A garota na armadilha! escrita por Sua mãe


Capítulo 1
Capítulo 1 - Salada Caprese


Notas iniciais do capítulo

Eiiiii, espero que todo mundo (TODO MUNDO MESMO, ATÉ VOCÊ AÍ, FAZENDO CARA DE BUNDA!) goste e comente ^.^



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“Sal.

Eu passei meses e meses estudando a receita, fazendo e provando… E mesmo assim tinha conseguido colocar sal nas porcarias dos cookies!

Eu me encolhi na cadeira, enquanto ouvia toda a turma da sétima série elogiar o bolo de chocolate da Marie.

Olhei para meu potinho triste do Doraemon cheio de cookies salgados.

—Ah, Marie, que delícia! Você super devia ser cozinheira! — Uma das seguidoras desacerebradas da Marie guinchou e todas as outras patricinhas concordaram.

Agarrei o tupperware estúpido, com biscoitos estúpidos e saí correndo da sala. Eu consegui estragar tudo, de novo… Por isso minha mãe voltou pra Coréia… Ela não queria ser mãe de um fracasso completo!!

No meio de todo aquele turbilhão, me choquei contra alguém e caí de cara no chão. Ouvi o barulho de biscoitos se partindo.

—Ai! Você está bem?

Levantei a cabeça devagar e me deparei com um rapaz da minha idade. Eu acho. Atráves das lágrimas, eu só via um borrão loiro, que me ajudava a me levantar.

—Desculpa… eu só… só… coloquei sal neles… — Sussurrei e recomecei a chorar. Imaginei que o menino ia sair correndo ou deixar a louca chorona da sétima série sozinha ou até rir de mim… mas ele assentiu, super sério e tirou uma coisa do bolso, um frasquinho com um líquido âmbar dentro.

—Minha mãe dizia que todo cozinheiro devia ter seu ingrediente secreto… esse era o dela… Eu nunca descobri o que é, mas é super docinho! Você devia ficar com ele!

Antes que eu pudesse protestar, o garoto meteu o vidrinho nas minhas mãos. Eu o encarei pelo que pareceu um tempão, e deve ter sido mesmo, porque quando eu levantei a cabeça para agradecer, o garoto tinha ido embora.

Naquela noite, eu preparei os biscoitos para o meu pai, com o ingrediente secreto daquele menino… Ficaram ótimos, com um toque exótico e levemente picante. Eu esqueci da humilhação, do erro idiota, de tudo. Mais do que um ingrediente secreto, aquele garoto me dera um alento, um conforto. Prometi a mim mesma que o encontraria no dia seguinte e agradeceria devidamente, além disso, faria amizade e tentaria conhecer sua mãe, que parecia bem talentosa.

Mas eu nunca cumpri minha promessa, porque jamais o encontrei novamente.”

 

Estávamos atrasadas e Taylor continuava cantando e dançando no banheiro, eu podia ouvi-la encarnando a própria Lady GaGa.

—Taylor, pelo amor do Jamie Oliver, anda logo! — Gritei e espanquei a porta do banheiro de sua suíte. É bem a cara da Taylor, me encher por meses sobre “A melhor festa de toda a galáxia” e, no dia, demorar quase cinco horas pra se arrumar. E isso não é brincadeira!

Suspiro e me sento na cama perpetuamente desarrumada da minha melhor amiga. No meio das paredes roxas cheias de pôsteres de bandas de rock, tem um espelho de corpo inteiro e eu me analiso um pouquinho porque, ei, não é isso que toda menina emo-de-dezessete-anos-de-uma-fanfic-meio-bosta faz?

Meus cabelo é ruivo e chacheado, tipo, muito. Eu sou pequena, com seios inexistentes (porque eu sou meio asiática), mas, como um colega de classe meio atirado disse uma vez  tenho “um rabo de respeito” (provavelmente porque eu sou meio americana), porém o vestido chumbo curtíssimo de alças finas que eu estou usando, realça as minhas curvas e cria algo parecido com uma fenda entre meus seios, que eu estou admirando (peitos: todos ama) quando Taylor FINALMENTE sai do banho, enrolada em um robe preto.

—Uau, olha só pra você! Amei o look “Hermione vadia” Juna! — Ela diz toda animada, jogando o robe de lado e enfiando um vestido preto, com mais taxinhas do que tecido, pela cabeça.

—Hermione não era vadia! — Retruco, jogando um travesseiro nela.

—Ah não? Então como o Victor Krum comeu ela embaixo da escada?

Me levanto, ajeitando o vestido. Taylor está rindo, sacudindo os cabelos loiríssimos e aplicando toneladas de delineador.

—Isso só aconteceu na sua cabeça, Taylor!
—Pfff… Estava no livro.  Página 180, eu acho.

—Eu li o livro e não vi nada disso!

—Você tem que ler as entrelinhas, gata. Vamos indo? — Ela diz, agarrando a clutch preta e saindo. Eu a sigo.

Taylor é a minha melhor amiga desde a oitava série e uma das pessoas mais doidas que eu conheço. O quão doida você pergunta? Bem, ela é a garota que uma vez convenceu Marie Schumer (a mais popular e mais vaca) que beber água da privada era a cool. Óbvio que depois que a Marie descobriu, tentou fazer a vida de Taylor um inferno, mas, sinceramente, foi uma tentativa vã.

Taylor mete medo. Além de ela ser toda gótica (par exemple: vestido preto cheio de taxinhas, botas até o joelho e maquiagem pesada), linda, com os cabelos dourados e olhos de um azul profundo, a família de Taylor é dona de metade da cidade, praticamente.

Mas minha amizade não é por interesse, de forma nenhuma. A minha loira (é como eu a chamo quando estou me sentindo gay) é durona, leal e muito, muito doce. Prova disso é que no seu aniversário de dezesseis anos, ela pediu para os pais financiarem uma clínica veterinária pública (ela também pediu um Mustang, mas deixemos isso de lado).

Caminhamos até a casa de Kate Patel, que mora na mesma vizinhança de Taylor (a vizinhança dos ricaços), conversando sobre nossos planos para a faculdade.

—Não acredito que você vai mesmo pra St. Julian.. é tão.. perto! — Taylor reclama, fazendo beicinho e eu suspiro. Enquanto eu me contento com a faculdade da cidade (Que tem um excelente curso de gastronomia), minha loira vai para a NYU, ser uma advogada fabulosa e moderna.

—Tay… as aulas começam segunda… e aqui eu posso economizar com a moradia…

—”... visitar o papai sempre que precisar, e estar por perto caso aconteça alguma emergência”, eu sei, Juna. Só… sei lá, vai ser estranho quando eu viajar amanhã. Não estou acostumada a ficar sem meu Sancho Pança. — A forma como ela anda olhando para os pés, e fazendo beiço é de cortar o coração. Passo o braço em volta da minha loira e lhe dou um apertão.

—Ei… Te mando melon-pan na terça, que tal?

—Recheado com passas e leite condensado? — O bico já está  sumindo… Promessa de pão doce sempre funciona com a Taylor. Sempre.

—Prometo. — Ela sorri para mim e eu retribuo. Tento afastar a pontada no peito, quando lembro que amanhã, a essa hora, ela já vai em Nova Iorque.

Finalmente chegamos a mansão de Kate, e, caramba, que festão! Um rap faz a casa tremer, enquanto passamos (nos esprememos), pela porta. Só de relance consigo ver um grupo de meninas fazendo um concurso de camiseta molhada, meninos virando um barril (!) de cerveja e uma garota usando um mini-quiche de espinafre como chapéu.

—Ai meu Deus, aquele é o Ian? — Taylor guincha, apontando para um rapaz que tenta enfiar três burritos de uma vez na boca — Eu tenho que tirar uma foto!

Em questão de segundo, Taylor some e eu só consigo ouvir os cliques da câmera do seu celular. Sorrio e, me espremendo entre as pessoas, tento achar um lugar para ficar sozinha. Não me importo em ser deixada sozinha (Taylor sabe que eu venho só por amor a ela, eu nem sequer bebo), especialmente agora, quando tudo parece tão… nostálgico.  

Vendo as pessoas fazendo idiotices, sendo anônima, Taylor , linda, gargalhando … parece que eu estou vendo uma lembrança de um tempo distante, e não vivendo aquilo de fato. É emocionante e dá um frio na barriga, claro, mas, ao mesmo tempo, a tristeza é, de certa forma, esmagadora.

Finalmente encontro um lugar reservado. Deve ser o escritório/biblioteca dos Patel. Tem uma mesa de madeira comprida, uma poltrona de couro macio, um sofá de veludo e muuuitas prateleiras, recheadas de livros. Com um gritinho feliz, agarro um livro e me jogo, feliz, no sofá. Aaah… consigo ouvir os ruídos indistintos de rap e gritaria, mas da-ne-se! Em dois tempos, estou imersa na leitura.

Quando eu estou no primeiro terço do livro (é um drama sobre duas mulheres vivendo no Oriente Médio, super recomendo), a porta do escritório se abre.Ergo os olhos do livro, irritada, pronta pra espantar qualquer bêbado, quando…

Uau!
O moreno que entra na sala parece ter saído direto de uma revista. Cabelo corte militar, barba por fazer… Gente, eu consigo ver os gominhos do abdômen dele atráves da camisa.

—Oh, perdão! Achei que o lugar estava desocupado!

Nossa… ele tem a voz do Russel Crowe!

—De… de forma nenhuma.. digo, quer dizer! Você, hm, fique a vontade!

E o prêmio de idiota estúpida vai para…. Juna Lovelace!

O Moreno Gostoso sorri (covinhas!) e senta do meu lado. Mentalmente, tento me lembrar de todos os livros que tem uma cena quente em escritório.

—A animação daqui é… um pouco demais, eu acho! Precisava escapar do barulho! — Ele diz, sorrindo. É a minha chance!

—Concordo, eu também detesto animação e essas coisas!

Eu digo com o maior sorriso do mundo. Bem, eis a explicação para minha eterna solterisse. Eu não sei viver em sociedade.

—Sério? Uma garota tão bonita odeia animação?

Ele levanta as sobrancelhas. É possível se apaixonar pela forma como alguém levanta as sobrancelhas? Cadê a Taylor pra me ajudar???

—Bem eu… tenho… hm, outros interesses. Tipo… culinária!

Novamente aquele erguer de sobrancelhas sensual.

—Jura? Eu também sou um grande apreciador da arte da cozinha! Gosto especialmente da culinária francesa!

Meus olhos brilham de empolgação. Nem sei o nome dele, mas, cara… ele é o pacote completo!

—Sério? Eu tenho experimentado bouillabaisse, mas é tão difícil conseguir bons peixes aqui no interior...  — Lamento.

—Sinto sua dor… Tenho uma dificuldade imensa em encontrar farinha de amêndoa aqui! Cada macaron que eu faço, tem gosto de trabalho duro!

Eu rio com vontade e ele me acompanha. É tão bom encontrar alguém assim! Quando finalmente paramos de rir, ele me encara. E eu o encaro de volta.

Eu consigo sentir o desejo pairando entre nós. Não sei o que fazer… minha experiência nesse departamento é quase nula.

—Sou Casey. E você...? — O sussurro dele é absurdamente sexy.

—J-Juna. — Balbucio. Ele sorri, mas não é o sorriso brincalhão de antes, não senhor, é um sorriso carregado de malícia.

—Bem, Juna, agora que eu sei seu lindo nome, não é falta de educação te beijar, não é? — Sem esperar minha resposta, Casey agarra meu rosto.e o trás junto ao seu, encostando os lábios levemente, mas sem avançar. Lentamente, eu passo a língua sobre os seus lábios, que se abrem. É só disso que Casey precisa.

O encostar suave de lábios dá lugar a um beijo profundo e quente. Não sou muito experiente, mas hey, aprendo rápido. A língua deliciosa de Casey logo sai da minha boca e parte para o meu pescoço e, depois de um segundo, ele volta para a minha boca, dando uma mordida provocante.

—Vem mais perto, Juna.

“Mais perto” é o colo dele, óbvio. Sem pestanejar, subo nele, uma perna de cada lado da sua cintura, e coloco minhas mãos em seu pescoço.

—Você é muito perfeita, sabia? Posso? — Ele está brincando com a alça do meu vestido e, por mais que meu bom senso diga que não, eu assinto. Casey puxa as duas alças lentamente para baixo e eu não deixo de ficar nervosa. Sinto a sua respiração em meus seios, me deixando arrepiada. Meus mamilos endurecem, rapidinho.

—Linda — Ele beija um mamilo — Muito linda, perfeita. — Ele beija o outro e beija de novo e logo eu sinto sua língua deixando um rastro úmido e delicioso por minha pele. Jogo a cabeça para trás e solto um gemido suave. Agora entendo porque Taylor gostava tanto de namorar. Isso é a melhor coisa do universo.

Não, mentira! Quando Casey começa a chupar com força e vontade, e me mordiscar, essa é a melhor coisa do mundo. É tão bom que eu começo, involuntariamente, a me mover sobre o seu colo. É a vez de Casey gemer e me dar um chupão particularmente forte, que me faz soltar um gritinho agudo.

—Puta que pariu do bigode! — Demoro um segundo pra registrar a porta abrindo e logo fechando e o grito da Taylor. Gelo no mesmo instante.

—Eu… acho que talvez… — Diz Casey, incerto.

—Concordo. — Desço do colo dele, envergonhada. Meu vestido está praticamente na cintura. Ajeito ele, encarando o chão.

—Desculpa, isso não foi muito cavalheiresco da minha parte. — Ele pigarreia. Solto um risinho nervosa.

—Tudo bem. — Olho para o meu peito. Merda, tá todo vermelho! Ouço Casey mexendo na mesa e, quando olho para ele, ele me entrega um bloquinho de papel. Percebo um igual em suas mãos.

—Anota o seu número, tá bom? Adorei te… bom, te conhecer!

Assinto e anoto, entregando nas mãos dele. Ele também me entrega, mas faz questão de colocar o papel dobrado bem no meu decote. Reviro os olhos, e o tiro de lá.

—Também foi… interessante te conhecer, Casey. Nós… nos falamos, certo? — Dou um beijo em sua bochecha perfeita e saio correndo atrás de Taylor. Não demoro a encontrar a sacana, rindo muito do lado de fora da casa.

—Juna, sua cachorrona! Eu saio cinco minutos e você já sai por aí pegando meio mundo! — Ela me dá uma bolsada amigável. Pela voz enrolada, dá pra perceber que ela tomou mais do que um ou dois shots de vodca.

—Bem, eu não estava pegando todo mundo… só aquele cara. — Dou de ombros. Ela ri e é nossa deixa para voltar para casa. Enquanto caminhamos, eu falo sobre Casey, o beijo dele e… hã… o resto. Taylor ri e comenta sobre como ficou chocada e como esse é o fim perfeito, para uma noite perfeita.

Nos despedimos na porta de sua mansão, e, no caminho para casa, eu sinto como se tudo fosse ficar bem. Aquele distanciamento inicial, o medo… tudo passa. Passeando pelas ruas escuras, voltando… tudo parece tão normal e mundano, que é maravilhoso!

A faculdade não é problema… tenho certeza que tudo vai dar certo!


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