Amy! escrita por Kcoruja


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Enquanto eu caminhava tentava afastar junto com os passos cada vez mais rápidos e cansados a dor que vinha apertando meu peito desde a noite anterior, já fazia duas noites que eu caminhava, duas noites que deixei Poços de Caldas pra trás, um dia e meio quase, que sumi mais uma vez do mapa, um dia e meio que meu peito dói, que não consigo respirar e sinto como se o chão faltasse debaixo dos meus pés, e eu odeio isso, pois sei que isso é a prova fatal e inegável.
Não, eu não sou rebelde, não, eu não sou um ser sem coração e sem sentimento, e não definitivamente não, eu não sou forte, sou simplesmente uma pequena bola de carne com uma enorme quantidade de hormônios e fórmulas químicas que me tornam incrivelmente sentimental, eu tentei, realmente tentei, até aqui fingir que eu sou forte, destemida e que essas pessoas incríveis que passaram pela minha vida até aqui são apenas pessoas, peças qualquer de um jogo qualquer da infância que vão ficando para trás, e as vezes são lembradas, com um carinho mas com total distância. E isso não é verdade, cada pessoa até aqui, cada pequena alma até mesmo as mais insignificantes e menos marcantes da minha história são minhas e eu amo elas, e sofro muito a cada segundo que me distâncio delas. Eu me apeguei.
Apeguei tanto que preciso afastar as lágrimas a cada mísero passo, pois sei que eles me afastam e muito de todos eles, Joana, Ricardo, as bruxas, Jorge, e até mesmo a mulher doida dele, Barata, as minhas pequenas, meus doidinhos da van, Júlio, Lúcia, toda a família deles eu me apeguei, guardei cada um deles no cantinho mais especial dentro de mim, por que eu amo eles, e amo meus pais mesmo sendo como são, talvez aquilo fosse apenas o jeito deles e não falta de amor, meus amigos todos que deixei pra trás em recanto novo todos eles são importantes pra mim, e sempre vão ser. Sempre vão ser motivos de choros e lembranças.
Eu me apeguei, me envolvi e aparentemente me apaixonei por cada um deles de um jeito único e singular, agora entendo que fantasiar um reencontro com Ricardo não é idiotisse, que imaginar Lilly e Patrick se casando unidos pelo luto não é doentio, é o que eu espero que aconteça, quero de todo meu coração reencontrar Ricardo e poder fazer algo direito, poder ter mais que uma noite prazerosa, quero várias noites mas também quero dias, quero conversas risadas, quero entender ele, mas não só ele quero meus amigos que deixei pra trás em recanto novo, quero Lily e quero acima de tudo a felicidade da minha melhor amiga, sei que não há cara melhor que Patrick naquela cidade, sei que não há ninguém que cuidaria melhor dela em nenhum outro lugar do mundo, pegamos tanto uma da outra durante todos esses anos de convivência, gostos, manias, trejeitos, somos parecidas demais, talvez quase uma só, e eu amo Patrick de todo meu coração, e bem no fundo sei que ela também tinha um carinho muito grande por ele. Sei que ele precisa de alguém, ele sempre vai ser um menino ingênuo demais, manipulável demais, eu sei que a Lily é teimosa o suficiente para cuidar dele, para não permitir que ele seja mais um fantoche nas mãos dos pais dele, nem dos meus e muito menos de ninguém. Agora que eu sei o quanto fui egoísta e infantil. Sei que é um caminho sem volta, como vou explicar que não morri, que o corpo no caixão que eles abraçaram e derrubaram lágrimas no caixão não era o meu? Como? Eu nem sei como esse corpo surgiu lá pra começo de conversa. Pode ser que exista muita coisa por ai que ainda não foi explicada, pode ser, mas dentro de mim algo quer explodir, gritar, chorar, por que por mais que eu tenha fugido até aqui eu sou isso, uma montanha russa de sentimentos e isso não é ruim não é mal nem feio, é apenas o real. Pela primeira vez eu estou me aceitando como um ser real que transborda sentimentos, e isso é incrível, mas ao mesmo tempo doloroso e assustador.
Então eu aceito plenamente, me jogo no acostamento quase encostada no mato da beira de estrada e me deixo chorar, transbordar todos os inúmeros sentimentos, toda essa montanha russa de hormônios, tudo, todos os adeus, todas as descobertas, eu choro, e consigo sentir meu corpo tremer com os soluços, e todo peso que eu carregava até aqui ir se esvaindo correndo pelo meu rosto e morrendo na minha roupa que vai se enxarcando de lágrimas pouco a pouco. Bem no fundo eu tenho ciência dos carros que passam por mim, não são tantos mas ainda assim passam e balançam levemente meu corpo pela velocidade, eu sei alguns me notam mas não são importantes. Eles são apenas outros cada um com seu drama interno, cada um com uma vida que só eles sabem como é, e nesse momento eu não quero, não me importo em saber as historias deles. Agora o caminho que cada um trilhou não é tão importante, nesse momento sou só eu que importa, pelo menos uma vez eu quero me importar comigo.
Não sei quanto tempo durou, não sei nem se durou alguma coisa, mas em determinado momento eu paro, não consigo chorar mais, não consigo sentir nada destruidor como antes apenas uma leve brisa de paz, eu sei que no fundo toda essa dor ainda é uma ferida que pulsa e sei que ela vai sangrar de vez em quando, mas eu dei o primeiro passo para deixar ela cicatrizar ou ao menos criar uma leve casca.
Enquanto controlo minha respiração desestabiliazada pelo choro eu tento não pensar em muita coisa, mas quando tento levantar meus pés pesam mais que o normal e minha visão escurece. É difícil focar em alguma coisa, mas quando ela volta ao normal poucos segundos depois eu consigo ver ao longe o sol saindo timidamente, clareando aos poucos o topo das árvores e escurecendo levemente tudo a minha volta. Bem que eu tinha ouvido que a hora mais escura da madrugada é minutos antes do sol nascer, isso era uma frase positiva e motivacional não era? Por que esse contexto me parece tão distante? Eu não consigo sentir nada bom nesse momento apenas frio e medo, e isso me paralisa, arrepia meu corpo, talvez algo ruim vá acontecer, que bobeira a minha, como se não bastasse uma vez, não foi o suficiente desmaiar na beira da estrada dona Amy? É, pelo jeito não, deu algum trabalho até descobrir e entender que a fome dá sinais, vários sinais, e ela deu a algum tempo, e agora está dando sinais novamente. e agora depois disso tudo só consigo pensar, em que planeta alguém se esquece de comer? Acho que no planeta ilusão as coisas são diferentes, pois é lá que vivo, num planeta onde tudo é simples e fácil, mas aqui não é. O último posto de gasolina que passei ficou a algumas horas de viagem, e lá descobrir que tem uma cidadezinha a alguns quilômetros, seria maravilhoso, perfeito, mas apé esse alguns poucos quilômetros podem se tornar quase 3 horas de viagem. Me sento novamente no acostamento implorando a Deus pra ter algumas balas que as meninas me davam durante o dia na bolsa. O pico de glicose delas é alto, não mata a fome mas ajuda a não desmaiar. Com toda a não delicadeza que tenho vou jogando tudo que estava na mochila no chão à procura das balas que devem estar no fundo da mochila, por sorte consigo encontrar um saquinho com pouco mais de 10 balas e eu sei que são elas que vão me manter de pé até achar o meu rumo. Pouco depois de Duas balas sinto o mal estar amenizar mas em compensação a fome aumentou e sei que vai crescer, mas nesse momento só consigo pensar no quanto estou cansada. Se não fossem as buzinas abusadas que tenho ignorado eu provavelmente dormiria aqui mesmo, mas sei que isso não é seguro, em algum ponto, a evolução humana regrediu a ponto de considerar que qualquer mulher, não importa se ela poderia ser sua filha, sua irmã, ou sua mãe, qualquer uma delas, se estiver sozinha ela é fácil, um alvo, um ser não digno de respeito, mas digno de ser drogado, de ser estuprado, digno de sofrer todo e qualquer tipo de humilhação pelo simples fato de ter nascido com uma vagina. Queria tanto que isso fosse uma ilusão, mas todo veículo que passa e dá aquelas duas buzinadas, muitas vezes seguidas de um grito me lembram que sou apenas um pedaço de carne num churrasco, quem chegar primeiro faz o que quiser.
Balanço levente a cabeça tentando afastar essa ideia, esse pensamento deprimente e o arrepio ruim que percorreu meu corpo. Volto a andar exausta e lentamente. As buzinas ainda continuam e me incomodam até eu decidir ignorar. Ando por algum tempo, tempo suficiente para o sol começar a me incomodar sinto ele ardendo lentamente e ir queimando de leve minha pele, passo uma quantidade pequena de protetor solar e continuo andando, as buzinas que tinha ignorado até aqui se fazem presente novamente mas dessa vez mais perto e vejo um carro grande branco parando, qual é o nome do carro mesmo? Patrick sempre falou dele, é o que ele alugava para gente em NY não é? Uma Range Rover. As lembranças tomam minha mente por uma fração de segundos, o dia que convenci ele a me levar pra Califórnia de carro, foi em um desse, foi a melhor semana até a gente ser preso na volta, meus pais queriam me matar.
Balanço a cabeça afastando as lembranças felizes, as melhores com Patrick sem dúvidas são as que deram desgosto aos nossos pais.
Pela visão periférica vejo o carro dando seta para encostar, um segundo de desespero toma minha mente, que diabos esse cara quer? Os vidros escuros levantados me assustam e trazem uma reação normal de dar uns passos para trás, o carro encosta e por um minuto inteiro me sinto completamente incapaz de respirar, dentro de mim uma voz esquecida grita que é o meu fim, corre! Ela implora. O último momento da minha existência, meus últimos momentos como Amy são tão humilhantes quanto todos que passei como Júlia, incapaz, paralisada, uma presa fácil.
Então lentamente o vidro se abaixa, o cara é uma mulher de cabelos negros e um enorme oculos de sol no rosto e olha não fazem nem 10 minutos que o sol nasceu, nos lábios ela carrega um batom sóbrio um marrom levemente avermelhado, quando vê que estou observando ela em detalhes um sorriso surge, e ela retira os óculos mostrando os olhos de um azul claríssimo, quase como os de Patrick, e isso me desmonta o medo que me paralisava a pouco se vai, e sinto meu corpo relaxar, nela eu podia confiar, o olhar tranquilo dela me dizia isso.
" hey criança, quer uma carona? "
A voz era tranquila e confiante, apesar do meu susto inicial eu tinha plena certeza que poderia confiar nela, não é como se ela fosse me matar na primeira esquina certo? Espero que sim. E no mais ela me lembrava minha mãe, uma mãe que pouco conheci é verdade, uma mãe carinhosa e tranquila, mas ainda assim lembrava.
Acenei levemente com a cabeça, o cansaço estava começando a se tornar insuportável e meus pés clamavam por uma pausa, no segundo seguinte ouvi um leve clique e a porta foi destrancada, devagar me aproximei do carro, era quase uma camera lenta, acho qualquer pessoa que veja de longe conseguiria me comparar a algum animal assustado ameaçado, e ela percebeu isso, a relutância somada ao cancaso fez o percurso de três passos durar bons minutos e ela esperou pacientemente cada um deles não mostrou impaciência não perguntou nada, não desviou o olhar e nem simplesmente revirou os olhos de impaciência, ela esperou com um leve sorriso no rosto e um olhar amoroso.
Quando enfim sentei no banco confortável e macio, meu corpo relaxou completamente e me escancarou o quão exausta eu estava, ela por sua vez engatou a primeira e seguiu o percurso tranquilamente.
"Tenho um pouco de água aqui aceita? Da para ver que você precisa. "
Ela me estendeu uma garrafinha de água pela metade e eu aceitei por mais que o resto de educação implantado por minha mãe em mim, tentasse me obrigar a recusar, eu realmente estava com sede. Tanta sede que em um unico gole sem pausa pra fôlego acabei sugando todo o conteúdo da garrafa, quando notei isso suspirei levemente e sussurei um "desculpa" que de alguma forma ela ouviu, e me presenteou mais uma vez com um sorriso.
" não por isso, tenho uma viagem longa e por isso trouxe mais uma ou duas garrafas. Mas me conta tudo bem? Você tá com cara de quem chorou... "
" talvez, na verdade um pouco mais do que eu esperava, mas qual seu nome? "
" Nossa me desculpa, onde esta a educação que dou para a minha filha? Você me lembra ela de alguma forma... Enfim Marília e você?"
" Amy, você tem uma filha? Cade ela?"
No mesmo segundo me arrependi de perguntar, o rosto tranquilo e feliz se modificou totalmente, não era algo que eu esperava ou que soubesse lidar, em um segundo aquela mulher estava quase chorando com os olhos fixos na estrada, tudo que pode fazer foi me apressar em tentar contornar a situação.
" é, desculpa, não precisa falar se não quiser. "
" não tudo bem, é que ainda é difícil lembrar dela, ela foi a melhor coisa que a vida me deu, é a menina mais linda do universo, ou era, infelizmente eu não pude fazer nada, não sabia o que estava acontecendo. Esquece! Não vou enxer você com os lamentos de uma mãe.
" não. É, eu sei que não me conhece nem nada do tipo, mas a minha filosofia de vida me pede para te perguntar, o que aconteceu? "
Minha voz denunciava a tristeza que eu sentia por antecipação, uma grande porção de vergonha se apossava de mim. Mas ela sorriu tristemente e me olhou por um segundo.
" obrigada, mas é uma história triste de ser compartilhada."
" todas são em algum momento, não me importo de ouvir, é uma ótima maneira de aliviar o coração, confia em mim. "
Até esse momento eu ja tinha lido sobre o assunto, sabia que ele acontecia diariamente em muitos lugares e por varios motivos mas não sabia nada além do que é julgado.
Ele suspirou e eu sabia que ela estava criando forças para falar permiti o silêncio que ela precisava, e então ela sorriu.
" ela era uma criança tão linda sabe, ela era parecida comigo em muitos aspectos mas ela tinha uma beleza única que eu sei que jamais vou ver denovo, e ela não era só beleza não ela era esperta inteligente criativa, mas infelizmente ela era romântica, tinha a mania de ler sem parar e imaginar o momento que poderia acontecer tudo aquilo com ela. Sempre foi assim desde menina, as histórias de princesas sempre foram as favoritas dela ela esperava o principe encantado. A gente tem família aqui por perto, não sei se você conhece a região..."
Neguei com a cabeça e ela continuou, eu sabia que ela nao ia parar até contar a história toda, e nunca consegui entender o por que isso seria tão importante.
" nós morávamos por aqui também, numa roça, moramos até ela fazer 13 anos, então o pai dela recebeu uma proposta de emprego da empresa que ele trabalhava e a gente teria que mudar para São Paulo, isso foi incrível para a gente, era o que a gente mais queria, mas eu não fui capaz de ver que não era para todo mundo... A gente mudou, ela deixou as amigas, deixou os avós, deixou tudo que conhecia e foi com a gente, o primeiro mês foi complicado sabe, cidade desconhecida ninguém conhecia ninguém, mas foi melhorando, eu arrumei um emprego também, e ela uns cursos. A gente quase não se via na correria da vida, no final do ano no aniversário dela ela chorou todas as noites sem parar, o pai dela não gostava disso mas eu acabava indo dormir com ela até passar, toda vez que eu perguntava o que era ela dizia que era saudade e chorava, eu chorava junto por que também sentia saudade, mas bem no fundo meu coração de mãe me dizia que não era isso, num sábado acabamos ficando sozinhas e ela me contou que tava apaixonada por um menino do curso técnico que ela fazia, mas que ele não lembrava nenhum dos caras dos romances que ele era grosso e mal educado, mas que tratava ela tão bem. Para mim ela ainda era uma criança sabe, eu sabia que ela já não era uma menininha, mas ela era para mim, pedi para ela ter cuidado, pois ainda era muito nova, e para não contar para o pai até ter certeza de qualquer coisa, acho que esse foi o meu maior erro. O tempo foi passando ela foi ficando mais tranquila, mais feliz, até que veio me contar que tava namorando o menino, eu queria conhecer ele, então pedi para ela chamar ele lá para casa eu não ia trabalhar no fim de semana então era o melhor a se fazer. Ela passou o resto do dia no computador e me contou que ele vinha. Ela estava feliz e eu mais feliz ainda de ver ela feliz. Eu lembro que tava muito atarefada aquela semana, e que no sábado tive que fazer hora, eu pedi, implorei para ela nao receber ele sozinha em casa ela concordou e entao fui trabalhar, era umas duas horas quando cheguei em casa, ela tava chorando e me abraçou quando eu cheguei, perguntei o que estava acontecendo e ela chorou mais ainda, disse que ela era uma boba que ele não ia vir, e que nunca mais eles iam se ver. Eu estranhei mas sei que naquela idade tudo é muito intenso, então eles deviam ter brigado, fiz brigadeiro e pipoca e ficamos assistindo filme, logo ela ficou mais feliz, começamos a falar do filme e para mim, na minha burrice tinha passado, não existia mais nada, a nossa vida tinha voltado ao normal, a gente pouco se via mas sempre que estavamos perto ela estava rindo feliz, eu tinha a certeza que logo ela arrumava outro namoradinho e as coisa iam ficar bem, mas não foi o que aconteceu. Uns três meses depois do episódio ela me ligou chorando no meio do meu horário do almoço, eu não conseguia entender o que ela estava falando, era tudo muito desconexo e soluçado, mas eu entendia o me perdoa, ela repetia toda hora, e por mais que eu perguntasse ela não explicava."
Ela ja não conseguia mais dirigir então jogou o carro pro acostamento e chorou, eu nunca fui muito boa com pessoas assim, mas fiz o que sabia, dei um abraço desajeitado e torto, e ela retribuiu chorando muito, eu sentia meu cabelo molhar mas não me importei, eu imaginei o desfecho, sabia que ela precisava me contar, mas acima de tudo sabia que ela precisava chorar, imagino por quanto tempo ela guardou esse choro, a versão dela da história, ela é uma mãe, e mãe sempre sente tudo mais profundamente.
Quando ela parou de chorar ela me olhou, balançou a cabeça por um segundo e retornou a história.
" ela nunca tinha demonstrado nada, nunca me contou, mas acho que eu nunca tentei ver o quanto ela tinha mudado, eu queria acreditar que ela estava tão feliz quanto a gente. Quando ela disse Adeus meu coração apertou sabe, era algo no jeito que ela respitou fundo e disse um 'me perdoa mãe, eu te amo muito, Adeus'. Eu não consegui explicar nada para ninguém eu corri para casa, mas era tarde demais sabe, pro lado que eu morava acontecia muito isso, mas nunca achei que fosse acontecer assim tão perto, o pior é que os mais antigos sempre disseram que quando alguém se enforca a gente chega sempre 1 minuto mais tarde, é um minuto que podia mudar tudo, ou não mudar nada, mas que a primeira pessoa sempre chega no minuto da última sentelha de vida, eu podia ter evitado, eu podia ter resolvido tudo isso, eu podia ainda ter minha menina. Mas não, cheguei só a tempo de chamar o Samu e eles constatarem o óbito, eu passei uma semana sem entender o por que daquilo, ela estava tão feliz na noite anterior tão carinhosa, como assim do nada ela ia se matar? Ai juntando as coisas dela depois do sétimo dia, eu achei o diário dela, tinha um post it rosa colado na capa escrito 'me perdoa', então eu li tudo o que ela não me contou, e eu me senti pior por saber, o menino o tal Luan que só fui descobrir o nome no diário, estuprava ela desde aquele maldito sábado que chamei ele para ir em casa, ela recebeu ele, e ele estuprou ela, aquele dia, e todos os outros malditos dias que eles se encontraram no curso, e a gota dágua para ela é que a menstruação atrasou, ela estava grávida, eu ia ser vó, mas como eu pedi para não contar para o pai dela ela achou que iamos ficar contra ela, ela era só uma menina criada na roça que eu joguei aos leões, eu cavei a sepultura dela. Ela se matou por minha culpa. "


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Notas finais do capítulo

Acho que agora eu tô de volta!



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