Richard Castle estava numa daquelas noites. Sem inspiração. Ficou horas e horas olhando para o visor do ecrã, mas as ideias resolveram não aparecer. Ficou brincando com o seu lápis, esperando as horas passar.

00h20

—Porra… - Ele bufou, olhando o relógio e bebendo mais um gole do seu whisky.  

Deixou o líquido escorrer vagarosamente pela sua garganta, aquecendo-a.

Ele precisava sair um pouco. Ir procurar inspiração em algum lado. E sabia onde ir.

Pegou no carro e o levou exatamente onde queria. Um bar de striptease.

“Feel de Moment”.

Ele já conhecia o local – era cliente habitual depois de um dia cansativo de trabalho. Ele gostava de ver as garotas dançando. Apreciava a forma como se entregavam á dança. Tão livres, tão concentradas naquilo que estavam fazendo… Era bastante cobiçado por ali. Não iria mentir, mas nunca tinha dormido com nenhuma daquelas mulheres. Não porque lhe faltassem oportunidades, mas não queria que isso trouxesse problemas para o campo profissional.

Aproximou-se do balcão e pediu algo para beber. Ele precisava. Estavam duas mulheres lindas dançando, porém uma delas usava uma máscara, despertando a curiosidade do escritor. Dava para ver os seus traços femininos por baixo das roupas decotadas. A sua pele era morena e os seus cabelos caiam em caicho pelos seus ombros.

Usher – I Don´t Mind

https://www.youtube.com/watch?v=nSKUXqJ5l1k

Shawty I don't mind, If you dance on a pole

(Gata, eu não ligo se você dança num pole)

That don't make you a ho

(Isso não te torna numa vadia)

Shawty I don't mind, when you work until three

(Gata, eu não ligo se você trabalha até as três)

If you're leaving with me

(Se você for embora comigo)

Go make that money, money, money

(Vai ganhar dinheiro, dinheiro, dinheiro)

Your money, money, money

(O seu dinheiro, dinheiro, dinheiro)

…

You can take off your clothes

(Você pode tirar as suas roupas)

Long as you coming home, girl I don't mind

(Desde que volte para casa, garota, eu não me importo)

A outra mulher deixou o palco, dando espaço para a morena avançar.

Ela encarou o horizonte, parecendo isenta a todos os olhares famintos do público masculino.

Rick não conseguia desviar o seu olhar daquela musa. A máscara lhe dava um ar misterioso, não deixando de ser lindo.

Começou rondando o pole, movimentando-se ao som da música.

O escritor estava vidrado, assim como os caras que estavam lá.

Até que, por algum motivo, sem ambos saberem porquê os seus olhares se cruzaram. Aquilo os deixou petrificados. Foi como se, á distância, uma corrente elétrica tivesse percorrido os dois. Durante toda a sua atuação, foi como se a mulher estivesse dançando só para Richard, deixando-o satisfeito. Por momentos ele havia esquecido onde estava e quem era. Ele tinha de estar a sós com aquela mulher. Sexo? Não. Não era só isso. Ele precisava conhece-la. Ele também a queria na sua cama, mas queria saber o que uma mulher tão bonita e especial estava fazendo num local daqueles.

Mostrou um maço de notas ao gerente do club e pediu para ter um “show privado” com a mulher. Após ter torcido o nariz, perante tanto dinheiro, o gerente não teve como recusar.

Mostrou-lhe as direções, fazendo Castle passar por um vasto corredor vermelho luxoso. Foi se aproximando de uma porta, até que o homem a abriu com uma chave.

—Fique á vontade, ela está chegando. – Ele diz, áspero.

—Posso saber qual o seu nome? – Richard, pergunta.

—Ela não gosta de revelar a sua identidade aos seus clientes. – Ele responde. – Bom show.

O homem fala irónico e depois afasta-se. Ele parecia ciumento em relação a ela. Seriam um casal? Enquanto fica pensando sobre aquilo, a porta se abre suavemente. Ele espreita curioso, ansioso por ver a garota mistério que prendeu sua atenção durante todo o show.

A pequena sala era um tanto intensa. O cheiro do incenso transformava aquele sitio num lugar mágico.

Ela se aproxima lentamente, usando apenas um robe vermelho e claro a máscara de á pouco.

Começa se aproximando de Richard, que estava acomodado numa cadeira de veludo vermelho. Os seus olhos logo se encontraram, fazendo os dois corpos, mesmo antes de se tocarem, estremecerem.

—Oi. – Ele fala, á medida que a mulher se aproxima.

Ela ri, achando-lhe piada. Ele acha aquilo sensual. Ela morde o lábio apercebendo-se do quanto o deixa satisfeito.

—Eu posso saber o seu nome? – Ele sorri de volta, ao vê-la abanar a cabeça em sinal negativo. –OK. Eu não desisto fácil… Ângela?

Ela o encara, cruzando os braços, fazendo-a rir. Isso o deixa satisfeita. A sua gargalhada era doce, suave e honesta. Ela nega.

—Sério? Você não vai mesmo falar? – Ela nega com a cabeça novamente. – Vai me obrigar a dizer quantos nomes eu sei até acertar?

Ela afirma que sim, gesticulando. Ambos estavam achando piada aquele jogo. Katherine Beckett estava esperando um cliente normal, mas estava gostando demasiado deste. Ele era engraçado e muito bonitão. E apesar de terem trocado aquele olhar no show, ela estava disposta a falar alguma coisa com este cara. Embora isso a pusesse muito em risco.

Kate era detetive criminal do Departamento de Investigação de Nova Iorque e este era o seu segundo “trabalho”. Uma forma que ela sentiu de “descontrair” dos seus longos e cansativos dias de trabalho. Não dançava pelo dinheiro, dançava porque se sentia livre e porque era a grande paixão dela.

—Ok… desafio aceite. – Ele esboça um largo sorriso, feito uma criança gigante. Aquilo era adorável e ela estava se sentindo muito bem com ele.

—Joana?  - Ela nega. – Diana? – Ela nega. – Gabriela? – Ela nega.  – Jasmine? – Ela nega, impaciente. – Anna? – Ela nega, novamente.

—Por favor cala a boca! – Ela ri. – Katherine ou pode me chamar de Kate. – Ela responde vencida pelo cansaço. Logo depois de arrependeu. Ele sorri, ficando com os olhos pequeninos, deixando o coração mole de Kate.

—Kate… bonito nome. Você pode tirar sua máscara? – Ele pediu, encarando-a. Os seus olhos não se desviavam. A atração era mútua. Existia aquela tensão no ar.

—Esqueça…  - Ela respondeu.

—Também a convenci a falar… Quem garante que não a convenço a tirar a máscara?

—Só se me der um bom motivo… - Ela ergue as sobrancelhas, trincando o lábio inferior.

—Não preciso ter um motivo. – Ele responde de imediato.

—Eu preciso. – Ela retorque. Ele a acha adorável. Linda. Sensual.

—Então eu também preciso de um motivo. – Ele se levanta, aproximando-se dela.

—Para quê? – Ela não se afasta, querendo sentir o seu cheiro.

—Um motivo para saber o porquê de, no meio de tanta gente, o nosso olhar se ter cruzado ao mesmo tempo. – Ele fala sério, deixando-a sem resposta e aproximando-se dela.

Os dois ficam próximos de mais encarando-se intensamente.

Foi então que aconteceu: os seus lábios se grudaram húmidos e quentes, deixando os dois querendo mais. Sem esperar permissão, Kate invade a sua boca vasculhando todos os cantos dela. Rick faz o mesmo, agarrando os seus cabelos fortes, aprofundando mais o beijo.

Se separam ofegantes.

—Me desculpa, eu não posso… - Ela saí correndo, deixando Rick hipnotizado com tudo o que tinha acontecido. Era isso, ele estava apaixonado.