Compulsive Lies escrita por Só mais uma leitora


Capítulo 2
Compulsive truths


Notas iniciais do capítulo

Desculpa!!! Eu sei que prometi postar o cap a um tempão atrás, é que eu tinha programado a postagem, mas o NYAH não postou :(. Bem, aqui está o segundo e ultimo capítulo



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***

—Tem certeza que essa roupa está boa? - Molly perguntou pela milésima vez. Ela estava com uma blusa branca, um trench coat marrom claro, sua calça jeans favorita e uma ankle boot marrom. 

—Sim. E eu ainda não acredito que você vai sair com o Loïk. Ele é muito lindo! - Chloé estava jogada sobre a cama de Molly folheando uma revista.

Na verdade nem Molly acreditava. Apesar de não fazer seu tipo, não havia como negar que Blondeau era um homem bonito. E ela não entendia o que ele tinha visto nela.

Ela era magra, magra demais, não era alta e sua pele era muito branca. Seus olhos eram um castanho comum e seus cabelos lisos demais. Ah, e ela também tinha sardas cuja quantidade aumentava com o início da primavera e diminuía ao começo do outono. 

Ela era apenas comum. A não ser pelo tom ruivo dos seus cabelos, que atraia mais atenção do que ela gostaria. Muitas vezes Molly pensou em pintar seus cabelos, mas Chloé sempre a fazia desistir. 

—Por que eu não posso simplesmente inventar uma desculpa e faltar? 

—Porque o psiquiatra disse para você parar de mentir sem necessidade. - Chloé era a única que sabia a verdade por trás de todas as mentiras de Molly. Inclusive que ela era uma bruxa que não fazia parte do mundo bruxo.

—Está bem, então. Me deseje sorte. - Molly pediu enquanto abria a porta do apartamento. 

—Boa sorte. 

***

Apesar dela ter chegado um pouco mais cedo ele já estava lá. 

A roupa era parecida com a que ele tinha usado pela manhã, apenas trocando o calça social por um jeans. Seu cabelo estava úmido, o que fez Molly deduzir que ele tinha tomado um banho.

—Oi. - Ele falou enquanto se aproximava dela. - Pronta?

—Para onde nós vamos? - a ruiva perguntou um pouco receosa. Ela não gostava da ideia de não saber para onde ia.

—É segredo. - Loïk sorriu. - Mas eu acho que você vai gostar.

Eles pegaram o metrô e depois andaram até um pequeno bistrô. Pequeno mesmo. Ao entrarem Molly percebeu que só tinham quatro mesas. A decoração era meio sombria e ela sentiu algo que não sentia a algum tempo.

—Magia. - ela murmurou ao ver as velas flutuando. - Como você sabia? - ela perguntou enquanto eles se sentavam.

—Seu sobrenome. - ele falou e ela corou. Seu sobrenome era outra coisa que ela odiava. Todos os bruxos tiravam conclusões precipitadas sobre ela por conta disso. Talvez seja por isso que ela resolveu viver entre os trouxas, lá ninguém conhecia seu sobrenome.

—Foi por isso que você resolveu me convidar para sair? Por que eu sou bruxa? Ou por conta da minha família? - Molly estava a ponto de chorar, é claro que um homem como Loïk não a chamaria para um encontro se não fosse por outra coisa.

—Calma. Caso você não se lembre eu não sabia de nada disso quando me sentei na sua mesa hoje pela manhã. - ele falou enquanto estendia os braços como se quisesse acalma-lá.

—Então por quê? 

—Por que o quê?

—Por que eu? Você poderia ter se sentado na mesa de várias outras garotas. Por que na minha? - talvez fosse errado demonstrar tanta insegurança, mas Molly resolveu seguir as recomendações de seu psiquiatra pelo menos uma vez na vida e ser completamente sincera.

—Por que quando eu te vi eu senti que precisava te conhecer. Era como se você fosse um ímã.

—Mas o que eu tenho? Eu não sou bonita quanto outras garotas, não sou famosa, não me visto tão bem quanto às outras parisienses e você nem ao menos sabia que eu era bruxa.

—Você é linda. Seu cabelo é da cor das folhas secas do outono, seus olhos da cor de chocolate quente e suas sardas parecem canela salpicada no leite. Você parece a personificação do outono. 

—Mas quem gosta do outono? Ele significa que o verão acabou.

—Minha estação favorita é o outono. - Ele falou e Molly corou. 

—Ok. Quem, além de você, gosta do outono? 

—Eu não sou o suficiente? - ele ergueu uma sobrancelha e foi difícil para Molly resistir o impulso de o beijar. 

—Talvez. - ela mordeu os lábios. - Você já sabe sobre a minha família, sobre onde eu vim e minhas inseguranças, acho que é a hora de me falar um pouco sobre você.

—Está bem então. Você já sabe meu nome, que eu sou bruxo e que minha estação favorita é o outono. - ele levantou a sobrancelha novamente nessa parte - eu nasci na França e estudei em Beauxbatons, tenho uma irmã mais velha e um irmão mais novo, minha bebida favorita é chocolate quente e eu amo ler. Queria saber desenhar mas Merlin não me deu esse talento. Minha mãe é de uma família bruxa, mas meu pai é nascido trouxa. Eu resolvi viver com os trouxas por que eu me apaixonei por marketing e essa profissão não é muito comum entre os bruxos. - Ele tomou um gole da cerveja amanteigada - Sua vez agora. 

Molly hesitou. Ela queria mentir, não gostava que alguém soubesse tanto sobre ela. No fim acabou ouvindo seu psiquiatra:

—Minha bebida preferida é cappuccino e eu também adoro ler. A única coisa que eu sei desenhar é um cachorro e eu sempre quis aprender algum instrumento. Eu comecei a viver entre os trouxas porque ninguém conhece meu sobrenome. - ela baixou a cabeça e terminou sua sobremesa sem encará-lo.

—Eu sou tão feio ao ponto de você preferir encarar a mesa? - ele brincou e Molly riu enquanto levantava a cabeça. - pronta para nossa próxima parada? 

—Tem mais? 

—É claro. Como amanhã é sábado eu presumo que você não tenha que dormir cedo. 

Como sempre, Molly pensou em mentir e falar que tinha uma reunião importante logo pela manhã. Mas ela resistiu. 

—Não, não tenho nada pela manhã.

—Ótimo.

Eles ficaram em silêncio até chegarem num porto onde entraram em uma embarcação turística que ia navegar pelo sena.

—Caso você não saiba eu já estou aqui a sete anos. Acho que já superei essa fase. - ela falou e Loïk riu.

—Não foi por isso que te trouxe aqui. Paris fica muito mais bonita à noite. Principalmente no outono. 

Eles ficaram no lado de fora do barco olhando a cidade. 

—Posso pedir algo? - Loïk perguntou.

—Acredito que sim.

—Me conte algo que você nunca contou para ninguém. Ou para quase ninguém. 

"Sério isso?" Molly pensou. Ela podia responder que não se sentia confortável para isso, ela podia mentir, mas por algum motivo ela resolver ser completamente sincera:

—Eu minto compulsivamente.

—Então tudo que você falou sobre você hoje era mentira? - Loïk perguntou com um pouco de raiva na voz.

—Não. Você é a única pessoa para quem nunca menti. 

—Por quê? - ele parecia meio receoso.

—Eu comecei a ir para um psiquiatra e ele disse para eu escolher uma pessoa e nunca mentir para ela.

—E você me escolheu.

—Sim.

—Por quê? 

—Porque eu achava que nunca mais ia te ver.

—E você continuou sem mentir para mim.

—Sim. Eu prometi para mim mesma. E apesar de mentir bastante não sou de quebrar promessas.

—Que tipo de mentiras você conta? - O francês parecia um pouco mais confortável.

—Digamos que minha família acha que eu sou jornalista e trabalho na redação do Magique e que eu sou noiva de um francês. - Molly corou um pouca na última parte.

—Noiva de um francês? 

—Praticamente todos os meus primos são casados, eu não queria ficar por fora. - ela abaixou a cabeça para que Loïk não visse o quão corada ela estava. Quando sentiu que já não estava tão vermelha ela levantou a cabeça. - Sua vez de contar algo sobre você que quase ninguém saiba.

—Quando eu era pequeno eu tentei fugir de casa uma vez. Eu tinha por volta dos seis anos. Eu peguei uma roupa, pão, queijo e coloquei numa mochila. Quando eu cheguei na esquina começou a chover e eu voltei para casa. 

—E...

—Era outono. Quando eu cheguei em casa minha mãe brigou por eu estar molhado, mas então me deu chocolate quente e um cobertor e ficou comigo até eu dormir. Esse foi um dos dias mais felizes da minha vida. - Molly olhou para ele com curiosidade.

—É por isso que você gosta do outono? - Ela perguntou e Loïk concordou com a cabeça. - Foi por isso que você contou essa história?

—Você me lembra a esse dia. E eu nunca tinha contado essa história para ninguém. Sempre tive medo que ao compartilhar essa lembrança eu estragaria a magia dela.

—E estragou? 

—Na verdade eu acho que a deixou ainda mais mágica. - Molly percebeu que eles estavam muito perto. Ela conseguia sentir a respiração dele contra a sua pele.

Ela estava pensando nisso quando Loïk a beijou.

Se fosse algum filme clichê de Hollywood nesse momento fogos de artifício tomariam o céu, uma música romântica começaria a tocar e ela levantaria a perna. Mas como não era ela teve que se contentar com alguns turistas batendo palmas e a torre Eiffel iluminada atrás deles.

Quando finalmente pararam de se beijar Molly corou. Ela nunca fora muito fã de demonstrações públicas de afeto.

—Então... - Molly falou para quebrar o silêncio.

—Eu prometo que da próxima vez eu não vou te beijar em público. Caso você queira uma próxima vez. Talvez você esteja corada porque detestou o beijo e me odeia. Mas eu prefiro ficar com a versão que você é tímida e não gosta de demonstrações de afeto em público. - Loïk estava nervoso.

—Sim. Eu quero uma próxima vez. Mas não precisa esperar tanto. - Então ela o beijou.

***

Já passava da meia noite quando Molly chegou no apartamento. Chloé estava dormindo na cama da ruiva. Elas não dividiam o apartamento, mas a morena praticamente morava lá.

Molly fez silêncio para não acordar a amiga, ela podia contar as novidades pela manhã. Então se dirigiu para o pequeno terraço e ligou para casa torcendo para que sua mãe tivesse aprendido a usar o telefone. 

—Alô, mãe? Você pode falar agora? Digamos que eu não tenho contado toda a verdade para vocês.


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Notas finais do capítulo

Se gostaram, por favor comentem, favoritem, recomendem, me mandem MP (sério, chama pra conversar sobre qualquer coisa)...



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