Parada Inespearda escrita por juremmão


Capítulo 5
Boa noite senhorita Mills.


Notas iniciais do capítulo

oii pessoas q lêem essa história, dessa vez não demorei tanto assim em. Então, esse capítulo é muito especial pq nele ta a cena esperada e eu devo agradecer a Bruna (@fckregal) que me ajudou muito revisando o cap e na cena última cena q foi totalmente dela. Desculpa pelo capítulo enorme, mas espero que vcs gostem, boa leitura.
a música é da Adele - One and only.



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E lá estava Emma de novo, observando aquela mulher. Como em tão pouco tempo uma pessoa pode fazer moradia na sua mente sem fazer o menos esforço pra isso? Era o que a loira andava se questionando constantemente. Regina era sempre tão dona de si, não importava aonde, mas sua presença sempre prendia a atenção de todos a sua volta.

Emma, uma caipira, que estava sem dúvidas atraída por uma mulher da cidade grande, quais as chances de alguma coisa boa sair disso tudo? Isso mesmo, menos de zero por cento. Desde que Regina chegou à cidade, despertou na loira um sentimento já adormecido há muito tempo. Depois que Lilith, sua namorada na adolescência, se mudara para Boston com a expectativa de ir realizar seus sonhos, deixou para trás uma Emma que sofria dia após dia sem a morena. Com a tempo Emma passou a se fechar para qualquer tipo de relacionamento, pois desde Lilith, passou a desacreditar nas pessoas que passavam por sua vida. Quando pequena acreditava nos finais felizes, e que cada pessoa merecia o seu, mas depois desse episódio vivido, já não nem mesmo no amor.

Acordou pela manhã, fez sua higiene matinal e desceu para a cozinha. Hoje iria à cidade vizinha, precisava resolver algumas coisas sobre a cidade que morava, e como companhia sabia exatamente quem levaria.

— Bom dia, garoto! – fala ao entrar na cozinha e encontrar Henry comendo na mesa.

— Bom dia, Em – fala de boca cheia.

A loira da à volta no balcão e beija a face de Ruby que estava terminando de preparar panquecas. Volta para a mesa e se junta ao garoto.

— É hoje que você vai a Asheville? – pergunta a ruiva sentando-se a mesa também.

— Sim – fala já de boca cheia.

— Você acha que pode ganhar a causa? - pergunta divagando o olhar entre ela e Henry – Coma devagar, Henry.

— Não sei, mas preciso tentar. A cidade não pode ficar sem aquilo.

— Quer que eu vá junto? Posso deixar Henry com David. Não sei se vou ser útil, mas ao menos te faço companhia, são três horas de viajem daqui até lá.

— Não precisa. Convidarei Regina – e logo desvia o olhar para seu café, já que Ruby lhe fuzila com o olhar.

— Emma... – fala em tom de aviso.

— O que foi? Eu só vou chama-la pra ir comigo. Já ate falei com David e ele disse que vai contar como hora trabalhada. Não vai acontecer nada, ela é noiva – fala com um suspiro frustrante.

— E desde quando isso impede alguma coisa? – fica esperando uma resposta que não vem – Eu só não quero vê você sair machucada disso tudo, Emma.

— Ruby, eu não sou mais aquela menina boba de tempos atrás, eu sei o que eu estou fazendo – fala se levantando para levar sua xicara até a pia. Ficara irritada por Ruby sempre trazer o assunto “Lilith” à tona.

— Mas não parece, ela vai embora e você não vai poder fazer nada para impedi-la, assim como aconteceu com...

— Chega Ruby, eu não quero falar sobre esse assunto, será que da pra você esquecer isso? Céus... – Henry que estava comendo para e fica prestando atenção nas mulheres, divagando o olhar entre elas.

— Tudo bem Emma, como você quiser. Só não venha ficar como ficou da ultima vez, eu não vou juntar seus cacos por você.

Emma saiu da cozinha e rumou para fora de casa, mas as palavras de Ruby ficaram martelando em sua cabeça, a ruiva tinha razão, Regina iria embora mais cedo ou mais tarde e ela não poderia fazer nada, assim como não pôde fazer nada para que Lilith ficasse. Perguntava-se até quando isso iria acontecer com ela, porque todas as pessoas que ela amava iam embora. Amor, palavra essa que Emma deixou de acreditar a um bom tempo. Primeiro sua mãe havia a abandonado, depois Lilith e agora Regina estava preste a fazer o mesmo.

O porquê de se importar tanto assim com a morena, não sabia, mas a mesma tinha despertado nela algo que estava adormecido, ou algo que ela nunca sentirá na vida, e que por medo não estava tão curiosa para descobrir. Deixou esses pensamentos de lado, entrou na sua caminhonete e dirigiu até a delegacia, a tempo de ver Regina sair pela porta da frente com sua bicicleta rosa e riu consigo mesma, lembrou-se de que ela mesma tinha dado a ideia de que David desse a bicicleta a morena, para que ficasse usando como transporte.

— Que maquina! – exclama já fora da caminhonete, caminhando até ficar próxima da escada de pouco degraus que dava acesso para a entrada da delegacia e por as mãos nos bolsos traseiro da calça que usava.

— Para onde você vai vestida assim? – fala ao notar a calça jeans justa fazendo par com uma blusa de cetim azul de botões.

— Entre aqui e descubra – fala apontado pra trás onde estava a picape.

— Não posso, tenho que fazer serviço voluntário.

— Falei com o doutor, ele disse que vai contar como horas trabalhadas – espera uma resposta – Vamos senhorita Mills, eu não tenho a manhã toda – ficam se encarando por minutos que pareciam horas, algo no olhar de Regina deixava Emma nervosa.

— Tudo bem então. – se da por vencida deixando a bicicleta rosa de lado.

Estavam a mais ou menos meia hora dentro do carro, e o único som que se ouvia era a do radio que tocava alguma musica. Regina de vez em quando olhava de relance para a loira ao seu lado, Emma por sua vez, prestava atenção na estrada a sua frente, assim como também prestava atenção na morena que lhes lançava olhares que não soube decifrar o que significavam. E enfim a loira consegue o quebrar aquele silencio perturbador que já estava se tornando algo incomodo para ela.

— Queria agradecer por ter salvado Henry ontem, aquele garotinho é tudo pra mim e pra Ruby – encontrara finalmente sua voz.

— Não foi nada. Henry é muito especial – fala dando um sorriso de lado – Então, você já pode me dizer pra onde estamos indo?

— Como você é curiosa, doutora! – olha para Regina a tempo de vê-la corar – Tudo bem, estamos indo para Asheville.

— E estamos indo pra lá fazer o que? – arqueia uma sobrancelha.

— Estamos indo salva a cidade.

— Salva a cidade? – Emma assente – Salvar do que exatamente? – o que ganha em troca é só um sorriso de dentes tortos e covinhas – Do que realmente você trabalha?

— Eu combato crimes, doutora – diz simplesmente.

— Ah, então você é advogada? – ganha um aceno negativo – Então estuda direito? – outra aceno negativo.

—Esse é um dos últimos estados que permite que alguém seja advogado sem ter um diploma de direito, ah não ser que tenha aprovação na ordem entre eles e em Boston – explica-se.

— Tudo bem, mas quem ia querer um advogado sem diploma? – ergue uma sobrancelha.

— Verdade – fala pensativa – Deve estar certa, mas aquela cidade não tem ninguém que faça isso por ela, então, ou sou eu ou ninguém.

— E do que exatamente estamos indo salvar a cidade? – pergunta novamente.

— Nós vamos para o tribunal, mas precisamente para corte superior.

— O que foi que você fez?

— Eu não fiz nada – levanta as mãos se defendendo – Mas o sindicato das liberdades civis Americanas acha que Storybrook representa uma ameaça à sociedade livre.

— O que Storybrook fez para ofender alguém?

— Bom, lembra-se daquela cruz na montanha antiga? – tira a atenção da estrada para olhar Regina que da um aceno positivo – Então, do nada o sindicato decidiu que a cruz precisa ser removida.

— E você é a defensora da causa? – fala escondendo um riso.

— Sim, eu sou! – fala e da um sorriso para Regina, que acaba soltando um riso também.

Depois da estressante audiência com o juiz, resolveram que jantariam por ali mesmo, em um restaurante japonês, claro, por insistência de Regina, porque pela loira voltariam e comeriam no Granny’s. “Se eu quisesse comer peixe cru comeria os peixes que David pescava” era o que a loira falava ao passo que dava para dentro do restaurante. O ambiente tinha toques rustico e ao mesmo tempo despojado, sendo assim um colírio para os olhos castanhos de Regina.

Chegaram à recepção do restaurante e pediram uma mesa, e por sorte tinha uma disponível no canto perto do balcão, onde havia algumas cadeiras altas. As paredes laterais do ambiente foram substituídas por janelas de vidro, podendo assim ter uma vista privilegiada do mar logo à frente. Do lado oposto estava o balcão com algumas pessoas sentadas rente ao mesmo nas cadeiras, mesas empalhadas e ocupadas pelos clientes, e ao fundo uma musica baixa tocava. Emma não soube distinguir qual seria canção, mas também não estava muito focada nisso, já que estava impressionada demais com a delicadeza do restaurante para prestar atenção. Aquilo certamente era a cara de Regina, e não tinha nada a ver com ela.

Distintas. Era o que Emma e Regina eram. Duas pessoas sem semelhanças alguma, tanto física quanto de personalidades e gostos. Uma era nariz em pé, andava como se nada mais importasse, da cidade grande, crescida em berço de ouro, personalidade forte. Enquanto a outra era apenas uma moça do interior, caipira e com um sorriso de cinco dólares. Não tinham nada em comum, nem mesmo o gosto para comidas. Emma pode notar assim que entrou naquele restaurante. Se estivesse sozinha, estaria agora em alguma lanchonete pé de chinelo comendo algum hambúrguer e sujando sua blusa de cetim com ketchup.

Como ela poderia estar atraída por essa mulher de porte tão elegante? Em que momento a loira passou a prestar tanta atenção assim em Regina? Eram muitas perguntas que a rondava. Fora tirada de transe por Regina a chamando repetidamente.

— Emma está no mundo da lua? – pergunta a morena sem paciência.

— Desculpe, eu estava pensando sobre as coisas do tribunal – diz movimentando a cabeça.

— O juiz foi linha grossa, você acha que tem chance de vencer?

— Não sei, mas não quero falar sobre isso agora. O que você estava me perguntando?

— Perguntei se você gosta de sushi ou prefere pedir outra coisa? – pergunta a olhando.

— Bom sempre dizem que tem primeira vez pra tudo, então vou acompanhar você nesse peixe cru.

— Não é peixe cru – a repreende.

— Mas também não é cozido – fala dando um sorriso de lado.

Regina chama o garçom e faz o pedido para ambas, que não demora muito para chegar. Regina ria da cara que Emma fazia toda vez que a morena levava o peixe para a boca com o hashi, a loira estava tendo dificuldades para conseguir domar aqueles pauzinhos. Desistiu de tentar, abandonou o hashi em cima da mesa, e passou a comer com a mão, o que também não foi uma tarefa fácil, já que Regina toda hora lhe repreendia por conta desse ato, mas Emma não se importava, tinha realmente gostado do tal peixe cru.

— Você realmente gostou, não foi? – fala olhando a loira a sua frente.

— Bom, não é nada comparado com o peixe assado que David faz, mas é muito bom, só tem gosto de peixe cru – a gargalhada que Regina deu parecia música para os ouvidos de Emma, nunca ouvira risada mais bonita.

— Você tem piadas muito sem graça, Swan.

— Você riu.

— Eu estou comendo, fico de bom humor quando como – fala como se fosse o obvio.

— Agora já sei o que fazer quando quiser ver esse sorriso no seu rosto – fala sem perceber e olha para Regina a tempo dela substituir o sorriso por um rubor.

Silencio, era nesses momentos que ele estava presente. Logo depois de um elogio ou a falta de uma resposta, o silencio que sempre pairava entre elas era o constrangedor, desconfortável. Ficavam sempre desviando o olhar uma da outra para qualquer coisa sem sentido que estava ao redor. Emma por sua vez achou algo mais interessante na janela ao seu lado, ficou vendo como o mar estava calmo e em como as pessoas no calçadão pareciam andar com uma calmaria sem igual. Arriscou olhar para frente e encontrou um par de castanhos a encarando, mas logo foram desviados. Emma queria tanto desvendar aquela mulher, mas a cada minuto que passava ao seu lado parecia que se tornava mais difícil, Regina Mills era uma incógnita.

— Doutora, por que não tem uma aliança na sua mão esquerda? – resolve arriscar a fim de quebrar o silencio – Surpresa? – fala olhando a expressão surpresa da morena.

— Porque ele não fez o pedido pessoalmente.

— Como assim não fez o pedido pessoalmente? – franze o cenho.

— O pedido foi por uma ligação – fala e olha para Emma, que estava segurando sua boca com a mão para não ter que gargalhar alto – Não entendo o que tem de engraçado nisso, senhorita Swan.

— Acho que a parte que ele pede você em casamento por uma ligação é muito engraçada – fala ainda se segurando para não rir.

— Nós dois trabalhamos muito, não temos tempo para ficarmos nos encontrando direto – tenta se explicar.

— Tudo bem, mas acho que isso não justifica ele ter feito o pedido por ligação, ele poderia ter feito o pedido no próximo encontro de vocês – Emma fica olhando para Regina, que não responde nada – Então, há quanto tempo estão juntos?

— Há seis anos.

— Seis anos – fala alto o bastante para o casal de a mesa ao lado olharem para elas.

— Será que dá pra você calar a boca?! – diz mantendo a calma.

— Poxa, e há quanto tempo você está enrolando ele?

— Há um ano – Emma arqueia as sobrancelhas em espanto – E eu não estou enrolando ninguém, é só que as datas nunca coincidem – fala em sua defesa.

— Bom, me parece que se você o ama e ele a ama de volta, vocês teriam que ter casado há muito tempo...

— Me parece que você tem que cuidar da sua vida – fala, mas logo se arrepende por vê o olhar de Emma abaixar – Mas obrigada.

— Eu teria feito o pedido no segundo ano que tivesse conhecido você, talvez no terceiro dependendo o trabalho que você ia me dá, e casado no outro ano, quer dizer... Não sei, mas não esperaria, não tanto tempo assim – fala sincera enquanto mexe com os pauzinhos na mesa, Regina fica a olhando sem saber o que responder, e mais uma vez o silencio estava fazendo o papel dele de interferir entre elas.

— Mas você não tem motivos pra saber se eu teria dito sim ou não.

— Isso que faz tudo parecer interessante – fala antes de tomar um gole de vinho.

Emma a encarando prestando atenção em todos os detalhes do rosto de Regina, desde a veia saltada na sua testa até a cicatriz em seu lábio superior, do o modo delicado com que manuseava aqueles palitinhos até a forma elegante como pegava a taça de vinho e levava a boca. Tudo naquela mulher era um chamado apara os olhos de Emma, a loira não conseguia desviar os olhos da mulher, mas nem se quisesse faria isso, Regina Mills era a mulher mais linda que Emma já vira, admitiu para ela mesma enquanto a outra desviava os olhos dos seus para olhar ao redor. Emma sabia que estava intimidando a outra e decidiu quebrar o silencio que se formou.

— O que é essa coisa verde? – apontou para a beirada do prato de Regina.

— Wasabi, é uma raiz forte japonesa – a loira então pega a raiz com a mão e ameaça comer – Não aconselho comer isso.

— Nunca diga isso a uma moça caipira – e então põe dentro da boca e começa a mastigar.

— Não diga que não avisei – fica olhando para Emma que apenas solta um riso – Três, dois, um... – e a loira começa a se contorcer – Por favor, um copo de leite aqui na mesa – pede ao garçom que passava por elas.

Um embrulho no estomago de Emma se deu, a loira se contorcia de dor na cadeira enquanto aguardava o homem trazer o leite. Regina a olhava negando com a cabeça pela teimosia de Emma.

No carro de volta para a cidade, Emma tomava seu leite enquanto dirigia, a morena ao seu lado ainda ria das caretas que a loira fazia.

— Quanto vai custar seu silencio, doutora?

— Que tal fazer com que devolvam meu carro?

— Ele é todo seu.

— Eu ainda tenho um dia e trabalho a ser feito, não gosto de deixar nada pela metade – fala olhando para fora da janela.

— O doutor já deve ter vindo da pesca, nesse horário ele deve estar chegando em casa – diz olhando o relógio de pulso.

— Você deveria pescar com David – opina – Pretendo terminar minhas horas aqui.

— Por que? Você pode estar longe daqui amanhã cedo.

— Termino o que começo, sempre termino o que começo – diz pensativa enquanto divagava sobre seus pensamentos.

— O ruim é quando começamos uma coisa e percebemos que foi um erro – Emma fala sem tirar a atenção da estrada.

— O que você quer dizer com isso, senhorita Swan?

— Nada – Regina fica a olhando tentando ler as entre entrelinhas daquela frase – Feche os olhos – a loira pede de repente.

— Por quê? – franze o cenho.

— Feche logo, vamos – pede novamente, mas dessa vez de modo mais firme e Regina mesmo contra sua vontade o faz.

Emma então estaciona a picape no canto da estrada. Estavam passando por um lago que, quando criança, Emma costumava brincar ali com Ruby. Logo que reconheceu o lugar quis fazer uma surpresa para Regina. À noite o lago ficava escuro e só o que podia ser visto eram os vagalumes que plasticamente flutuavam em cima da agua. Havia uma espécie de ponte feita de madeira, era trilhada até a metade do lago, a baixo tinham barcos encostados na área. Como já estava a noitecendo e estava para começar a festa dos vagalumes, como chamava Emma, lembrou-se que aquele lugar ficava lindo naquela mesma hora, as luzes que vinham dos mosquitos pareciam enfeite para os olhos de Emma.

A loira saiu da caminhonete, logo se posicionou ao lado de Regina e a tirou de lá com muito cuidado.

— Continue de olhos fechados – pediu.

— Eu estou com os olhos fechados.

— Não abra – pediu mais uma vez.

A conduziu até a ponta da ponte, onde dava para ver todo o lago e a festa dos mosquitos.

— Pronto, agora pode abrir.

— Nossa – fala maravilhada pela paisagem a sua frente – É lindo.

— Sim, é muito lindo – fala também olhando o lago – David costumava trazer eu e Ruby aqui quando éramos crianças, ficávamos brincando até ter a festa dos vagalumes.

— Festa dos vagalumes? – quis saber.

— É, eu e Ruby demos esse nome pra esse momento, porque é quando os vagalumes vem e fazem a festa, ele ficam sobre a água e parecem em festa.

— Deve ter sido maravilhoso crescer em um lugar como esse.

— Eu diria que crescer aqui foi quase sempre um tedio, as vezes eu queria sair daqui e ir explorar o mundo lá fora, mas sei que meu lugar é aqui, não sobreviveria lá fora, não sem a festa dos vagalumes – riu de sua própria piada.

Estavam lado a lado, ambas perdidas nos pensamentos. Ambas perdidas nas sensações que aquele ambiente trazia a elas. Ambas perdidas no prazer de estar uma na companhia da outra. Emma olhou para Regina, estava tão perto da morena que podia sentir a cheiro de maça que emanava dela, sentia vontade de colocar seus sentimentos para fora, falar ali tudo que estava na sua garganta, tudo que estava acumulado desde a sua chegada à cidade, mas não podia. Como Regina tinha dito, faltava apenas um dia para que ela concluísse sua estadia. Sacudiu a cabeça querendo que aqueles pensamentos fossem pra longe, mas ter Regina tão próxima assim, tornava algo impossível. Não, tinha que esquecer Regina, ela precisava esquecê-la, já passava para a necessidade, não poderia se machucar de novo.

— Vamos, o doutor deve estar preocupado, amanhã o dia vai ser longo.

— O que vai haver amanhã?

— Amanhã é o baile dos fundadores e você é uma celebridade.

— Baile dos fundadores? O que é isso? – pergunta já caminhando de volta para a caminhonete.

— Pra falar a verdade, nem eu sei – ri e entra no automóvel o ligando e dirigindo em direção a cidade.

"You've been on my mind

I grow fonder every day

Lose myself in time

Just thinking of your face"

O caminho dessa vez foi feito em silencio, mas não o silencio constrangedor, e sim um silencio que era necessário para elas, as duas com seus próprios pensamentos. O único som que podia se ouvir era uma música que saia do rádio onde Emma cantava baixinho.

"God only knows why it's taken me so long to let

my doubts go

You're the only one that I want"

Era estranho para Emma estar sentindo essas coisas por Regina, já que a morena só passara alguns dias com ela. Lembrou-se que quando começou a sentir coisas parecidas por Lilith, demorou um tempo, passaram pela fase de amizade e só então se envolveram, mas com a morena ali não tinha acontecido nada disso, elas não eram amigas, não era em comum e a única coisa que faziam ambas acabarem juntas era apenas arte de David, parecia mesmo que o doutor queria que elas se aproximassem mesmo que não quisessem, mas ali estavam elas, uma do lado da outra passando o dia juntas, como se fossem amigas.

"I don't know why I'm scared

'Cause I've been here before

With every feeling, every word

I've imagined it all

You'll never know if you never try

To forgive your past and simply be mine"

Estacionou a picape perto da entrada da delegacia e saiu. Viu Regina fazer o mesmo e parar em frente à pequena escada que dava acesso a porta da delegacia. Emma da volta na picape para caminhar até a morena e para a apenas alguns passos de alcança-la.

— Obrigada por hoje, e obrigada por me levar à festa dos vagalumes, eu realmente adorei – diz pondo uma mexa de cabelo que insistia em lhe cair os olhos para trás.

— De nada. Acho que também devo lhe agradecer por me acompanhar ao tribunal – fala e põe as mãos nos bolsos traseiros.

— Bom, então acho que estamos quites... ¬– um sorriso tímido brota de seus lábios. - Então, boa noite, senhorita Swan – diz virando-se de costas para Emma.

— Regina... – A loira a chama antes mesmo que ela pudesse subir o primeiro degrau.

Regina vira-se novamente, dessa vez ficando de frente para Emma.

"I dare you to let me be your, your one and only

I promise I'm worthy

To hold in your arms

So come on and give me the chance

To prove I am the one who can walk that mile

Until the end starts"

—Sim, senhorita Swan… - diz e olha diretamente para os olhos da mulher que está a sua frente.

Quando Emma foi atingida por aquele par de olhos castanhos, sequer conseguiu formular uma frase para responder. Os olhos da loira desceram até a boca carnuda de Regina e ali pousaram. De repente, uma ansiava avassaladora de beijar aqueles lábios começou a crescer dentro de Emma. Mas não podia fazer aquilo, não tinha ideia de qual seria a reação de Regina, e se ela não gostar? E se for ruim? A loira poderia estragar tudo com tal atitude... ou pior, e se for bom, o que ela faria depois? Regina tem apenas mais um dia na cidade. A única certeza que Emma tinha era de como desejava beija-la, precisava daquilo.

"If I've been on your mind

You hang on every word I say

Lose yourself in time

At the mention of my name

Will I ever know how it feels to hold you close

And have you tell me

Whichever road I choose, you'll go?"

— Swan? – chamou esperando por uma resposta que jamais viria. De alguma forma, ela sabia o que estava prestes a acontecer, e não pensou nem por um segundo em recuar, pelo contrário, deu um passo à frente e os seus olhos também foram parar nos lábios de Emma.

Foi a deixa para que a loira tomasse seus lábios em um primeiro contato suave, do qual arrancou um suspiro quase que inaudível de ambas. Emma pressionou um pouco mais os lábios de Regina, que agora dava total passagem para que os lábios de Emma passeassem nos seus, suas línguas interagiam em uma dança lenta, enquanto as mãos de Emma pousavam na cintura de Regina, e a mesma descansava os braços ao redor do pescoço de Emma. Era um beijo tranquilo e agradável. Permaneceram assim por algum tempo, até que precisassem tomar folego novamente. Afastaram-se minimamente, ainda dava para sentir a respiração uma da outra tocando no rosto de ambas. Emma foi a primeira a se afastar a mão que repousava na nuca de Regina escorregou até a maçã do rosto da morena, fez um carinho ali.

— Boa noite senhorita Mills.

"I don't know why I'm scared

'Cause I've been here before

Every feeling, every word

I've imagined it all

You'll never know if you never try

To forget your past and simply be mine"


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