Eu estava atravessando o corredor com todos os olhares em mim.

-“Sai daqui!”

-“Não te queremos aqui!”

Eles gritavam isso constantemente. Parece que quanto mais eu corria, aquele corredor não acabava nunca.

-“Monstro”

Meus olhos marejaram e imediatamente lágrimas rolaram por meu rosto.

-“Aberração!”

Eu não era uma aberração. Bom, pelo menos ate onde eu sei.

Eu estou confusa demais. Minha cabeça estava a mil e a única coisa que estava me deixando sã  , era que eu queria sair daquele lugar o mais rápido possível.

Senti mãos tanto quentes quanto frias me segurando e abri meus olhos vendo que aquilo tudo não se passava de um pesadelo.

-“Foi só um pesadelo, foi só um pesadelo” - Disse passando a mão em minha testa secando as pequenas gotas de suor que se formavam.

-“Isso meu amor. Foi apenas um sonho”-Meu avô me abraçava.

Minha mãe também estava ao meu lado.

-“Oh minha filha. Não fique assim. Não tem o porquê disso”-Disse minha mãe apenas acariciando meu rosto, já que eu estava como uma bola no colo de meu avô.

Ele era -depois do meu pai, do Seth e do meu irmão- meu protetor. Aquele em quem eu confiava e era meu cúmplice.

Ele riu, provavelmente pelo meu pensamento, e me abraçou forte e beijou o topo da minha cabeça.

-“Obrigada a vocês dois”-Disse me sentando corretamente no colo do meu avô -“Não estou muito segura. Não sei...”

Não pude completar o que iria dizer, pois meu pai e Seth entraram como loucos e se atropelando quarto adentro.

-“O que aconteceu?”- Perguntou Seth me encarando com os olhos arregalados mais repletos de carinho e preocupação.

-“Meu amor, ouvimos você gritar”-Disse meu pai ajoelhando-se diante de mim e acariciando meu rosto.

-“Foi só um sonho ruim, papai. Mas eu ainda não quero ir”-Disse olhando para minha mãe com um olhar lhe pedindo autorização

-“Princesa, não fica assim. Estaremos todos lá com você”-Disse Seth e abriu o seu lindo sorriso e veio me abraçar

-“Vocês me prometem?”-Disse toda manhosa

-“È claro minha filha”-Disse minha mãe

-“Sempre filhota” -Disse meu pai com o sorriso maravilhoso que eu amava.

Olhei para Seth apreensiva

-“Dãã, é claro que sim minha princesa”

Todos riram.

-“Sempre meu anjo” -Disse vovô

-“Bom dia” -A bisa disse anunciando sua chegada

-“Bom dia” -Respondemos em uníssono

-“Vamos comer?” -Ela nos chamou

Todos saíram do quarto e encontramos tio Emmett sentado nas escadas com a cabeça entre as mãos. Sentei-me ao seu lado.

-“O que foi tio?” -Perguntei ganhando sua atenção

-“Eu não sei se eu fiz o Jardim 1, e eu pedi para o papai me matricular, mas ele não quis” -Meu Deus, só podia ser o tio Emmett para pedir uma coisa dessas ao biso.

-“Tio, é claro que você fez o Jardim 1, por que se não você não teria feito as outras séries, não concorda comigo?” -Ele assentiu -“Então não tem o porquê de você estar chorando sem lágrimas” -Abri meus braços e ele me abraçou

-“Quer ver o meu estojo que eu já havia comprado do Barney?” -Um homem desse tamanho ter um estojo do Barney, mas não queria ferir os seus sentimentos

-“Claro tio”

-“Depois eu te mostro então, por que você deve estar com fome” -Ele sorriu e saiu em direção ao quarto do Heitor

Levantei-me e fui para a cozinha e todos já estavam comendo

-“Sabia que é muito feio não esperar todos para começar a comer?” -Disse me sentando e percebi que minha mãe não estava comendo

-“Sem fome mamãe?”

-“Cacei ontem a noite querida” -Disse minha mãe e milésimos depois escutamos um som abafado no andar de cima. Olhei para meu pai que estava de olhos arregalados e saímos correndo ao quarto do Heitor

-“Emmett o que você...” -Disse meu pai, mas quando entramos no quarto não precisava de mais explicações

-“Depois de chorar as minhas mágoas com a Sthefanie, eu fui ate meu banheiro e peguei um balde de água fria para esfriar o Heitor, já que ultimamente esta muito esquentado. Ai quando eu joguei o balde ele levantou bravo, começou a tremer e virou meu cachorrinho de estimação” lá levem ele com esse história de cachorrinho de estimação que o Heitor odeia “Vocês viram? Eu não fiz nada!”

Heitor já havia se transformado de volta e vestido uma roupa.

-“Nada tio. Nada” -Disse Heitor que já estava mais calmo

Fui abraçá-lo.

-“Bom dia”

-“Bom dia maninha”

Ele me abraçou e beijou minha testa, minha bochecha e por ultimo, que eu adorava, beijou a ponta do meu nariz. Ficamos abraçados.

-“Emmett, você quer que eu conte pra loura o que você fez? Aposto que ela não gostaria de saber que você esta atormentando Heitor.” -Chantageou meu pai.

Agora ele jogou baixo. Ele sabia o quanto a tia Rose amava o Heitor, e se ela soubesse que o tio andou atormentando ele, ela ficaria brava e ele ficaria na seca. Seja lá o que isso significa. Tio Emmett balançou a cabeça e fez bico.

-“Tudo nessa cidade é ruim! Eu quero voltar pra Forks!” -Gritou ele e saiu pisando duro

-“Sempre que mudamos é assim. Acho melhor vocês se acostumarem.” -Disse meu avô entrando no quarto -“Heitor, você deverá ficar com alguém na escola, caso aconteça algo” -Meu pai e Heitor assentiram

-“Claro que não vai acontecer nada. O Heitor agüenta não tremer por umas horas, não é maninho?” -Disse olhando para ele

-“Claro maninha. Bom, espero que sim. Mas é fácil eu não ficar com raiva e me transformar em um enorme lobo no meio do corredor.”- Disse ele com a maior tranqüilidade. Fiquei curiosa

-“Como?” -Perguntei e percebi que todos também estavam olhando para ele com uma certa curiosidade

-“È muito simples. È só nem um marmanjo metido a besta se meter com você que eu fico controlado”

Todos riram

-“Você é muito ciumento, sabia?” -Tentei dizer séria, mas inevitavelmente falei rindo

-“Tenho que cuidar da minha maninha” -Ele beijou minha testa 

-“E ái das ‘patis’ cheias de purpurina e frufrus se meterem com vocês” -Agora disse realmente séria só de pensar na possibilidade disso. Argh!

-“Como assim ‘vocês’?” -Perguntou ele divertido

-“Você e o Seth.”

-“Eu?” -Disse Seth visivelmente se divertindo com a situação. Não sei o que era divertido ali? Aquilo era um assunto sério!

-“Vocês estavam pensando o que? Que a escola iria ser só farra? Nananinanão. Nem por cima do meu cadáver.”

-“Oh! A minha maninha esta com ciuminho do lobão aqui?” -Disse ele me abraçando

-“Convencido isso sim” -Disse cruzando os braços e fazendo bico

-“Mais você me ama?” -Disse ele me abraçando por trás

-“Dããã, é lógico né?”

-“Eu também, maninha”

Tia Alice entrou no quarto bufando de raiva.

-“O que vocês ainda estão fazendo aqui, que ainda não se arrumaram? Vamos! Todos se arrumando! Vai, vai, vai, vai!”

Todos não tivemos nem tempo para terminar de comer. Todos estavam lindos como sempre. Eu já era mais ligada como iria me vestir para ir a cada respectivo lugar do que os outros -exceto por tia Alice-. Então escolhi a minha própria roupa. Eu era a única que a tia Alice não fazia questão de vestir já que o nosso gosto era o mesmo. A não ser que às vezes ela exagera um pouco, assim eu já não fazia.

Eu estava com uma calça Jeans escura bem justa ao corpo, uma longa bata cor de vinho com alçinha fina com um colete preto sem manga por cima. O sapato era de um salto razoavelmente alto e roxo.

Peguei minha bolsa e sai em direção à garagem onde todos me esperavam. Quando entrei todos prenderam seus olhares em mim e também tive direto a assovios do tio Emmett.

-“Vamos?” -Disse e imediatamente todos fomos para seus respectivos carros