis de luxo.

Meu pai se recostou na cadeira de couro e me olhou pensativo.

—É o que quer?

Não.

—Sim.

—Então não posso te impedir, nunca pôde.

Você nunca tentou.

—Bem, ótimo, não precisa se preocupar com a Shamirra, ela vai comigo.

—Seu chefe gosta que sua gata viaje com você?

—Não teria se me deixasse permanecer na capital por mais que quatro dias.

—Venha jantar conosco amanhã, Cassie preparará canelones, como os da sua mãe.

Não serão como os da minha mãe.

—Papai, você sabe que Cassie não cozinha muito bem.

Ele deu de ombros:

—Serão integrais, com espinafre e tomate seco, mas...

—Papai, domingo, só eu e você no MC Donalds pode ser?

Ele pareceu aliviado:

—Um pouco de gordura trans não vai me fazer mal.

—Eu sorri:

—Te vejo lá.

*

 Foram os três dias mais lentos da minha vida, nada adiantava - cursos, crossfit, Shamirra arranhando todos os móveis de casa, os pratos light que Cassie insistia em me mandar - de longe o momento mais rápido foi o jantar MC Donalds com meu pai de quase três horas, parecia que eu tinha dez anos de novo, éramos amigos, não dois estranhos, éramos felizes, mas tudo mudou quando Cassie ligou perguntando se o jantar de negócios que ele tinha ido servia salada.

Não éramos mais pai e filha, não como quando mamãe estava viva, brincávamos, comíamos, aprendíamos juntos, agora, eu mal passava duas horas com meu pai na semana e isso era muito triste.

Mas eu não tinha tempo para tristeza, não quando todos os demônios que eu escondia há dez anos voltariam em uma semana. 

Na minha mala, várias roupas, sapatos, jóias, alguns livros, coisas para gatos e meu trabalho - notebook, celular, tablet - eu não iria levar, estava determinada, mas algo no último segundo me fez pegar os dois livros que eu escondia no baú mais fundo do quarto de despensa, os livros daquela noite.

Eu estava definitivamente voltando, voltando para o meu passado, para a minha mansão, para a minha mãe. Voltando para Lambert.

 

 


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Notas finais do capítulo

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