A Substituta escrita por JustAnotherGirl94


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que curtiram, favoritaram e/ou estão acompanhando esta história. Obrigada especialmente a Dark Spirit, pelo comentário no último capítulo!



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CAPÍTULO 5

Conforme os sete primeiros dias após o casamento chegavam ao fim, Kili e Tarvi eram "reintegrados" à sociedade. Seu primeiro compromisso após o casamento era um jantar na casa de Dis, mãe de Kili e Fili, irmã de Thorin, que também estariam presentes. Outros convidados incluíam Dain, rei das Montanhas Cinzentas e sua esposa, o pai e a mãe de Tarvi, Dwalin e Balin.

Encontrar tantas pessoas, quase estranhos, a deixava ansiosa. Claro, havia trocado poucas palavras com Dis, Thorin e Fili na cerimônia, e com Balin, quando pretendia concorrer à vaga para ser sua aprendiz, mas conhecia Lorde Dain e sua esposa, assim como Dwalin, apenas de vista.

Alisou nervosamente seu traje em frente ao espelho. Era um belo vestido verde-escuro, feito para ser usado no casamento de sua irmã - que nunca acontecera. Ela passara os últimos dias acrescentando alguns detalhes a ele, que ela esperava que não ofendessem Kili e sua família.

E por falar em Kili...

— Tarvi, você está pronta? Já está quase na hora!

Quando ele viu a esposa, pensou várias coisas diferentes: bonita. Deslumbrante. Maravilhosa. O quão orgulhoso ele estava de ver que ela havia bordado seu símbolo no vestido.  E a forma como o vestido se ajustava a seu corpo...

Mas ele apenas disse:

— Você está muito bonita. Gostei do bordado... vamos?

Kili estendeu o braço; Tarvi sentindo-se corajosa pelos elogios, pegou sua mão. Kili sorriu.

Enquanto seguiam em direção à casa de Dis, o nervosismo de ambos só aumentava.As poucas pessoas que ainda estavam nas ruas cutucavam umas às outras, cochichavam entre si; Tarvi viu, com uma espécie de orgulho, uma das amigas de Yarvi boquiaberta quando eles passaram por ela. Mas, mais cedo do que Tarvi esperava, eles estavam em frente à porta da casa de Dís.

— Pronta? – Kili perguntou

— Como eu disse – Tarvi respondeu – Eu consigo, com sua ajuda.

Kili bateu na porta.

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A confusão começou logo após o jantar, quando Thorin começou a falar sobre viajar até uma aldeia próxima para comercializar alguns objetos produzidos por ele, Fili e Thorin na forja e, com sorte, conseguir novos pedidos. Estranhamente, Kili não estava incluído na conversa – estava à parte, conversando com Dwalin.

Tarvi estava ajudando a retirar a mesa, e perguntou à Dís:

— Por que Kili não pode participar do comércio também?

Dís não parecia satisfeita. Respondeu, secamente:

— Kili já recebe sua parte dos acordos. Ele não precisa viajar.

— Mas ele gostaria. Com mais uma pessoa viajando para as aldeias próximas, poderíamos conseguir mais encomendas, e mais dinhe...

Dís não a deixou terminar largando, com um estrondo, a panela que estava ensaboando no fundo da pia. Aproximou-se de sua nora e sussurrou-lhe:

— Por que você quer tanto que Kili viaje? Você quer ficar sozinha? Quem sabe quer receber um amante? Quem sabe, assim como sua irmã, você não tem palavra e planeja fugir e envergonhar-nos ainda mais? Eu disse a Thorin que vocês eram muito novos para casar, mas ele não me ouviu. Agora Kili está preso a você, que nem ama ele, você só quer garantir um herdeiro, para prendê-lo para sempre, não é?

O ódio de Dís a assustou. Nunca ninguém havia falado assim com ela, nem mesmo as amigas mais mesquinhas de sua irmã.

Mas ela não ia chorar na frente de Dís. Ela sabia que nada do que a mulher dizia era verdade, mas e se Kili concordava com ela? Por isso ele era tão...compreensivo?

Engolindo um soluço, ela fez a única coisa em que pensou: saiu correndo.

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Conseguiu abrir a porta de casa com a chave que trazia em sua bolsa de mão; correu até o quarto e, só quando garantiu que a porta do aposento também estava chaveada, começou a chorar.

Não demorou muito e ela ouviu Kili batendo na porta do quarto:

— Tarvi, o que você está fazendo? Por que você saiu desse jeito, deixando minha mãe falando sozinha? Você nem se despediu dela, ou dos meus outros parentes! Sinceramente, Tarvi, você não pode ser tão... infantil.

As palavras dele doíam. Mas ela ia contar a verdade:

— Sua mãe falou algumas coisas que me magoaram, e eu não pensei direto, Kili. Sinto muito. Podemos voltar lá e eu vou me desculpar e...

— Agora não – Sua voz estava seca, igual à de sua mãe – Não há mais clima para comemorações. Você acabou com ele.  Vou ficar por aqui mesmo.

Ele nem fez menção de escutá-la ou de tentar abrir a porta.

Aquela noite foi outra noite em que Tarvi chorou até dormir; a primeira desde seu casamento.

/-/-/-/-/-/-/

No dia seguinte, Tarvi só saiu do quarto quando teve certeza que Kili já havia saído para o trabalho. Enviou um bilhete à sua mãe, pedindo que ela lhe enviasse o trabalho que Tarvi havia acumulado nas duas últimas semanas; ela ia trabalhar em casa, não estava se sentindo bem.

Na maior parte do dia, conseguiu afastar o pensamento da noite anterior focando-se apenas no trabalho. Queria ganhar o suficiente para poder fazer um presente de aniversário especial para Kili... não que ele se importasse, aparentemente.

O Sol já estava se pondo, e nem sinais de Kili ainda. Apesar de estar sem fome e sem ter garantias de que ele voltaria para casa, ela começou a fazer uma sopa e a guardar seu material de trabalho.

A sopa já estava quase pronta quando a porta abriu de supetão. Kili estava parado na entrada, incerto sobre entrar ou não em sua própria casa. Tarvi lembrou de sua fúria no dia anterior e, inconscientemente, encolheu-se na cadeira. Alguns Filhos dos Homens batiam nas esposas quando estas faziam algo que os desagradava. Algo semelhante seria severamente punido entre os anões, mas Kili era sobrinho do Rei, será que ele seria punido? Será que ele a ouviria? Os pensamentos dardejavam em sua cabeça, não lhe dando paz um minuto.

Kili finalmente decidiu entrar. Tirou as botas sujas de neve, colocou os sapatos confortáveis de ficar em casa e finalmente começou a falar com Tarvi, olhando para o chão.

— Então... o que tem para o jantar?

Quando Tarvi levantou para ver se a sopa já estava pronta, Kili começou a falar com suas costas:

— Eu...falei com minha mãe hoje. Perguntei o que ela havia falado para você. Ela respondeu que se descontrolou e falou coisas que não pretendia, mas entendi que de certa forma ela desconfia de você, por causa da sua irmã.

— Ela disse que eu não amo você. Não é verdade. Ela também disse, quando eu sugeri que você viajasse para conseguir mais pedidos, que eu queria trazer meu amante para casa. Que eu queria fugir com ele. Que eu queria envergonhar todos vocês. Que eu queria um filho para poder prendê-lo no casamento, mesmo não amando você. Embora isso seja inútil, por que na nossa sociedade não importa, o casamento é um laço que não pode ser desfeito. Embora acho que podemos inventar alguma coisa, se você realmente não quer continuar casado...

— Tarvi – Kili pegou sua mão – sinto muito por tudo isso. Sinto muito por ter gritado com você ontem à noite. Eu não sabia que minha mãe tinha dito tudo isso. Não é à toa que você a deixou falando sozinha. E foi muito corajoso da sua parte querer voltar lá e se desculpar, mas o jantar realmente acabou depois de sua...saída dramática.

E eu quero continuar casado com você. Se você quiser...

Tarvi o encarou pela primeira vez:

— Eu quero. Eu não tenho nenhum amante, juro, nem pretendo fugir com ninguém. Sério.

Kili riu:

— Eu acredito, Tarvi. Você é muito correta, muito nobre para fazer uma coisa dessas. Por isso eu gosto tanto de você.

Tarvi reparou que ele disse “gosto tanto de você”, em vez de “eu te amo”. Mas ela havia dito que Dís estava errada quando disse que ela não amava Kili.

Mas logo Kili estava falando novamente, distraindo-a.

— Eu...trouxe algo para você – e lhe estendeu um envelope.

— O que é isso? – Não havia remetente no envelope.

— Abra.

Era uma carta. De Balin. Aceitando-a como aprendiz em meio período, mas sem remuneração. Ela começava na próxima semana. Tarvi soltou um gritinho e abraçou Kili.

— Obrigada, obrigada, obrigada!!! Como é meio período, posso continuar trabalhando com costura, e assim você não precisa fazer hora extra na forja! Talvez eu possa viajar com meu pai, e conseguir encomendas de vestidos e outras peças das aldeias vizinhas! Talvez nós podemos viajar e...

Ela estava fazendo planos descontroladamente, nem reparou que Kili tinha trazido outra coisa, até ele limpar a garganta e chamar sua atenção.

— Reparei que suas flores estavam ficando murchas, então...

Era outro ramo de flores roxas, iguais às que ele trouxera no dia seguinte ao casamento. Tarvi ficou sem graça. Ela não tinha nada a oferecer para ele, exceto uma sopa meio sem graça.

Tarvi pegou as flores:

— Eu... eu não tenho nada para lhe dar. Só sopa. Sinto muito.

— Aceitar minhas desculpas seria suficiente. Peço desculpas por ter gritado com você. E por ter chamado você de infantil. Você quer que eu fique de joelhos? Eu fico de joelhos...

Ele começou a se ajoelhar. Tarvi o puxou para cima, rindo:

— Não precisa! Eu aceito suas desculpas. Eu deveria ter me comportado melhor, realmente. Agora sua mãe deve estar com uma impressão ainda pior de mim...

— Nada que você não consiga mudar, desde que continue sendo como é. Maravilhosa. E você estava muito bonita naquele vestido, ontem. Deslumbrante. Fiquei orgulhoso quando vi o que você bordou na barra da saia e no punho das mangas.

Tarvi foi até o quarto, buscar o vaso para trocar as flores. Quando viu Kili na cozinha, servindo dois pratos de sopa, ela não teve dúvidas: foi até ele e beijou-o.

Na boca.


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