Flores De Maio escrita por Maitê Miasi


Capítulo 11
Se Atreva A Sonhar


Notas iniciais do capítulo

Enfim, o capítulo tão esperado!



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Bésame
A destiempo, sin piedad y en silencio
Bésame
Frena el tiempo, haz crecer lo q siento

Bésame
Como si el mundo se acabara después
Bésame
Y beso a beso pon el cielo al revés
Bésame
Sin razón, porque quiere el corazón
Bésame

Siénteme
En el viento, mientras yo, muero lento
Bésame
Sin motivos, estaré, siempre contigo

Bésame
Como si el mundo se acabara después
Bésame
Y beso a beso pon el cielo al revés
Bésame
Sin razón, porque quiere el corazón
Bésame

Bésame
Como si el mundo se acabara después
Bésame
Y beso a beso pon el cielo al revés
Bésame
Sin razón, porque quiere el corazón
Bésame

Bésame así, sin compación
Quédate en mí, sin condición
Dame tan sólo un motivo
Y me quedo yo. – Camila

****

Maria não acreditara na cena que vira, dois marmanjos brigando sem necessidade, por... Sua causa?

— Você ficou louco Sérgio? – Devolveu o soco, fazendo-o cair.

Sérgio se levantou com a mão no rosto, com vestígios de sangue. Ele olhou para Estêvão com muita raiva, e logo estavam os dois travando um luta no meio do salão. Eles pareciam dois brutamontes, dois trogloditas, e em poucos minutos, todas as atenções não estavam mais voltadas para a drogada da Cecília, e sim pra os dois.

— Já chega vocês dois! – Se pôs no meio deles.

Eles se olharam como se fossem inimigos desde a infância.

— Desculpa Maria, você não precisa assistir isso. – Se retirou.

— Desculpa senhores, mas a festa acabou!

Foram as únicas palavras que ela dissera, eles entenderam que era a hora de dar tchau. Foi desconcertante para ela, ela nunca se sentiu tão envergonhada. Sérgio a olhou com uma cara nada boa, e subiu, sua tia foi ajudar sua mãe, Ana Lara já tinha ido dormir há muito tempo, e ela, ficou ali pensando no que acabara de passar na sua frente.

Já não se encontrava mais na nenhum convidado, os moradores já haviam se recolhido. Maria voltou ao salão, viu os empregados arrumando e percebeu que havia vários cacos de vidro espalhados pelo chão, provavelmente, no meio da confusão, eles deixaram cair alguma taça, e ninguém percebeu. Sim, foi isso, Sérgio estava com uma taça na mão quando socou Estêvão.

“Será que ele se machucou?” – Pensou.

Inacreditavelmente, ela estava preocupada com ele, e seus pés logo saíram a sua procura, e o encontraram sozinho, próximo à piscina.

 — O que você está fazendo aqui sozinho? – Se sentou ao seu lado.

— Você ainda tem coragem de vir falar comigo depois do que aconteceu?

— A culpa não foi sua, foi dele.

— Se eu tivesse uma mulher como você, também não ia gostar de ver ela dançando com outro cara. – Sorriu.

— Como eu?

— Sim. Maria, eu não sei porque, mas toda vez que você está por perto, eu não consigo parar de te olhar.

— Eh, eu já percebi isso. – Foi um pouco irônica.

— Você foi um dos motivos que decidi viver nesta casa, porque esse dinheiro não me interessa. – Foi direto.

— Eh... – Gaguejou. – San Roman, seu rosto está ferido, eu vou buscar uma maleta de primeiros socorros. – Saiu.

“Será que fui direto demais?” – Pensou.

Ela saiu para buscar a tal maleta, e voltou rapidamente.

— Fica quietinho, eu vou fazer um curativo nesses machucados, pode arder um pouco.

Ela começa a tratar dos pequenos ferimentos, passando um algodão embebido com álcool 70%.

— Aiii! – Gemeu de dor.

Terminou o seu trabalho, as aulas que teve de primeiros socorros foram muito úteis.

— Está novo! – Sorriu.

— Sim, brigado!... Aiii! – Gritou ao esfregar as mãos uma na outra.

— O que foi? – Perguntou preocupada.

— Parece que tem alguma coisa na minha mão!

— Deixa eu ver.

Ela pegou sua mão delicadamente, e novamente sentiu algo estranho, constrangedor, mas manteve o foco em sua missão.

— Acho que tem um caco de vidro dentro de sua mão. Eu vou tentar tirar, você vai ter que ser forte. – Brincou.

— Pode deixar doutora! – Sorriu para ela.

Para Estêvão, sentir aquela mão tão macia sobre a sua, o fez esquecer qualquer dor. Ele fechou seus olhos, e ficou imaginando coisas que não deveria, ainda bem que não é possível ler pensamentos, senão ele ia para o inferno, sem passar por outros estágios, ia direto. Antes que ele pudesse pensar mais alguma coisa, ela tinha terminado, para seu azar.

— Prontinho!

— Alguma recomendação doutora?

— Hum – pensou – evite dançar com mulheres alheias, por mais que essas sejam atraentes, da próxima vez você pode terminar com um caco maior em uma artéria importante. Ah, e não sorria para essas tais mulheres atraentes – mudou o tom de brincadeira para um tom mais sério – elas podem acabar não resistindo.

— Maria... – Se levantou e ficou frente a ela.

— Eu... Eu vou entrar, Sérgio deve estar me esperando. Boa noite.

Ela virou as costas e saiu, e ele ficou olhando para ela, até que sumisse de sua vista. Onde ele estava se metendo? Ele não deveria sentir nada por ele, ela é casada!

****

— Ainda está acordado? – Perguntou ao entrar no quarto.

— Onde estava? – Deixou seu livro em cima do criado mudo.

— Não interessa. – O olhou nos olhos. – Realmente precisava daquilo?

— Eu estava defendendo a minha honra! – Aumentou o tom de voz.

— Abaixa a voz! – Ordenou. – Ridículo o papel que você prestou Sérgio, nós só estávamos dançando, e não nos atracando no meio da festa!

— Eu não posso mais sentir ciúmes da minha esposa?

Ela caminhou até a janela, e viu que Estêvão ainda olhava a piscina. Por um instante Sérgio pensou que a conversa tinha se encerrado, quando ela voltou e continuou.

— Se sentisse tanto ciúme como diz, não me deixava largada a festa toda!

— Você poderia ter se juntado a mim e a sua mãe. – Foi até ela.

— Agora sou eu que tenho que ficar andando atrás de vocês dois? Não, não vou me humilhar a esse ponto. Agora me dá licença, vou tomar um banho demorado, e não me espere pra dormir.

Foi isso que ela fez, encheu sua banheira e ficou tempo suficiente para que Sérgio dormisse. Quando voltou ao quarto ele já estava dormindo, apenas se deitou ao seu lado e ficou pensando nas coisas que aconteceram, até cair no sono.

Maria acordou mais cedo que o normal, levantou e foi até a estufa, agora a sua estufa, precisava de um pouco de paz, de ar puro. 

Todos já se encontravam tomando café quando ela voltou da estufa, e assim, ela também o fez. O silêncio reinava, o que era algo incomum, mas assim foi durante todo o café da manhã, e após, todos  se retiraram para seus afazeres.

****

Aquela Essência.

— Maria Cristina Fernandez, o que significa isso? – Perguntou lhe mostrando o jornal daquele dia.

— Bom dia pra você também Lívia, posso terminar de entrar?

— Não. – Parou do seu lado com o jornal na mão. – Eu não acreditei quando li essa matéria “Uma festa repleta repletos de ricos e pobres, mas quem deu vexame foi a Classe A." Bela matéria, não?

— Caramba – botou a mão na boca – minha mãe vai querer se matar quando ver esse jornal!

— Então é verdade o que tá escrito aí?

— Senta que lá vem história. Ah, depois a senhorita vai me dizer onde se enfiou, OK!

As duas se sentam nas cadeiras que haviam no laboratório, e Maria se põe a contar-lhe a história.

— Bom, ontem aconteceu de tudo naquela festa. Primeiro teve a drogada da minha mãe descendo até a boquinha da garrafa.

— Mentira Maria! – Passa a mão no cabelo. – Eu não posso acreditar que perdi a versão Ciça sapequinha!

— Pois acredite, gravei tudo pra te mostrar.

— Meu Deus, não dá pra acreditar. Isso é verdade mesmo, não é uma invenção?

— É verdade sim. Ela e o Sérgio botaram um tipo de droga da felicidade na bebida que era para o San Roman, mas aí eu dei um jeito dela beber, e deu no que deu, só que os jornalistas pegaram leve ao colocar o fato no jornal. Ninguém na festa acreditou no que viu.

— Ah essa eu pagava pra ver. O que mais aconteceu?

— Sérgio e San Roman caíram na porrada no meio da festa, com todos os convidados olhando, só porque o San Roman me tirou pra dançar.

— Não, me diz que isso não aconteceu!

— Aham. – Balançou a cabeça confirmando.

— Essas coisas só acontecem quando eu não estou, que raiva!

— Ah, agora pode ir me dizendo onde você se meteu!

— Hum... – Fez uma cara sapeca. – Tive uma noite maravilhosa com seu irmãozinho cunhada!

— Você? Fernando? – Se levanta. – Ah meu Deus, coloca um pouco de juízo nessa cabecinha de vento. – Levanta as mãos aos céus.

— Seu irmão não é essa pessoa que você diz Maria – se levanta e a segue – ele foi super cavalheiro.

— Lívia, eu só espero que você não se decepcione com ele – a olha nos olhos – de verdade.

****

O dia passa rápido, e logo todos já estavam à mesa para o jantar, apesar da notícia do vexame de Cecília e da briga entre Sérgio e Estêvão ter ido para as páginas dos jornais, o clima não estava tão tenso como de manhã.

— Como você está mãe?

— Melhor – estava séria, e mal olhava para Maria – não precisa fingir que se importa.

— Eu não estou fingindo, pelo que eu saiba, não sou eu que tenho esse costume. – Mexeu em seu cabelo fazendo um coque, Estêvão a olhava, mas seu coque logo se desfez.

— Ainda não entendi o que houve. – Disse Fernando.

— Se, ao invés de ter ido para mais uma noite de farra, estivesse presente, saberia o que houve. – Disse Sério, como se fosse o dono da verdade.

— Eu também não sei o que houve. – Disse Aninha com toda a sua ingenuidade.

— Você estava dormindo meu anjo, e foi melhor assim. – Disse Fifi sorridente para a pequena.

— Eu ainda não sei como aquilo aconteceu, nunca me senti tão ridicularizada como ontem!

— Talvez se parasse de ver o mal das pessoas, isso não teria acontecido mãe.

— O que você quer dizer com isso Maria Cristina?

— Não se faça de vítima mãe, você sabe muito bem o que você e Sérgio estavam tramando, vocês queriam fazer o San Roman passar vergonha na frente de todos os convidados!

— Como você tem coragem de nos acusar assim Maria?

— Por favor Sérgio, agora não!

— Você não sabe o que está dizendo Maria, você não pode sair por aí acusando as pessoas assim! – Disse Cecília enraivecida.

— Já chega! – Bateu a palma das mãos na mesa. – Cansei da hipocrisia de vocês! – Se levantou e saiu da mesa.

****

Estêvão não resistiu e foi atrás dela. A encontrou no jardim, debruçada em uma mureta que havia, deixando que a brisa tocasse seu rosto e bagunçasse seu cabelo.

— Não entendi o porquê da sua atitude. – Se debruçou no muro, ela não o olhou.

— Eu não suporto deles – suspirou – me irritam de tal maneira, que eu não consigo ficar muito tempo perto.

— Você fica linda irritada. – Ela continuou sem olhá-lo, mas deu um sorriso discreto. Após uma pequena pausa, ele continuou. – Não sabia que tinha uma tatuagem na nuca.

— O que?! – O olhou surpresa pondo a mão na nuca. – Como você sabe?

— Vi quando você mexeu no cabelo na mesa. O que é?

— É uma flor de lótus.

Apesar de poucas, ou só Lívia saber da existência dessa tatuagem, Maria sentiu confiança em Estêvão para falar sobre a mesma.

— O que é uma flor de lótus?

— É uma flor aquática, natural da Ásia, é uma flor mística, e tem como significado a pureza do coração e da mente.

— Nossa. – A única coisa que conseguiu dizer. – Pensei que gente rica não fizesse esse tipo de coisa.

— Fiz quando era adolescente. A única vez que fiz algo que realmente queria, a única. Você foi o primeiro a reparar, pensei que levaria esse segredo para o túmulo. – Sorriu.

— Só que sei disso?

— Lívia também. Eu tenho outra na lombar, próximo ao meu... – hesitou em dizer, e ele entendeu o que ela ia dizer. – Então, lá mesmo – riu – escrito “Se atreva a sonhar”, com dois pássaros voando.

— Bonita frase.

— É, mais não combina muito comigo, geralmente não me atrevo muito.

— Não concordo, acho que você é o tipo de mulher forte e decidida.

— Isso porque você não me conhece bem.

— Mas pelo pouco que te conheço, vejo que você é bem forte, só em aturar a sua família. – Os dois riem. – Tem mais alguma surpresa? Algum piercing em algum lugar indevido?

— San Roman! Claro que não, parei por aí! Duas tatuagens já são suficientes para uma mocinha da classe A! – Ria. – Mas confesso que quis, por várias vezes, colocar um piercing no super cílio, ou até mesmo na língua. Eu também quis umas tatuagens grandes de caveira nos braços, ou nas costas, e ter um lance com um rockeiro sinistro, e viver por aí na garupa de uma Harley – suspirou – mas não aconteceu como eu quis, e sim como minha mãe quis, eu apenas consenti.

— Você deveria parar de fazer o que as pessoas querem, e fazer o que acha melhor pra você.

— Eu já ouvi essa frase milhares de vezes, seu pai vivia me dizendo isso.

Um silêncio surgiu, mas Estêvão logo acabou com ele.

— Posso ver?

— Hãm?

— Suas tatuagens?

— Claro que não! Não temos tanta intimidade pra eu te mostrar uma tatuagem num lugar tão íntimo!

— E a flor na sua nuca?

— Tudo bem – cedeu – essa você pode.

“Rá, ganhei a noite”! – Pensou.

Ele se colocou atrás dela, e levantou seus cabelos, que tinham um cheiro maravilhoso. Foi então que ele viu aquela tatuagem, uma flor de lótus, a qual ele nunca tinha ouvido falar, mas já amava pelo simples fato dela gostar, A flor era bonita mesmo, um desenho perfeitamente ilustrado em sua pele branca e macia.

— É linda! – Cheirou seus cabelos. – Você tem um cheiro espetacular!

— San Roman – seus olhos estavam fechados – você está tirando a minha sanidade...

— Eu tô gostando disso. – Sussurrou em seu ouvido.

Ela se virou de frente para ele, e olhou profundamente em seus olhos. Ele acariciou sua face, pegou em seu queixo, e fez algo que queria fazer desde quando a viu pela primeira vez, sentir os lábios dela junto aos seus, e foi isso que ele fez, trouxe os lábios dela para si, e por mais que devesse, ela não resistiu em momento algum.

Bésame así, sin compación
Quédate en mí, sin condición
Dame tan sólo un motivo
Y me quedo yo.

Seus lábios se encontraram com os dele, sua boca quente ansiava pela dele, e eles se esqueceram por um instante de quem eram, da realidade que viviam, e se permitiram fazer o que queriam há tempos. O beijo, que começara tímido, logo se tornou forte e explorador, e por mais que quisessem ficar ali para sempre, infelizmente a realidade falou mais alto.

— Você não deveria ter feito isso San Roman! – Ficou de costas para ele.

— Por que não? Você quis tanto quanto!

— Eu sou casada, e nunca traí meu marido, e você também é casado!

— Eu não sou casado, quem foi que disse isso?

— Não minta! – Se virou para ele. – A Aninha me falou dela, falou de sua mãe com tanto carinho!

— Com certeza ela vai sempre falar da mãe dela com carinho, ela vai sempre falar bem da Adriana, minha falecida esposa!

— O que?!

— Eu sou viúvo Maria, não cometemos nenhum pecado!

— Você não, mas eu sim!

Sérgio apareceu, viu os dois conversando e se aproximou deles.

— Atrapalho a conversa dos dois?

— Não, inclusive eu já estava entrando. Vamos?

— Claro meu amor!

Os dois deram as mãos, e voltaram para dento da casa. Estêvão os olhava lembrando do beijo, de sua boca na dela.

****

Maria deixou Sérgio na sala com sua mãe e Fernando e foi para a cozinha tomar água e entender o que acabara de acontecer. Entrou na cozinha tremendo como uma vara verde, sem acreditar no que fizera. Foi até a geladeira e encheu um copo com água, até deixar derramar um pouco no chão, e fechou a porta da geladeira com toda força.

— Eu vi tudo.

— Hãm? – Se virou assustada.

— Eu vi.

— Viu o que tia? – Bebeu um gole de água.

— Estêvão e você se beijando. – Disse calmamente.

— Tia, eu posso explicar!

— Calma flor, eu não tô te metralhando, apenas estou feliz algo que seu coração quis. Eu vou ver a Aninha, com licença. – Sorri para ela e sai.

— Ai Maria – falava sozinha – onde você tá se metendo? – Bebe o restante da água. – Onde?... – Toca seus lábios se lembrando do beijo.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, bjs!!



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