Um ano e alguns meses depois...
23 de dezembro, início do inverno nos Estados Unidos
San Francisco - Califórnia

 O dia amanhecerá frio, o natal estava próximo e à noite estava previsto para ter a maior nevada do ano. No canto da sala, um garotinho moreno colocava os últimos enfeites em cima da lareira de sua enorme casa.

— Querido! — Uma cópia feminina e mais velha da criança o chamou, de outro cômodo.

— ESTOU INDO! — Gritou, enquanto admirava o seu, recém, trabalho como decorador. Depois saiu em direção à cozinha.

— Mamãe quer conversar com você, bebê. — assim que chegou a cozinha avistou sua mãe, grávida e toda suja de farinha, com uma carinha fofa no rosto — Vovô Ethan e tia Talia viram jantar conosco hoj...

— Suzanne virá? — Seus olhinhos azuis brilharam, amava a prima.

— Sim! — A morena, sorriu pela animação do filho, ela sabia que Suzanne era a prima favorita do menino — virá ela, seus tios, Suzanne, Vovó Rose e Vovô Ethan. — Acariciou as madeixas do pequeno, colocando-o em seu colo. Gemeu de dor, estava cada vez mais difícil carregar o filho com aquele barrigão, mas mesmo assim insistia.

— Os gêmeos irão vir, mamãe? — Pareceu pensar um pouco, não gostava dos filhos da tia Piper. Eles implicavam com o menino por ter os dentinhos separados e tortos, então se exasperou.

— Não, seu pai não os convidou depois do que aconteceu no natal passado! — Tranquilizou o filho, que relaxou.

Os gêmeos DonValley eram algumas das "ovelhas negras" da família Benson, um casal de gêmeos , de apenas seis anos, que mais parecia um par de bichos. Sansa parecia um anjinho na aparência, sua pele era meio acastanhada e seus olhos eram azuis bem claro, gorducha e totalmente antipática, implicava, dava língua, fazia fofoca, empurrava os primos e se fosse chamada a atenção por isso, fazia birra e chorava até os pais a colocarem no colo ou arrumarem briga com a família inteira.
Já com Morgan Jr
era diferente, o menino era quase como a irmã, só tirando os olhos azuis que eram castanhos claro, como mel, e o jeito de arrogante dele era mais tolerante que o da irmã. O pequeno era surdo, usava aparelho de audição e as vezes gesticulava com as mãozinhas quando queria algo, principalmente comida, que era sua paixão. Todos os dois infernizavam a vida dos primos e até dos tios.
 No natal passado, Sansa e Morgan empurraram a pequena Suzanne na piscina, a sorte foi que Mary, a empregada, viu a menina ser arremessada na água e a salvou, mas mesmo assim os pais da menina se desesperaram, Kylie ficou eufórica com o afogamento da filha e pelo calor do momento, deu um tapa forte no braço de Sansa, que abriu o berreiro, o que resultou na briga de Kylie e Piper que discutiram sobre o acidente das filhas. A família toda se envolveu e se dividiu sobre as opiniões,os irmãos e os tios se dividiram e metade acreditava na explicação que Sansa era pequena e não sabia o que fazia, já a outra metade acreditava que a Sansa já tinha cinco anos e poderia sim saber que não pode empurrar a prima. Foi um alvoroço que resultou em um pequeno distanciamento da família de Piper com o resto da família.

[...]

A noite logo caiu em Manhattan, estava fria e nevava lá fora, na residência Benson o clima era de festa, a casa estava quentinha e confortável por causa do aquecedor, na sala de jantar foi posta uma mesa maior onde Lori fez questão de encher de comidas, algumas típicas de ceia de natal e outras mais exóticas, a morena adorava cozinhar.
A casa, enorme, ainda estava vazia, apenas Lori, George, Richard e os empregados transitavam pela residência, mas logo Vovô Ethan chegou, trazia consigo uma enorme panela com uma receita que ele provará quando viajou para o Brasil, camarão na moranga, cumprimentou o neto e o filho e já seguiu em direção a cozinha para paparicar a nora grávida. Logo depois Ethan, acompanhado da esposa e da filha, chegou, a menina estava toda fofinha em seu vestidinho rodado azul celeste, suas madeixas ruivas estavam soltas e iam até o final das costas de Suzanne. Richard se encantou pela prima, todo sorridente e charmoso, com uma blusinha azul bebê e sua gravatinha borboleta preta da mesma cor da calça e dos sapatos sociais, chamou a ruivinha para ver a nova música que aprendeu a tocar no piano, logo se aventuraram para o escritório.

— Não se afastem muito, daqui a pouco iremos servir o jantar! — George gritou para as crianças, mas elas já estavam longe e nem o ouviram. Seguiu em direção ao sofá, se juntando ao irmão e a cunhada — Sua mulher é uma mulher de extrema classe, meu querido irmão! — riu, debochado, para o irmão que o acompanhou admirando Kylie toda esparramada no almofado.

— Vai se foder, George! — Fez um sinal com o dedo para o cunhado e se ajeitou no colo do marido. Se sentou e esticou o pescoço como se estivesse à procura de algo — Cadê o resto dessa família? Se não me engano, tem mais gente nessa linhagem, tirando a puta da Piper, que eu espero muito que você não tenha convidado! — Fingiu contar algo nos dedos e voltou a se deitar.

— Só falta Ian, Melanie, Rose e Talia. E não, eu não convidei a Piper e nem os gêmeos do demônio, não depois do que fizeram com Suzy! — Viu a cunhada parecer relaxar no colo do marido.

— CHEGUEI FAMÍLIA QUE EU AMO TANTO!

— Quem deve ser? — Ethan perguntou com um tom de sarcasmo, acompanhado de risos da esposa e do irmão.

— Há há há! — Talia apareceu no meio do portal que dividia a sala de estar da sala de jantar, cheia de malas e bolsas e uma jaqueta, recém tirada, jogada sobre o ombro — Não precisam me amar tanto assim. Eu estava com tanta saudade de vocês, os senhores são os meus velhos favoritos! — Brincou, largando as malas no chão e se jogando em cima dos irmãos e da cunhada, que urrou de dor ao sentir o peso da ruiva em cima de sua barriga.

— Velha é a puta que te pariu! E porque diabos você está de moletom numa ceia de natal? — Se levantou, empurrando a cunhada que caiu de bunda no carpete vinho da sala.

— Olha como a senhora fala da minha mãe! — Fez um sinal com os dedos em direção a cunhada, a chamando de "senhora" ironicamente — Primeiro que não é nem natal ainda e segundo que eu venho como eu quiser pra casa do meu irmão, além de velha ainda fica regulando minhas roupas igual a minha mãe! — Assoprou a língua para a morena que ficou vermelha de raiva.

— Amor, segura os meus sapatos que eu vou matar a sua irmãzinha! — Tirou os sapatos, os arremessando no chão e partindo para correr atrás de Talia, que fugia rindo da cunhada. George e Ethan riam da situação, George as vezes gritava alguns lugares para a irmã correr e Ethan ajudava a esposa segurando Talia para a mesma não escapar de Kylie.

Fora uma noite agradável, como sempre era, alguns minutos antes de servirem a mesa, Ian e Melanie chegaram acompanhados de Rose e se juntaram a família. Depois o jantar foi servido, todos comeram e elogiaram a comida de Lori e o camarão na moranga do Senhor Ethan, o mesmo contava histórias da época que serviu à guerra aos netos, Ian e Melanie se atracavam aos beijos na ponta da mesa, George e um Ethan mais novo conversavam sobre o desenvolvimento da empresa que estavam iniciando à alguns anos, Kylie e Talia discutiam sobre o desaforo de Talia ao chamar a cunhada de velha pois a ruiva é apenas seis anos mais nova que Kylie, já a doce Lori conversava com a mãe sobre a sua gravidez de oito meses, contando o quanto estava feliz pela espera do novo herdeiro da família, um menino com o nome já escolhido... Freddie, era esse o seu nome.