Like a Rolling Stone escrita por MrsSong


Capítulo 24
Don't think twice it's alright


Notas iniciais do capítulo

1. Melhor música de fim de namoro, ever
2. Será que soltei um spoiler sobre este capítulo?
3. Bento/Fabinho devia ter sido BrOTP no final da novela #prontofalei



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Nunca fui muito de ter amigos, sabe? A amizade com as pessoas que eu convivia nunca eram desinteressadas e eu nunca tentei procurar sinceridade nas pessoas que me cercavam, porque não via sentido em fingir interesse nos problemas das outras pessoas.

Talvez porque eu – assim como eles – achasse que meus problemas eram piores que os deles porque meu pai nunca esteve por perto para ser um pai e eu fui criado por uma mulher que queria muito que eu morresse…

Pobre menino rico que afogou seu sofrimento em problemas e aventuras só porque podia.

Eu não podia ter o argumento que usava para justificar minhas atitudes com Giane – ou Bento, como era o caso.

Nunca pensei que fosse gostar de um cara que tem de graça o que paguei para nunca ter: Amora, mas eu não era mais aquele Fabinho e ela não era mais a pessoa que eu desejava para dividir minha vida.

A melhor amiga de Bento era. Com aquela atitude pior que a minha e a raiva que eu nunca pensei que alguém pudesse ter, ela gritava e exigia que o mundo a ouvisse e a respeitasse. E eu me apaixonei por aqueles olhos brilhantes e aquela mulher linda que não é a mesma Jean Shrimpton que eu conheci.

Ela era mais e melhor que Jean Shrimpton para mim. Não havia outra que não Giane de Sousa… Nunca mais haveria outra mulher que dominasse meus pensamentos como ela, os olhos de Giane me assombrariam até o fim dos tempos. E eu morreria sedento por seus lábios.

Sem nunca me saciar de Giane. Jamais.

 

Garçom… No bar… Todo mundo é igual. - cantava junto com Bento, enquanto Douglas me olhava de soslaio com a típica expressão de vergonha alheia com o celular apontado na minha direção. - Por que está nos filmando?

— Giane mandou. - ele respondeu dando de ombros. Fazia sentido então continuamos nossa canção entre risos e goles.

Bento sabia ser divertido, eu concluí.

 

Não era a primeira vez que eu acordava de ressaca na vida. Mas era a primeira vez que acordei de ressaca na cama de Giane com ela apontando uma câmera para meu rosto.

— Que merda é essa? - perguntei e ela riu.

— Vou fazer uma exposição sobre homens bêbados no karaokê. - ela me respondeu e eu a encarei confuso. - O que você lembra da noite passada?

Alguns flashes. — Giane abriu um sorriso maior que o do gato de Chesire ao ouvir minha resposta.

— Então se eu contar que você me pediu em casamento e comprou passagens para Las Vegas para me fazer sua esposa? - ela perguntou e eu dei uma risada, logo percebendo a merda que fiz.

— Eu falaria que é uma possibilidade, mas sempre quis me casar numa cerimônia mais intimista em alguma propriedade no interior, com flores do campo no seu cabelo… - respondi e ela fica vermelha. Senti vontade de tirar a câmera de suas mãos e eternizar este momento.

Uma Giane tímida ao me ouvir falar em casamento… A beleza dela inteira ali e eu era a única pessoa que presenciava aquele momento maravilhoso. Bem, eu não queria mais ninguém ali.

Apesar da minha cabeça explodindo, puxei ela para mim e a joguei na cama ao meu lado.

— Então, eu te pedi em casamento? - perguntei e ela riu debochada.

— Pediu e depois tentou me convencer a irmos direto para a lua-de-mel. - ela me contou com seriedade enquanto tirava uma fotografia nossa.

— Modelos não resistem às fotografias, hein? - ela riu.

— Talvez, mas eu não pretendo postar essa foto em lugar nenhum. - ela abriu um sorriso que fez com que meu corpo começasse a reagir de maneiras prazerosas. - Nem as próximas.

Giane tinha um talento de me fazer coisas que eu não deveria fazer. Mas eram coisas que eu desejava fazer. E como desejava.

Mas ela era cruel e me dominou na cama, fotografando minha expressão de desejo e se afastou.

— Alguém embebedou meu sócio e meu pai está doente, adivinha quem tem que ir trabalhar hoje? - ela me lembrou da porta, tirando uma foto da minha expressão de dor e sofrimento.

— E eu? - perguntei e ela gargalhou.

— Você tem sua mão.

A crueldade de Giane era absurda.

 

— Tenha um bom dia! - agradeci enquanto observava a cliente se afastar com suas flores.

— O Bento está com cara de morte. - Wesley me informou e eu ri.

— Você não o viu completamente bêbado com o Fabinho no Cantaí ontem à noite. Aquilo foi a coroação de uma amizade que eu não sei se vai ser bom para mim. - brinquei e ele riu.

— Aqueles dois vão decidir que você não pode se cuidar sozinha, chefinha.

— Né? Vou ter que trabalhar dobrado para não ser tratada como uma boneca de porcelana. - cocei minha nuca e percebi o olhar de Wesley para meu pulso. - Fabinho pegou canetinhas e fez este desenho no meu pulso. - observei com atenção o desenho. - Não tive coragem de tirar no banho, porque eu meio que acho que este desenho tem muito de mim.

— Então tatua, ué. - ele me sugeriu e eu sorri.

— Talvez faça isso, Fabinho não se lembra de quase nada do que fez ontem, mesmo…

— Você sabe onde meu filho está? - a voz de Plínio soou atrás de mim e eu revirei meus olhos antes de me virar.

— Eu meio que namoro seu filho. - lembrei e percebi as olheiras fundas no rosto do cineasta.

— Eu sei, mas ele saiu sem nada e eu fiquei preocupado que ele tenha voltado às atitudes de antes e… - levantei minha mão sem paciência.

— Wesley, vou conversar com o Plínio na estufa por alguns minutos. Qualquer coisa, grita e eu venho te ajudar. - avisei e conduzi o meu quase sogro para dentro da estufa.

— Fala. - disse e ele engoliu em seco.

— O que você sabe? - Plínio me perguntou e eu o encarei.

— O que Fabinho sabe. Eu só quero entender qual é o seu problema, na verdade. - comentei e ele me encarou confuso.

— Como assim?

— Você acredita mesmo que pagar resolve qualquer problema que você tenha? Não devia explicar a situação para seu filho? Agora ele acha que tudo o que ele sempre pensou é uma mentira, cara.

— Foi o que eu aprendi nessa vida. - ele suspirou e eu o olhei sem a menor pena.

— Por isso que está nessa situação de merda agora, hein. - ele me olhou ofendido e eu continuei. - Vocês ricos têm disso, né? Querer pagar para resolver os problemas. Adivinha? Eles não somem, só crescem!

— Se eu te explicar, você tenta me ajudar com meu filho? - Plínio me perguntou desesperado.

— Depende. Me conta sua história primeiro. - Apesar de tentar ajudar Fabinho a se entender com o pai, não queria que Plínio me visse como uma aliada. Não ainda.

 

15 anos atrás…

 

Um casamento falido, dois filhos e um coração partido era tudo que Plínio contabilizava na vida pessoal. Não importava os prêmios quando não havia Irene para dividir a felicidade. Não havia Irene para ver a primeira exposição de arte de Fabinho na escola.

Não havia a mãe do menino quando ele quebrou o braço… Ele a culpava, mas ele a amava tanto que se culpava também.

Ele se envolveu muito rápido com Bárbara quando Irene sumiu e sabia disso. Tinha Malu como prova de sua irresponsabilidade.

Se lembrava do momento em que Odila lhe entregara seu menino e aquilo doía muito. Fabinho ali, pequeno precisando de uma família que lhe foi negada por conta de Irene decidir que ele não a amava… Nunca entendeu o que aconteceu para ela fugir, mas sempre alguma coisa lhe dizia que a culpa era de sua querida ex-mulher.

Já tinha aceitado que Irene não apareceria quando recebeu uma ligação de um primo que Irene tinha no interior. Ele lhe contou que ela estava internada em uma clínica e que ele não poderia custear a internação da prima, ele trazia fotografias mais recentes de Irene e seu olhar vazio o destruiu para sempre. Ele pagaria qualquer coisa para que Irene estivesse bem e faria qualquer coisa a seu alcance para que seu filho nunca visse a mãe naquele estado.

Irene não seria uma mãe para seu filho, não doente como estava e Fabinho não merecia o fardo de saber que a mãe estava naquela situação. Assim, Plínio escondeu de todos o que não deveria ter mantido em segredo.

Sumia por semanas para tentar ver Irene e era sempre proibido pela família, como se houvesse uma redoma que mantivesse a realidade e Irene separados… Nenhuma criança merecia este tipo de história imposta sobre si.

 

Malu olhou o anúncio de que a tal banda do ex-namorado roqueiro de Giane viria ao Brasil e sorriu, ligando para Maurício. Ele sempre tinha acesso a esses eventos e poderia ajudar duas almas gêmeas a se reencontrarem.

Afinal, a modelo Giane não resistia a um drama e duvidava muito que a florista Giane resistisse aos vícios de sua verdadeira eu.

Ela salvaria Fabinho das garras daquela… piranha.

Malu ficou vermelha só de falar essa palavra.


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