Born To Die escrita por Sabsyoda


Capítulo 13
Capítulo 12




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E com uma outra surpresinha, ela quis dizer vestidos que a Momo fez para a gente. Confesso que o feito da menina realmente aqueceu-me o coração. Joy levou-me direto para o quarto de Momo, deixando a mesma envergonhada por receber tantos agradecimentos assim. Ela disse que estava planejando entregar esses vestidos no Grande Dia como uma pequena lembrança dos momentos que passamos ali. Contudo, como conheceríamos os rapazes bem mais cedo do que esperávamos, Momo decidiu nos presentear logo.

— Você sabe que não precisava fazer isso, não é? — disse. Observo os vestidos espalhados nas camas e as meninas surtando enquanto os tocavam.

Momo fez um vestido para todas suas colegas de quarto — Tzuyu, Mina, Jiyoon, Eunji —, para mim e as meninas e até mesmo para Seulgi, Nana, Sandara, Mijoo e Suzy.

— Na verdade, eu precisava sim — Momo disse, as bochechas ficando rosadas — A maioria das garotas daqui me desprezam. Você e as meninas foram as únicas que conversaram comigo como se...como se eu fosse digna de respeito. — ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha, parecendo hesitante em continuar o pensamento — Pela primeira vez eu não me senti mal por ser japonesa. Não senti como se eu fosse um erro na sociedade. E, vamos ser honestas, — seus olhos brilharam, porém,  nenhuma lágrima saiu deles. Ela abriu um sorriso triste — as chances de eu conseguir um casamento são pequenas e de ele ser bom são  menores ainda. Eu fiz os vestidos para vocês porque não quero me esquecer do tempo que passei com vocês. Se o futuro não for bom para mim, quero ter a certeza de que pelo menos uma época da minha vida foi.

— Ah, Momo... — Jiyoon, que era a mais próxima de nós duas, veio até Momo e a puxou para seus braços — Nós vamos ser amigas para sempre, lembra?

— Seu marido não vai gostar de saber que você anda com uma japonesa...

— Ele não vai precisar saber — Jiyoon dá de ombros, o olhar um pouco culpado — Sei que a professora Jeon diz que devemos contar tudo para nosso marido e não gosto da possibilidade de mentir para alguém. Mas se esse for o único jeito de continuarmos amigas, então assim será. Você já faz parte da minha vida há muito tempo para sair agora de repente.

— O que a Jiyoon disse é verdade — Eunji, no outro lado do pequeno quarto, se pronunciou. Seus olhos carinhosos pararam em Tzuyu e Mina que observavam a cena quietas — Vocês são mais que nossas amigas. Eu nunca as deixaria, mesmo que meu marido me proibisse de vê-las.

O quarto ficou num silêncio sensível por poucos segundos. Antes que qualquer uma de nós dissesse algo, Tzuyu caiu aos prantos. Seu rosto ficou vermelho e ela o cobriu com as mãos. Eunji, Jiyoon, Momo e Mina gemeram em conjunto e foram até Tzuyu abraçá-la. O clima no quarto tornou-se acolhedor e eu não pude evitar olhar para as minhas meninas. Joy — emotiva como sempre — já secava algumas lágrimas em seu rosto com as mãos.

Tiffany sempre se fingia de forte, mas era possível ver em sua feição que ela havia ficado emocionada com as palavras de Jiyoon e Eunji. Gain possuía os braços em volta de Joy e Tiffany quando nossos olhos se encontraram. Em suas orbes chocolates pude ver o afeto que ela possuía por nós e não foram precisos palavras para eu saber que ela se sentia do mesmo jeito que as garotas. O que havíamos construído ali era mais do que uma simples amizade.

Gosto de pensar que elas são a minha família. A família que eu nunca pude ter e acabei encontrando de um modo inesperado. Sei que mesmo se formos para lugares diferentes, eu não vou querer esquecê-las. Elas já são parte de mim. E espero que continuem sendo por muito mais tempo.

— Vocês são bem unidas, não é? — Sandara parecia desconfortável ali, no pequeno quarto.

Sua fala foi a deixa para Jiyoon reclamar que todo aquele drama estava nos desviando do assunto principal —os vestidos — e que precisávamos experimentá-los logo.

E é exatamente isto o que estou fazendo agora. Tiffany fecha o zíper em minhas costas e dá dois tapinhas em meu braço direito.

— Pronto! — viro-me para ela. Seu rosto se ilumina e ela dá dois passos para trás, como para admirar melhor. Joy exclama em prazer e Gain bate palmas. Até mesmo Wendy solta um assovio.

— Está tão bom assim? — indago, curiosa. O vestido branco que Momo fez para mim possui um mediano decote arredondado na frente e atrás, indo até meus joelhos, com mangas curtas, se apertando na minha cintura e possuindo detalhes em renda por todo seu cumprimento.

— Bom? Está ótimo! — Tiffany diz, seus olhos analisando-me dos pés à cabeça — Provavelmente vai ser o vestido mais bonito de todos. Você com certeza vai ser a mais bonita entre nós, Yerim.

Dou risada de seu comentário completamente equivocado.  Momo realmente criou um fantástico vestido, mas alegar que eu serei a mais bonita entre elas não é verdade.

— Por favor, Tiffany. O seu vestido é maravilhoso.

Todas já haviam experimentado o seu e apenas esperavam eu fazer o mesmo. O vestido de Tiffany lembrava-me os belos bosques que víamos nas páginas dos livros da História do País. Diferente do meu, ele era um tomara que caia — termo que aprendi com Momo — decotado, apertado na cintura com várias flores azuis, lilases, verdes e roxas adornando-o do começo ao fim. O tecido levemente verde dava um ar de transparência e leveza à ela.

Já o de Joy é com certeza um dos mais vivos entre todos. Num tom verde grama que deixava à mostra todo a beleza que ela tem, o vestido possui delicadas flores de todas as cores nele inteiro e no decote mediano arredondado. Ele não tem mangas, contudo,  ao contrário do meu, suas costas é um pouco aberta, possuindo pequenos detalhes se interligando e deixando o vestido ainda mais charmoso. Joy se encantou por seu vestido, mas também sentiu-se envergonhada. Admitiu a Momo que não teria coragem de usar um vestido que mostrasse tanto assim — visto que seu tamanho já era igual ao meu e das outras meninas — e desculpou-se por não escolher usá-lo daqui dois dias. Até propus trocar o meu vestido com o dela, mas para a alegria de Joy, Momo assegurou-lhe que colocaria um tecido nas costas para não deixar tanta pele a mostra.

Momo também prometeu fazer o mesmo com o vestido de Gain. Sua cor salmão combinou perfeitamente com as rosas lilases enfeitando-o. Ele era um tomara que caia assim como o da Tiffany, porém Momo o arrumaria para deixá-lo mais fechado.

— Sim, mas o seu parece ter sido feito exatamente para você — Tiffany diz e Gain concorda com um aceno de cabeça — Você sempre ficou bonita com tons pastéis, mais claros, e esse branco rendado deixou-lhe com um ar elegante e delicado ao mesmo tempo. Não sei se as outras conseguirão passar a mesma impressão.

— Creio que sim — digo, querendo mudar de assunto logo. Tanto elogios fazem meu rosto esquentar e sei que estou corada. — Vocês já tem alguma ideia de como vão ser os preparativos para esse dia?

— Sim! — Joy levanta-se da cama ao lado de Wendy e vem até mim, suas mãos delicadas apertando meus ombros — As meninas da cozinha já me chamaram para ajudá-las depois de amanhã a preparar as comidas para o dia seguinte, Sandara já reservou o secador para lavarmos e secarmos nossos cabelos e Nana prometeu que nos ajudaria a fazer nosso penteado no dia. Até mesmo Suzy nos ajudará com a maquiagem.

— Nós poderemos usar maquiagem? — fico espantada. Nós já havíamos tido aulas de como nos maquiarmos e até mesmo já usamos algumas vezes. Todavia, o uso é restrito. Só podemos usar quando ocorre algum evento especial.

— Não só maquiagem! — o rosto de Joy parece estar prestes a entrar em combustão tamanha a sua alegria — A diretora permitiu o uso de todos os tipos de sapatos!

— Mentira! — confesso que a ansiedade toma conta de mim assim que ela quase grita as palavras.

— E o melhor eu deixei para o final... — Joy faz um pequeno suspense e fico surpresa por ela considerar algo melhor do que passar maquiagem e usar qualquer tipo de sapatos — Nós vamos comer bolo!

Wendy, que prestava atenção a nossa conversa, caiu na gargalhada com a revelação de Joy.

— O quê? Eu gosto de bolo! — Joy faz um biquinho chateado e cruza os braços. Rindo, Gain se aproxima e aperta as bochechas dela.

— É claro que gosta, Joy — Gain diz e logo afirma que também gosta de bolo. Principalmente os que a Joy faz.

— Como não gostar de bolo, não é mesmo? — Wendy indaga, o humor ainda presente em sua voz e seu olhar caloroso dirigido a Joy.  A mesma ainda não parece convencida de que não estão tirando uma com a cara dela, contudo, depois de algumas palavras sua atenção logo é desviada ao fato de que teremos que nos arrumar de maneira esplendorosa para causar uma boa primeira impressão.

Sua frase faz com que eu me recorde da primeira impressão que devo ter passado para o Jin. Sinto vontade de gritar contra meu travesseiro apesar de saber que isso só causaria várias perguntas que eu não gostaria de responder. Por fim, concentro-me na conversa animada das meninas. Ignoro o olhar de Wendy em mim — como se pudesse ler meus pensamentos — e tento entrar na conversa, opinando quando acho algo interessante.

De noite demoramos para dormir por conta da ansiedade de todas — menos de Wendy, que parecia achar graça em temores para o dia.

E se nossa maquiagem borrasse? E se a comida ficasse ruim? Se esquecessemos de todas as normas de uma conversa?  E se deixássemos a comida cair nos vestido? Tropeçassemos e caíssemos na frente de algum bom partido? E se ficássemos sozinhas durante toda essa confraternização? E se nos proibissem de fazer o bolo — Joy ficou realmente preocupada com essa última — e ficássemos sem sobremesa?

Foram tantas perguntas e várias respostas — algumas engraçadas e outras sérias — que quando fomos dormir já estava de madrugada.

O dia seguinte passou num piscar de olhos. Todas corriam de um lado para o outro, fofocando, rindo, resmungando, ansiosas e agoniadas por o momento em que conheceríamos os garotos estar tão próximo e ao mesmo tempo longe. Quando fomos dormir, já estava de madrugada e teríamos que acordar em poucas horas mais tarde. Demorei para pegar no sono, assim como demorei para acordar com Joy chacoalhando e chamando-me.

— Yerim! — abro os olhos e Joy me fita com uma expressão angustiada — Vamos, acorde! Eu preciso da sua ajuda.

— O que aconteceu? — tiro os fios de cabelo do rosto e sento na cama.

— Eu não vou poder ajudar na cozinha! E nenhuma das outras meninas está disponível para me substituir lá.

— Não vai poder ajudar na cozinha? — pisco para enxergá-la melhor. Joy está em pé ao meu lado. Dou uma rápida observada nela, procurando algum machucado — Você se machucou ou algo parecido?

— Mais ou menos — ela morde o lábio inferior, nervosa. — Não é um machucado, o problema é que se eu for fazer os bolos, vão todos ficar batumados.

De começo eu não faço ideia do que Joy  está falando, mas após ficarmos em silêncio alguns segundos — e eu olhar sua expressão tristonha — compreendo o que está acontecendo.

— Você está menstruada, é isso?

Joy sempre me disse que fazer bolo quando sua menstruação chega é pedir para o bolo ficar ruim. Eu nunca acreditei muito nessas superstições dela, ao contrário de Gain que também concordava com isso.

— Ai, não fala isso assim alto! — Joy sussurra gritando, as bochechas totalmente rosadas.

— Qual o problema, Joy? Nós todas somos garotas e passamos pela mesma coisa.

— Eu sei, só que isso não significa que todas as meninas precisam saber disso —  Joy infla as bochechas e então suspira. — Você pode me ajudar?

— Claro que posso — dou risada de seu receio e me levanto de maneira lenta de cima da cama.

— Vamos, vamos! — Joy bufa quando percebe que eu ainda estou lenta em minhas ações e começa a me empurrar — Você é tão lerda, Yerim.

— Obrigada.

— Isso não foi um elogio.

Dou risada e pego minha toalha para ir ao banheiro. Ainda bem que Joy me acordou a tempo de ir com a última turma tomar banho.

Após tomar banho, vou sendo arrastada por Joy até a cozinha onde encontro Nana com outras meninas já se preparando para começar a botar a mão na massa. Me surpreendo com o tamanho da cozinha. Nunca imaginei que era tão grande como é.

— Eu não sei fazer bolo, Joy — sussurro quando percebo que todas ali já sabem o que fazer sem precisar da ajuda de ninguém.

— Não tem problema, eu te ensino.

Nana, creio eu, vendo a minha cara de preocupação veio até nós perguntado se estava tudo bem. Suas mãos estão cheias de farinha e nem por isso sua beleza diminui. Ela é realmente bonita.

— As minhas mãos vão ficar desse jeito também? — caramba, será que fazer bolo é tão complicado assim?

— Não — Nana riu e Joy a acompanhou. — Eu estou cuidando das tortas, por isso minhas mãos estão desse jeito — ela levanta as mãos, balançando os dedos esbeltos — Você ficará com os bolos, não é? SinB e Yuju estão cuidando dessa parte também. Vá até lá, tenho certeza de que elas te ajudarão em qualquer coisa. Vocês vão fazer muitos bolos hoje.

E fizemos muitos bolos, vários deles de vários tamanhos, sabores e cores. Eu soltava uma exclamação animada cada vez que Yuju misturava o corante na massa do bolo e uma nova cor aparecia. Azul, rosa, vermelho, amarelo, era como estar vendo um arco íris comestível.

No começo achei um pouco complicado, mas após o terceiro bolo eu já estava me acostumando.Tão difícil quanto fazer os bolos era decorá-los . Todavia, SinB me ajudava bastante nessa parte. Ela e Yuju eram mais legais do que eu havia suposto. Creio que a única coisa que as atrapalha é a amizade que possuem com Kaeun.

A tarefa não era rápida, pois demorava muito para o bolo crescer no forno; e então esfriar o tempo necessário para só assim decorá-lo. Pelo menos era uma tarefa gostosa de realizar.

Anoiteceu mais rápido do que eu imaginei e quando deu oito e meia, Sulli gritava na porta da cozinha dizendo para sairmos em vinte minutos. As garotas começaram a surtar e correr para ajeitar tudo nesse pequeno tempo concedido. Eu consegui sair — arrastando Joy comigo — após dez minutos da ordem de Sulli, já que a parte dos bolos já estava pronta e toda os objetos que usamos lavados. Mas nem todas tiveram a mesma sorte, percebi rapidamente antes de me dirigir ao quarto a expressão decidida de Solar mexendo numa panela enorme e Nana mais suja de farinha — e creio que de outras coisas — do que quando a vi pela manhã.

— Por um momento achei que não sairíamos de lá tão cedo — comento com Joy, de braços dados com ela. Andamos em passos lentos até o  nosso quarto.

— Eu sei, a cozinha nunca esteve tão cheia de afazeres como esteve hoje — Joy diz, pensativa. Seu rosto se enche de ternura e ela se vira para mim, os olhos brilhantes — Obrigada por ter feito isso por mim. Foi muito gentil da sua parte.

— Você faria a mesma coisa por mim se eu pedisse, Joy.

— Sim, isso é verdade. Porém essa não é a questão... — Joy desvia o olhar, como se estivesse envergonhada de falar o que queria. Suas bochechas coraram. Hmmm, talvez ela estivesse mesmo com vergonha — Você normalmente não faz essas coisas, Yerim — abro a boca para contradizê-la, mas ela não me deixa continuar. Paramos de andar — Por favor, não me entenda mal. Tenho certeza do seu sentimento perante eu e as meninas, se algo acontecesse conosco, você ficaria abalada. Mas você não tem o costume de ser assim. Você sempre foi...mais amiga da Miryo. Faziam tudo juntas e eram tão unidas que por vezes nos deixava de fora. Você nunca percebeu isso, é claro, porque sua atenção era completamente voltada à Miryo.

Fiquei sem palavras para dizer a Joy. É verdade que entre nós três, eu era a mais ligada à Miryo. Contudo, nunca imaginei que Joy e as meninas sentiam-se dessa forma.

— Não sabia que você, digo, que vocês...sentiam-se assim — minhas palavras saem devagar por meus lábios, a culpa tomando conta de mim.

— Não sinta-se mal, Yerim. Se a Miryo destinasse um terço da atenção que ela dava a você para mim, eu também a seguiria onde quer que fosse — Joy riu, como se essa ideia fosse um completo absurdo. — Ver você mais preocupada com as meninas, mais pro-ativa nas atividades propostas e me ajudando desse jeito me faz...feliz.

Seu sorriso luminoso me deixou desnorteada junto com suas palavras. Joy acabou por ter que me puxar até o dormitório enquanto eu pensava em suas palavras.

Eu realmente era tão grudada assim em Miryo? Tento buscar em minhas memórias antigas quando foi que deixei de lado as meninas para ficar com Miryo, todavia, não as encontro. Mas certamente Joy não tocaria no assunto caso não fosse verídico. Em minha concepção, ela e as meninas é que se afastavam mais. Miryo sempre propunha atividades para fazermos juntas, mas sempre ocorria alguma desculpa por parte das garotas e acabava somente eu e Miryo realizando as atividades.

— Gain — chamo, olhando para a mesma. Já me encontro sentada em minha cama ao lado de Wendy. Gain se encontra em pé mexendo no nosso guarda roupa quando se vira para me olhar — Se eu te perguntar algo, você me dirá a verdade?

— Ora, mas é claro que sim — ela fecha a porta do guarda roupa e vem até mim, sentando-se de maneira graciosa na cama — Por que a pergunta?

— É  que Joy disse algo que me deixou pensativa.

— O que foi que aquela pestinha disse a você? — Gain sorriu amorosamente e foi impossível não notar o carinho posto na palavra pestinha. — Joy é muito animada, e por vezes deixa-se levar em seus assuntos.

— Eu sei disso — tento sorrir, mas o sorriso não sai. Por fim, suspiro tomando coragem de realizar a pergunta e para escutar a resposta —  Eu queria saber se no passado eu era mais amiga de Miryo do que de vocês.

Gain arregala os olhos e então desvia o olhar, parecendo estar sem graça com minha indagação. Percebo Wendy quieta ao meu lado, talvez escutando a conversa.

— Bem, você e Miryo eram como irmãs siamesas — Gain voltou a me olhar e segurou minhas mãos, apertando-as delicadamente —  Aonde ela ia, você ia atrás, se ela fosse para a direita, você também ia para a direita, se ela sugerisse algo, você concordava. Era uma amizade forte, você sabe disso. Foi a que mais sofreu quando ela teve que ser hospitalizada. A questão é que talvez por conta disso você não tinha tanto tempo para nós. Nós éramos mais colegas do que amigas.

Sinto o cansaço de ficar o dia todo na cozinha se abater sobre mim com aquela pequena conversa.

— Eu me sinto feliz com a saída temporária de Miryo — a encaro pasmada e ela dá uma risadinha baixa — Não é porque eu não gosto dela, longe disso. É que foi só assim que você mostrou o seu verdadeiro eu, Yerim.

Não me sinto chateada com as palavras de Gain, pois compreendo — um pouco — o que ela quis dizer. Se Miryo estivesse aqui eu não sei se teria ajudado Wendy ou conversado com Jin, pois Miryo seria completamente contra meus atos. E eu não iria querer despontá-la.

Wendy apoia seu queixo em meu ombro e aperta meus braços.

— Então ao que parece essa tal de Miryo estava escondendo o ouro esse tempo todo — diz, dando risada. Não consigo me conter e Gain muito menos. — Ela com certeza deve ter visto os dotes culinários de Yerim antes de vocês. Joy não parou de dizer um minuto sequer o quanto você foi espetacular com os bolos.

Gain soltou uma exclamação e logo jogou várias perguntas sobre como tinha sido minha primeira experiência fazendo algo comestível. Fiquei feliz por Wendy ter mudado o foco da conversa, acho que ela percebeu que eu não conseguiria arrumar algum outro assunto para a tensão que se instalaria entre eu e Gain. Minutos mais tarde, quando nos preparávamos para dormir cedo — porque ninguém queria acordar com olheiras no dia do encontro — eu agradeci Wendy por ter desviado o rumo da conversa.

— Disponha, eu estou aqui para isso mesmo — ela sorri, um sorriso mais amável do que os primeiros sorrisos que ela mostrou para nós. Wendy olhou para as meninas de modo rápido e então se aproximou mais de mim, como se quisesse me contar um segredo — Yerim, você sabe que pode confiar em mim, não é? Se algo de...diferente estiver acontecendo com você, não hesite em me contar. Guardar segredos não faz bem a ninguém.

Meus pensamentos logo foram parar em Jin. Será que ela desconfiava de algo? Mas como? Observei o rosto harmonioso de Wendy e tentei não deixar transparecer que eu possuía um segredo. Aquiesci, agradecendo por sua ajuda e deitei na cama tentando não pensar muito nisso, afinal, existe a possibilidade de Jin aparecer amanhã. E a última coisa que eu quero é parecer acabada perto das outras garotas. Sinto meu rosto esquentar e controlo uma risadinha histérica que ameaça escapar de meus lábios. Ah, como vou conseguir dormir assim? Balanço a cabeça e aperto mais o travesseiro contra minha face. Preciso dormir. Sim, dormir, dormir, dormir…

— Hey Yerim, vamos, acorda! — algo dá leve batidinhas em meu rosto. Abro os olhos, piscando por um momento e me dou conta de que é Tiffany quem está me acordando. — É hoje!

Meu estômago se embrulha só com essa pequena afirmação dela. Minhas mãos começam a suar e me sinto um pouco mole. Apesar disso, me levanto e a sigo, me juntando as outras garotas que disparam para o banheiro.

O nervosismo é palpável no ar. Mesmo eu que já conheci um rapaz — e preciso esconder muito bem este fato — sinto o nervosismo tomar conta de mim. É algo incontrolável. Faz com quem eu me ensaboe mais vezes do que o necessário e perca um tempo desnecessário no banho. Quando seguimos para o quarto, Sandara aparece em nosso quarto com um frasco de plástico em suas mãos.

— O que é isso? — Joy questiona ao pentear seu cabelo molhado. Sandara abre um sorriso arteiro e entrega o conteúdo para Gain que o segura incerta do que ele é.

— É um creme para corpo — ela diz e acrescenta: — Tem cheiro de baunilha.

— Creme para corpo? — Joy franze o cenho e se aproxima de Gain, apertando o frasco de plástico. Uma substância estranha caiu na mão delicada de Joy e ela o levou para perto do nariz. Seus olhos se arregalaram  — Tem cheiro de baunilha mesmo!

— É claro que tem, é de baunilha — Sandara ri e revira os olhos — Trouxe para vocês passarem nos braços, pernas, bem, no corpo. Além de hidratar também deixa sua pele mais macia.

— Como você consegue essas coisas? — Tiffany pergunta, tão encantada quanto Joy com o creme para corpo.

— Tenho meus segredos — responde Sandara, dando uma piscadela para Tiffany. — Façam bom uso. Não foi algo fácil de conseguir.

— Obrigada, Sandara — agradeço quando vejo que as meninas estão muito entretidas no novo objeto para fazer isso — Você não precisava fazer isso.

— Vocês são legais, é claro que eu precisava — Sandara diz, como se fosse algo óbvio que não precisasse ser explicado — Ademais, vocês tem que estar prontas. A caçada começa hoje.

— Caçada? — não compreendo sua frase. Tiffany, Gain e Joy voltam a prestar atenção na conversa.

— Sim, a caçada aos maridos. Vocês não escutaram todas as meninas comentando isso? — há uma certa reprovação no olhar de Sandara e ela suspira — Essa áurea amigável que nós temos vai desaparecer hoje. Todas darão o seu máximo para conseguir um bom partido e eu já prevejo algumas brigas entre as meninas. Por isso eu trouxe o creme. Vale de tudo nessa caçada.

Tanto eu quanto as meninas permanecemos em silêncio. Não imaginei a mudança que esse encontro traria para todas.

— Bem, se apressem com esse creme. Eu já vou trazer o secador e logo Nana e Suzy vão estar aqui.

Não foi preciso Sandara dizer duas vezes. Todas nós passamos o creme e separamos nossos vestidos na cama, vestindo uma roupa qualquer para só no final vestirmos os vestidos. Nana chegou alguns minutos depois, trazendo o secador e uma bolsinha cinza cheia de grampos, pentes e chuquinhas de cabelo. O cabelo de Tiffany diferente dos dias comuns ficou ondulado nas pontas, deixando um ar mais sofisticado à ela. Gain sempre teve o cabelo curto e o usava reto. Nana o deixou com um volume incrível e jogou a franja que ela sempre usava reta para o lado direito. Gain pareceu muito mais madura após isso.

Joy também optou por deixar o cabelo enrolado nas pontas e Nana prendeu uma parte da frente com um grampo verde combinando com seu cabelo , deixando um pequeno topete em Joy. Quando foi a minha vez, Nana prendeu uma parte do meu cabelo e deixou algumas madeixas soltas na frente do meu rosto. Ela chamou isso de “pega rapaz”, causando riso em todas nós. Nana prendeu o seu cabelo apenas de um lado de modo que sua grande franja pendia no lado esquerdo de seu rosto. Gain concordou comigo quando afirmamos que isso fez com que ela tivesse um ar misterioso. Suzy apareceu quando Nana terminava o meu cabelo e começou a maquiar Joy que era a mais ansiosa de todas nós para ficar pronta logo. Sandara veio junto depois com Seulgi, seu cabelo o mais diferente de todas nós.

Enquanto Suzy preferiu prender o cabelo num coque refinado, Sandara simplesmente raspou uma parte do lado direito da cabeça, o resto do cabelo completamente liso. Joy quase surtou com o cabelo de Sandara, contudo a mesma  garantiu que estava perfeitamente bem com aquele penteado. Não consigo sequer imaginar como foi que ela fez isso, mas admiro sua coragem e inteligência. Ela provavelmente seria uma das garotas que mais chamaria atenção por seu penteado e beleza. Uma boa estratégia. Já Seulgi não fez nada no cabelo, afirmando que não se importava com isso. Se algum rapaz realmente gostasse de si, gostaria como ela é e não numa cópia de “mulher ideal”. Então, que sentido teria se arrumar?

É claro que ela foi a única a pensar assim. No final, já era meio dia quando todas as garotas se juntaram e esperaram atrás da enorme porta do refeitório. Notei várias garotas olhando para os vestidos que Momo fez com admiração e inveja, provavelmente culpando-se por não ter pensado nisso antes. Tanto a minha maquiagem quanto a das garotas que foram maquiadas por Suzy eram mais leves, com cores suaves harmonizando com o nosso rosto, diferente da maquiagem de algumas. Lábios vermelhos, olhos esfumaçados, conjuntos de blusas com saias em cores fortes.

— Quanto tempo será que vai durar esse encontro? — Tzuyu sussurra, tão branca quanto uma nuvem. Ela está incrivelmente bela em seu vestido, mesmo tendo feito apenas alguns cachos em seu cabelo. Momo ao seu lado está tão esplêndida quanto a amiga, o cabelo preso num rabo de cavalo alto e rebuscado.

— Não sei, mas espero que tempo suficiente para avaliarmos todos os rapazes — Eunji responde, também sussurrando. Jiyoon dá uma risadinha com a frase de Eunji e a tensão parece se dissolver um pouco.

Até o instante em que as portas se abrem. Para meu espanto, dois rapazes incrivelmente altos são as pessoas que abrem as portas. Um coro coletivo de surpresa reina por um momento até que Sulli decidida entra no refeitório.

Não sei como é que a diretora conseguiu mudar em tão pouco tempo o lugar em que antes fazíamos nossas refeições — levando em conta que chegamos a realizar nosso café da manhã hoje —, mas seja lá como ela tenha feito, deu certo. Ao invés de enormes mesas onde nos sentávamos juntas, pequenas mesas com dois assentos estavam distribuídas por todo canto. Alguns enfeites foram pendurados nas paredes e no teto, uma atmosfera mágica tomando conta do espaço. Após Sulli entrar, algumas garotas começaram a seguir seus passos, tímidas, sem saber se olhavam para os rapazes quietos segurando as portas ou a decoração do lugar. Desviei meus olhos dos enfeites no teto e fitei um dos garotos. Ele parecia ser alguns centímetros mais alto que Jin, o que me fez perceber o quanto Jin é alto e esguio.

O rapaz em questão possuía uma expressão normal no rosto, como se fizesse aquilo todo dia.  Seus lábios cheios provavelmente é o mais atrativo em seu rosto junto com a pintinha charmosa embaixo de seu olho direito. O smoking preto cai bem em seu corpo. Seu olhar se fixa em algo e um sorriso charmoso se forma em seu rosto. Fito a direção que ele olha e percebo que ele olha para alguém e não para algo. Mas não sei dizer se é para SinB, Tiffany ou Solar, já que as três estão perto uma da outra.

— Yerim, vem! Quero sentar perto de você — Joy diz, me arrastando para as mesas do meio do salão. As meninas ao nosso redor parecem ter a mesma ideia, pois nos seguem e logo as mesas ao nosso redor já estão preenchidas. Tiffany senta longe de mim e Joy o que a deixa com um desespero no olhar pois ela não parece conhecer nenhuma das garotas ao redor dela. Gain senta ainda mais longe, mas está mais calma que Tiffany, sorrindo para Mijoo que está sentada ao seu lado.

Joy está no meu lado direito e Mina no meu lado esquerdo. Na minha frente está Suzy e atrás Jiyoon. Nana sentasse na parte mais funda do salão junto com Sandara e Seulgi ao seu redor. Elas foram mais rápidas ao escolherem seus lugares.

Após todas as garotas se sentarem, um silêncio ansioso e nervoso toma conta da atmosfera. Alguns burburinhos começam quando uns minutos se passam e nada acontece, mas logo todas se calam novamente quando os rapazes começam a entrar. Como estamos sentadas de frente para as portas abertas, conseguimos ver os primeiros rapazes a entrar.

— Ai, caramba… — ouço a exclamação de Joy e vou um pouquinho para o lado na cadeira para tentar ver melhor, já que Suzy é maior que eu e tampa um pouco da minha visão.

Quando meus olhos se fixam nele, compreendo o porquê da exclamação de Joy. O rapaz é esguio e completamente belo, um olhar calmo e ao mesmo tempo confiante o deixa ainda mais belo. O cabelo num castanho tão escuro que parece preto se contrasta contra sua pele branca e a camisa azul realça seu tom de pele. Apesar de magro, é possível perceber que há alguns músculos em seu braço, leves, mas não imperceptíveis. Seu andar é tão elegante quanto sua aparência e quando ele para na frente de SinB, a escuto gaguejar após ele se apresentar. Não a culpo, no seu lugar eu também ficaria embasbacada com o rapaz. Alguns risinhos soam no ambiente e me sinto irritada por algumas meninas acharem graça em ver SinB gaguejando. E se fossem elas ali, gostariam que alguém risse? Reviro os olhos e acabo perdendo o segundo rapaz que entra.

O terceiro rapaz é muito diferente do primeiro até mesmo na maneira de andar, mais jovial. Um sorriso maroto escapa de seus lábios assim que ele começa a observar as garotas, deixando-o mais belo que antes. O tom loiro de seu cabelo combina perfeitamente com seus olhos azuis brincalhões e a camisa preta o destaca muito bem. Ele parte direto para o fundo e pergunto-me se ele chegou a parar em Gain ou Tiffany. Acabo me distraindo quando o quarto rapaz entra por causa do terceiro e o perco de vista.

Outros dois rapazes entram juntos e percebo que talvez o resto vá entrar junto também, o que significa que não terei tempo para observar todos — a não ser que eles queiram conversar comigo.

Os dois que entram juntos são parecidos e diferentes ao mesmo tempo. Ambos são possuem um corpo definido e parecem ter o mesmo gosto para garotas, pois ambos se encaminham para onde Solar está sentada. Todavia, as diferenças param por aí, pois um é loiro e mais relaxado no andar enquanto o outro é moreno e parece um militar — pelo pouco que escutei e soube como militares são.

Fico tão entretidas neles que não vejo o rapaz puxando a cadeira vaga em minha mesa.

— Olá — sua voz há um quê animado ao me cumprimentar — Meu nome é Seungyoon. Você é…?

— Meu nome é Yerim e possuo dezessete primaveras, senhor. É um prazer conhecê-lo — minha voz sai mais firme do que eu pensei que sairia. Me levanto da cadeira e faço uma reverência, sentando de volta ao meu lugar em seguida.

Ele parece encantado com a minha resposta e abre um sorriso encantador.

— É maravilhoso conhecê-la, Yerim — diz, sentando-se finalmente — Não precisa me chamar de senhor, me sinto um velho assim — e acrescenta, deixando-me vermelha: — Você é muito bonita, se me permite dizer.

— Obrigada — não sei o que responder além disso. Sinto meu estômago embrulhar como hoje de manhã e tenho medo de vomitar no rapaz.

— Essa é a minha primeira vez participando de um encontro assim e mais futuramente, do Grande Dia — seus olhos parecem me fitar minuciosamente — É a sua primeira vez também?

— É sim, senhor, quero dizer...Seungyoon.

Nossa conversa dura mais ou menos doze minutos. Sengyoon me contou que acabou o ensino médio e está esperando as aprovações das faculdades para qual tentou entrar. Ele é só um ano mais velho que eu, de modo que a conversa flui naturalmente. Ele se despede de mim com uma reverência e anda pelo salão tão sorrateiro como apareceu para mim.

Não demora muito para outro rapaz sentar-se na minha mesa. Ele possui os cabelos no mesmo tom que Seungyoon, mas sua aparência física é mais bela que a dele. Ele parece muito interessado em cada resposta que eu dou e seu senti como se estivesse numa prova da professora Jeon. Sua voz é tão bela que quando ele fala, quase soa como uma cantoria. Seu nome é Baekhyun e diferente de Seungyoon, já é a segunda vez que ele comparece ao Grande Dia, pois não encontrou sua esposa na primeira vez.

Baekhyun possui vinte anos e já é dono da empresa de cosméticos Soul’s Connection. Reconheço o nome da empresa — a empresa do creme de baunilha — e comento isso. Baekhyun parece feliz ao saber que eu reconheci a empresa e afirma que baunilha é seu cheiro favorito entre todos os cremes. Coro e desvio o olhar depressa, envergonhada por sua afirmação. Baekhyun com certeza foi mais direto em sua abordagem do que Seungyoon — talvez por prática? — e eu logo reconheci o que todas aqui chamam de bom partido. Ele certamente é alguém importante e quem se casar com ele se tornará uma mulher importante.

Quando ele se vai, corro o olhar pelas mesas ao meu redor e vejo Joy conversando com um dos rapazes loiros que vi entrar, o mais forte. Ela sorri mais vezes do que consigo contar e o rapaz parece gostar de seu sorriso. Eles ficam mais tempo conversando do que eu fiquei com Seungyoon e Baekhyun juntos. Outro rapaz senta-se à minha mesa. Ele não é tão interessante quanto os outros e não consegue manter uma boa conversa, de modo que não me dou ao trabalho de decorar seu nome.

Após ele, um rapaz também loiro — mas não o loiro que eu procurava — que não vi entrar senta-se na minha mesa. Namjoon possui uma voz grave e é tão engraçado quanto inteligente. Também é um estudante, como Seungyoon, entretanto, ele já está na faculdade há um ano. Ele se anima rapidamente ao me contar como é o seu campus e comentar sobre as matérias, mesmo que eu entenda apenas uma parcela do que ele diz.

— Olá.

Olho para cima, dando de cara com o primeiro rapaz que entrou. A essa altura, os dois garotos — que eu percebi mais tarde se tratarem de garçons — já haviam servido a comida que as garotas prepararam com tanto fervor e as bebidas. Eu estava na minha terceira garfada quando o rapaz apareceu.

— Meu nome é Yixing. Prazer em conhecê-la.

Yixing… O nome me traz uma recordação da conversa que escutei de Jin, na primeira vez que nos conhecemos. Será possível que…? Não, deve ser apenas coincidência.

— Meu nome é Yerim e possuo dezessete primaveras, senhor. É um prazer conhecê-lo — após dizer isso pela quinta vez, a frase já sai quase natural.

Yixing é outro bom partido. Diretor de logística da empresa Z.P.,fica óbvio que ele possui uma qualidade de vida maior do que a maioria só pela sua conversa e o relógio em seu pulso. Não compreendo como um rapaz interessante como ele está passando pelo terceiro Grande Dia. A essa altura, ele já devia ter uma bela esposa. Não comento isso, é claro, e logo ele se retira.

O próximo rapaz que senta comigo se chama Taemin. Dono de olhos azuis tão claros quanto o céu, ele é o vice-presidente da empresa automobilística Lee e provavelmente é o rapaz mais relaxado de todos com quem conversei. Assim como Yixing, é a terceira vez que ele passa pelo Grande Dia. É com ele que termino minha refeição e logo o garçom da pintinha embaixo do rosto tira nossos pratos e nos traz a sobremesa. Fico satisfeita em provar o bolo que eu mesma fiz.

Mais garotos começam a aparecer, mas não tão interessantes como os outros de que eu gravei o nome. Quando ninguém aparecia em minha mesa, eu me via observando as outras mesas, a procura dos olhos citrinos de que tanto queria ver.

— Yerim?

Sinto meu coração perder uma batida. Olho para cima e um rapaz de sorriso convidativo me fita com certa surpresa no olhar.

— Sim...? — essa não era para ser minha resposta. Eu queria mais do que tudo indagar como é que ele sabia meu nome se eu nem ao menos tinha me apresentado a ele. Poderia ser possível que ele tivesse escutado enquanto conversei com algum outro rapaz,  mas a possibilidade é pequena. As mesas não são tão perto uma da outra de maneira que possamos escutar a conversa do casal ao lado.

— Puxa, Jin não exagerou em nada ao descrever você — ele senta na cadeira vazia a minha frente de maneira ligeira e natural, sem parecer preocupado com algo — Desculpe-me a falta de jeito, meu nome é Jongdae — ele estende a mão e eu faço o mesmo, como num mecanismo automático de tanto que repeti o gesto hoje. Seus lábios tocam com leveza  as costas da minha mão direita. Seu orbes castanhos observam qualquer reação que tenho. — Pelo que posso ver, Jin já comentou a meu respeito.

Não sei o que responder. Como é que eu poderia imaginar que algum rapaz conversaria comigo sobre Jin? Seria seguro responder a pergunta dele? Recordo que Jin o chamou de amigo, mas isso seria o bastante para eu confiar nele?

Um pouco envergonhada e hesitante em responder-lhe, percebo que não me apresentei da maneira adequada.

— Meu nome é Yerim e possuo dezessete primaveras, senhor. É um prazer conhecê-lo — me levanto da cadeira e faço uma reverência, sentando de volta ao meu lugar em seguida.

Jongdae não parece estranhar o fato de eu não dizer nada a respeito de sua afirmação.

— Ele me disse que você provavelmente não iria conversar comigo a respeito dele — o rapaz senta mais relaxado na cadeira, seus dedos sentindo a textura da toalha de mesa — Não precisa se preocupar, sabe? Eu e Jin somos amigos há muito tempo, de modo que eu sei praticamente tudo da vida dele. Como por exemplo, o fato de você e ele estarem se encontrando às escondidas — meu coração se aperta, mas permaneço imóvel, apenas fitando meu prato com um pedaço de bolo intocado, minhas mãos segurando a xícara de chá na frente do prato — Não posso dizer que ele está sendo louco, pois acredito que você seja o tipo de garota que valha a pena se arriscar — consigo sentir seu olhar sobre mim e tremo involuntariamente — Mas isso,  definitivamente, não é seguro. Digo, mais por sua causa do que para ele. É por isso que vim aqui falar com você.

Jongdae coloca seu braço direito por cima da mesa e retira com delicadeza minha mão da xícara que seguro. Seus dedos se entrelaçam aos meus juntando nossas mãos e sinto todo meu corpo gelar.

— Jin pediu para que eu lhe avisasse para esperar no mesmo local que se conheceram amanhã. Às três da tarde. E também pediu que eu transmitisse suas desculpas por não ter aparecido mais. Amanhã ele quer retomar o tempo perdido.

Solto o ar que nem percebi que segurava. Jongdae solta nossas mãos, sem antes depositar um papel branco em minha palma.

Ele sorri parecendo ainda mais relaxado e afastada sua mão da minha.

— Bem, isso foi divertido — diz, acho que mais para si mesmo do que para mim.

— Hmmmm... — não me sinto a vontade para conversar com ele normalmente, mas as perguntas que tenho são mais fortes do que eu — Por que fez aquilo?

— Aquilo o que? — ele parece confuso por uns instantes, antes de compreender a pergunta — Ah, sim. Creio que você não percebeu as monitoras te observando atentamente. Está vendo a prancheta em suas mãos? — olho de modo discreto para as mulheres nos cantos do salão — Ali elas escrevem como está sendo o desempenho de cada aluna. Se há um contato a mais com algum rapaz além da conversa, elas marcarão isso na prancheta. Servirá para elas já terem uma ideia de qual garota se sairá melhor no Grande Dia. Você sabe, elas darão preferências para ajudar tais garotas.

— Você quer dizer que fez aquilo para me ajudar? — seu raciocínio não parece falho, apesar de ser um pouco suspeito. Nunca escutei ninguém dizer nada sobre isso.

— Disponha — ele abre um sorriso e parece que seus olhos se fecham quase por completo — Você conversou com muitos rapazes hoje, mas nenhum pareceu querer algo a mais. Se eu não tivesse feito aquilo, você ficaria igual aquela garota ali.

Olho para a menina que Jongdae gesticula e meu coração se aperta ao perceber que ele fala de Tiffany. Ela está a três mesas mais para frente de onde estou sem ninguém para fazê-la companhia. Uma das monitoras passam ao lado de sua mesa e sua expressão se fecha. Ela escreve algo na prancheta e logo vai para a mesa de Tzuyu que conversa de maneira animada com o rapaz que lembro de se chamar Taemin.

— Isso vai afetá-la muito no Grande Dia? — questiono, sem se  Jongdae consegue ouvir minha dúvida. Afinal, minha voz está tão baixa.

— Um pouco. Mas se ela conseguir se enturmar com algum garoto nos próximos encontros, conseguirá mudar isso.

— Próximos encontros? — fito Jongdae, pasmada.

— Sim, na semana que vem — ele observa atentamente minha expressão — Ninguém disse nada ainda, não é? Bem, não me surpreende que você não saiba disso. Nem ao menos te contaram sobre as monitoras. Não se preocupe, na semana que vem tentarei passar mais tempo com você e assim poderemos conversar melhor.

Ficamos em silêncio ao meio de tanta conversa em nossa volta.

Penso por um momento em permanecer em silêncio, por ser mais confortável assim. Todavia, não me contenho ao perguntar mais uma coisa.

— Tem alguma possibilidade... — começo, sentindo meu rosto todo esquentar. Jongdae me observa com interesse, esperando que eu diga o resto da pergunta — Alguma possibilidade de ele, você sabe, aparecer aqui na escola igual você hoje?

Os lábios de Jongdae se franzem numa linha reta, enquanto ele parece escolher as palavras na mente para me responder.

— Receio que não.

Sua negativa me frustra por dentro. Depois disso, Jongdae se vai. Com uma surpresa, percebo que o primeiro encontro entre garotas e rapazes terminou após quatro horas. Conto rapidamente o número de rapazes com quem conversei — quarenta e cinco rapazes — e percebo que não decorei o nome de nem um terço disso.

Os rapazes logo saem juntos e Joy não perde tempo em puxar o meu braço e exclamar sua evidente satisfação com o encontro.

— Ah, Yerim, ele é tão lindo! Você tinha que ver! — ela ri e seu rosto fica rosado — Bem, acho que você viu, já que conversou com ele.

Pisco os olhos surpresa. Quem será o rapaz que a deixou assim?

Antes que eu pudesse proferir algo, Sandara se aproximou de nós, puxando ambos os nossos braços.

— Nós vamos conversar agora mesmo sobre o que foi isso. Já chamei as meninas para irem ao meu quarto — ela diz, nos arrastando pelo salão até a porta — E, por favor, não se esqueçam de contar todos os detalhes possíveis.

Concordo, fingindo uma animação que eu não tenho. A única coisa que tampa um pouco esse buraco de frustração que parece me corroer é o aviso de Jongdae sobre Jin. Não faço a menor ideia de como vou me encontrar com ele, mas com toda a certeza não perderei essa oportunidade.


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Notas finais do capítulo

Quem viu o spoiler que eu deixei no grupo provavelmente já sabia dessa saidinha do Jin com a Yerim para o próximo capítulo. Só digo uma coisa: aguardem ansiosamente porque as coisas vão esquentar!
Como eu disse, eu deixo várias deixas aqui para a continuação da história e os possíveis casais, então prestem atenção em todos os detalhes! Quando eu vir aqui novamente, vou responder os comentários que não foram respondidos. Estou MEGA FELIZ que BTD atingiu a marca de 100 favoritos! É maravilhoso isso gente, eu agradeço de todo o coração pelos favoritos e comentários, sério ♥
Espero voltar aqui logo.
Bjsbjs e esperem pelo próximo capítulo que vai ser mega fofo!
ps: deixam suas teorias que eu amo ler haha, mesmo sem tempo. Ah, eu vou postar várias one shots de agora em diante, mas isso não vai atrapalhar o decorrer das postagens de BTD, tá? Espero ver vocês lá também djsufhsdufh. Beijos de luz

Trailer da fanfic:https://www.youtube.com/watch?v=8MLHUCwe_Y8



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