Os Utensílios do Caos escrita por Quorra Rider


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas! Aqui é a Quorra!

COMO UMA FÊNIX, EU RETORNO DAS CINZAS!

Antes de tudo, gostaria de agradecer à INCRÍVEL E MARAVILHOSAMENTE FANTÁSTICA leitora @Prongsnitch, que me reviveu com os comentários e mensagens lindíssimos e não para de me pedir spoilers (que eu estou evitando ao máximo dar, mas~ opa! Escapou!). Sem esses comentários, eu não teria voltado a escrever, mesmo amando essa história com toda a minha alma.

Também quero agradecer a quaisquer leitores que estiverem lendo isso hoje, ou amanhã, ou qualquer dia, porque isso aqui só existe por vocês e vocês tem um lugarzinho nas profundezas obscuras do meu coração.

AGORA, À HISTÓRIA! Gostaria de lembrá-los de continuar prestando atenção nas datas que aparecem no começo dos capítulos porque elas são importantes.

Boa leitura e espero que gostem!



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Woodbridge, Virgínia - junho de 2034

Lianne Marshall não era o tipo de pessoa conhecida por ser calorosa com os outros. Na verdade, ela não era calorosa nem com May, que era sua melhor – e publicamente única – amiga. No entanto, ela era calorosa com seu irmão. E protetora; e mais uma porção de coisas que mostravam que ela seria perfeitamente capaz de cuidar dele e de si mesma. Felizmente, porém, eles tinham uma mãe que se importava, trabalhava, os ajudava com a lição de casa e, naquele momento... tentava expulsar uma pixie de sua cozinha.

— Lianne! Venha aqui e expulse esta pequena criatura brilhante da minha casa! – Gritou a mulher, que não estava tendo muito sucesso em sua tarefa e precisava da ajuda da filha mais velha para cumpri-la, não pela primeira vez.

Lia chegou em menos de um minuto e bastaram algumas leves ameaças e gestos de suas mãos magras adornadas com pulseiras de ferro para a pixie ir embora.

Algumas pessoas diziam que determinadas cidades pertenciam a certos seres do Submundo. Haviam boatos, por exemplo, de que uma cidade na América do Sul tinha uma população muito grande de vampiros; outra cidade na Ásia possuía muitos lobisomens mesmo. Woodbridge – aquela cidadezinha interiorana ao norte do estado de Virgínia, com casas antigas e cercas brancas – tinha um número ridiculamente, absurdamente grande de pequenas fadas, e elas adoravam incomodar qualquer mundano com Visão ou ser do Submundo que encontrassem.

Isso evitando os Caçadores de Sombras, já que elas estavam descumprindo a lei da Paz Fria, determinada no Conselho feito após a Guerra Maligna. (Outros seres do Submundo de Woodbridge também evitavam os Nephilim porque, sinceramente, aqueles eram meio babacas. As cidades pequenas sempre ficavam com os babacas.)

Pixies perseguiam Lianne desde que ela era apenas uma criança escaladora de portões de orfanato e essa era a principal razão para ela usar pulseiras de ferro quase vinte e quatro horas por dia, mas esse hábito abriu caminho para que ela também usasse pulseiras de prata, ouro e cobre, afastando parte dos males que pudessem alcançá-la, ainda que não muito, e cobrindo seus dois pulsos com correntinhas de cores diferentes presas por um mesmo fecho para facilitar o trabalho.

Lucas entrou na cozinha pouco depois de sua irmã, sorrindo em resposta às reclamações de sua mãe a respeito “daquelas malditas pestinhas brilhantes ladras de morangos” e então se juntou a Lia na atividade extremamente empolgante de ficar ajoelhado no chão de ladrilhos e encarar o forno do fogão como se isso fosse fazer o bolo de cenoura dentro dele ficar pronto mais rápido.

— Vocês dois, se levantem do chão e saiam daí, porque isso não vai ajudar em nada. Vão fazer algo mais produtivo. Já fizeram suas lições de casa? – Sabrina Marshall questionou, puxando os filhos pelos ombros em direção à sala. Lia apenas assentiu e ficou puxando um cacho dourado do próprio cabelo enquanto Lucas falava:

— Eu não tenho lição.

— Se já terminaram a lição, quero que arrumem o quarto de vocês. E se já arrumaram o quarto, quero que ajudem a lavar e secar a louça. – A mãe continuou.

— Mas isso é chato! Eu quero jogar videogame! – O mais novo reclamou, da mesma forma que vinha fazendo desde que ganhara um videogame usado de um colega da escola.

Sabrina cruzou os braços autoritariamente e forneceu uma amostra grátis do típico sermão sobre “como é importante que todos ajudem na casa, principalmente porque todos ali tinham mais do que onze anos” – afinal de contas, Lucas não parava de se gabar disso desde o próprio aniversário –, até que se virou para Lia e disparou:

— Eu ainda não ouvi sua voz hoje, mocinha. O que está planejando? Fugir de novo?

A jovem loura ficou levemente surpresa pela mudança repentina de assunto e soltou o cacho com o qual estivera brincando, mas não se deixou demonstrar nada além de um breve arregalar dos olhos esmeralda. Não era segredo para ninguém que Lia tinha o costume de fugir e passar até uma semana fora da cidade sem dar notícia alguma. Porém, depois das primeiras cinco vezes, Sabrina desistiu de tentar impedi-la de ir. Então Lia respondeu:

— Não dessa vez. Dallas me chamou para ir a um lugar mês passado, mas é longe demais, então não vou. Além do mais, eu não falei com ela depois daquilo então aposto que ela já foi. – A adolescente falou.

— Onde seria isso? O que considera longe demais? – A mulher morena indagou, afastando algumas mechas de cabelo ondulado da frente dos olhos azuis e lançando uma exigência com as írises cristalinas.

— Xangai.

A mãe pareceu igualmente surpresa e satisfeita com a decisão da filha mais velha, enquanto o menino de cabelos e olhos castanhos ao lado da mesma protestava, dizendo:

— Mas, Lia, se você não for para Xangai, como é que eu vou poder contar histórias sobre como minha irmã é incrível para os outros garotos da escola? Eu estava quase convencendo eles de que você era uma super-heroína alienígena!

A irmã mais velha apenas gargalhou diante do claro sarcasmo de seu irmão caçula. Ela não era tão sarcástica quando tinha a idade dele, mas, para um garoto de doze anos, ele até que era bem esperto. Talvez curioso demais para o próprio bem, mas, ainda assim, bem esperto, o que era bom. Ele precisaria de toda aquela astúcia mais tarde, quando tivesse que se virar sozinho pelo mundo.

— Certo, certo. Não importa se sua irmã vai ou não para Xangai. Na verdade, é melhor mesmo que ela não vá. Significa que ela está finalmente tomando a decisão mais segura em vez da mais divertida. Agora, lavar a louça, os dois. Enquanto isso, vou pôr as roupas para lavar e não quero ver a cozinha encharcada e com espuma para todos os lados quando voltar. – Sabrina determinou, dirigindo-se à lavanderia.

— E se uma pixie entrar e espalhar espuma para todos os lados? – Questionou Lucas, sorrindo, ao mesmo tempo em que Lia dizia:

— Super-heróis não lavam louça, mãe.

— Se uma pixie entrar, espantem ela com uma panela de ferro, e, da última vez que eu ouvi seu irmão contar uma história sobre você, mocinha, você era uma agente dupla, não uma super-heroína. Então, como a ótima agente dupla do FBI que você é, Lianne, lave a louça. Mande o Lucas secar e guardar tudo no armário. Ah, e depois venha me ajudar a separar as roupas que já estão secas, você precisa guardá-las no seu quarto.

Sabrina não viu as caretas dos filhos, uma vez que estava ocupada com a máquina de lavar, nem viu as expressões que eles tinham quando foram até a cozinha cumprir suas ordens, mostrando que não se importavam de verdade em fazer o que sua mãe mandava.

Lia não se importava porque entendia, e Lucas não se importava porque não queria parecer um chato para as únicas pessoas com quem podia conversar sobre o Mundo das Sombras. No entanto, a atmosfera leve e cheia de piadas virou ao contrário assim que os três ouviram a porta da frente ser aberta estrondosamente. Walter Marshall estava em casa.

Como que por instinto, os irmãos terminaram de cumprir suas tarefas o mais rápido possível e sem conversarem entre si, enquanto Sabrina tratava de terminar de preparar o bolo e fazer perguntas superficiais a seu marido.

Walter não tinha o dom da Visão, mas Lucas havia herdado a mãe e às vezes deixava escapar comentários perigosos perto de seu pai. Tais comentários ficavam três vezes mais nocivos quando Sr. Marshall estava alcoolizado, como parecia ser o caso daquela noite. Por isso Lia segurou o irmão pelo braço e sussurrou:

— Vá para o quarto e deixe que eu termino tudo por aqui. Se for jogar videogame, desligue o áudio e finja que está dormindo se ele for lá.

— Tudo bem. – O menino respondeu, saindo do cômodo discretamente.

Ela sentiu a briga começar antes de ouvi-la, como já era costume. Cerca de 90% das vezes em que seu pai adotivo chegava em casa bêbado, ele brigava com sua mãe. Mas ele não fora sempre daquela forma, e Lia sentia falta de como ele era quando ela o conheceu, onze anos antes.

Naquela noite, era sobre as contas. Ela não queria ouvir o que quer que seus pais tivessem a dizer sobre as contas, então terminou de fazer o que sua mãe mandara e saiu pela porta dos fundos para o quintal da casa. Só percebeu que estava discando o número de Libras Dallas no celular quando estava prestes a apertar o último número no teclado, então desligou o aparelho rapidamente e o guardou no bolso.

Lia e Dallas não se falavam mais.

Ela suspirou, lembrando-se de repente de que estavam em junho e ela não sabia se conseguiria aturar o próximo ano do Ensino Médio sem fazer as viagens insanas a que estava acostumada. Dallas deixara bem claro que, se ela não fosse para Xangai, não haveriam viagens posteriores, por alguma razão que Lia desconhecia, mas que parecia ser grave. No entanto, a jovem não conseguia se convencer a roubar um livro de dentro de um Instituto dos Caçadores de Sombras.

Ela nem sabia se podia confiar em alguém que propusesse tal coisa. Como uma feiticeira, Libras fazia trabalhos para quem pagasse mais, se arriscando a fazer feitiços ilegais e invocações desaprovadas pela Clave, embora Lianne não fizesse a menor ideia de quais eram os critérios dos Nephilim para determinar o que era legalizado ou não. Roubar um Instituto, no entanto, era uma afronta; um ato de guerra, feito somente por aqueles que quisessem a erradicação dos Nephilim e fossem poderosos o bastante para tal.

Por isso, Lia apenas ficou sentada na frente da porta dos fundos até ouvir o toque de seu celular anunciar uma mensagem. Ela olhou para o aparelho e ficou surpresa ao ver o nome de May na tela, logo acima da mensagem:

“Oi, Lia!

“Eu quero falar com você sobre uma coisa importante!

“Preciso que venha na minha casa o mais rápido possível para eu explicar tudo, mas por enquanto só posso dizer que tem a ver com o Mundo das Sombras, com você e com manter uma coisa importantíssima longe das mãos erradas.

“Por favor, me responda logo!

“Xoxo May”

Lianne suspirou e digitou uma resposta. Então guardou o celular no bolso, verificou se estava com as próprias chaves e saiu na direção da casa de May, sem saber no que estava se metendo.


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Notas finais do capítulo

O capítulo tá curto e eu só percebi agora, mas não dá tempo de arrumar porque tenho que fazer um trabalho de Literatura sobre Manuel Bandeira e a Semana de Arte Moderna (*chorando infinitamente*).
Prometo que compenso no próximo!
Obrigada por terem lido, espero que tenham gostado e nos vemos nos comentários!



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