Dark Moon escrita por Pakalia


Capítulo 10
Invasoras.


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpem de verdade pela demora, mas como eu expliquei no capítulo anterior, minhas aulas voltaram e meu foco mudou, infelizmente vão me ver menos por aqui...



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É claro que a casa estava caindo ao pedaços, tirando Priscila, nenhuma esperava menos.

—Bem parecida com uma casa de bruxas. Larissa comentou tentando olhar pela janela empoeirada.

—Não para mim – Priscila cruzou os braços – Não poderíamos visitar a bruxa do joão e Maria?

—Preferia ser devorada em um caldeirão? Brinquei enquanto testava a porta.

—De certa forma – Priscila deu de ombros – Considerando que nossa bruxa está morta.

—Mas pode ter outras. Larissa falou de forma sombria perto do ouvido de Priscila. A menina pulou:

—Eu te odeio.

Larissa deu e ombros rindo.

—Como vamos entrar?

Eu analisava a porta, apesar de estar velha e caindo ao pedaços, parecia mais firme que uma caverna, nossa melhor opção era a janela ou a porta dos fundos.

—Vamos tentar a porta dos fundos. Disse desviando da casa e indo pelo jardim mal acabado até a assustadora varanda, a madeira rangeu quando elas subiram na escada e por alguns minutos, as três pararam como se esperassem que o chão desabasse – não desabou, por enquanto.

Fui a primeira a chegar à porta, igual a da frente, caindo aos pedaços, mas com uma fechadura firme, deve haver alguma coisa valiosa aí dentro...

—Vamos pela janela então? Larissa perguntou já descendo novamente as escadas.

—Não - Priscila gritou - Vamos pelo porão.

Seguimos ela até uma parte do jardim ainda mais mal cuidada, tinha uma espécie de portinhola de madeira para o chão, o cadeado estava aberto, bastou arrancar as correntes e abrir.

O lugar era empoeirado, escuro e fétido, Larissa foi na nossa frente com a lanterna, eu entrei em segundo e a Priscila em terceiro.

Prendemos a respiração quando vimos:

Era um caldeirão, um caldeirão de verdade, como os das bruxas, o fogo fervia o líquido espesso vermelho e uma fileira de caveiras decorava a porta com seus sorrisos macabros.

—Eu vou vomitar. Priscila falou atrás de mim.

Eu não dei ouvidos, cheguei perto do caldeirão e olhei o conteúdo, o cheiro era impossível de não se reconhecer:

—Sangue - Disse enojada - E mais alguma coisa podre.

—Provavelmente a carne desses coitados - Larissa disse - Quem será que são? - Ela chegou perto de três esqueletos pequenos - São duas crianças e um bebê.

—Provavelmente recém nascido - Disse analisando o esqueleto menor - Que tipo de ritual essa mulher fazia aqui?

—Algo tipo canibalismo - Priscila sussurrou - Nojento e...

—Macabro. Completei.

—Acho que vai um pouco além de canibalismo - Larissa disse e ambas nos viramos para olhá-la, ela tinha um dos livros da mulher em suas mãos, eu nunca a tinha visto tão pálida antes, ela estava mais branca que um fantasma e com certeza mais do que aqueles esqueletos amarelados.

—O que ela fazia aqui? Perguntei sentindo minha boca seca.

Larissa virou lentamente o livro para nós e a realidade nos atingiu antes de ela falar:

—Rituais de renascimento. ela tentava ressuscitar criaturas das trevas, criaturas que invocariam o apocalipse se viessem para cá.

—Como eu gostaria de dizer que não acredito nessas coisas. Priscila tremia. 

Eu não raciocinava, esse lugar era com certeza mais mal cuidado e pior, mas ainda assim se assemelhava muito ao lugar onde minha mãe ia naquelas noites, seria ela uma adepta daquela ceita horrível? Seria ela uma bruxa apocaliptística?

Não! Não ela! Ela era a mulher mais bondosa, carinhosa e gentil de toda Lambert. Era religiosa, caridosa, incrível com todos, sem distinção por peso, altura, idade, cor de pele, gênero, ela era perfeita. 

Mas também sumia durante duas horas todas as noites.

E tinha uma sala secreta em casa.

E um caldeirão.

E uma espécie de monstro com garras que pareciam tentáculos.

E foi isso que a matou.

Junto com uma filha irresponsável e inconsequente.

Tudo era possível.

E quando percebi eu já chorava com essa constatação.

—Você está bem? Priscila perguntou tocando meu ombro, o toque foi suficiente para eu me recompor.

—Precisamos subir - Eu disse respirando fundo - Temos que descobrir mais. Precisamos dos livros.

—Precisamos chamar a polícia.

Não!

A polícia levaria o livro e eu...

—Podemos fazer uma denúncia anônima mais tarde. Disse já subindo as escadas barulhentas e abrindo a porta que dava direto no corredor simples.

Não precisei olhar para trás para saber que elas me seguiam, olhei apenas para garantir que  Larissa trazia os livros.

Infelizmente, nada na casa indicava anormalidade, encontrei mais dois livros no mínimo esquisitos, sem título e com fechaduras que resolvi trazer comigo, do resto, tudo parecia apenas uma simplória casa abandonada.

—Bem, acho que depois de tudo isso podemos ir embora certo? Priscila perguntou.

Larissa assentiu e me olhou, eu sentia que faltava alguma coisa, mas a julgar pelo ânimo das minhas amigas e o horário, logo escureceria, tínhamos passado horas naquela casa e nenhuma de nós estava a fim de ficar na casa de uma bruxa sem o sol como guardião.

Assenti, aceitando que deveríamos ir.

E nessa hora ouvimos a sirene.

Nos entreolhamos.

Nenhuma de nós chamara a polícia.

—A velha - Larissa gritou - Aquela traiçoeira!

Olhei de relance pela janela, Larissa estava certa, a velha conversava com o policial e fazia o papel de indefesa muito bem, eu já imaginava a história: Vi três vultos entrando de fininho na casa da mulher morta seu guarda.

—Ela vai aparecer nos jornais e nós vamos ser presas por invasão. Larissa estava mais do que irritada.

—Invasão? - Priscila se desesperou - Tem esqueletos no porão e uma mistura de carne e sangue, vamos ser condenadas por bruxarias, vão voltar com o tribunal da inquisição.

—Claro que não! Larissa gritou.

Era difícil pensar com as duas discutindo, e logo eu percebi que só tínhamos uma chance:

—Parem - Gritei - Andem, desçam, saem pelos fundos, nos escondemos no mato e voltamos.

—E o carro?

—Depois cuidamos dele. Vamos!

Nós três saímos correndo e saímos pela portinhola do porão no minuto em que ouvimos a porta da frente ser arrombada, nos enfiamos no mato e saímos até a rodovia - cansadas, suadas e fedidas.

—O que fazemos agora? Nosso carro está para lá. Com placa! Priscila gritou.

A preocupação maior dela era o carro? Por favor!

Liguei do meu celular e dez minutos depois aquela placa não estava mais associada a mim, meu nome mal estava no sistema:

—Seu problema principal está resolvido. Disse ofegante.

—Meu problema principal é como vamos voltar para casa.

—De ônibus. Priscila sugeriu.

—Não passa ônibus aqui! Larissa gritou e sua grosseria estava começando a me irritar.

—Eu ligo para o Lucas, Disse mal humorada me afastando, consegui convencê-lo a nos buscar e meia hora depois, estávamos em casa:

—Me deve explicações

—Eu sei.

—Quando vai quitar sua dívida?

Dei de ombros:

—No dia certo acho.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem! Continuem acompanhando!



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