Fragmentada escrita por DrixySB


Capítulo 14
Doce lar


Notas iniciais do capítulo

Um pouco mais da intimidade entre o casal...



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— Nós temos mesmo um chalé em Perthshire? – ela perguntou, lançando um olhar cético ao marido.

Fitz arqueou as sobrancelhas com um sorriso desafiador no rosto diante da notória descrença no tom de voz de Jemma.

— Acha que é uma montagem ou o quê?

— Não – ela ergueu ligeiramente os ombros – é só que... Parece surreal.

Já era manhã e eles estavam sobre a cama, agora inteiramente vestidos. Haviam passado a última hora vendo fotos de suas viagens e de momentos em família. Fitz observava com certo fascínio as reações de Jemma diante daquelas fotos. Ela estava tão surpresa quanto deslumbrada. Era como se estivesse vivendo pela primeira vez todos aqueles momentos de que não se lembrava através dos registros fotográficos; lutando e vencendo uma guerra particular contra sua amnésia, fazendo proveito dos escassos recursos que possuía.

— Você vai me levar até lá? – Perguntou, relanceando um olhar cobiçoso a Fitz, diante do qual ele jamais poderia se negar a fazer o que quer que ela viesse a pedir.

— Se você quiser... – ele respondeu, ainda sorrindo.

Jemma aproximou-se para beijá-lo, breve e carinhosamente, então tornou a olhar a galeria de fotos no tablet. Havia tantos momentos dos quais ela gostaria de se lembrar urgentemente. Mas, por ora, podia se conformar com aquela realidade de vê-los registrados em fotografias ao lado de Fitz. De alguma forma, era como recuperar alguns pedaços de sua vida que foram arrancados de si com aquele tiro.

Bem como havia sido horas atrás, partilhando um momento de total e intensa intimidade com Fitz. Entregar-se àquele desvario não despertou nenhuma de suas memórias adormecidas – ela nem mesmo teve um déjà-vu de outras vezes em que ele a tocou – mas, ainda assim, foi como se ela, perdida, houvesse se encontrado novamente nos braços dele. Jemma recordava-se do arrepio que percorrera toda a sua pele, como ela se viu imersa em êxtase, o corpo todo envolto por um prazer profundo e absoluto, a sensação delirante de arrebatamento que a dominou. Nada, definitivamente, poderia se comparar ao deleite de ter Fitz dentro de si, de alcançar picos de prazer intensos e subsequentes com ele, de sentir-se tão plena e satisfeita.

Fitz não foi nada menos do que ela esperava. Perfeitamente gentil, terno e afetuoso, preocupando-se com o que ela sentia, com o quanto ela estava desfrutando daquele momento, mas também impetuoso quando as circunstâncias exigiram, respondendo aos seus instintos e atendendo aos anseios de Jemma. Quando, enfim, terminaram, ele encostou a testa na dela e olhou profundamente em seus olhos, perguntando se ela estava bem. Jemma achou a pergunta dispensável, visto que não poderia estar melhor e havia feito questão de expressar isso com todos os suspiros e sussurros que deixou escapar, bem como com sua linguagem corporal, sendo receptiva e recíproca ao seu toque. Mas ela compreendeu. Aquele se tratava de Fitz. E ele era excessivamente atencioso.

Recobrando-se do segundo de torpor que a acometeu por conta das lembranças que invadiram sua mente, ela deslizou o dedo pela tela do tablet a fim de continuar vendo as fotos. Deparou-se com imagens de seu próprio casamento e as fitou emocionada. Fitz limitou-se a permanecer em silêncio enquanto ela as admirava, sabendo que aquele era um momento íntimo e particular de Jemma com as lembranças que ela havia esquecido. A bioquímica desejava capturá-las em seu coração, uma vez que haviam escapado de sua memória. E assim mantê-las cativas e vivas em algum lugar dentro de si.

— Se algum dia a ideia de me casar passou pela cabeça em 19 anos... – ela começou a falar, depois de tanto tempo calada – creio que foi exatamente assim. Algo simples e romântico – completou sem conseguir conter uma lágrima fortuita que escapou de seu olho. De súbito, sentiu o dedo do engenheiro secar a lágrima que escorria por sua face. Ela aproximou-se mais de Fitz, descansando a cabeça em seu ombro. Os braços dele foram afáveis e acolhedores como sempre, acomodando-a contra seu corpo. Ele corria suavemente as pontas dos dedos pelo braço direito de Jemma que ainda segurava o tablet, agora vendo as fotos de sua lua de mel em Seychelles.

— Por que disse que nossa lua de mel foi tardia?

— Porque, infelizmente, tivemos contratempos... A SHIELD precisou de nós no laboratório pouco depois do nosso casamento.

— Nós trabalhamos demais... – ela concluiu – sabe, deveríamos tirar férias. Um ano sabático – um sorriso pueril se desenhou em seu rosto de repente.

Fitz riu ante aquela sugestão. Mas tinha de concordar que não era uma má ideia.

— Quando as coisas se acalmarem, faremos isso. Você prefere Perthshire ou Seychelles?

— Que tal ambos?

— Boa escolha.

Era tão fácil conversar com Fitz. Jemma acreditava que jamais iria se cansar da presença dele. Ele era, definitivamente, a sua outra metade. A sua pessoa favorita no mundo.

Ao contemplar a paisagem de Seychelles, duas coisas lhe passaram pela cabeça: que nem os melhores e mais talentosos fotógrafos poderiam capturar todo o esplendor da ilha em uma imagem estática – aquela ilha merecia ser admirada ao vivo – e que ali sua filha havia sido concebida. Na posição em que se encontrava agora, com a cabeça sobre o ombro do marido, ele não podia ver seu rosto. E, internamente, ela agradeceu que ele não pudesse nem ao menos vislumbrar a malícia em seu sorriso contrastando com o rubor que tomara conta de sua face. Nem ela mesma entendeu o motivo de ficar envergonhada. Afinal, horas atrás, estavam totalmente desprovidos de suas roupas, delirantes e perdidos nos braços um do outro... Ela quis afundar a cabeça no peito dele quando esse pensamento a tomou de assalto, mas no mesmo instante, o choro de Athena penetrou seus ouvidos.

— Oh... Eu vou lá vê-la!

Jemma se afastou, de modo que ele pudesse levantar da cama, e uma ideia surgiu em sua mente.

— Por que não traz Athena para cá?

Fitz a encarou por um breve momento.

— Por que... Ela não fica aqui conosco?

O engenheiro ponderou a ideia e então assentiu com um sorriso enviesado. Ele não tardou a buscá-la e quando retornou ao quarto que dividia com Jemma, agora com Athena nos braços, ela já não estava mais chorando.

— Veja quem está aqui – Fitz disse e Athena abriu um amplo sorriso ao avistar a mãe.

— Venha comigo! – Jemma exclamou, igualmente sorridente, estendendo os braços para pegar a filha.

Ela pôs Athena em seu colo e, curiosa, a menina agarrou prontamente o tablet. A tela exibia a imagem de toda a equipe reunida, provavelmente em alguma celebração, visto que todos estavam sorrindo, com copos na mão e era possível identificar o cenário ao redor como sendo alguma parte da base da SHIELD, modestamente decorada.

— Aniversário do Coulson – Fitz respondeu a pergunta não verbalizada de Jemma, tornando a se sentar na cama ao lado de duas das mulheres de sua vida.

Athena apontou para cada um na tela, pronunciando seus nomes de maneiras incompreensíveis. O engenheiro explicou a Jemma que era como ela costumava se referir a cada um deles, com nomes que ela mesma havia criado e que deveriam fazer algum sentido em sua imaginação.

A garotinha olhou confusa para Jemma.

— Eu? – ela perguntou, encolhendo os ombros com um semblante interrogativo.

— Oh, creio que você ainda não havia chegado nessa época. Mas aqui... – Jemma percorreu o olhar pela galeria de fotos, procurando uma que contasse com a presença de Athena – Olhe, aqui está você – prosseguiu, apontando para uma foto de Athena recém-nascida, deitada no berço – quando você, finalmente chegou.

— Ahhhh! – a menina exclamou, encantada, vendo-a si mesma em inúmeras fotografias.

Fitz, que estava distraído até então, subitamente se deu conta do horário ao olhar o relógio sobre a mesa de cabeceira. Levantou-se a contragosto, pegando o casaco que estava sobre o divã. Ao virar-se para anunciar à Jemma que estava saindo, deparou-se com a dúvida estampada no rosto de sua esposa.

— Bem, eu tenho que ir para a base – disse, vestindo o casaco.

— Eu pensei que fosse ficar – ela arriscou com uma expressão indistinta.

— Não – Fitz suspirou, desanimado – não posso ficar tanto tempo longe...

— Só está há um dia longe do trabalho.

— Um dia afastado pode ser vital na SHIELD. As coisas viram de cabeça pra baixo de um minuto para o outro.

— Pa... Fica!

Fitz estacou, segurando a maçaneta da porta já entreaberta, ao ouvir a voz de sua filha chamá-lo. Ele virou o rosto na direção da menina que o fitava tristonha, com um olhar súplice...

— É ela quem está pedindo agora – Jemma se dirigiu a ele com um semblante perspicaz – além do mais, ela teve febre... Pode ter uma recaída.

Fitz inalou profundamente.

— Isso é chantagem emocional.

— Sabe que não se trata apenas disso. Ela pode voltar a ficar doente sem você por perto. Não custa nada você ficar, nem que seja só mais um dia em casa.

Sim, havia verdade no que ela dizia e Fitz se preocupava com a saúde e o estado emocional de sua filha, de modo que optou por ficar.

— Ok. Só por hoje.

Sentada sobre as pernas de Jemma, Athena bateu palmas, contente com a decisão do pai, então estendeu os braços em sua direção. Fitz a tomou em seu colo.

— O que quer fazer?

— Doc! – a menina respondeu, determinada.

— Sabe que me deixa confuso assim.

— Confuso? – Jemma perguntou, curiosa.

— Eu nunca sei se ela está se referindo a Doctor Who ou ao Doc Brown de De Volta Para o Futuro...

— Who! – Athena falou com entusiasmo.

— Ok, então. Vamos ver Doctor Who. Jemma,  vai se unir a nós? – Fitz indagou com um sorriso divertido curvando seus lábios.

— Por que não? – ela pareceu mais disposta e animada do que nunca – contanto que não sejam as novas temporadas. Não quero spoilers.

— Pode deixar. Athena adora as temporadas do David Tennant. Podemos ver uma delas – Fitz disse, abrindo a porta do quarto, ainda com a filha nos braços. Jemma não demorou a levantar-se da cama e os seguir para fora do recinto.


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Notas finais do capítulo

* picos de prazer intensos e subsequentes (simelateveorgasmosmúltiplos) =P

* A Athena não é adorável pedindo para o pai ficar? *-*



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