Compulsive Lies escrita por Só mais uma leitora


Capítulo 1
Compulsive Lies


Notas iniciais do capítulo

A fic vai ter apenas 2 capítulos, vou terntar postar o segundo amanhã pela manhã.



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O Sol tinha acabado de nascer, mas Molly já estava acordada. Na verdade ela nem tinha dormido.

Fazia dias que ela não dormia. 

Desde que se mudou para a França suas mentiras tinham perdido o controle. Talvez porque as chances de descobrirem sobre elas eram menores. Talvez porque ela não queria demonstrar o quão insegura e sozinha estava. Talvez porque ela estava com mais tempo livre. Ela não fazia ideia.

A verdade é que desde Molly se lembrava ela contava histórias que não eram exatamente verdadeiras. Às vezes era para se livrar de algo, às vezes só para que as pessoas dessem atenção para ela.

Com um tempo essas histórias foram ficando mais elaboradas e ela mentia sem nem perceber. Ela começou a ter duas vidas: a de verdade e a de mentira.

Quando se mudou para a França é que ela perdeu o controle.

Ela tinha ido para lá estudar moda trouxa, mas com medo que seus pais não a apoiassem ela disse que iria fazer jornalismo bruxo. 

Quando conseguiu um emprego em uma grande revista de moda trouxa disse aos pais que estava trabalhando na redação do Magique, um jornal bruxo francês de segunda linha. 

Mas a gota d'Água foi no natal. Ela tinha ido para a'Toca e ao ver a maior parte dos seus primos casados ela disse que tinha noivado. Noivado. Ela nem sequer tinha um namorado. Durante os quase 7 anos que já estava na França ela só teve dois namorados, e ambos os namoros não duraram mais de três meses. 

Foi aí que ela resolveu que precisava de ajuda.

Ela perguntou para Chloé, uma de suas poucas amigas, se ela sabia de algum bom psiquiatra, aparentemente esse tipo de médico trouxa era bem popular na França já que ela começou um discurso sobre os melhores do país, os preços e deu a Molly uma lista com uns quinze.

Como a ruiva não tinha ouvido nada do discurso ela resolveu ir para o cujo nome soava mais simpático. 

E lá foi ela. Logo que saiu do escritório ela foi até a clínica marcar um horário. Por sorte alguém tinha acabado de desmarcar e logo ela foi atendida.

Após uma hora de consulta o psiquiatra chegou a uma conclusão. Ela mentia compulsivamente por medo de não ser aceita. 

Aparentemente não existia nenhum remédio para isso e o psiquiatra sugeriu que ela tentasse desfazer suas mentiras pouco a pouco, e não criar novas mentiras.

Como se ela já não tivesse tentado.

***

Ela estava atrasada. 

Mesmo nem tendo dormido, ela conseguia se atrasar.

Como tinha perdido o metrô e não tinha como chegar no trabalho de outro modo, teria que esperar pelo próximo. Então deduziu que não faria mal tomar um café da manhã descente enquanto esperava.

Ela entrou na sua cafeteria preferida, e pediu o de sempre: croissant e capuccino. Assim que tomou um gole do seu capuccino um cara se aproximou.

Seu cabelo era escuro e um pouco bagunçado e tinha a barba por fazer, a cor de seus olhos era um verde puxado para o azul e um sorria como se soubesse de algo que ela não sabia. Os primeiros botões de sua camisa social estavam abertos, ele usava um trench coat azul escuro, calça social e segurava um copo para viagem da cafeteria.

—Posso me sentar aqui? Não tem nenhuma mesa vazia. - ela concordou com a cabeça e ele se sentou. 

—Meu nome é Loïk. Qual o seu? - a ruiva olhou para ele com cara de descrença. Apesar de ser comum pessoas que não se conhecem sentarem na mesma mesa, raramente isso envolvia conversa.

Molly pensou seriamente em mentir, as chances deles se encontrarem novamente eram praticamente nulas. Mas então se lembrou do psiquiatra: 

—Molly. - respondeu um pouco fria. Ela não estava afim de conversar.

Aparentemente ele entendeu, então ficaram em silêncio até a hora do outro metrô, quando ela se levantou.

—Tchau, foi bom te conhecer. - ele falou e Molly sorriu forçadamente e acenou com a mão. Apesar de estar de costas para ele, ela sentia seu olhar a seguir até entrar na estação do metrô (que ficava em frente à cafeteria).

Quando finalmente chegou na redação da revista, Mme. Dufort, a diretora de redação da revista, estava quase enlouquecendo. Aparentemente hoje ela tinha uma reunião muito importante com o CEO de uma empresa e a sorte dela era que ele também se atrasado.

Ela se lembrou vagamente da Mme. Dufort ter a avisado sobre essa reunião. O homem era CEO de uma das maiores empresas de marketing da Europa e iria publicar alguns anúncios na revista. Molly se dirigiu para a sala de reuniões e no caminha perguntou o nome do homem. M. Blondeau. 

Ela sentou-se na mesa e aproveitou o tempo que tinha para olhar as ideias para a edição do mês. Não demorou muito para uma pessoa abrir a porta: 

—Mme. Weasley? - ele falou/perguntou enquanto entrava na sala. Ela levantou a cabeça e quase caiu da sua cadeira, então baixou o rosto novamente para não demonstrar surpresa. Ela iria fingir que não conhecia o homem.

—M. Blondeau. - ela viu que o mesmo a encarava com surpresa e quando seus olhares se encontraram ele sorriu. 

—Molly. - ele sentou-se na cadeira junto à dela.

—Sério isso? - ela murmurou e felizmente ele não ouviu. - Loïk. O homem que se sentou na minha mesa. - "se não pode vencê-los junte-se à eles" ela pensou enquanto abria sua pasta de ideias.

—Pelo seu tom eu presumo que você não está interessada em discutir o acontecido.

—Não é isso. É que temos que resolver o negócio dos anúncios. Já são 9:50 e de acordo com o que recebi você só tem até 12:00. - Apesar das recomendações, Molly não conseguiu evitar mentir dessa vez. Mas não era de todo mentira, eles tinham pouco tempo e ela jamais faria algo que prejudicasse seu trabalho.

—Se esse é o problema nós poderíamos nos encontrar para jantar. - ele falou com um sorriso e a sobrancelha erguida. 

—Você está propondo um encontro? - Molly perguntou.

—Acho que sim.

—Eu não posso. Eu nunca faria nada que pudesse me prejudicar profissionalmente. 

—E como isso te prejudicaria? 

—Você tem contratos com a revista. As pessoas vão pensar que você só os têm por minha causa.

—Elas não precisam saber.

—Elas vão saber. - ela riu secamente. Já ouvirá histórias como essa e elas nunca terminavam como nós filmes.

—Então está bem. 

Eles olharam as várias opções por muito tempo e quando chegaram a uma conclusão já era quase meio dia. 

Molly não pode deixar de notar o quanto ele era bonito. Loïk não era exatamente seu tipo mas algo nele tinha a encantado. Talvez o modo dele sorrir, o brilho de seus olhos ou até mesmo seu jeito um pouco desleixado (apesar de ter abotoado o resto da camisa e trocado o trench coat por um terno, o cabelo bagunçado e a barba por fazer eram os mesmos de quando eles se encontraram mais cedo). Mas ela não mentiu quando disse que não faria nada que a prejudicasse profissionalmente, aquele emprego era uma das poucas coisas da sua vida que estava no lugar. 

—Tem certeza sobre hoje à noite? - ele perguntou e só então ela percebeu o quão perto estavam. Ela se concentrou para não corar enquanto ele a olhava nós olhos. Ela ia abrir a boca para falar que realmente não podia quando pensou no que o psiquiatra havia falado. E um jantar não faria mal, faria? Então mudou sua resposta:

—Talvez. 

—Às oito horas em frente ao café? - ele perguntou e ela balançou a cabeça enquanto se afastava um pouco. Ele olhou o relógio e fechou os olhos. - eu realmente preciso ir agora. Tenho outra reunião daqui a 15 minutos. 

—Tchau, então. - a ruiva disse.

—Eu prefiro até logo. - Loïk disse sorrindo e saiu da sala.

Molly ajeitou as coisas e foi procurar Chloé:

—Eu preciso da sua ajuda. - Ela falou para a amiga.

—O que foi? - a morena perguntou preocupada.

—Eu acho que tenho um encontro. - Molly mordeu os lábios e sua amiga sorriu.

 

***

—Tem certeza que essa roupa está boa? - Molly perguntou pela milésima vez. Ela estava com uma blusa branca, um trench coat marrom claro, sua calça jeans favorita e uma ankle boot marrom. 

—Sim. E eu ainda não acredito que você vai sair com o Loïk. Ele é muito lindo! - Chloé estava jogada sobre a cama de Molly folheando uma revista.

Na verdade nem Molly acreditava. Apesar de não fazer seu tipo, não havia como negar que Blondeau era um homem bonito. E ela não entendia o que ele tinha visto nela.

Ela era magra, magra demais, não era alta e sua pele era muito branca. Seus olhos eram um castanho comum e seus cabelos lisos demais. Ah, e ela também tinha sardas cuja quantidade aumentava com o início da primavera e diminuía ao começo do outono. 

Ela era apenas comum. A não ser pelo tom ruivo dos seus cabelos, que atraia mais atenção do que ela gostaria. Muitas vezes Molly pensou em pintar seus cabelos, mas Chloé sempre a fazia desistir. 

—Por que eu não posso simplesmente inventar uma desculpa e faltar? 

—Porque o psiquiatra disse para você parar de mentir sem necessidade. - Chloé era a única que sabia a verdade por trás de todas as mentiras de Molly. Inclusive que ela era uma bruxa que não fazia parte do mundo bruxo.

—Está bem, então. Me deseje sorte. - Molly pediu enquanto abria a porta do apartamento. 

—Boa sorte. 


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Notas finais do capítulo

Até amanhã! Comentem, favoritem...



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