Dark Moon escrita por Pakalia


Capítulo 1
O segredo do Porão


Notas iniciais do capítulo

Prólogo da história.
Magia e Suspense.
Espero que gostem.



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11pm.

Eu ouvi os passos macios das pantufas da minha mãe.

Ouvi-os descendo as escadas e sumindo.

Pelo corredor também era audível os roncos de meu pai, ele dormia como um bebê, eu tinha herdado o alerta constante da minha mãe.

1am.

Eu fechava os olhos assim que ouvia os passos, tentava parecer relaxada - e sempre conseguia - ouvia a porta do quarto rangendo, o beijo da minha mãe na minha testa e o Boa Noite Anne.

Logo depois ela fechava a porta e ia direto deitar ao lado do meu pai.

Durante 10 anos foi exatamente isso. E durante 10 anos eu ouço todas as noites esses passeios misteriosos pela mansão.

                                 *

Essa mansão pertenceu ao meu tataravô, um barão muito respeitado nas redondezas, em uma cidade pequena, com um grande território, era ele quem ditava as regras e mesmo após o tempo do colonialismo ter terminado, minha família ainda era a mais rica da região, além da mais benquista, minha mãe era a responsável por isso, tirando os passeios noturnos dela, ela era inegavelmente amigável, extrovertida e bela. Eu nunca vou cansar da história de como meu pai - marinheiro - conheceu ela - executiva da empresa do meu avô - no bar perto do porto, foi tipo amor a primeira vista sabe. Como todas as gerações antes deles.

Eu também já tive um namorado - com nove anos - o nome dele era Yuri, ele era bonito, mas não deu certo, em parte porque ele puxava minha saia sempre que me via e isso era horrível. A família dele saiu da cidade um tempo depois, eu ainda imagino se foi por causa da alergia que ele pegou quando terminei com ele, foi esquisito.

Enfim, a minha família é dotada de histórias de amor a primeira vista, pessoas extrovertidas e mandonas e muitas muitas riquezas. Sempre junto de algum mistério.

                               *

11pm

É hoje! Hoje eu irei seguir minha mãe e descobrir o que ela faz.

Coloco a orelha na porta esperando pelos passos, eles vem pontuais como sempre, espero ela descer as escadas e saio do meu quarto nas pontas dos pés, desço ela a uma distância segura e espero escondida quando ela olha para trás. Na biblioteca. Porque ela vai a biblioteca da nossa casa as 11 da noite?

Vejo ela tirar o livro da nossa família da prateleira e o barulho silencioso da lareira se mexendo. Eu tremo. Quase volto para a cama. Mas fico paralisada no meu lugar, esperando.

A lareira se abre completamente e minha mãe entra no túnel escuro, eu sabia que não teria mais volta... 

Mas entrei. Mesmo assim eu entrei.

Eu segui os passos dela pelo longo corredor escuro até um salão redondo, o fim do corredor.

Lá estava o que pareceria ser outra biblioteca se não fosse pelo aspecto escuro, o caldeirão no meio do salão, a lua bem em cima do buraco no teto, as prisões mais escuras que o corredor e objetos pendurados nas paredes, havia de tudo - objetos, frascos com líquidos vermelhos, umas coisas asquerosas e nojentas, vidros com líquidos coloridos e ossos, muitos ossos.

Não consegui me conter:

—Mamãe. Chamei da escuridão e minha mãe virou, o olhar um aspecto verde claro espectral, primeiro a fúria depois a preocupação, os longos cabelos loiros voando atrás de sua figura.

—Anne - Sua voz quase não saía, não era a mesma - O que está fazendo aqui?

—Mamãe. O que está acontecendo? Eu senti as lágrimas nos meus olhos, o medo atravessando o meu sangue.

Minha mãe se aproximou de mim e me jogou nas sombras:

—Fique aí, não se mexa. Não importe o que aconteça.

—Mamãe. Eu gritei assustada.

Ela girou sob os calcanhares:

—Não fale meu amor, não se mexa, isso vai acabar logo.

Então eu obedeci. E observei da escuridão quando a luz da lua atingiu o caldeirão e minha mãe ergueu as mãos para o alto recitando em uma língua que eu nunca a tinha ouvido falar, a língua era estranha e me dava dor de cabeça.

Minha mãe continuava e em seguida ela tirou do caldeirão um pedaço de carne e algo me dizia que aquilo não era o nosso almoço de amanhã, eu paralisei quando ela jogou a carne na prisão e uma língua gigantesca saiu da escuridão para abocanhá-la.

Eu não consegui.

Eu gritei.

E tudo mudou por causa desse grito.

O caldeirão começou a expelir uma fumaça verde, minha mãe correu se pondo na minha frente e a impedindo com palavras de chegar até mim, eu apenas fechei os olhos e fiquei encolhida, eu estava com medo, eu queria sair dali.

O monstro esgueirou sua língua para perto de mim e me tocou, eu gritei de novo e minha mãe pisou na pegajosa pele fazendo-a recuar.

Eu não sei quanto isso durou, mas muito, muito tempo.

E quando acabou minha mãe desabou no meu colo fraca e incapaz.

—Meu bebê está seguro.

—Mamãe - Eu chorava em cima dela - Precisamos de um médico. Do papai

—Não meu amor - Ela disse sorrindo - Médico nenhum pode mudar o destino. Nem mesmo seu pai.

—Mas eu sou a culpada.

—Isso tinha que acontecer.

—Você não pode morrer!

—Todos nós morremos Anne, agora é você quem terá que continuar com isso. Não será fácil. Mas me acompanha acordada há dez anos.

—Mamãe. Eu chorava e ela enxugou minhas lágrimas.

—Eu não sobreviverei a essa noite meu amor, mas o nosso legado,o legado das mulheres da nossa família precisará sobreviver, é o que mantém o equilíbrio entre o bem e o mal. O que eu vou te contar agora, você terá que entender muito bem.

Ela contou, ela revelou tudo enquanto morria e eu não pude fazer nada. Minha mãe morreu nos meus braços por minha culpa e mal ela terminou de falar antes que fosse tarde demais. As últimas palavras dela foram:

—Pegue o livro roxo.

E foi a única coisa que ela me pediu aquela noite que eu fiz.

Seu corpo apareceu magicamente sem respirar no sofá da sala e eu gritei para o meu pai, ele acordou confuso, seus olhos esbugalharam quando viram o corpo da mamãe espalhado no chão da sala, ele correu, examinou, tentou ressuscitá-la, mas nada adiantou. Ela estava morta. Ele chorou e eu não derrubei uma lágrima. Apenas revisei o olhar entre o belo rosto morto e pálido da minha mãe e o livro roxo que tinha escondido embaixo da escada.

Eu não faria nada disso. Eu não poderia. Aquilo tinha matado a minha mãe. Aquilo tinha que morrer. E negligenciar o que ela tinha me pedido era o único jeito.

—Sinto muito mamãe. Sussurrei enquanto meu pai ligava para todos que podia.

No dia seguinte do velório e do enterro em que toda a cidade tinha ido, meu pai e eu deixamos a chave da mansão com a governanta de nossa confiança, eu arranquei o livro roxo e o da nossa família que dava passagem até aquele lugar horrível, ninguém poderia saber, eram as únicas coisas que manteria intacta.

Guardei tudo na mala e a noite, eu e meu pai decolamos para a Capital. Eu nunca mais voltaria àquela casa que tinha me arrancado a pessoa que eu mais amava.

 

 


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Notas finais do capítulo

Escrevam seus comentários! Isso me motiva muito.
Me ajudem a continuar a história! Recomendem.
Sou uma aprendiz que escritora, por favor critiquem.
Se souberem de alguém que gostaria de passar essa fanfic para um livro, por favor me recomendem!



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