Indestructible escrita por Seelie


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá.
Bem, por causa do meu medo de colocar informações errôneas eu tive que pesquisar bastante (nos livros, wiki's, mapas e etc.) para poder escrever isto. Por esse motivo, já me desculpo do fundo de meu coração por quaisquer erros de ortografia ou das informações e datas dos livros que sejam encontrados durante a leitura.

Obs 1: Eu decidi que esta história se passaria antes do casamento da Tessa e Jem porque não achei a data exata que eles se casaram em lugar nenhum, assim como também não achei o dia exato em que William morreu.
Obs 2: Deixarei o link com a música que usei como título da fanfic e durante ela nas notas finais para quem quiser ouvir. Realmente acho que essa música é ótima para o amor de Herongraystairs que é extremamente único, duradouro e especial.



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 De 1937 até 2008, Theresa Gray ia para Londres todo ano, independente do quão longe estivesse, por dois motivos, eles eram: o encontro anual com James Carstairs na Blackfriars Bridge e o aniversário de morte de seu falecido marido William Herondale.  Mesmo depois de ter se retirado do país quando o coração de Will parou de bater para não ter de ver a vida deixando também seus filhos, todo ano ela voltava para lá. Nos primeiros anos, Tessa visitou os lugares em que Will a levou durante o tempo em que estiveram juntos e, mesmo depois de um certo tempo, acabar por não ter mais locais para a mesma visitar, ela apenas passou a ir novamente aos mesmos, com medo de que se parasse de ir até eles, pudesse acabar por esquecer alguns momentos que tivera com o marido ao longo da vida.  Afinal, quando se é imortal, acabar por não lembrar mais de características específicas de uma pessoa a quem se amou, é um dos maiores temores. 


Hmm, Indestrutível

Indestrutível
Sim, sim
           

               Atualmente, em 2009, Tessa estava viajando com Jem por inúmeros lugares cujo ela tanto desejava mostrar a ele, quanto conhecer. Os dois haviam começado a viajar juntos depois do encontro anual deles no começo de janeiro do ano anterior, onde a menina descobriu que, depois de mais de cem anos vivendo como Irmão do Silêncio como única forma de se manter vivo, ele finalmente havia conseguido a cura para sua doença e se tornado um homem mortal e livre.  Desde então, Tessa ajudou-o a se adaptar aos tempos modernos, enquanto viajavam sem rumo, finalmente se deleitando da vida de casal que por tanto tempo lhes foi afastada. 
               
               Porém, se aproximava cada vez mais de junho, mês em que completaria 72 anos da morte de Will e, a feiticeira não conseguia evitar os pensamentos relacionados a este tema de chegarem até sua cabeça.  Mesmo agora estando na companhia de Jem — que ela amava de maneira indescritível, — a vontade de visitar o lugar onde seu outro grande amor nasceu e faleceu não diminuíra nem um pouco. Isto não a surpreendeu, pois sem importar quanto tempo passasse, ela nunca deixaria de amar Will e, igualmente, Jem.  Contudo, não tinha ideia do que James pensaria a respeito disso.  Ele a reprovaria por reservar unicamente um dia para se lamentar pela falta de Will? Talvez não, afinal, a intenção dela não era se lamentar, pois ela já carregava a dor da falta dele todo o tempo, e sim ter um dia dedicado apenas ao homem que mudou sua vida.  Ele tinha de entendê-la.  Quem mais no mundo poderia compreender seus sentimentos por Will se não James Carstairs, que o amava tanto quanto ela?
  

Não é fácil, mas nós temos

Este indestrutível e inquebrável
Vínculo que nunca vai se quebrar    

                            
               No meio de uma tarde já parcialmente nublada durante o final de maio, Tessa foi questionada por Jem sobre qual seria o próximo destino dos dois, insegura da reação dele ela hesitou minimamente antes de lhe responder que não tinha nenhum lugar especial em mente. Um silêncio pairou entre eles enquanto o homem olhava fixamente para a janela em sua frente, ela permaneceu em silêncio admirando cada traço da fisionomia dele, comparando a cor escura dos olhos e cabelos com o prateado que antigamente eles possuíam, pensando em como se sentia bem em poder ver seu Jem novamente com uma aparência mais humana, e agora, saudável.  Então ele cortou o silêncio inesperadamente, dizendo:

— Eu gostaria de voltar para Londres, quin ai de.
 
               Meu amor.  Ela sentiu o corpo tremer como sempre fazia quando Jem lhe dizia algo em mandarim, porém dessa vez ela estremeceu duplamente por causa do resto da frase.  Antes que pudesse perguntar o motivo dele querer ir para lá, ele se virou para ela, segurou suas duas mãos, a olhou com intensidade e continuou.

— Desde o dia em que fui até o Instituto de Londres, no último dia de vida dele, até hoje, mesmo ainda sentindo que ele estava comigo, nunca tive a oportunidade de aproveitar o momento com ele.  Gostaria de ir até um local onde eu estive com ele durante sua vida, onde poderei senti-lo melhor e, como não deve ser uma boa ideia invadirmos o Instituto e começarmos a utilizar a sala de treinamento, quer ir comigo até o Hyde Park para tentarmos criar uma raça de patos canibais? — Ele terminou de falar com um sorriso lindo e sincero, que demonstrava todo o afeto que tinha ao falar e pensar em Will. 
 
                A lembrança de Willian inúmeras vezes falando sobre patos e como eles o assustavam a atingiu, então, somado a isto a última frase de Jem, o resultado foi uma risada limpa, sincera e longa de Tessa, que extinguiu todas as aflições dentro de seu interior. 

Por exemplo,
Mesmo se parecer que você está prestes a cair de um penhasco
Eu definitivamente não vou soltar a sua mão


               Durante as viagens, Tessa utilizava parte da consideravelmente grande quantia de dinheiro mundano que ela conseguira acumular ao longo dos anos para arcar com as despesas dos lugares onde os dois se hospedavam, até os alimentos e roupas que compravam, mas para poupar gastos e tempo eles se locomoviam através da magia da feiticeira.  Desta vez foi diferente, os dois decidiram ir de avião, já que Jem nunca tinha tido esta experiência antes.  Eles se encaminharam para o aeroporto Orly, em Paris, e de lá seguiram para Londres.  Ao desembarcarem no aeroporto de Luton, não precisaram sequer trocar palavras para decidirem que iriam até outro lugar antes do Hyde Park, pois para ambos isso já era claro, então, foram diretamente para um ônibus em direção a ponte Blackfriars.
 
               Chegando lá, Tessa pensou em como o local continuava idêntico a última vez em que esteve nele, porém logo se corrigiu.  Por anos, ao se aproximar da ponte ela sempre se sentia quase sem ar, como se seus órgãos internos se comprimissem, como se estivesse segurando o ar por uma grande quantia de tempo, mas agora era diferente.  Ela não iria encontrar uma versão distante de Jem, pois ele estava com ela, e do modo mais próximo possível.  Ao pensar nisto ela suspirou de modo leve, como se estivesse soltando todo o ar que anteriormente prendeu e, tocou os dedos do homem com os seus, entrelaçando-os.  Juntos foram até a exata área em que ela ficou parada no ano anterior enquanto esperava ele chegar, em um silêncio do tipo agradável, permaneceram por um bom tempo ali, com os sentimentos e pensamentos num ápice.  Mesmo sem precisar, ela comentou:

— Se passaram décadas desde a primeira vez em que estivemos aqui e acho que nunca realmente agradeci por você ter me mostrado este lugar tão maravilhoso. 

               Ele colocou o braço livre em sua cintura, mantendo-a de frente para si e sem soltar sua outra mão.

— Me lembro como se fosse ontem de que naquele momento eu tive certeza de que estava apaixonado por você.
 
               Ela sorriu.

— Aquele momento antes ou depois de sermos atacados e quase mortos pelos autômatos de Mortmain? 

               Os dois riram e, para surpresa dela, no lugar dele dar uma resposta igualmente cômica para a pergunta, sua expressão se tornou séria.

— Ni hen piao liang — Ele disse, como se esta fosse uma verdade universal.

               Tessa, sabendo a tradução porque ele havia lhe ensinado cem anos atrás, respondeu sorrindo:

— Você também é lindo, James.  E eu te amo, porém não me lembro como se fala isto em mandarim. 

               O homem não respondeu com palavras, mas sim com beijos.  


Estes sentimentos, eu me pergunto se eles vão chegar até você

Mesmo assim,
Quero transmitir estes sentimentos pra você honestamente
 

               Saindo da ponte, pegaram um metrô até a Marble Arch Station, onde Tessa insistiu em visitar algumas lojas para comprarem um novo violino para Jem, que era um violinista extremamente talentoso. Ele, sem tocar o instrumento por tanto tempo, acabou por aceitar a proposta.  Na primeira vez em que adentraram em uma loja, o coração de Tessa quase parou ao ver a felicidade estampada no rosto do namorado.  Os olhos escuros brilhavam mais cada vez que avistavam um instrumento diferente e, quando segurou um violino pela primeira vez e o apoiou no ombro, era como se dele irradiasse uma luz que atingia a todas as sombras no interior da feiticeira.
 
               Depois de escolher um e pagar pelo mesmo, saíram do estabelecimento e continuaram caminhando pelas ruas até que Tessa sentiu James se afastando rapidamente dela, ao segui-lo, viu que ele se aproximava de um mostruário de vidro com diversas tortas juntas a outros doces e salgados coloridos visíveis.  Quando chegou ao seu lado novamente, o ouviu pedindo ao jovem funcionário por uma torta de pato, seguidamente o ouviu comentar entre leves risos:

— Comicamente fiel as palavras de Willian —, pegou a torta que lhe foi entregue. — Definitivamente aprendi com ele sobre senso de humor. 

               Tessa adorou a ideia, porém não deixou claro.

— Diga que não seremos totalmente fiéis a todas as palavras dele, pois realmente não quero ser detida pela polícia de Londres logo hoje.

—Tudo bem, eu gosto de patos do jeito que eles são. 
 
               Apressando o passo, eles andaram até o parque.  Na área, ele a levou até o lugar em que costumava passar distraidamente algum tempo com Will, os dois se sentaram sobre a grama verde vibrante e lá permaneceram conversando e comendo a torta, por mais ou menos umas duas horas que Tessa sequer sentiu passarem.  Finalmente, Jem se levantou e tirou o violino e o arco do estojo.  Depois de tanto tempo sem ter o prazer de efetivar seu hobby favorito que herdara dos pais músicos, o homem se sentia tenso ao considerar que talvez o sentimento que lhe afloraria ao tocar seria diferente do qual se lembrava, mas mesmo assim não se intimidou, pois sabia que não devia temer que sua namorada o julgasse pelo que quer que saísse.  Apoiou o instrumento no próprio corpo e lentamente começou a reproduzir algumas notas, cada uma delas tocou o coração de Tessa e ela sentiu como se estivesse revendo uma pessoa cujo sentia avassaladoras saudades.  De simples notas, ele passou a subir e descer o arco em certa frequência, começando a reproduzir uma música que o próprio compusera.  Tessa não precisava que ele lhe dissesse o que passava pela sua cabeça enquanto tocava, pois ela conseguia compreender a música dele, e isso era uma coisa que ela achava incrível.  Então, graças a isto, ela abraçou a si própria com força quando visualizou dois jovens garotos caçadores de sombras rindo numa sala do Instituto, em certo momento, viu a si mesma se juntando a eles e em seguida todo o lugar ao redor mudou, assim como os meninos.  Depois, viu os três juntos em diversas situações que ela agora lembrava vagamente.  

               Ver Jem tocando a história deles lhe trazia a lembrança da música que ele tocou nos últimos momentos da vida de Will, porém, de alguma forma, ela sabia em seu íntimo que havia uma grande diferença.  Da outra vez era uma música de despedida, um "até logo" para o trio que se modificava e distanciava, já agora, era uma música de reencontro, era uma saudação. 
               
               Tessa — que odiava chorar — estava com os olhos lacrimejando, porém se esforçava ao máximo para conter o choro, até que isso se tornou inútil quando visualizou todas as pessoas que eles tanto amaram durante os anos que viveram em Londres visitando o quarto de Will para de despedirem, depois todos se esvaneceram lentamente como poeira, todos mortos, com exceção de Tessa e Jem.  Os únicos que o tempo não levara, por causa da imortalidade. 
 
               O som do violino se extinguiu, quando Jem tirou a visão do instrumento, a focou em Tess e a avistou sentada e chorando, seu coração apertou-se ainda mais.  Dobrando os joelhos e se abaixando em direção a namorada,  largou o violino desajeitadamente pela grama e a abraçou como se sua vida dependesse disso.  O conforto dos braços um do outro e das lágrimas caindo sem controle lhes foi a melhor coisa que desejariam ter no momento, pois, se existiam duas pessoas que poderiam se compreender perfeitamente neste mundo, com certeza eram eles.  Ambos sabiam que não precisavam de palavras naquele momento, e por isto se mantiveram em silêncio.  A mente de Theresa era um turbilhão de pensamentos, porém havia duas coisas claras para ela: A primeira era que acima de tudo, ela era a pessoa mais sortuda do mundo por ser quem era e ter tido o privilégio de amar e ser amada por todas as pessoas que a acolheram e a ajudaram nos momentos mais complicados de sua vida, independente deles ainda estarem com ela ou não...

— Tess — ele pronunciou, interrompendo seus pensamentos e desfazendo o abraço —, se lembra da festa de casamento de Jocelyn Fray em maio do ano passado, quando eu lhe disse que sentia que Will estava conosco e feliz em nos ver juntos?

               Atordoada, ela apenas assentiu enquanto ele segurava seu rosto com as mãos delicadas e continuava falando. 

— Que momento melhor para deixá-lo ainda mais feliz do que agora? — Antes que Tessa pudesse dizer que não havia entendido, ele prosseguiu. — Theresa Gray, 131 anos atrás eu lhe pedi em casamento pela primeira vez sem saber que meu melhor amigo a amava tanto quanto eu e ainda estando com os dias contados por uma doença que julgava ser incurável... pensando nisto agora, meu pedido era quase insano, mas, eu te disse inúmeras vezes que independente do quão curto fosse o tempo que me restasse, o que me importava era que eu passasse ele como seu marido.  Bem, agora há a diferença de que meu coração não possui mais um número limitado de batidas, porém em nada mudou minha vontade de entregá-lo completamente a ti.  Você me disse uma vez que não questionamos milagres nem reclamamos quando eles não são exatamente da forma como gostaríamos, porém, esse é o nosso reencontro, a oportunidade de nós dois ficarmos realmente juntos e dos três ficarem felizes.  Este é o maior milagre da minha vida, e nele, definitivamente não há nada para questionar. Então... você aceita ser novamente minha esposa, Tessa?
 
               Naquele momento, a segunda coisa que estava clara em sua cabeça se tornou a única: Woolsey Scoot estava absolutamente correto.  A maioria das pessoas tem sorte se encontra um grande amor na vida. Ela encontrou dois.

— Claro que sim, James.  
                                                                                         

As coisas mais importantes
São invisíveis
Então eu quero dizer para você inúmeras vezes
Se eu não tivesse você
Eu não seria quem eu sou hoje                                                          

               Assim que chegaram a um hotel onde passariam a noite e Jem rapidamente dormiu de cansaço na cama de modo desajeitado, Tessa tomou um banho e deitou ao seu lado com um caderno e caneta em mãos.  Jem era ruim com palavras para demonstrar os sentimentos porém bom em compor músicas, já ela e Will eram o contrário.  Com o som do violino de James e as palavras da carta que recebera de William anos antes passando por sua cabeça, ela passou toda a noite escrevendo sobre o amor indestrutível dos três.


Esse destino
Indestrutível

 
                             
                                                                                       
         "A medida do amor é amar sem medida."
                         —  Santo Agostinho


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Notas finais do capítulo

Como disse, aqui vai o link para a letra e vídeo da música: https://www.letras.mus.br/girls-generation/indestructible/traducao.html

Eu realmente não tenho o costume de postar algo que escrevi, então acho que seria legal se alguém que tenha dedicado uma pequena parte do próprio tempo para ler isso me dissesse com sinceridade o que achou. De qualquer forma, já agradeço.



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