Cicatrizes - Memories Of Kusanagi escrita por duuhalbuquerque


Capítulo 5
Capitulo Cinco - Novo Rumo




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Dois anos depois

 

 

 

         Eu permanecia deitado na cama assistindo televisão. Ao meu lado, Mira permanecia deitado sobre meu braço.

Assistíamos a um programa de auditório, e riamos com os comentários do apresentador. Fye entrou, sorriu pra gente e logo se caminhou até a cozinha.

Mira virou-se pra mim e se apoiou com os braços.

 

      – Vamos fazer alguma coisa de bom hoje? Aproveitar que não teremos aula – Me perguntou, sorrindo.

      – Hm, vamos... Mas tem alguma idéia do que?

      – Que tal aquela boate que abriu ao lado do shopping? – Opinou.

 

         E assim a noite chegara. Eu, Mira e mais alguns amigos decidimos ir para a tal boate que havia inaugurado alguns meses atrás.

Chegamos ao local de carro. O carro que meu avô havia me dado assim que completei meus dezoito anos. Como de costume, a boate estava bem cheia. Tinham pessoas de todos os tipos, mas nada que eu já não estivesse acostumado.

Entramos. Logo me sentei como eu sempre fiz. Pedi uma vodka.

Eu me sentia tão adulto. Agora eu podia dirigir e beber o que quiser. Isso poderia parecer pouco, mas era fascinante aos meus olhos.

Uma jovem garota me observou de longe. Percebi os olhares da garota, e aos poucos ela se aproximou com um lindo sorriso.

Trajava um vestido extremamente justo. Seus cabelos eram curtos e loiros.

 

      – Olá – Falou.

      – Oi... – Respondi, sem muita simpatia.

      – Sou Claire, e você? – Ela falava de maneira sexy, como tentasse me seduzir.

      – Tenshin – Respondi, após beber mais um pouco da vodka.

      – Teeeeeenshin! – Mira correu até a mim, de forma bem indiscreta.

 

Tanto eu, quanto a garota nos assustamos. Ele me abraçou, e falou algumas coisas. Pouco se importou para a garota. Pediu um copo de refrigerante e molhou os lábios.

Em seguida, olhou para a loira ao lado. Seu olhar foi de desprezo.

 

      – Quem é essazinha? – Indagou, me deixando bem constrangido.

      – Claire... – Respondi. A garota permanecia sem entender nada.

 

Mira deixara o copo na mesa. Mas por um descuido proposital, derramou a bebida sobre o vestido da jovem garota. O mesmo deixou surgir um espanto sínico em seu rosto.

 

      – OOOH, MEU DEUS! Desculpe-me, eu não queria que tivesse acontecido isso... – Falou, pegando um pano pra limpar a garota.

         Alguns dias se passaram desde então. Meu pai nunca mais havia aparecido para infernizar nossas vidas. Ouvi até boatos que o mesmo havia sido preso portando uma alta quantidade de drogas.

 

         Eu havia decidido passar alguns dias em casa. Precisava relaxar, pois as provas de fim ano haviam terminado. Mira estava na casa de alguns familiares. O internato praticamente estava sem ninguém.

Terminava de escrever algumas coisas num caderno. Logo depois, segui até a janela.

Às vezes eu sentia falta daquela vista do meu quarto. Não só da vista, mas também de todo o silêncio que minha casa proporcionava.

Yushiro estava se tornando um adolescente bonito, e estudioso como sempre fora. Era um dos melhores alunos de sua Classe.

Minha mãe ainda não havia conhecido um novo amor, mas era uma mulher jovem e bonita. Uma hora alguém apareceria.

O que importava era que minha casa havia se transformado em um lugar tranqüilo, onde eu podia descansar e esquecer meus dias estressantes do colégio.

Meu celular tocou. Olhei o visor do aparelho, era meu avô.

 

      – Oi, vovô...

      – Tenshin? Eu queria encontrar você hoje... Tem como?

 

Meu avô parecia preocupado com alguma coisa, ou talvez bem decidido.

Marcamos de nos encontrar então ali perto. Por algum motivo, ele pediu para eu não comentar nada com minha mãe.

         Algumas horas se passaram. Fui de carro até o local combinado com meu avô. Era um bar luxuoso, porém bem discreto. Estacionei o carro ali perto e fui até o recinto. Estava bem movimentado para uma noite de quinta feira. Havia musica ao vivo, e bastante casais. Olhei ao redor, esperando ver meu avô, mas ele não havia chegado. Decidi arranjar um lugar pra sentar.

Eu usava uma jaqueta marrom, blusa branca e calça jeans escura. Uma roupa bem comportada para a ocasião. Voltei a olhar ao meu redor, esperando a chegada do meu avô.

 

      – Olá – Uma voz feminina surgiu ao meu lado direito.

 

Olhei repentinamente para meu lado. E me deparei com a mesma garota que conheci alguns dias atrás na boate junto de Mira.

 

      – Claire? – Me lembrei de seu nome, forçando um pouco da memória.

      – Tenshin... Que mundo pequeno, não é mesmo? – A loira sorriu pra mim, encostando-se no balcão.

      – Verdade... Aceita uma bebida? – Perguntei, após chamar o barman.

 

Claire aceitou. Começamos então a conversar, enquanto meu avô não chegara.

Alguns minutos depois, a loira decidira ir embora. Foi exatamente na hora que meu avô chegara.

 

      – Flertando, né? – Meu avô brincou, sentando-se ao meu lado em seguida.

 

Ri pra brincadeira do meu avô. Olhei a volta dele e percebi que o mesmo estava sem seus costumeiros seguranças.

 

      – Veio sozinho, vovô? – Perguntei, recebendo uma resposta afirmativa.

      – Sim... Eu não queria aqueles homens a nossa volta – Ele comentou.

 

Pedimos outra bebida.

 

      – O que tem de importante pra me falar, vovô? – Comecei indagando curioso.

      – Então... Não farei rodeios, Tenshin. Eu quero que daqui alguns anos você tome a frente das empresas Kusanagi!

 

Aquilo me deixou surpreso. Eu nunca imaginei que ele poderia me dizer tais palavras algum dia.

 

      – Do que o senhor está falando? – Continuei incrédulo.

      – Sei que você não esperava isso. Mas eu sei o que estou fazendo...

      – Mas vovô... E o Yushiro? E os meus primos? – Havia esquecido até a bebida.

      – Todos eles terão suas partes. Só quero que você se responsabilize pelas empresas... Tome a frente de tudo, inclusive das decisões. Você é meu neto mais velho, e há tempos eu venho pensando nisso – Meu avô parecia muito decidido.

      – Por que está fazendo isso?

 

Meu avô pareceu hesitante em responder aquela minha pergunta. Ele suspirou, pigarreou um pouco. Novamente olhou pra mim.

 

      – Eu estou doente, meu filho... Não sei até quando poderei tomar conta das empresas Kusanagi! Seu tio tem os negócios dele, não quer se envolver nisso. Você é minha única solução...

      – Doente? O que o senhor tem? – Novamente me surpreendi com tais palavras.

      – Isso não vem ao caso, Tenshin...

 

         Algumas horas se passaram de conversa. Já passava das onze da noite. Decidimos ir embora. Fomos para meu carro, pois meu avô havia ido de taxi.

Eu não sabia explicar, mas eu estava me sentindo estranho. Tonto, e às vezes minha vista escurecia repentinamente. Eu não havia bebido tanto ao ponto de ficar daquele jeito. Alguma coisa estava de errado.

O tempo estava chuvoso, e por isso muitas pessoas também iam embora àquela hora.

Sai então com o carro pelas avenidas desertas de Tóquio. A chuva se tornava violenta, e poucos carros transitavam por ali.

Novamente eu começava a me sentir mal. Minha vista começara a ficar distorcida, e uma sensação de desmaio invadiu meu corpo. O que estava acontecendo comigo, afinal? Eu não conseguia entender. Espere. A Claire... A bebida... Não, não faz sentido. Por que aquela garota colocaria algo na minha vodka? Com que motivo?

Forçando um pouco a memória... Havia uma garota ali perto. Cabelos pretos... Vestido... Ela me era familiar... Será? Sim, era ela. Amily!

Flashes invadiam minha memória. Havia uma misteriosa garota ali perto do balcão bebendo sozinha... Com certeza me lembrava Amily. E assim que Claire foi embora, a mesma também saiu. Agora tudo faz sentido! Amily e Claire estavam juntas, e com certeza envenenaram minha bebida. Como não percebi? Aquelas vadias me pegaram. Agora eu mal conseguia dirigir. Todo meu corpo estava mole, como estivesse aos poucos morrendo.

         Foi então que um cachorro atravessou meu caminho. Tentei desviar, o carro girou diversas vezes. Meu pé pressionava o freio, mas o veiculo não queria mais me responder. Foi então que o pior aconteceu. O carro deslizou violentamente e caiu ribanceira abaixo, capotando diversas vezes.

 

 

 

 

 

 

 

         Abri os olhos. Minha cabeça parecia que estava prestes a explodir. Coloquei a mão sobre a mesma, e haviam algumas faixas sobre minha testa.

Tentei olhar para os lados, mas ainda estava muito confuso. Haviam diversos aparelhos a minha volta, provavelmente era aquilo que estava ainda me deixando vivo.

 

      – Doutor, o paciente acordou! – Ouvi uma voz feminina ali perto.

      – Verdade? Que bom. Avise aos familiares dele – O médico respondeu, tudo ainda meio confuso na minha cabeça.

 

Não demorou muito até que minha mãe chegou. Sorriu ao me ver bem.

 

      – Mãe?

      – Oi, meu filho... Ainda bem que você acordou! – Ela falou, deixando algumas lágrimas escorrerem de seu rosto pálido.

      – Quanto tempo eu fiquei dormindo? – Perguntei.

      – ... Cinco meses! – Me assustei.

      – E meu avô... Como ele está?

 

Minha mãe nada respondeu. Apenas começara a chorar. Tampou seu rosto com as mãos. Tentava se acalmar. Suspirou e novamente se aproximou de mim.

 

      – Sinto muito, meu amor... Seu avô não resistiu aos ferimentos do acidente! – Aquela noticia foi como uma facada em meu peito. Tudo dentro de mim se destruiu, e apenas uma lagrima desceu de meus olhos. Eu havia perdido meu avô.

 

         Dois meses se passaram desde então.

Eu estava ali. Vestindo um sobretudo preto, e todo o resto da mesma cor. Meus cabelos estavam arrumados, e devidamente comportados.

Era um fim de tarde. O céu estava alaranjado. O sol se desvanecia no horizonte.

Haviam lindas arvores a minha volta, e as folhas caiam conforme a brisa gelada percorria o lugar. Em minha mão direita, eu segurava firme uma rosa.

Meus cabelos também se sacudiam junto ao vento, e meus olhos permaneciam cabisbaixos e distantes.

Continuei caminhando, até chegar à lápide de meu avô. Ajoelhei-me, e de forma respeitosa, ajeitei a rosa sobre a grama que nascera a volta do lugar.

No local, havia um pequeno monumento, e no mesmo, o nome do meu avô permanecia. Algumas folhas de arvores caiam lentamente a minha frente.

Novamente olhei a rosa, e uma única lagrima caiu sobre a flor. Fechei meus olhos, tentando me lembrar do rosto sorridente do meu avô.

 

      – Eu... Eu sinto muito, vovô! – Lamentei, inclinando minha cabeça para baixo – Eu juro que isso não vai ficar assim... – Abri meus olhos, e olhei para a lápide.

 

Suspirei, e novamente me ergui. Eu tinha que ser forte e me recuperar.

 

Dois meses depois.

 

 

         Eu tentava me recuperar, e aos poucos eu estava conseguindo. Amily havia desaparecido. E nos noticiários ainda se falava de meu avô, e a misteriosa pessoa que herdaria a fortuna do velho Kusanagi.

Continuei observando o crepúsculo do meu quarto. O silêncio era interrompido apenas pelos grilos. Minha mãe ainda estava muito abalada com todo o acontecido, mesmo depois de tantos meses passados.

Voltei a lembrar do acidente. Realmente Amily e Claire eram amigas e se juntaram contra mim. Então, naquele dia da boate com Mira... Elas já estavam me observando.

 

      – TENSHIN? – Minha mãe gritou das escadas.

 

Fui até a mesma. Ela estava na sala, com dois homens engravatados com maletas em suas mãos. Olhei sem entender muito para os mesmos, e depois para ela.

Um tinha os cabelos loiros e o outro grisalhos.

 

      – O que aconteceu, mãe? – Indaguei.

      – Você sabia disso que seu avô fez?

      – Ahm? Do que está falando? – Perguntei, ainda sem entender.

      – Seu avô... Ele passou todas a riqueza Kusanagi para sua responsabilidade, e para Yushiro também, quando estiver maior! – Minha mãe ponderou, dando mais uma olhada em algumas papeladas sobre a mesa.

 

Eu sabia que uma hora ia acontecer, mas não imaginei que tão rápido. Continuei sem reação com tudo aquilo. Foi tudo tão de repente, um novo rumo parecia que me esperava numa nova vida.

Minha mãe deixava em seu semblante uma preocupação bem evidente.

 

      – Isso realmente é verdade? – Perguntei aos homens a minha frente.

      – Sim... Você é o novo bilionário Kusanagi! – E a resposta foi bem clara para meus ouvidos.

 

 

 

 

 

 

...


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Notas finais do capítulo

Bom, demorei, mas postei. O motivo da demora? Estava com preguiça KKKK
me desculpem ): eu perdi um pouco da criatividade.
Enfim, espero que gostem do ultimo capitulo :*