Toca o despertador, segunda-feira às 6h30 de manhã. Mais uma semana a morrer pelos cantos naquilo a que chamam escola. Não tenho vontade nenhuma de sair da cama, deve estar um gelo lá fora. Pouso o pé no chão e comprovo, que, de facto estava um inverno desgraçado. Pego num dos meus maiores tesouros (os meus fones) e ponho-me a ouvir o Handwritten todo de seguida. Era incrível como aquele Shawn Mendes alegrava os meus dias com essa voz de ouro. Era a minha distração deste mundo tão frio. Que depressiva que eu andava, meu deus. Saio de casa e apanho o autocarro. Eram quase 8h. Ainda faltava meia hora para a minha primeira aula,( DE MATEMÁTICA!) começar. Mais trinta minutos de sossego a ouvir o meu amor platónico! O dia foi passando, acho que nunca me senti tão excluída. Aqueles que eu passava a vida a ajudar já nem me falavam. Estou tão farta da minha vida! Onde é que foram os amigos? Tenho a sensação que não vou aguentar muito mais tempo perto destas pessoas, e deste ritmo de vida TÃO monótono. Finalmente as aulas acabam, e o meu pai vem me buscar. 
— Então filha, como é que correu o dia? 
— Bem pai.
Às vezes era melhor mentir. Eu sei que a minha família toda estava farta de ouvir esse “SHAWN” o dia todo, mas não quero saber. Ponho o “Running Low” a tocar, e fico pensativa a olhar para a janela. Estava a ter um feeling de que algo ia mudar na minha vida. Chego a casa e tento concentrar-me. Amanhã vou ter teste e preciso de me prender às notas, que é o único que me resta. Acabo de estudar e vou para à mesa, sem fome nenhuma. Ultimamente não andava com vontade de comer nada, mas como fazia imenso exercício o que mais me faltava era que me desse um treco qualquer, por isso tentava engolir os alimentos. De repente para tudo! A minha mãe solta uma frase que me alegra o dia, e que me prova, que de facto algo irá mudar.
— Emma, já que para o ano vais para o 10º, o que te parece se fosses estudar um ano no estrangeiro? Estive a ver uma família portuguesa que recebe estudantes da tua idade no Canadá. 
Fico paralisada, aquilo que a minha mãe propunha era bom de mais para ser verdade!