Children escrita por Evil Queen 42


Capítulo 2
Estou ferrada!


Notas iniciais do capítulo

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Senhor, eu vou surtar! Vou surtar! Vou surtar!

É óbvio que sei que esses dois pirralhos são meus pais, afinal, há fotos antigas deles aqui em casa. Sem falar que, como essas duas crianças vieram parar aqui, no lugar dos meus pais? 

Sarada, se controla... Relaxa... Não grite! Não grite ou então os dois vão abrir o berreiro de novo. 

Claro, porque meus pais só viraram crianças, então eu tenho motivos de sobra pra estar relaxada... Não! Eu tenho motivos de sobra pra surtar, sair correndo pelas paredes e arrancar meus cabelos! 

– Cadê a minha mãe? - Meu pequeno pai me encarou com as sobrancelhas unidas, questionando com a voz manhosa - Quem é você? 

– Crianças... - Suspirei - Calma...

Engraçado, eu peço calma, mas estou tremendo de nervosismo.

Não posso largar os dois num orfanato, mas mal sei cuidar de mim. Como vou cuidar de duas crianças de mais ou menos quatro ou cinco anos? São praticamente dois bebês! 

– O que eu tô fazendo aqui? - A garotinha aparentemente tímida questionou, escondendo-se atrás do cobertor, deixando apenas os grandes olhos verdes pra fora - Não conheço você e nem esse menino... 

Ah, garota, se tem duas pessoas que você conhece como ninguém, sem dúvidas somos nós dois.

– Eu vou ser... Vou ser babá de vocês. - Dei a primeira desculpa que me veio à cabeça - Seus pais precisaram muito viajar por uns dias e por isso os dois vão ficar comigo. Prometo que cuidarei bem de vocês. 

Não sei se isso é bem verdade, pois mal cuido de mim. Mas é claro que isso é estratégia, uma vez que não quero esses dois pestinhas berrando e chorando no meu ouvido. 

– Não acredito que o papai e a mamãe levaram o Itachi e não me levaram! - Emburrado, o garotinho cruzou os bracinhos em frente ao corpo e inflou as bochechas - Não é justo... Eu também sou filho deles... Era pra ter deixado o Itachi também. 

Não acredito que meu pai era tão dramático! 

Não, não, não, não! Tudo, menos choro! 

– Garoto, não chora! - Implorei. 

Porra, por que ele tem que chorar? Por que diabos criança tem que chorar por tudo?

– Eles não me levaram! - Soluçou - Por que a mamãe me largou?

Cacete, que drama! 

O que eu falo? O que eu falo? Caramba, isso é horrível! 

Eu poderia estar assistindo Reign, mas não, tô aqui adulando meu mini pai!

– Eles foram levar o Itachi no médico. - Respondi. Se quiser assustar uma criança, fale de médico - Seu irmão estava um pouco doente e foram levar ele para o médico ver... - Expliquei - Tenho certeza de que você não quer ir no médico, né?!

– Não... - Respondeu com a voz manhosa, porém mais calma - Ele sempre me manda tirar sangue. 

Olha que legal, já tenho com o que chantagiar o garoto caso ele faça alguma birra.

– Então pronto. - Falei - Mas fique tranquilo. Ele está bem. 

– Tia... - A pequena Sakura me chamou timidamente. Ela é fofa, espero que continue assim - A mamãe deixou minhas roupas? Quero me vestir. 

Droga! Eles estão enrolados nas roupas de adultos que estavam usando antes de... Enfim, antes dessa bizarrice acontecer. 

Não há roupas de crianças aqui em casa. O que eu faço? 

Sarada, pensa... Pensa... Você não é a melhor aluna da sua sala sem motivo algum. Você é inteligente, então pense numa saída. 

Já sei! 

O dinheiro que eu estava guardando vai pro ralo, mas não vou deixar os pequeninos nus. Eles são meus pais, me deram a vida e cuidaram de mim por quase dezesseis anos. É o mínimo que eu posso fazer.

– Eu vou buscar as roupas de vocês. - Respondi, já saindo do quarto - Fiquem aí. Não saiam dessa cama. Eu já volto.

Saí do quarto e fechei a porta, indo até o meu quarto em seguida. Peguei dentro da gaveta do meu criado mudo a chave do meu precioso cofrinho para poder abri-lo, então peguei a metade do meu dinheiro e coloquei em minha bolsa.

Vesti um short jeans preto com uma camisa vermelha, calcei sapatilhas pretas e pus as chaves de casa no bolso. 

Sim, eu deixei duas crianças sozinhas em casa, o que mais eu poderia fazer? Eles precisam de roupas, eu preciso tomar providências. 

Obviamente que não fui numa loja chique ou que venda roupas caras, pois minha verba é limitada. Fui numa loja mais baratinha mesmo, onde comprei algumas roupas para eles, cuecas, calcinhas e chinelos de borracha. Não foram muitas peças de roupa, mas é só ir lavando que não vai faltar. 

Cheguei em casa após um tempo na rua, esperando encontrar a casa inteira e em perfeito estado, do jeitinho que eu deixei. 

Entrei em casa e já estranhei o fato de estar muito quieta, pois todos dizem que o silêncio nunca se faz presente numa casa onde há crianças, a não ser que estejam dormindo.

Ah, vai ver eles dormiram. 

Fui até o quarto dos meus pais após deixar as sacolas com roupas no meu, então me deparei com a porta entreaberta e já me desesperei. 

Eu mandei esses dois ficarem quietos, por que diabos me desobedeceram? 

– Sasuke! Sakura! - Chamei. 

Não obtive resposta e meu coração gelou. Eles estão aprontando, eu sei que estão. 

Fui até a cozinha e quase tive uma parada cardíaca ao ver minha pequena mãe sobre o mármore da pia, querendo abrir o armário. 

Minha vontade foi de gritar, mas eu sabia que se fizesse isso a menina iria se assustar e como consequência iria cair no chão. 

Em completo silêncio e com a maior discrição do mundo, peguei a pequena rosada enrolada num lençol e a pus no chão. 

– Ei! - Fui repreendida pelo pirralho dos cabelos negros, sentado na cadeira e com os bracinhos apoiados sobre a mesa da cozinha - Por que você fez isso? 

– Porque ela ia cair! - Respondi - Vocês são loucos? De quem foi essa idéia? 

– Nós estamos com fome! - Disse a garotinha - Você deixou a gente aqui sem comida. 

– Eu trouxe roupa pra vocês. - Respondi. 

Foi quando percebi que meu pai também tá enrolado num lençol. 

Porra, os dois saíram arrastando lençóis pela casa e sujando tudo! Droga! 

– Eu quero me vestir e depois quero comer. - Sasuke se manifestou.

Acontece que a cadeira é um pouco alta para o garoto e ele meio que pulou pra poder descer. O lençol ficou preso na cadeira e meu pequeno pai bateu com a boca no chão. 

– Minha boca! - Ele começou a berrar feito um louco, me deixando ainda mais desesperada - Ai! Tá doendo! 

Fiquei sem saber o que fazer. O moleque bateu a boca, tá chorando e eu preciso fazer algo.

Droga! 

Se eu tivesse irmãos mais novos, com certeza saberia lidar melhor com essa situação. No entanto, meus pais não quiseram fazer irmãozinhos pra mim e agora tô nessa enrascada!

Enquanto o pequeno Sasuke berrava desesperadamente, peguei um pano de prato limpo na gaveta e coloquei duas pedras de gelo dentro dele. 

– Sasuke, vem aqui. - Chamei o garoto que já derramava grossas lágrimas. 

Soluçando de tanto chorar, o pequenino caminhou até mim. Sentei numa cadeira e o pus em meu colo, então levei o pano com gelo até a boquinha dele.

Ele foi se acalmando aos poucos, embora não tenha parado de chorar. Pelo menos não está mais gritando e isso já é um grande alívio. 

– Tia... - A pequena rosada chamou - Eu quero me vestir. - Insistiu.

– Tudo bem, Sakura. - Respondi - Vou vestir vocês dois. O Sasuke já se acalmou. 

Tirei o pano de cima da boca do garotinho, mas ele, ao invés de ficar quieto e calado, voltou a abrir o berreiro.

– Ah, tá saindo sangue! - Gritou em desespero.

– O que foi, Sasuke? - Indaguei preocupada, foi quando vi uma pequena e quase imperceptível mancha de sangue no pano branco. 

– Fez dodói. Tá saindo sangue. - Respondeu com a voz chorosa. 

– Sasuke... - Segurei em seu rostinho e analisei a pequena boca - Ah, foi um machucado bem pequeno. Relaxa. 

– Não vai sair as tripas? - Indagou com os olhinhos arregalados. 

– Não, Sasuke, não vai sair as tripas. - Não consegui conter um riso. 

Quando eu era criança e ficava fazendo drama por conta de um mísero machucado, meu pai olhava, arregalava os olhos e brincava: "Nossa, Sarada, vai sair as tripas!". Agora eu sei de onde veio isso. 

– Tia! - A rosada começou a insistir com aquela voz irritante de criança que está prestes a fazer birra - Vamos logo! Eu quero me vestir! 

– Ok... - Assenti. 

Me levantei após colocar meu mini pai no chão, então fui caminhando em direção ao meu quarto, seguida pelas duas criaturinhas que estão enroladas em lençóis. Parecem dois fantasminhas, isso é engraçado. 

– Seu quarto é legal! - Sakura olhou para todos os cantos do meu quarto, então pegou meu tablet que estava sobre o meu criado mudo - O que é isso?

– Não! - Tomei o aparelho eletrônico da mãozinha gordinha e coloquei sobre a minha cama - Não mexa. 

– Sua televisão é diferente da que tem na minha casa... - Comentou o pequeno moreno - Não tem aquela caixa grande atrás. É fina.

– Pois é... - Abri a sacola com as roupas, chamando a atenção dos dois pirralhos - Vocês sabem se vestir sozinhos, né? 

– Eu sei! - Os dois disseram em uníssono. 

Por uma obra divina, o pequeno Sasuke parou de chorar. 

Putz, meu pai era um pirralho dengoso pra caramba!

Peguei uma calcinha e dei para a rosada; Depois peguei uma cuequinha e dei para o moreno. Eles vestiram rapidamente e ao mesmo tempo, foi engraçado. Logo se livraram dos lençóis que usavam para se cobrir. 

Eu ia dar uma roupa pra cada, mas eles simplesmente saíram correndo do quarto, me deixando completamente sozinha.

Então tá, né... 

Pelo menos assim eles não ficam sujando roupa pra eu lavar. Ótimo!  

Fui atrás das duas pestes, digo, dos meus pais em miniatura. Encontrei os dois na cozinha, encarando a geladeira com expectativa. 

– Tô com fome! - Disse a garotinha - Tia, faz alguma coisa pra comer?

– Meu nome é Sarada. - Respondi. 

– Tá bom... Tia Sarada, faz alguma coisa pra comer? - Mereço... - Por favorzinho. 

 Abri o armário e peguei dois pacotes de biscoito, ambos de chocolate, então dei um pra cada. Depois enchi dois copos com leite e também dei um para cada.

Pronto. Melhor lanche não há. 

– Tia Sarada... - Sasuke me chamou enquanto abria seu pacote de biscoito - Eu não gosto de leite branco.

– Sasuke... - Não contive um riso - Todo leite é branco. 

– Eu gosto com chocolate. - Retrucou o menino - Leite branco é ruim. 

Bufei e revirei os olhos. Criança é foda, viu... Qual é o problema de tomar leite puro? É bom!

 Peguei a lata de achocolatado no armário e uma colher de chá na gaveta; Coloquei um pouco de achocolatado no copo do garoto e mexi. 

– Sakura, você quer? - Questionei e a menina assentiu. 

Coloquei achocolatado no leite dela também. 

Paz... 

Eles estão comendo calados. Paz... Só não sei por quanto tempo, infelizmente. 

Preciso descobrir como meus pais voltaram à infância e me virar para cuidar deles nessa situação até voltarem ao normal... Se é que vão voltar ao normal algum dia. 

Enfim, a única certeza que eu tenho é de que estou ferrada!


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Notas finais do capítulo

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