Capítulo 1

 Era cerca de Seis horas da manhã quando acordei para ir a escola. Eu tinha acordado a noite inteira com uma dor de cabeça desconfortante. Ah! como eu odiava passar o dia com aquela dor chata.Mesmo desanimado, levantei com a cabeça girando, coloquei uma calça jeans e o uniforme da escola.Caminhei ate o banheiro e lavei meu rosto. Estava péssimo, parecia que eu havia dormido em cima de uma rocha e fizeram um origami em mim... Tomei café, escovei os dentes e coloquei um tênis cinza. 

Fui ate o quintal olhar as plantas e meu lindo bonsai morto. Eu estava enrolando, porque hoje era meu dia de molhar as plantas e para não ficarmos um jogando a responsabilidade um para o outro, resolvemos estabelecer dias específicos de cada um. Meu irmão (que era uns 4 anos mais novo que eu) já estava pronto .

—August, você esqueceu de molhar as plantas. Hoje é seu dia!

—Eu sei, não precisa repetir. 

— Então porque você ainda não tirou?        

 Eu normalmente não tenho muita paciência com pessoas mais novas que eu, sempre achei difícil conversar civilizadamente com elas porque elas não dão ouvidos e simplesmente ignoram ou tentam dar respostas irônicas. Mas resolvi deixar isso de lado .

Saímos de casa e começamos a pedalar calados assim que trancamos o portão ( porque minha mãe e minha irmã estavam dormindo).Não sei a distância da minha casa até minha escola, mas são mais ou menos 5 minutos de pedalada, com caminhos chatos e pessoas chatas do início ao fim (é , eu realmente acho tudo isso chato,e muitas outras coisas também, como por exemplo, bebês. Podem ser lindinhos e fofíssimos, mas também são irritantes e barulhentos). O caminho é bastante monótono e não nega ser de uma cidade pequena do interior em que no meio do caminho existem vários bares, árvores, cachorros , paralelepípedos, pássaros e acho que defini super bem o caminho. Mas resumindo... Simplesmente fomos adiante.

Na última ladeira, em frente à um enorme depósito de materiais de construção (que por acaso tinha as paredes vermelhas, só para constar) encontrei um ex colega de sala, Victurin, que com seus 1,85 de altura,braços fortes ( algo que eu não deveria ter citado, pois é o oposto completo de mim), cabelos castanhos curtos e olhos pretos pequenos parecia amedrontador, mas na verdade ele é um pouco menos mau do que parece.

—Victurin ! Espera aí!

—Vem logo , eu tenho física no primeiro horário.

—Você quer é ver a Lisa mais cedo hoje , não é?

—Vai ver se estou na esquina , mas quer saber , esquece, lá você pode até encontrar sua amada . Agora vamos.

Essa facada no coração, apelar para uma dama indefesa é maldade, mas não deixa de ser engraçado. Assim que me recompus, fomos andando lado a lado, Victurin, Henry ( meu irmão) e eu até a porta da escola.

—Te vejo no intervalo , Roug. -disse Victurin apontando o indicador para meu rosto, com uma expressão séria , tentando parecer mais importante.

—Beleza, me encontre em frente à biblioteca.

—Ok.-resmungou com aquele sorrisinho bobo e malandro que cobre metade do rosto e saiu em direção à sua sala.

Me virei para Henry, cumprimentei com um toca aí mano, esfreguei a mão na cabeça dele e nos despedimos na maior cumplicidade.

Como cheguei 5 minutos mais cedo ,fui até minha sala de aula( que infelizmente tinha que ser no último quarteirão da escola) coloquei minha bolsa na minha carteira e saí cumprimentando a todos com um bom dia carinhoso exceto a uma colega minha. Toda vez que eu digo algo a ela, tenho que repetir porque ela não presta atenção. Tomei o máximo de cuidado para ela não ouvir meus passos e então gritei:

— BOM DIA STEEFY, ACORDA !

— Bom dia Roug, chato ! -falou com voz de sono ,fazendo uma cara mal lavada de raiva. Como eu já estava acostumado com essa expressão, apenas sorri dando de ombros.

Tive tempo apenas para sentar em um banco próximo à minha sala, olhar o vento batendo nas árvores e os alunos apressados passando por mim até que o sinal que marcava o início da aula soou. Perdi mais um pouco de tempo até eu avistar meu primeiro professor do dia e entrei em minha sala. Essa e todas as aulas que vieram a seguir foram muito cansativas, exata- mente como eu esperava para o 2° ano do ensino médio, ou até melhor.

Até o sinal do recreio, foi uma tortura, eu olhava para o relógio e cada minuto demorava horas para passar, eu olhava para frente , via páginas de um exercício marcadas para a próxima aula, olhava para trás, a maioria dormindo, e foi assim durante os 7 minutos e 28 segundos mais longos da minha vida estudantil.

Quando o sinal tocou marcando o intervalo, foi uma correria e uma orquestra de suspiros aliviados deixando a sala, todos pensando em relaxar a mente para os dois últimos horários , que prometiam ser entediantes e em um deles , tínhamos a certeza de que seria uma bronca pela falta de compromisso dos alunos e pelas notas decepcionantes nas avaliações , que por acaso eu fico de fora por tirar notas até boas para um magrelo feio e gamer.

Fui até o local marcado para a reunião dos amigos e encontrei além de Victurin, Andy,que tinha mais ou menos a minha altura, o meu peso e minhas medidas, só que mais moreno, Welbert que era bem mais magro e baixo, além de ser conhecido por parecer um morcego e Luck um baixinho metido a forte, do 3° ano . Ficaram conversando o intervalo inteiro sobre notebooks, informática , séries e animes. Mal prestei atenção no que foi falado, apenas dava opiniões vagas para parecer interessado. E foi essa a minha tática até o final da do intervalo, quando eu encontrei com Henry e voltamos para casa juntos já que fomos dispensados mais cedo -, conversando sobre nada, pensando no almoço que nos esperava. Mal me dei conta que não comia nada desde as 6 da manhã, e já era quase meio dia.

Chegamos em casa , recebidos por uma almoço simples feito pela minha mãe (ela tinha que sair para trabalhar em 30 minutos, só para constar). Almoçamos tranquilamente (Henry e eu), conversando sobre nosso dia de escola, rindo um do outro. Éramos (e somos) muito unidos, como Tico e Teco, Edson e Hudson, Super gêmeos , Makko e Bolin , August e Henry.

O resto do dia passei estudando as matérias que foram passadas durante as aulas e lendo uma coleção de livros emprestados (mesmo que isso pareça um pouco modinha, a leitura é meu vício, não aguento ficar uma semana sem ler, não sei explicar o porquê, mas amo passar horas lendo um bom livro).

Foi tudo muito monótono e segui à risca minha rotina - que consistia em estudar, estudar, ler, estudar e olhar meu bonsai morto -. A noite, fui para o quintal da minha casa, que lembrava mais uma pequena floresta de hortaliças e ervas em um espaço de uns 8 metros de comprimento por uns 6 de largura, para olhar para o céu. Era um hábito um pouco estranho, já que atualmente, a maioria das pessoas só olha para o céu para poder ver alguns fogo de artifícios ou aprontar algo. Fitei a lua naquele dia. Estava radiante, como se, em vez de refletir a luz do sol, ela criasse sua própria luz de uma forma simples e bela, do mesmo jeito que alguém sorri quando ouve algo engraçando. Era isso. A lua não refletia, ela apenas sorria. 

Perdi a noção do tempo enquanto estava lá fora, quando me toquei, já era tarde e eu ainda não havia terminado um trabalho escolar. Corri para dentro e terminei meu dever,estava pronto para desligar meu notebook, quando uma mensagem de chat me surpreendeu. Não exatamente o que havia na mensagem, mas sim de quem eu havia recebido.