I Will Survive escrita por Iphegenia


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, queridinhos!

Não acontece muita coisa no capítulo de hoje, mas ele aborda alguns assuntos que precisavam ser conversados e esclarecidos entre os personagens.

Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/717482/chapter/17

O lustre vitoriano completamente preto, exposto no canto da enorme loja que imitava a arquitetura de um castelo, havia capturado a atenção de Regina e o desejo de possuí-lo. A morena sabia que era um pouco exagerado tê-lo no apartamento, pois não era grande o suficiente para comportá-lo de forma harmônica, mas não havia maneira de fazê-la desistir de levá-lo. Ela já havia decidido onde colocá-lo antes mesmo de finalizar a compra. Iria compor seu escritório, que ela sabia que seria o ambiente que menos ornaria com o restante da casa, mas isso não importava, afinal, era dela e apenas dela, ninguém precisaria se sentir confortável lá. Não haveria argumentações sobre ser demasiado “evil”. Pensando sobre isso, a boca de Regina se contorceu para o fato de que todos que conheciam sua verdadeira identidade ligavam suas escolhas de roupas e decoração à maldade. Isso era algo facilmente deduzido por qualquer pessoa, quando na verdade toda a maldade que cometeu era uma parte de sua vida, mas não determinante para todo o resto. Regina não era, simplesmente, o resultado de anos na escuridão, ela era uma mulher um pouco mais complexa do que isso.

A rainha havia aprendido há muito tempo que cada pessoa é um mundo. Mesmo que alguns sejam maiores e mais prósperos do que outros. E o mundo “Regina” era escuro, mais profundo do que extenso. Sua vegetação era ressecada; sua terra, de fertilidade inconstante; suas águas, geladas. Oceanos escuros com temperaturas negativas só viam a luz na região mais oculta, ironicamente. Era quase imperceptível para quem olhava da superfície. Era preciso mergulhar fundo, mas lá estava, finalmente, a área frutífera, quente e iluminada. Poucos eram os mergulhadores dispostos a enfrentar suas águas, menos ainda aqueles que sobreviviam.

Quando a vendedora chegou com a nota para Regina assinar, a morena deu um último olhar para o lustre e atravessou a loja na direção de Emma, sua única acompanhante naquela tarde de compras. A loira brincava acendendo um abajur cinza que alternava a cor da luz que refletia entre branca, vermelha, azul, amarela e verde. Lá estava o mundo “Emma”, Regina pensou. Irradiava luz, barulhento e atraente. Mas a rainha sabia, ela via pelos orbes esmeraldas, que, ali, a exploração não era permitida. Regina lutava para que as pessoas conseguissem ver aquilo que estava em seu interior, mesmo que negasse veemente tal fato e que, quase sempre, era algo boicotado por ela mesma, quando o medo vencia sua luta interior. No entanto, esse era um desejo que ela carregava durante toda a sua vida: ser compreendida e amada. Já Emma, lutava para afastar qualquer pessoa que se aproximasse demais de sua verdade. Ela era mais escura do que seu exterior, de uma forma que, olhando a distância, ninguém imaginaria. Assim como no mundo “Regina”, era preciso mergulhar em “Emma” para aproximar-se da realidade que ela carregava em seu coração.

Emma, de alguma forma, era uma das poucas pessoas que, conhecendo a história de Regina, havia insistido em mergulhar, sobreviveu e fazia aquela mesma viagem com frequência e naturalidade. Regina queria fazer o mesmo naquele primeiro ano que conviveram e, agora, tanto tempo depois, essa vontade parecia despertar em seu peito mais uma vez. Isso a assustava, mas Regina não fugiria de um desafio tão sedutor.

— Você deveria comprar. Faria uma boate no seu próprio quarto. – Regina parou ao lado de Emma, batendo sua mão direita contra o ombro da mais nova.

— Há-há! – Emma forçou as sílabas, mas sorriu sincera quando girou o pescoço para olhar Regina. – Comprou tudo que queria aqui?

— Sim. Os lustres de todos os cômodos e abajures, mas nenhum com luzes coloridas. Lamento! – A morena forçou um bico apenas para provocar a loira.

— Eu posso conviver com luzes brancas desde que você me permita apagar e acender várias vezes.

Swan girou nos calcanhares e caminhou em direção à saída. Regina seguiu alguns passos atrás e, quando chegou na calçada, viu Emma atravessar a avenida correndo, indo até uma banca de pipoca doce. Em poucos minutos, a loira estava de volta ao seu lado, lhe entregando um dos dois pacotes.

— O que você quer comprar agora?

— Papel de parede.

— Do tipo floresta? – Emma jogou algumas pipocas na boca e sorriu, em meio à mastigação, para o arquear de sobrancelha de Regina diante da referência.

— Não posso negar que isso passou por mim.

Emma engasgou com a pipoca e olhou incrédula para uma Regina que sorria divertida e negava com a cabeça.

— Você quase me pegou. – Emma puxou o ar acalmando-se da tosse e deu uma cotovelada de leve no braço da morena.

— Eu ainda não sei o que escolher, mas será nas mesmas cores. Preto, branco e tons de cinza. – Regina lambeu a ponta dos dedos sujos com o caramelo das pipocas antes de apanhar mais algumas no pacote.

— Talvez com desenho de algumas coroas. - Swan imitou o ato de Regina de lamber os dedos, lembrando-se da noite em que criaram a barreira na fronteira da cidade e dividiram um tablete de chocolate. – Eu estava pensando... tudo que você está comprando vai começar a chegar e você passará por praticamente uma reforma trocando papel de parede, arrastando móveis e colocando toda a decoração, então, se você preferir, eu posso ficar no meu apartamento.

Regina olhou para Swan com o cenho franzido por alguns segundos antes da realização lhe atingir.

— Oh! Eu nem me lembrava que você tem um apartamento aqui.

— Claro que ele não é nada comparado ao seu, mas eu ainda o tenho. – Emma chutou uma pedra que estava em seu caminho, cobrindo o desconforto que sentia quando pensava em sua situação financeira, especialmente em um momento em que a comparação com a de Regina era inevitável, mas a morena não pareceu seguir a mesma linha de raciocínio.

— Se você acha que está atrapalhando ficando lá em casa, eu posso assegurar que não está. Mas se for se sentir mais confortável no seu próprio apartamento, acho que podemos negociar isso com Henry. Afinal, a ideia dessa viagem é justamente matar a saudade que estávamos sentindo dele.

— Se você tiver certeza de que eu não sou um incômodo, eu gostaria de continuar lá. Sei que Henry não vai querer te deixar tão cedo e eu também quero estar perto dele. – Emma olhou em volta fugindo do olhar de Regina, que permanecia nela durante quase toda a conversa. – Eu também gosto da sua companhia. E, claro, da de Júlia.

Regina sorriu ao ver a mancha vermelha se espalhar pelo rosto de Emma quando completou sua frase.

— Nós também gostamos da sua companhia. Eu tenho certeza de que já perdi o posto de ouvinte favorita das histórias de Júlia.

— Oh, não! – Emma rejeitou com a boca cheia, fazendo alguns pedaços de pipoca escapulirem. – Você é a mãe dela, esse posto será sempre seu. – Passou a manga do casaco de lã pela boca limpando-a antes de voltar a comer e a falar. – Então temos uma confissão da rainha de que gosta da minha companhia?

— Se continuar com essa expressão convencida, eu retiro o que disse. – Regina parou de caminhar enquanto procurava por pipocas com mais cobertura e, quando as capturou entre os dedos e as jogou na boca, finalmente, encarou Emma. – Mas sim, você tem sido uma das minhas companhias favoritas.

O diálogo se encerrou assim, mas não havia muito mais o que ser dito. Emma sentia fogos de artifício explodirem em seu peito e o sorriso que rasgou seu rosto ficou lá por muito tempo, por mais que ela tenha tentado disfarçar. Já Regina ofereceu um sorriso mais contido, apenas uma leve curvatura nos lábios, mas ainda assim era um sorriso, um sorriso direcionado à Emma logo após dizer que gosta da sua companhia. Aquele poderia ser um dos momentos mais felizes da loira nos últimos cinco anos.

Seguiram caminhando lentamente até que Regina avistou um Café e acelerou os passos até ele. As paredes verdes do estabelecimento combinavam com as mesas, de ferro, da mesma cor, que ficavam distribuídas por parte da calçada. Regina escolheu uma mesa de quatro lugares que ficava no canto, para que pudesse usar o muro como apoio, além da própria cadeira baixa, e sentou-se elegantemente, com suas pernas cruzadas e dando mais uma volta em seu cachecol vermelho. Swan sentou-se ao seu lado direito e passou os olhos pelo cardápio que já estava lá. Quando o garçom veio lhes atender, Swan apenas negou com a cabeça enquanto Regina pedia um café expresso. A morena lançou um olhar desconfiado para a loira que era sempre tão faminta e pode perceber que algo a incomodava, mas também pode ver o esforço que ela fazia para disfarçar qualquer que fosse sua preocupação dando à Regina a ideia de que não estava pronta para falar sobre aquilo.

Ficaram em silêncio por alguns minutos. Regina observando o tráfego e Emma brincando com a ponta de seu cabelo. Quando o pedido da morena chegou, quebrando o silêncio da mesa, Swan aproveitou para levantar um ponto que vinha pensando desde o dia anterior.

— Então, com todas essas compras posso deduzir que você não pensa mesmo em voltar para Storybrooke.

— Não. Eu não penso. - Embora aquela resposta fosse exatamente a que Emma esperava, a forma direta com que foi dita a surpreendeu. Regina percebeu o impacto que causou na sheriff e suavizou a voz antes de continuar. – Eu tenho mais aqui do que jamais teria lá.

—  Mas lá você tem Henry. – Emma agarrou a manga de seu casaco azul marinho e, através dele, fincou as unhas na própria palma da mão para conter-se de falar mais do que deveria.

— Eu sei. – Regina correu o dedo indicador pela asa da xícara antes de uni-lo ao polegar e suspenda-la para um gole de sua bebida. – Eu o amo muito. Inclusive gostaria de conversar com você sobre a guarda.

O rosto de Emma perdeu a cor e em um segundo, apenas o tempo que precisou para rebater a rainha, muitas teorias sobre as formas jurídicas em que poderia perder seu filho lhe abateram.

— A guarda?

— Mais ou menos. Eu sei que Henry não pretende deixar Storybrooke agora e nem em um futuro próximo, mas eu gostaria de visitas e férias, feriados também. Você pode entender isso, não pode? – Emma não tinha certeza se podia, mas concordou com a cabeça enquanto, por ela, as teorias corriam em uma velocidade que a razão não conseguia acompanhar. Com a falta de resposta, Regina prosseguiu – Swan, legalmente sou eu quem tem a guarda dele, mas eu jamais o obrigaria a sair de lá e nem o afastaria de você contra a vontade. Mas eu também não vou abrir mão de um tempo com o meu filho. Eu acho que estou sendo razoável, não?

Regina tocou o braço de Emma com as sobrancelhas unidas em preocupação quando a loira permaneceu em silêncio, apenas o suficiente para desacelerar seus pensamentos. A salvadora libertou a respiração, que vinha prendendo desde que a palavra “guarda” fora proferida, e umedeceu os lábios.

— Você quer disputar a guarda dele? Você não pode fazer isso, eu não tenho chances, não seria justo...

— Hey! – Regina levou a mão que estava no braço de Swan até uma mecha loira, que escapava do rabo de cavalo, e a prendeu atrás da orelha. – Não foi o que eu disse. Eu jamais faria isso.

— Então...

— O que eu quis dizer é que gostaria que Henry passasse um tempo comigo também. Finais de semana, férias, feriados, enfim, quando ele quiser. – Regina suspirou aliviada quando viu a expressão de Emma suavizar. – Eu posso ter me expressado mal.

— Eu senti como se tivéssemos voltado no tempo.

Regina fez uma careta pensando em todas as brigas que tiveram quando se conheceram, lutando por Henry, e, após, inevitavelmente sorriu para todos os absurdos que haviam feito contra a outra. Não havia como se orgulhar de nada daquilo.

— Eu não pretendo reviver o passado. – A rainha recostou-se na cadeira e abraçou novamente a xícara com seus dedos magros. – Acha que podemos entrar em um consenso sobre isso?

— Uhum. – Emma coçou a nuca pensando alguns segundos. – Converse com Henry sobre isso, desde que ele não invente de vir aqui em dias de aula, eu não vejo problemas.

— Eu não permitiria isso. – Regina elevou a xícara até a altura dos olhos de Swan e simulou um brinde antes de terminar a sua bebida.

Passaram-se mais alguns minutos com ambas perdidas em seus pensamentos. Emma pensando se algum dia Regina teria coragem de lhe tirar Henry ou se o garoto iria preferir voltar a morar com sua mãe adotiva, aquela que ele via como sua verdadeira mãe desde suas primeiras semanas e que, não vê-la dessa forma, por volta de seis anos atrás, ainda era algo que o fazia corroer em arrependimento.

Os pensamentos de Regina não vagavam muito longe dali. A rainha repassava em sua mente o desespero nos olhos da loira quando o assunto foi introduzido de forma errônea. Ela nunca faria algo contra vontade de Henry ou o levaria para longe daqueles que ama, então, tirá-lo de Swan não era uma opção, mesmo tendo ela feito algo assim anos atrás, que resultaram em cinco longos anos distante daquele a quem dedicou dez, além de todo o seu amor. A pessoa que tentou impedir que Henry e Emma convivessem não era a Regina que estava ali, desde que não lhe fosse privado o direito de também usufruir da companhia do garoto. Compartilhar a guarda era tudo que Regina queria, se é que finais de semana e férias podia ser chamado de algo próximo de “compartilhar”.

— Você está realmente bem quanto a isso? Veja, eu não quero que pense que estou tentando tirar Henry...

— Não. Não. – Emma tocou a mão de Regina que descansava na mesa. – Eu entendo o seu ponto e acho justo. Mesmo! 

— Você também está convidada a vir quando quiser.

— Mesmo? – O sorriso de Emma cresceu quando Regina esticou seus lábios unidos em um sorriso inocente. Swan não conseguia explicar, mas lhe fascinava como Regina podia encarnar tanto um anjo, como nesse momento, quanto o demônio em sua pior face. A morena tinha tantas camadas que tudo que Swan podia desejar na vida era um dia ter a permissão de passar por elas e conhecer cada linha de pensamento da rainha. – Eu vou adorar!

— Mas e você, não pensa em voltar para cá?

— Penso o tempo todo, mas não passa disso. Eu pretendo continuar em Storybrooke. Eu passei a vida toda desejando encontrar os meus pais e agora que os tenho, não vejo como poderia me afastar.

— Entendo. – Regina levantou um dedo quando um garçom atendeu a mesa ao lado, chamando-o. – Eu acho que você está certa. Embora não saiba como alguém que passou a vida toda em cidade grande consegue se contentar com uma tão pequena e que nem mesmo existe no mapa.

— Criação sua, majestade. – Emma sorriu e observou Regina correr os olhos pelo cardápio e fazer o pedido ao garçom que já lhe atendia. Quando o homem saiu, a morena uniu as mãos a frente do corpo e cerrou os olhos.

— Considerando que era uma maldição, eu acho que fiz um ótimo trabalho. – Regina entornou os lábios pensando nos prós e contras de uma cidade pequena. Sua expressão descontente fez Emma gargalhar ao seu lado. – Não. Não. Eu gosto de Storybrooke. Realmente gosto. Eu apenas não sei se no seu lugar, tendo crescido aqui, conseguiria me adaptar lá.

— É por isso que você não quer voltar? Por que não consegue mais viver sem os barulhos das buzinas, sem a poluição, a vida noturna... – Emma prosseguiu listando o que chamou de “características de Boston”, arrancando risadas da morena, até que Regina tapou a boca da loira com uma mão, obrigando-a a parar.

— Não seja chata, nós estávamos indo tão bem. – Regina forçou um bico fingindo estar magoada. – Mas então, me diga você, quais são os motivos que te fazem pensar em voltar para Boston, mesmo que não tenha pretensão.

Emma tentou disfarçar, mas Regina percebeu o desconforto surgir na loira mais uma vez. Cogitou livrá-la de responder, mas quanto mais Emma se mostrava resistente, mais curiosa Regina ficava. Então, após longos segundos de espera, Swan se mexeu na cadeira e coçou a garganta.

— Não é fácil ser Emma Swan lá.

— Como assim?

— Eles querem a salvadora, todos eles, até mesmo meus pais. Tem sempre muita expectativa, muita pressão, sobre mim. Não consigo ser apenas eu.

— Eu entendo. – E entendia. Regina percebeu, naquele momento, que elas não eram tão diferentes quanto pensava. Assim como ela, Emma também não tinha controle sobre si. Foi arremessada em uma vida que não escolheu, seu destino estava traçado antes mesmo de nascer. Ainda no ventre de sua mãe, a obrigação de salvar um reino inteiro pairava sobre ela.

— Além de tudo isso, ainda tenho uma magia que mal posso controlar. Eu nunca quis nada disso. Eu só queria encontrar meus pais e meu filho, o resto foi...

— Efeito colateral. – Regina completou e, então, sorveu o líquido uma última vez. – Eu lamento ter causado tanto mal a você.

— Tudo bem, não precisa se desculpar. Afinal, você criou o meu filho, isso já compensa tudo.

— Eu não estava realmente me desculpando. – A rainha tirou algumas notas da bolsa e colocou sobre a mesa, prendendo-as pelo pires quando o vento ameaçou levá-las.

— É claro que não. Regina Mills não se desculpa. – Emma sorriu para os modos da morena e a seguiu pela calçada movimentada da cidade mais populosa do estado.

As duas mulheres só voltaram ao apartamento no início da noite. Exaustas, após o banho, ambas se jogaram em suas respectivas camas, no caso de Swan, no sofá-cama. Regina chamou a loira para mais uma noite de filme, agora que Henry tinha o próprio quarto, cujo os móveis haviam sido entregues naquela tarde, mas a loira rejeitou. A noite anterior havia sido ótima, assim como aquele dia inteiro com Regina, mas, novamente, dividir a cama durante duas horas era algo para o qual ela ainda não tinha controle. Sentir o peso de Regina ao seu lado no colchão, sentir suas peles roçando e ouvir o ronronar da morena quando caísse no sono logo após os créditos subirem, poderia resultar no impulso de um abraço ou, pior, um beijo que levaria por água abaixo toda a relação de amizade que estavam desenvolvendo. Então, sozinha na sala, Emma aconchegou-se embaixo da manta, abraçou almofadas e esperou o sono chegar.

Enquanto isso, no quarto, Regina recebia a visita de uma pequena em pijama de unicórnio azul, com direito a gorro com o chifre único. Júlia escalou a cama e sentou na barriga da mãe escovando seus cabelos negros até que a mulher estivesse totalmente desperta.

— Oi, meu amor, perdeu o sono?

Júlia balançou a cabeça positivamente e cruzou os bracinhos contra o peito.

— Mamãe de Henuy vai moa com a gente?

— Henry. – Regina corrigiu e passou os dedos pelos cachos da filha, ajeitando-os embaixo do gorro de pijama. – Não, ela não vai morar com a gente. Ela só está nos visitando.

— Ela é minha mamãe agoa?

Regina franziu o cenho para a pergunta e tirou Júlia de cima de si, para sentar-se e trazer a filha novamente para o seu colo.

— Do que você está falando, querida? – Júlia levantou os ombros e seus olhos caíram para as mãos de Regina que descansavam em suas coxas infantis. – Filha, a Emma é mãe do Henry, mas ela é nossa amiga. Suas mães sou eu e a mamãe Luna, tudo bem?

Júlia agitou a cabeça e arrastou-se para o lado, deitando sobre o travesseiro de Regina. A morena deitou atrás e a envolveu em seus braços, dando-lhe beijos no topo da cabeça.

— Mas a mamãe não aqui.

— A mamãe está lá no céu te olhando, cuidando da gente.

— Como uma estelinha?

— A estrelinha que mais brilha.

Regina sentiu o peito afundar com a fragilidade da filha e sua lógica infantil. Sentiu-se negligente por não passar todo o tempo que podia com ela, quando, muito claramente, a menina ainda não estava preparada para isso; quando ela ainda precisava da mãe, uma vez que era a única que lhe restava.

A rainha suspirou frustrada pensado em tudo que ainda precisava fazer. O apartamento não estava pronto, sua relação com Henry ainda não estava completamente recuperada, seus dias de licença do trabalho estavam no fim e ainda não tinha decidido o que fazer com Júlia enquanto trabalhava. Mais alguns minutos pensativa e pode ouvir a respiração pesada ao seu lado, indicando que a menina havia dormido. Não muito depois o estômago de Regina roncou baixo, rendendo-lhe uma careta. A morena tomou o copo de água que sempre deixava no criado mudo para enganar a fome, pois deixar a filha ali sozinha, mesmo que dormindo, depois de ver a tristeza que seus olhos estampavam, não era algo que seria capaz de fazer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Continuem comentando, mandando sugestões e dando opiniões sobre a fic. Eu vou responder todos os comentários do capítulo anterior assim que puder. Beijos ♥

Editando aqui as notas finais apenas para um desafio: quem adivinha o que teremos no próximo capítulo?