Natal entre lobos. escrita por Thai


Capítulo 4
25 de Dezembro de 2015


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Tive uns imprevistos e não consegui postar antes. O natal já tá aí ♥
Ainda teremos um capítulo pro dia 25, então nem tudo está perdido ahah
Espero que gostei do capítulo.



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25 de dezembro de 2015

— Você acha que ele vai estar lá? — Sansa perguntou inquieta, mirando a paisagem que passava como vulto através das janelas do carro. A neve caía suave e gentil naquela véspera de natal.  

— Você sabe que sim — Robb disse, a olhando por meio segundo antes de voltar a prestar atenção na estrada. — Todos estarão lá — completou.

Sansa suspirou pesadamente, envolvendo os dedos no colar que Jon havia lhe dado no natal do ano que se passou. Seu tio Brandon havia retornado de Dorne, onde morava com sua esposa Ashara, para passar o natal com a família. E então seu tio Benjen havia aproveitado para também se unir a eles, antecipando a volta do mochilão que fazia pelas cidades mais ao norte. Por fim, resolveram se reunir na casa de Lyanna porque era menor e assim também mais aconchegante, pelo menos de acordo com eles. Os Stark apreciavam estar juntos, amontoados, e desde que o avô de Sansa, Rickard, havia falecido, eles nunca mais haviam estado todos juntos. Catelyn não havia gostado nada da ideia, já que sua casa era muito maior e lá poderia manter o controle sobre as coisas e havia também algum tipo de história passada entre ela e Brandon que Sansa não tinha conhecimento total sobre. Mesmo assim, seus protestos não foram ouvidos por Eddard e ali estavam. Sansa e Robb no carro do irmão, enquanto seu pai e sua mãe iam à frente com Arya, Bran e Rickon.

Sansa não se incomodava com a reunião familiar, gostava de todos os seus tios, gostava do drama que acontecia quando estavam todos juntos e suas diferenças eram colocadas em cheque. Mas Jon também estaria lá. No último natal haviam resolvido que tentariam manter uma relação mesmo com a distância, porém nada havia saído da maneira como esperavam. Era difícil que se vissem porque Sansa não encontrava tempo para vê-lo já que aquele era seu penúltimo ano na escola e Jon estava cada vez mais cheio de trabalhos e estudos, ela sabia que no fundo também faltava um pouco de esforço de ambos. Quando conseguiam falar no telefone, já era tão tarde da noite que se encontravam exaustos por causa do dia cheio e a disposição para conversar era escassa. Então tudo havia se desgastado de forma natural, como se a rotina fosse lhes sugando aos poucos.

O fim do relacionamento veio no final de agosto, depois de Sansa passar as férias em Porto Real e conhecer os amigos de Jon e a cidade. Ela se viu deslocada. Pela primeira vez sentiu como se não estivesse em sintonia com Jon, como se a vida os tivesse colocado tão distantes em questões emocionais quanto os quilômetros que separavam a capital de Winterfell. Ele já não era mais o mesmo, alguns poderiam dizer que havia amadurecido, mas ela sentia que ele apenas estava diferente, mas não para bem. Havia sido duro no começo, mas quando voltou para casa e para a rotina, pouco era o tempo que tinha para realmente pensar naquilo. Teve que engolir a angústia porque não podia perder o foco. As aulas de desenho agora aconteciam todos os dias, algumas vezes até mesmo no final de semana, e sempre que Jon visitava suas lembranças tratava de se ocupar com alguma coisa. Agora, além de desenhar esboços de roupas, ela também havia passado a pintar quadros, o que acabava por tirá-la do mundo real. Porém, naquele instante, não havia como fugir dos sentimentos mal resolvidos. Ela sabia que ainda gostava dele, mesmo que tivesse passado a notar outros garotos, mesmo que os olhos de seu professor do curso, Willas, a encantassem de maneira incomum. Sabia que Jon sempre estaria dentro dela, fosse da maneira que fosse, ela gostasse de quem ele havia se tornado ou não. Então, quando Robb parou o carro em frente à casa de Lyanna, Sansa permaneceu imóvel no assento.

— Você tem que encarar — Robb a olhou. Os olhos acolhedores de irmão mais velho que só ele sabia lhe lançar. Sentia falta dele. Perdeu Robb e Jon quase que de uma só vez. Seu irmão havia partido para cursar arquitetura em Pentos e ela se viu sem seus dois modelos e fortalezas.

— Eu sei — disse muito baixo, quase de forma inaudível. — Eu só... E se ele estiver lá dentro com uma garota? — então encarou Robb. Ele e Jon eram muito amigos, então esperou que o irmão lhe dissesse algo sobre alguma nova namorada.

— Ouvi dizer que voltou com Ygritte — ele falou com cuidado, a sondando de maneira atenta.

— Imaginei que sim.

Havia conhecido Ygritte em sua estadia em Porto Real. Era a garota que Jon havia se envolvido após o primeiro termino com Sansa. Eram um pouco parecidas em aparência, mas suas personalidades eram tão distintas quanto a dela e de Arya. Entendia o motivo de Jon ter se encantado pela garota porque ela exalava aventura, mas ao mesmo tempo não conseguia imaginá-los juntos, por serem tão distintos, no entanto se recordava de que Jon já não era o garoto pelo qual se apaixonou e percebeu que talvez ele e Ygritte combinassem bem mais do que ela gostaria de admitir.

— Não vão entrar? — Sansa deu um pequeno sobressalto quando a face de Arya apareceu colada no vidro, sorrindo.

Ela abriu a porta do carro e saiu para o frio. Encolheu-se dentro de seu casaco e fechou a cara para a irmã. Arya lhe sorria de maneira cínica, mas Sansa conseguia ver no fundo de seus olhos a preocupação. Mesmo que tivessem personalidades tão opostas, elas nunca se desejavam mal de verdade. Sentiu quando Robb tomou-lhe o braço e então caminharam para dentro. Seus outros irmãos e seus pais já haviam entrado, então não tinha motivo para adiar. O clima do lado de dentro era de total agitação. As vozes eram altas e alteradas e Sansa podia jurar que alguns já estavam bêbados. Avistou Dany vindo em sua direção com um grande sorriso no rosto e a abraçando com força em seguida, perdendo Robb de vista.

— Nunca mais fique tanto tempo sem me visitar! — Daenerys lhe lançou um olhar zangado, mas ainda sorria de forma acolhedora.

— É você quem vai me abandonar dessa vez! — elas então caminharam até a sala onde o movimento parecia ter se concentrado.

— Sim, é verdade, mas nos veremos nas férias e você pode me visitar em Meereen, certo? Drogo disse que você iria adorar, eles tem costumes e vestes muito características, pode usar como inspiração! — Sansa sorriu para sua amiga. Drogo era o novo namorado de Dany, estrangeiro e muito bonito, se sentia grata que tivesse encontrado alguém que a pudesse fazer feliz e a tirar daquele lugar frio que claramente não combinava em nada com ela.

— Sim, podemos ver isso, mas você sabe que não posso agora. — disse, enfim parando na porta da sala e avistando toda a sua família reunida.

Tio Brandon estava mais bronzeado, se destacando dentre os rostos pálidos dos Stark, sorria e balançava uma caneca de cerveja, argumentando sobre algo com Benjen. Sua esposa Ashara estava ao seu lado, sempre muito bonita e elegante, sorrindo de maneira contida, mas Sansa podia ver que se divertia, mesmo que segurasse o braço do marido de maneira a repreendê-lo quando se alterasse mais do que o devido. E bem na frente do irmão estava tio Ben, de pé e imponente, com a barba cheia e os cabelos caindo sobre os ombros, com um ar jovial e rebelde. Verdadeiros opostos. Lyanna estava sentada ao lado de Rhaegar e observava atenta a discussão, pronta para intervir e colocar mais lenha naquela fogueira. Enquanto seu marido parecia completamente alheio àquilo tudo, conversando com Catelyn alguma coisa que Sansa não podia imaginar o que era, mas que concluiu que tivesse algo a ver com ela porque quando seus olhos cruzaram com os de sua mãe ela se calou no mesmo instante. E então seu pai agia como uma espécie de intermediador, atento ao que era dito, concordando silenciosamente vez ou outra.

— Vamos lá fora, todos os que interessam estão lá — Dany disse, a puxando para o quintal da casa.

— Espere — Sansa parou. — Jon trouxe ela?   

— Sério, Sansa? Por favor, supera essa história. — Daenerys tinha os olhos frios de repreensão, mesmo assim conseguia ver a compreensão no fundo. — Não. Ele veio só. — disse, por fim, percebendo que a amiga não iria ceder.

Sansa assentiu e respirou aliviada. Quando chegaram ao quintal coberto, todos estavam sentados nos bancos que haviam ali, viu Robb virando uma lata de cerveja com muita naturalidade e torceu o nariz. Jon fazia o mesmo e de certa forma aquela imagem a surpreendeu, mesmo que já tivesse o visto beber e até mesmo fumar quando o visitou na capital. E então viu que Arya também abria uma latinha.

— Arya! — sua voz saiu como uma ordem, quase igual à de sua mãe, chamando a atenção de todos para si. — Você não vai beber isso!

— E quem vai me impedir, você? — Arya riu e deu um gole em sua bebida.

— Você está vendo isso? — olhou para Robb, indignada.

— Não sou o pai dela — deu de ombros, despreocupado.

— Mas é o irmão mais velho! — revirou os olhos, sentindo o sangue ferver sob suas veias. Robb sabia ser inconsequente. — E você, Jon? — então pela primeira vez na noite os olhos dos dois se cruzaram. Observou enquanto Jon caminhava até Arya e tomava a latinha dela, porém não sem protestos vindos da caçula.

— Estraga prazeres — Arya bufou e saiu dali, talvez para se juntar a Rickon e Bran que com certeza deveriam ter encontrado o videogame no quarto de Jon.

— Vocês dois são completamente irresponsáveis! — falou zangada, sentando-se no banco ao lado de Robb, cruzando os braços.

— Pega leve, Sansa. Nem todo mundo é completamente fissurado em regras como você — o irmão lhe sorriu de forma marota, colocando os braços ao seu redor. — Ela está crescendo, você sabe. E é melhor que faça na nossa presença do que sozinha com vai saber quem.

— É, mas você não tem que conviver com ela e não teria que lidar com mamãe caso ela descobrisse! Por favor, Robb, tente não causar enquanto estiver aqui. — repreendeu o irmão, sentindo-se exausta. Às vezes era cansativo ter que servir de mãe para o seu irmão mais velho.

E então o silencio reinou. Sansa encarou Jon, um pouco revoltada que ele tivesse deixado que Arya tomasse aquela cerveja. Dany se remexeu desconfortável, trocando o peso dos pés. Foi Robb o responsável por quebrar o gelo.

— Essa festa virou um enterro — constatou, se levantando. — Vamos, Dany, não queremos fazer parte dessa DR, não é mesmo? — ele sorriu e caminhou para fora, puxando Dany consigo. Daenerys ainda teve tempo de lançar à Sansa um olhar de impotência e depois desapareceu.

— Oi — Jon disse, com a voz um pouco falha e baixa. Talvez envergonhado.

— Hey — Sansa forçou um sorriso, não se sentindo nada confortável.

— Como você está? — perguntou, se aproximando dela e ficando ao seu lado no banco. Aquela pouca distância entre eles fez Sansa sentir-se nostálgica, mas os sentimentos reprimidos não foram suficientes para que ela amolecesse.  

— Estou bem. — falou de maneira automática, quase grossa. — Não quero fazer isso de novo, Jon. — reclamou, lembrando-se da conversa no natal passado, onde haviam tentando parecer confortáveis na presença um do outro. Mas daquela vez tudo parecia fora de lugar.

— Mas eu não quero que sejamos estranhos, Sansa. Isso é tão errado. — ele colocou a lata que segurava de lado, passando a mão nos cabelos em seguida, claramente exausto emocionalmente.

— Quero fazer o que for melhor, mas se isso significa que tenho que sair da sua vida, tudo bem. — dizer aquelas palavras foi doloroso, não estava nada bem, mas não via um meio de as coisas permanecerem naturais sem ambos se sentirem alheios. — Sinto que estou perdendo meu melhor amigo.

— Você não tem que me perder — ele então puxou as mãos dela, segurando-as com firmeza. — Eu sei que não quero perdê-la.

— Mas acontece que já nos perdemos, Jon. Não consegue ver? — ela puxou as mãos. — Eu nem o reconheço mais! Deixando Arya beber... Você sempre a protegeu. O que há de errado com você?

— Arya não é minha responsabilidade, Sansa. — ele falou de maneira displicente. — E você não tem que abarcar o mundo com os braços. Cuide mais de si mesma.

— O que? — ela riu nervosamente, se levantando. — Eu não posso fazer isso e não vou, alguém tem que tomar conta deles, certo? Se não fosse por mim aquela casa já teria ido abaixo. Pode me procurar quando encontrar o Jon que eu cresci e que amei. Esse não é você e eu não gosto dessa versão.

Então saiu dali, tentando ser forte para não chorar. Ele havia escolhido ser daquela maneira, não havia nada que pudesse fazer. Já não era mais o garoto responsável e gentil que havia conhecido um dia. Que havia amado e que pensou que sempre amaria. Naquele momento, porém, não conseguia encontrar motivos para tal. Quando voltou para a sala, forçou um sorriso em seus lábios, não querendo deixar transparecer que estava abalada. Catelyn percebeu tudo, no entanto. Pouco era o que conseguia deixar passar aos olhos de sua mãe. Portanto, quando se aproximou, Sansa se viu sem forças para argumentar qualquer coisa.

— O que aquele garoto fez? — perguntou incisiva. — Eu não quero você triste, Sansa, muito menos abalada por causa dele! Existem coisas mais importantes na sua vida. — Catelyn a mirou, a olhando tão fundo nos olhos que se sentiu vasculhada.

— Apenas deixe quieto, mamãe. Não quero lidar com isso agora. — então se afastou, ignorando os chamados insistentes de sua mãe.

Escolheu se refugiar no quarto vazio de sua tia. Podia ouvir as risadas vindas do quarto de Jon e vez ou outra ouvia as brigas entre seus irmãos. Ela sentia-se sozinha agora. Não havia Jon para contar, não havia Robb para lhe acolher mesmo que às vezes ele lhe tirasse do sério. E logo não haveria Dany também. Algumas lágrimas rolaram por sua face. Não queria chorar, mas pareceu inevitável agora que estava li completamente vulnerável. Ouviu um barulho vindo da porta do quarto e então enxugou as lágrimas rapidamente. Viu Eddard Stark surgir ali com uma face de preocupação e soube que assim como não conseguia esconder nada de sua mãe, também não conseguia esconder dele.

— Hey, criança — ele sorriu de forma acolhedora. Ela se sentiu melhor quase automaticamente, seu pai tinha aquela espécie de poder de fazer qualquer um se sentir bem com sua presença. — Sua mãe estava uma pilha lá embaixo, tive que vir antes que ela viesse, sabe como ela pode ser espaçosa, principalmente com você. — embora fosse um comentário maldoso, não havia maldade alguma sem suas palavras que saíam quase que de maneira gentil. — Por que chora?

— Não é nada — tentou esconder o rosto quando ele se sentou ao seu lado na cama.

— Eu sei que tenta, mas não consegue esconder muito bem o que sente. Você sempre foi a mais sentimental de todos nós, mesmo que se esforçasse para parecer forte. — ele então tocou sua face com cuidado, enxugando as lágrimas que ainda persistiam. — É Jon? Você sabe que sempre apoiei a relação de vocês, mas não quando lhe causar algum mal, algum desconforto. — seu pai era o homem mais sensato que conhecia.

— Não é ele... — ela então levantou os olhos para mirá-lo. Costumava achar que Jon cresceria para se tornar Ned, mas não conseguia mais enxergar vestígios de seu pai nele. Eddard lhe lançou um olhar sugestivo, como se lhe dissesse que sabia que não era verdade o que dizia. — Bem, não é apenas ele. É tudo. — fez uma reclamação que antes era apenas interna.

— O que quer dizer? — ele parecia interessado. Seu pai sempre estava interessado em tudo o que acontecia com seus filhos, mas ele sabia lhes dar espaço, diferente de sua mãe.

— É só que... Tudo está mudando. Robb se foi, Jon virou alguém que não reconheço, Dany está partindo... E em breve tudo mudará em minha vida também. Eu não sei o que fazer, é como se as coisas tivessem saindo do controle e eu não pudesse fazer nada a respeito — era um alívio poder falar o que sentia. Ela estava se sentindo completamente perdida e sufocada.

— Entendo... — sua voz era suave, ele realmente entendia. — Mudanças são assustadoras, Sansa. Mas elas são necessárias, todos enfrentamos, todos temos que passar por elas, sejam boas ou ruins. É completamente normal que tenha medo, isso prova que é humana e que se importa, mas você não tem que tentar controlá-las. Não tem que abarcar o mundo com os braços — ela então o encarou. Era o mesmo que Jon havia lhe dito. Talvez ele não tivesse se distanciado tanto assim. — Tudo muda, minha criança, e vai continuar mudando mesmo quando você achar que está em um momento estável, uma vez que perceber isso será mais fácil de lidar.

Ela ficou em silencio por um momento. Muito porque não havia como responder àquilo. Sabia que ele estava certo, sempre estava. Mas não havia o que ser dito em resposta. Também porque ele sabia que ela entendia. Então se ateve a agradecer.

— Obrigada, pai. — então abriu um sorriso sincero. Não se lembrava de alguma vez ter tido alguma conversa com seu pai quando estava triste e não sair se sentindo melhor.

— Não é nada. Eu também tenho que lidar com essas mudanças, vocês todos crescendo... — ele então a puxou para um abraço, depositando um beijo delicado em sua testa. — Devemos ir agora, sua mãe deve estar nervosa — sorriu-lhe. — Além disso, está quase na hora da ceia.

Eles saíram dali e quando chegaram à sala Cat e Ned apenas trocaram um olhar cúmplice. Eles eram duas pessoas que se neutralizavam, talvez aquele fosse o motivo para o casamento ser tão bem sucedido. Sansa evitou contato com Jon. Evitou olhar para ele quando o relógio virou a meia noite e o natal enfim havia chegado. Era difícil. Os natais costumavam ser sua época do ano favorita, principalmente porque Jon esteve ao lado dela em praticamente todos os que se lembrava, mas agora ela o encarava apenas como mais uma data. Riu algumas vezes de Benjen e Brandon discordando sobre algo, conversou com Dany e ficou feliz com a animação da amiga, se divertiu com as histórias da infância de seu pai e de seus tios e até conseguiu arrancar de Ben a história que circulava Brandon e sua mãe. Segundo ele, Bran e Cat haviam sido namorados antes de ela começar a namorar o seu pai. Sansa não conseguiu saber muitos detalhes porque sua mãe chegou interrompendo e chamando para ir embora. Ela se despediu de todos, mas deixou Jon por último. Esperou que sua família já tivesse ido e apenas Robb ainda a esperava. Aproximou-se de Jon que estava parado na porta a aguardando.

— Sinto muito se fui rude mais cedo — ela disse, não o olhando nos olhos, sentindo-se um pouco constrangida.

— Não foi nada, Sansa. — ele disse sereno, não se lembrava de alguma vez ter visto Jon perder a calma.

— Entendo que tenha mudado, que tenha encontrado um novo caminho, mesmo que não me agrade. É sua vida, eu não tenho nada a ver com isso. — admitiu de forma amarga. Ela não podia controlá-lo.

— Não é assim, Sansa. Eu me importo com sua opinião, você sabe. Talvez eu esteja me distanciando de quem eu realmente gostaria de ser. Você sempre foi meu alicerce, minha âncora. Talvez estar longe de você tenha me feito desviar... — ela sentia os olhos dele queimando sobre si, mas não tinha coragem de olhá-lo, muito porque aquelas palavras tinham mexido com ela, mas não queria fraquejar. Não adiantava insistir em uma relação fadada ao fim. — Eu não quero que as coisas fiquem frias entre a gente. Por favor, Sansa.

— Você tem apenas que viver a sua vida e eu a minha. — foi então que o olhou. Podia ver que ele não tinha recebido suas palavras muito bem.

— Ainda usa o colar — ele constatou, tocando o pingente que ela usava. — Você não está falando sério quando diz isso. Eu conheço você.

— Posso não estar cem por cento segura das minhas palavras, Jon, mas são o que quero dizer. Quero que sejam verdade. Eu quero que você viva as experiências que está vivendo se elas te fazem feliz, não quero impedir. — ela então tocou o fecho do colar, abrindo-o em seguida. O estendeu para ele, devolvendo-o.

— Eu não vou aceitar. É seu — ele se recusou, segurando a mão dela com a palma aberta e a fechando ao redor do colar, a olhando com um olhar de repreensão. — Pare com isso, Sansa.

— Não torne as coisas mais difíceis, por favor. — sua voz era de súplica, já era difícil o suficiente sem que ele fosse tão resistente.

— Não vou torná-las fáceis se é isso que pensa. Acha que vou desistir fácil de você?

— Você já fez. — deixou que seus olhos frios os julgassem. Ele havia se distanciado do caminho deles, ele havia se envolvido com outra pessoa. Não ela. Nunca ela.

Então Sansa deu as costas para Jon, percebendo que quando seu pai lhe dissera que as coisas mudavam, eram também porque acabavam.

— Guarde o colar, usará de novo um dia, eu sei. — ouviu-o dizer com a voz se tornando distante. — Eu disse que encontraríamos o caminho de volta um para o outro. Nós vamos, Sansa. Eu acredito em nós. Independente do momento em que estejamos agora, se o que tiver que ser é que estejamos separados no momento, tudo bem. Mas nós nos encontraremos. Seja daqui um ano, seja daqui dez. Não importa. Estarei aqui.

Ela parou antes de entrar no carro, virou-se para olhá-lo.

— Isso não quer dizer que não o amo, apenas que entendo que precisamos seguir caminhos diferentes.

Então entrou no carro. Robb deu a partida logo em seguida. Observou enquanto Jon desaparecia em meio à neve. Sentia-se triste, mas dentro de si sentiu que era certo o que fazia.


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Notas finais do capítulo

Ai que dor! Espero que vocês estejam na mesma sintonia que eu nesse momento haha
Às vezes não importa o quão grande seja o nosso amor por uma pessoa, o momento simplesmente não é aquele!
Enfim, espero que tenham gostado mesmo assim. Até o próximo ♥



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