Looking for Lily Evans escrita por Day


Capítulo 4
003. Emmeline Vance


Notas iniciais do capítulo

EU NÃO MORRI, SÓ DEMOREI TRÊS MESES PRA DAR AS CARAS RSRSRS
consegui um emprego nesse meio tempo e isso tava me consumindo por completo, masssssssss cá estou hahaha.

espero que gostem, deixem comentários me xingando pela demora, eu deixo ♥



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Lily Evans era uma pessoa única. Mudava de humor como quem mudava de roupa e não havia nada que pudesse ser feito para mudar isso. Tinha sempre uma resposta na ponta da língua, para qualquer coisa que fosse dito. Às vezes, nem precisava de resposta alguma diante de suas expressões faciais, que acabavam falando por ela.

Com o tempo, James Potter aprendeu a lidar com cada uma de suas características. Sabia dizer o que ela estava pensando, qual sua opinião, e até mesmo o que queria. Não era muita surpresa quando alguém dizia que ele era um perito no assunto Lily Evans; embora os dois achassem isso um tanto quanto absurdo.

Por mais que fosse difícil, e talvez quase impossível, conhecimento algum desaparecia de uma hora para outra. E isso incluía tudo o que anos de convivência o ensinaram sobre ela. Não havia um jeito de simplesmente deixar de saber que alguma coisa a desagradava quando a via sentada sozinha com uma mecha de cabelo nos dedos; ou, ainda, que não estava bem porque estava bebendo refrigerante de uva.

Lily só bebia refrigerante de uva se estivesse mal com alguma coisa e James sabia bem demais disso.

Mas, bastou que tivessem uma discussão em público e jurassem que nunca mais se falariam para que tais conhecimentos caíssem no esquecimento de Potter. Pouco a pouco, já não se dava mais ao trabalho de decifrá-la, mesmo depois de afastados, como fazia no início; passou a fazer com ela o que fazia com aqueles que não conhecia: ignorava. Não era mais importante como costumava ser.

Ignorá-la passou a ser ainda mais fácil quando a presença de Emmeline Vance e Mary McDonald tonaram Lily um pouco mais insuportável. As três andavam pelos corredores do colégio como se tudo e todos as pertencesse, e desafiador era quem ousasse discordar. A possessão absoluta que elas tinham tornou-se um tipo de regra não verbal que era preciso ser seguida fielmente.

James não as suportava, em especial Vance e toda a futilidade que emanava dela. Os dois raramente se davam bem, o que implicava em raríssimas conversas, que eram sempre duas ou três frases prontas e sem nada demais — nada além de ironia ou um desgosto mútuo. Tinha sido assim pelos anos em que foram obrigados a conviver, e aparentemente continuava assim enquanto ela permanecia em pé à frente dele.

— Você vai falar ou não? Não tenho o dia todo, e acredito que você também não tenha — era difícil demais manter-se minimamente educado quando a experiência que tinha em conversar com Emmeline era o total oposto.

— Isso — ela mostrou o celular.

O que ele via na tela era algumas mensagens enviadas, mas nada muito focado porque Emmeline parecia estar em meio a um ataque nervoso. Suas mãos tremiam e, por mais que tentasse, James não conseguia focar uma só palavra dentre as várias que estavam à sua frente.

— Você tem mal de Parkinson, Vance? Me dá isso aqui para eu ler sem essa tremedeira toda.

Com muito mais firmeza, agora era fácil ler as tais mensagens. E eram todas de Lily. Só naquela situação Potter teria a mínima chance de saber como era ter uma conversa virtual com a tão reconhecida, renomada e cotada estrela do cinema britânico. Em maioria, eram algumas mensagens rápidas e que, aparentemente, não despertariam interesse algum nele.

Mas, a mais recente de todas era, a princípio, a que deveria interessá-lo. Era uma localização, seguida de uma frase que, para ele, tinha grandes chances de ser a chave de continuação às buscas.

Lily Evans

LOCALIZAÇÃO

Se der alguma coisa, eu estou aqui.

— Eu não sei qual lugar é esse, não cheguei a ir lá — Emmeline se explicou, como se tivesse sido pedido. — Achei que você gostaria de saber. Foi enviada no dia que ela desapareceu.

Ignorando por completo o fato de ela ter demorado alguns dias até levar tais mensagens ao conhecimento da polícia, James assentiu. Talvez fosse melhor apenas agradecer que, a partir de agora, tinham um lugar para ir do que questioná-la o porquê de ter tardado a tomar aquela atitude. Discutir com ela nunca valia a pena, no fim das contas.

— Tudo bem. Vou precisar de uma cópia desse endereço, para que possamos ir até lá. E, além disso, preciso também que você preste depoimento — ela o encarou confusa assim que ouviu aquilo. — Será rápido, algumas perguntas e pronto. Não vai doer.

— Quando?

— Agora, de preferência.

Visivelmente nervosa, Emmeline acabou concordando. Depois de liberar que seu celular passasse por uma perícia e que a localização enviada por Lily fosse copiada, ela seguiu o mesmo caminho de Potter até a sala de depoimentos. Nunca, em qualquer momento depois da conclusão do ensino médio, algum deles imaginou teriam a oportunidade — embora não classificada como boa ou ruim — de conversarem de novo. Em especial, tendo como assunto Lily Evans.

Não existia a possibilidade de fazer perguntas diferentes a cada pessoa que fosse depor sobre o mesmo caso. Portanto, na tentativa de economizar tanto o dela como seu tempo, James perguntou tudo de uma única vez, pedindo que ela, ao contrário de si mesmo, respondesse com calma e demorando o tempo que precisasse.

— A última vez que eu a vi pessoalmente foi, mais ou menos, umas duas semanas antes de, você sabe. Foi em um café no centro da cidade, e não durou mais do que vinte minutos. Ela estava ocupada com outras coisas. Depois disso, nós conversamos algumas vezes por telefone, e foi só.

— O que ela dizia sobre o namorado, Sirius Black? E o que você sabia sobre a relação dos dois?

— Não era preciso que ela dissesse qualquer coisa, tudo estava sempre nas notícias. Fama, reconhecimento e muito dinheiro eram as bases do relacionamento deles, mas claramente faltava interesse um no outro — Emmeline dizia com um tom, até então, desconhecido para ele. Era como se aquilo a deixasse irritada ou em um alto nível de incômodo. — Mesmo que Lily tentasse esconder, eu sabia que o namoro deles não era, na prática, tão perfeito quanto a mídia faz parecer.

— Tem alguma outra pessoa de quem ela tenha falado ultimamente? Talvez comentando sobre uma possível perseguição, mesmo que seja coisa de fã?

Coisa de fã eu posso te garantir que não é, mas ela comentou uma ou duas vezes que seu ex-namorado parecia estar a perseguindo. Você o conhece, McLaggen — Potter não pôde deixar de revirar os olhos ao ouvir aquele nome. Emmeline riu. — Sim, é esse aí mesmo. Insuportável como sempre e, aparentemente, querendo algum tipo de repeteco de uma coisa que aconteceu há anos.

— O que exatamente ela disse a esse respeito?

— Que já não era a primeira vez que o via na rua, a alguns passos de distância, a seguindo. Lembro que, em um dos casos em que isso aconteceu, Lily até chegou a confrontá-lo e perguntar porque ele continuava atrás dela, e que, se quisesse, poderiam ter uma conversa sobre o que ele quisesse, sabe? Que não precisava daquilo. Mas, como esperado, tudo que McLaggen fez foi negar e ficar na defensiva, afastando-se por um tempo.

James anotou cada uma daquelas coisas, tendo mais uma pessoa na lista de futuros depoimentos. Se conversar com Petunia já não tinha sido nada fácil; e manter aquela conversa com Emmeline em um nível de educação, até então desconhecido, para os dois, também não era a tarefa mais simples do mundo. Contudo, de antemão, ele sabia que estar frente a frente com McLaggen seria pior, muito pior.

As desavenças que tinham iam além do ensino médio, além dos muros da escola. Tinha se tornado algo pessoal, no momento em que Potter — sem saber de qualquer coisa — trocou dois ou três beijos com uma colega de classe em uma das várias festas que tiveram naqueles fatídicos quatro anos. Talvez a revanche — era assim que ambos classificavam aquilo — tenha sido o namoro quase relâmpago, com uma duração ridícula de cinco meses, e extremamente conturbado que McLaggen teve com Lily.

Mesmo que pouco, aquilo tinha contribuído para o fim da amizade de Potter com a ruiva.

Qualquer atitude, àquela altura do campeonato e àquelas circunstâncias, podia ser classificada como suspeitas. Mas, era inegável que ser classificado como perseguidor de uma pessoa desaparecida, tendo tomado tais atitudes pouco antes do desaparecimento, atingia um nível de suspeita desconhecido. De repente, o foco de James mudou de Sirius Black para Henry McLaggen.

Aparentemente, Lily Evans não fazia boas escolhas quando o assunto era namorados.

✣✣✣

O dedo podre de Lily era uma coisa que a acompanhava desde sempre, ao que tudo indicava. Seu primeiro beijo tinha sido num terreno vazio atrás da escola, no auge de seus onze anos, com um menino um ou dois anos mais velho. Se a questionassem, ela não saberia dizer o porquê de ter feito aquilo, naquele lugar, com aquela pessoa. Principalmente pelo fato de, em questão de algumas horas depois, tal garoto nem se deu ao trabalho de manter contato com ela.

Não tendo isso como suficiente, seu primeiro namorado era a pior pessoa que poderia existir, a pior opção entre várias que estavam à disposição de Lily. Àquela idade, no auge de seus treze anos, ela poderia escolher quem quisesse para ocupar tal posição — porque, sendo sincera consigo mesma, ela queria um namoro apenas para dizer que tinha um — acabou caindo na lábia de Edgar Bones.

A única coisa que restou de tal namoro, além de péssimas memórias, foi um coração partido que, naquela época, James Potter precisou curar. Ele, no entanto, não parecia fazer tantas escolhas ruins assim. Afinal, ter tido o seu primeiro beijo com Lily, podia ser classificado como algo completamente oposto de ruim.

✣✣✣

— Tudo bem — Potter respondeu, voltando sua atenção total à Emmeline. — Obrigado. Você está liberada.

Ela agradeceu e seguiu para fora da delegacia, deixando-o sozinho. Repensando no que Emmeline dissera, era quase impossível dizer se era ou não verdade. Não que ele estivesse duvidando das palavras dela — até porque sinceridade sempre foi uma das características que mais se destacavam na personalidade de Vance — mas, por ter uma base de conhecimento mínima a respeito de McLaggen, era fácil dizer que ela não mentia.

Contudo, descartar totalmente a possibilidade que, com os anos, ele tivesse mudado era prejulgar demais. James não deveria fazer um prejulgamento de alguém àquela altura da sua vida.

Aquilo era a última coisa que James queria, ter de ficar ali por mais tempo do que tinha planejado quando voltou da casa de Petunia. O que o mantinha preso ali, àquela hora da noite, era o endereço de algum lugar, no centro da cidade, para onde Lily tinha ido algum tempo antes de desaparecer.

Jogando tal endereço na internet, o que se encontrava era a Bedford Square, uma das praças mais movimentadas e conhecidas de Londres. Ele deveria ter reconhecido a localização logo de cara, mas, embora lhe tenha soado familiar, alguma coisa o impediu. Quando ainda era jovem, James costumava ir à Bedford e passar algumas boas horas de seus dias por lá.

No dia seguinte, ele voltaria à praça. Dessa vez, no entanto, seu intuito não seria andar à toa por algumas horas e depois voltar para casa; pelo contrário, seria procurar, entre as várias pessoas que, com certeza, também estariam no lugar, se alguém por acaso teria visto a grandiosa Lily Evans pouco tempo antes. Alguns diriam que sim, e seria preciso saber discernir quem mentiria e quem falaria sério.

Ir à Bedford Square — anotou em um post-it antes de, enfim, se dar ao luxo de ir embora.

Enquanto caminhava de volta para casa, James pensou nas coisas que tinha ouvido aquele dia. Quando acordou, não tinha a menor ideia de que seria levado, pelas circunstâncias, à Petunia Evans e sua vida agora regada ao luxo e ao dinheiro. Menos ainda, imaginou que reencontraria Emmeline Vance e que a veria aparentemente na mesma situação de quando a conheceu — rica e acreditando estar acima dos outros.

Sua ideia inicial de seguir até algum pub e beber algumas doses de gim tônica foi anulada por um depoimento de última hora e muito tempo a mais na delegacia. Então, ao invés de gastar algumas libras, tudo o que James faria naquela noite era descansar tanto quanto pudesse e se preparar mentalmente para mais um dia de buscas.

Outra coisa que ele também jamais imaginaria quando acordou naquele dia era que, quando fosse dormir, estaria tão imerso no assunto Lily Evans. Na realidade, Potter jamais imaginou que isso poderia acontecer de novo. Porque, da última vez que tinha acontecido, os resultados não foram nada gloriosos.

— Oi, campeão — cumprimentou seu gato assim que entrou em casa, embora o bichano não entendesse realmente.

Skip era, algumas vezes, o único ser vivo — classificá-lo como pessoa era quase inaceitável — com quem ele poderia compartilhar todas as informações de seus casos sem medo de que alguma acabasse vazando. Afinal, se isso acontecesse, tinha algo realmente errado com seu gato.

— Eu vou dormir. Eu sei que é cedo. Por favor, não me acorde. Você não faz ideia do quanto eu preciso dormir.

Teria sido irônico, e até cômico, se não tivesse sido tragicamente verdadeiro e real demais o fato de James acordar no meio da madrugada porque tinha sonhado com Lily. Ele precisou de alguns segundos sentado na cama, observando as paredes do quarto, para retomar a consciência de que tudo não tinha passado de um sonho. Tê-la presente demais em seu dia não havia resultado em algo bom.

Afinal, há quanto tempo Lily tinha deixado de ser presente nos sonhos de James?

¾¾¾

— Potter! Venha aqui — Diggory gritou assim que o viu entrando na delegacia na manhã seguinte. Respirando fundo pelo fato de já estar precisando lidar com os gritos de seu chefe às oito da manhã, ele caminhou até a sala no final do corredor. — O que você tem para hoje no caso da menina desaparecida?

— Ontem consegui uma das últimas localizações dela antes do desaparecimento, a Bedford Square. Estarei indo até lá agora.

— Bom. Muito bom — a resposta veio em um tom completamente desanimado, porém esperado, já que Amos Diggory não era a pessoa mais animada do mundo. — Leve ele com você. Será seu parceiro no caso.

James olhou para o canto da sala, onde um homem aparentando alguns anos a menos escutava toda a conversa calado. Pelo simples fato de nunca o ter visto antes, isso indicava uma dentre duas coisas: ou era um novato, ou era um transferido. Ou, numa hipótese longínqua, poderia ser os dois. Mas, qualquer que fosse o caso, Potter agora precisaria tê-lo como parceiro de caso. Ele odiava fazer parceria com alguém, por melhor que fosse, porque preferia trabalhar sozinho, do seu jeito, às suas regras.

Contudo, não estava em posição de negar. Precisaria engolir sua predileção exacerbada por casos que não exigiam duas pessoas e começar a dividir os créditos por futuras informações com alguém que não conhecia. Talvez pior do que trabalhar em dupla — ou em equipe, o que seria um verdadeiro pesadelo — era ver outra pessoa ser parabenizada por algo que, na realidade, ele tinha feito sozinho.

Exatamente como o novato seria parabenizado, a longo prazo, pela descoberta da localização que Lily enviara e pelas informações que havia conseguido com Petunia e Emmeline. A simples ideia de pensar nisso o fez revirar os olhos, mas, tão rápido quanto se dispersou em pensamentos, voltou à realidade.

— Tudo bem, senhor. Sou James Potter, e você?

Apresentou-se, esticando a mão para um cumprimento formal. Seu, agora, parceiro não parecia ser, de fato, um policial. Se estivesse em meio a pessoas de profissões distintas, com certeza, ninguém diria que ele trabalhava com a mesma coisa de James. Ele tinha um olhar vago e a expressão neutra, não aparentava ter a capacidade de ver as coisas com o olhar clínico necessário.

E, sinceramente, ele não aparentava tanta aptidão física. Mas, se estava ali, no mínimo tinha se mostrado competente o bastante.

— Peter Pettigrew.


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Notas finais do capítulo

espero que gostem² rsrsssss
bjssssss, deixem eu saber o que acharam!



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