Children escrita por Evil Queen 42


Capítulo 6
Mamadeira


Notas iniciais do capítulo

Queridos, voltei♡
Boa leitura.



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Cheguei na sala e encontrei o pequeno Sasuke desenhando, o que não seria nada de mais se ele não estivesse desenhando na parede! 

Misericórdia, não se pode deixar uma criança sozinha nem por vinte minutos? 

– Sasuke! - Chamei o garoto e ele me olhou assustado, mais branco que o normal, e esboçou um sorriso amarelo. 

É, ele sabe que estava fazendo o que não devia! 

– Oi, tia. - Ele largou o lápis vermelho no chão, me encarando com a cara mais sonsa do mundo. 

– Você... - Suspirei pra tentar manter a calma e não me deixar órfã de pai - Você estava desenhando na parede?!

– Só um pouquinho, tia... - Ele faz essa cara de cachorrinho abandonado pra ver se amolece meu coração. Pequeno pilantra!

– Só um pouquinho? - Questionei irritada - Garoto, você rabiscou a parede. Putz, por que não desenhou no papel?  

– Ah, tia... - Ele fez beicinho. 

– O que você tem na cabeça? 

– Criatividade. 

Aí falam que as crianças de hoje em dia é que são fogo e que têm uma resposta pra tudo...Aham, sei... 

– Sasuke, por favor, vamos logo pro banho. 

– Tá bom... - Bufou e levantou meio que contra a sua vontade, então me deu sua mãozinha para me acompanhar até o banheiro. 

Não sei o que vou fazer com essa parede depois, mas é bom eu deixar essas obras de arte aí, pra quando meu pai voltar ao normal ele ver o quanto me deu trabalho. 

Chegamos no banheiro e Sasuke olhou tudo curioso pra todos os cantos. Acho que no tempo dele os banheiros eram menos decorados, sei lá. Com certeza eram diferentes. 

– Vamos, Sasuke, tire a roupa. 

– Eu não. - Respondeu emburrado. 

Por mais chato que seja, meu mini pai pessoalmente é mais fofo do que pelas fotos antigas. Essa carinha marrenta é uma coisa muito fofa, embora essa criaturinha dê um trabalho do caramba. 

– Por que não, coisa chata? - Retruquei, já impaciente.

– Porque eu não vou tirar a roupa na sua frente. - O pirralho cruzou os bracinhos em frente ao corpo - Eu posso tomar banho sozinho. 

Suspirei pesadamente e ajeitei meu óculos. 

Esse menino tá testando minha paciência que, por acaso, eu devo ter deixado no útero da minha mãe quando eu nasci. 

– Anda logo. - Insisti. 

– Não. - Ele bateu o pezinho no chão - Eu sou um menino. 

Se ele acha que a Sakura tem "piu-piu", por que diz que não pode tirar a roupa na minha frente por ser menino? O que ele disse mais cedo deu a entender que, nessa idade, não sabe que meninos e meninas são diferentes 

Ah, crianças são complicadas! 

– E o que isso tem a ver? - Indaguei como quem não quer nada.

– A tia da creche dizia que os meninos não podiam tomar banho com as meninas. Na hora do banho ela separava as meninas dos meninos. - Ah, tá explicado - E você é menina. 

– Mas eu não sou sua coleguinha da creche. - Expliquei - Sua mãe não te dá banho? 

– Mas a mamãe é a mamãe!  - Respondeu como se fosse óbvio - Ela pode. 

– Sasuke, pare de enrolar. 

– Quero tomar banho sozinho. Sai daqui. 

Eu deveria confiar em deixar essa criança desse tamanho tomar banho só? Acho que não seria uma coisa muito sensata, mas é melhor do que discutir com um serzinho cabeça dura. Independente do tamanho, continua sendo Sasuke Uchiha, uma pessoa extremamente orgulhosa e que dificilmente muda de idéia. 

– Tá bom, coisinha, pode tomar banho sozinho. - Resolvi ceder, rezando pra não me arrepender amargamente disso - Sem bagunça, viu?

– Viu! - Ele falou alegre. 

Deixei o garoto sozinho no banheiro e passei no quarto para dar uma olhada na pequena rosada. Pelo menos minha pequena mãe já está dormindo feito um anjinho e pelo visto só acorda amanhã. 

Devo ir limpar as obras de arte na parede da sala? Não... Preciso de evidências, preciso de provas do crime. Deixa as obras de arte lá. 

Fiquei no quarto mesmo, esperando o pequeno Sasuke terminar seu banho. Qualquer barulho estranho, qualquer ruído suspeito, qualquer evidência de que o pequeno Sasuke está aprontando, ah, ele vai ver! É bom ficar por perto.

Peguei meu celular e enviei uma mensagem para o Boruto. Ele logo me respondeu e disse que anda pesquisando sobre o que aconteceu os meus pais... Espero que ele tenha uma resposta logo, pois estou sem tempo de pesquisar, além de estar exausta! 

Os minutos passaram e o único som que eu podia escutar, além da central de ar do quarto, era o da água do chuveiro caindo no chão. 

Se tem uma coisa de que eu tenho certeza nessa vida é: Criança acordada e quieta  é criança aprontando. Ou a criança tá acordada ou ela tá quieta, os dois juntos não dá. 

Na pontinha dos pés, entrei no banheiro em silêncio absoluto, tomando muito cuidado pra não chamar a atenção do pequenino que com certeza fazia algo suspeito. 

Minhas teorias estavam corretas, Sasuke não estava tomado banho normalmente como uma criança comum faria... O pirralho estava deitado no chão e todo ensaboado. Por acaso, o xampu da minha mãe estava aberto e também jogado no chão.

– Garoto! - Briguei, abrindo o box do banheiro de uma vez e assustando o pequeno Sasuke. 

– Ei! - Ele levantou em desespero e imediatamente cobriu sua nudez com as mãos - Não se tem mais pri... pri... É...? - O garoto fez uma expressão pensativa e muito engraçada - Como é mesmo aquela palavra? - Suspirou - O nome parece com "privada", mas eu não lembro o que é. 

"Privacidade", com certeza. Não sei onde essa criança ouviu tal palavra, tampouco sei como ele sabe o significado, mas ele está perdendo minha confiança consideravelmente! 

– Posso saber o que o senhor estava fazendo? - Arqueei uma sobrancelha. 

– Uma piscina. 

– Piscina? - Indaguei confusa.

– É. - Assentiu - Eu fechei esse negócio de vidro aí... - Referia-se ao box do banheiro - e queria encher até fazer uma piscina. 

Ah, aquele sonho de infância de todos. Não nego, já quis fazer isso uma vez.

– E por que você tá todo sujo de espuma? - Peguei o vidro de xampu da minha mãe, que, por acaso, estava cheio até cair nas mãos do Sasuke. 

– Porque eu queria uma piscina de água quente com espuma. 

Criança tem cada idéia, misericórdia! 

– Sasuke, a água sai pelo ralo, você não vai conseguir encher tudo.

O garoto sequer lembrou de fechar o ralo do banheiro. Na verdade acho que ele não se tocou mesmo. 

– Ah, que chato. - Ele abaixou o olhar, nitidamente triste.

– Tira essa espuma do corpo e sai logo do banho. 

Ordenei e deixei o garoto sozinho para ele terminar o banho. 

Cacete, eu tô cansada e com sono, custa ele parar de enrolar e terminar logo o banho pra eu poder finalmente dormir? 

Não demorou muito e Sasuke saiu do banheiro enrolado na toalha. Saiu todo molhado e, por acaso, molhando o chão do quarto; mas o importante é que ele saiu do banho. 

– Tia, você pode pegar aquele negócio ali pra mim brincar? - Ele apontou pra alguma coisa em cima da pia, mas eu só me liguei no jeito que ele falou errado. Argh! 

– Não é "pra mim brincar". - Corrigi - É "pra eu brincar". 

– Ah, não. - O pequeno, nitidamente frustrado, cruzou os braços em frente ao corpo - Você já é grande pra brincar, tia, deixa eu. 

Mereço... 

– Que diabos você quer, garoto? - Bufei. 

– Aquele negocinho ali, tá vendo? Aquele azul ali. - Sasuke apontou para o aparelho de barbear que meu pai usa; digo, o aparelho de barbear que ele mesmo usava quando estava adulto. 

Nunca que eu vou dar isso na mão de uma criança! Só se eu estivesse ficando doida. 

Por que tudo chama a atenção de criança? Não podem ver nada diferente, não podem ver nada colorido que já ficam querendo pegar e brincar.

– Sasuke, aquilo corta. - Expliquei - Faz dodói. 

– Ah, não... - Ele fez beicinho - Eu queria. 

– Mas não pode. Vai se vestir pra dormir, tá?!

Ainda com a cara fechada por não ter conseguido brincar com o bendito aparelho de barbear - que eu vou esconder pra evitar qualquer acidente posterior -, o pequeno Sasuke deixou que eu o secasse e que o ajudasse a se vestir pra dormir. 

Finalmente paz!

Coloquei ele na cama de casal, ao lado da pequena garota adormecida, e o cobri com o edredon. 

– Tia... - Ele sussurrou pra não acordar a Sakura - Tia...

– Oi, Sasuke? - Sentei perto dele - Tô aqui. Você quer que eu fique aqui até você dormir?

– Não. - Ele negou com a cabeça - Quero minha mamadeira.

Agora lascou de vez! 

– Mamadeira, Sasuke? - Suspirei desanimada - Você já é um homenzinho, não precisa mais de mamadeira. 

– Ah, tia... - Bocejou. O garoto tá caindo de sono, mas continua perturbando pra não perder a graça! - A mamãe mandou minha mamadeira, né?! Ela não pode ter esquecido da mamadeira. 

– Pois é, mas ela acabou esquecendo. 

– Ah, não... - Por que criança vive falando com a voz dengosa? Pode ser fofo, mas é chato - Compra uma mamadeira pra mim, tia.

Ok, ele realmente acha que eu vou sair de casa numa hora dessas e deixar duas crianças sozinhas - sendo que uma delas está acordada - só pra comprar uma porcaria de uma mamadeira? 

– Sasuke, coisinha mais fofa desse mundo, não tem mais nada aberto numa hora dessas.  - Expliquei - Você vai ter que dormir sem a sua mamadeira. 

– Mas eu queria tomar meu leitinho antes de dormir. - Fez beicinho.

– Serve no copo? 

– Não. - Negou com a cabeça, falando naquele tom de voz de criança que está prestes a começar a chorar - Quero meu leitinho na mamadeira.

– Não tem mamadeira. - Falei entre dentes - Fecha os olhos e dorme!

– Mas o Fred a mamãe mandou, né?! - Sasuke perguntou com a voz mais mansa. 

É mamadeira, é Fred... Esse menino não dorme, não? 

– Quem é Fred, Sasuke? - Suspirei, já temendo a resposta e me preparando psicologicamente pra ela.

– Meu dinossauro de pelúcia! Só durmo com ele.

– Você também tá meio velho pra dormir com bichinhos de pelúcia, Sasuke. Isso é coisa de bebê. 

– Não é. - Respondeu convicto - Ursinhos são coisas de bebê, mas o Fred é um dinossauro. Dinossauros não são coisas de bebês. 

Minha avó acostumou meu pai muito mal, putz!  

– Não tem mamadeira e não tem dinossauro. Fecha os olhinhos e vai dormir. 

Sasuke ainda resmungou um pouco, mas estava caindo de sono e acabou adormecendo. 

Finalmente! 

Fui trancar a casa, colocar ração e água pro Jon Snow, tomar um banho relaxante... Enfim, finalmente pude ficar quieta e sossegada. 

Coloquei travesseiros ao redor da cama de casal onde as crianças estão dormindo. 

Agora, eu deveria dormir no meu quarto? Acho bom ficar perto dos dois pestinhas mesmo durante a noite.

A cama dos meu pais é bem grande, eu dormia no meio deles sempre que tinha pesadelos ou quando chovia à noite e eu ficava com medo - sou uma tremenda empata foda, eu sei disso -; então é claro que agora, que eles estão consideravelmente menores, me cabe aí no meio. 

Na verdade não me deitei exatamente no meio, deitei na beirada; quem ficou no meio foi o meu pequeno pai. Uma vez ouvi a vovó Mikoto comentar que meu pai se mexia demais durante o sono quando era criança, portanto, é bom eu evitar que ele caia da cama. 

Agora o negócio é dormir, recarregar as energias e rezar pra que os dois anjinhos não se lembrem da promessa que eu fiz de levar eles pra tomar sorvete. 


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Notas finais do capítulo

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Bjs e até o próximo ♡