Um Anjo Em Minha Vida - Concluída escrita por Julie Kress


Capítulo 5
Conversas intrigantes & Uma ligação importante...


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal!!!

Demorei, mas estou de volta! Haha

Espero que gostem!

Boa leitura!!!



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Abri os olhos me sentindo zonza, pisquei ainda desorientada, minha visão estava completamente turva. Tentei levantar, mas o meu corpo não obedecia aos meus comandos. Voltei a fechar os olhos, sentia meu corpo mole e dolorido. O que aconteceu comigo? Por quê estou assim? Ainda mantendo os olhos fechados, pude ouvir vozes. Vozes alteradas, era uma conversa entre dois homens, pareciam discutir. Mas eu não entendia nada, não era no meu idioma.

Abri os olhos novamente, fitei o teto avermelhado. Reconheci o teto da minha casa, o lustre da sala. O móvel macio abaixo de mim só podia ser o sofá, fiz mais uma tentativa de levantar, mas foi em vão. A discussão havia cessado.

Passos.

Escutei os barulhos de passos, estavam se aproximando. Um pequeno calafrio percorreu minha espinha e se espalhou pelo meu corpo. O frio tomou conta do cômodo e o meu corpo paralisou, fiquei completamente imóvel, vulnerável.

— Você sabe muito bem o que deve fazer, Caliel.

A voz era grave e tinha o tom sombrio, dessa vez consegui compreender cada palavra com nítidez.

— Claro que sei, pode ficar tranquilo. O meu futuro aqui na Terra depende disso, não posso perder essa oportunidade. Só preciso achar a garota que tenha a preciosa marca de nascença. - Afirmou aquela voz conhecida, era ele. O "desmemoriado" conversando com outro homem.

— Você tem seis meses para achá-la, você sabe muito bem que o ritual Corpus Possessionem acontece antes do Mense Sanctus. Até lá teremos tempo o suficiente para acharmos as Puellae Electi para o sacrifício. - Avisou o dono da voz desconhecida.

— Não se preocupe comigo, irmão, eu vou conseguir. Boa sorte na sua procura, tenha cuidado. Os informantes estão por todos os cantos, nos vigiando, esperando qualquer vacilo vindo da gente. - O esquisito disse com seriedade.

 

Como assim ele falava igual uma pessoa normal como eu? E o sotaque? A formalidade e o jeito estranho de conversar?

— Eu sei. Se cuida, irmão, nos vemos em breve. - O outro homem falou e eu continuei imóvel, impossibilitada de abrir os olhos.

Segundos. Minutos. Horas... Não sei quanto tempo se prolongou, fui aos poucos recuperando meus sentidos. Com muito custo consegui abrir os olhos, minhas pálpebras ainda estavam pesadas, finalmente consegui erguer meu corpo e sentar.

— Você acordou... - A voz do Aladim soou tranquila, ele estava sentado no sofá pequeno.

— O que você fez comigo? - Minha voz saiu arrastada, baixa e rouca.

— Você desmaiou. - Respondeu curto, seus olhos escuros fixos nos meus.

Desmaiei? Mas por quê? Não posso ter desmaiado... Lembro do nosso beijo, também lembro de ter despertado, de ter ouvido uma conversa estranha que me deixou muito intrigada.

— Eu simplesmente desmaiei? - Perguntei abismada e ele confirmou, assentindo. - Seja franco comigo. Diz a verdade, eu preciso saber a verdade. Toda a verdade. Quêm é você? De onde veio? E por quê não quer ir embora da minha casa... Caliel? Esse é o seu nome, não? Não adianta negar! Eu ouvi sua conversa com o seu amigo, vocês falavam sobre coisas estranhas. - Me levantei, apontando o dedo para ele.

— Hãn? - Se levantou me olhando, confuso. - Deve ter sido um sonho ou você está delirando. Não me chamo Caliel. Não tinha ninguém aqui além de nós dois, você desmaiou e eu fiquei aqui ao seu lado, o tempo todo, esperando você retomar a consciência! - Afirmou se aproximando e eu me afastei, indo para trás do sofá.

— Fique longe de mim, não se aproxime. Vai embora da minha casa! - Aumentei meu tom de voz.

— Tente se acalmar, você está confusa, não sabe o que está dizendo. Eu não vou machucá-la! - Garantiu.

Eu queria poder confiar nele, mas simplesmente não conseguia. Tinha algo errado, ele estava mentindo. Eu podia sentir isso, aquele rapaz não podia ser confiável. Sei o que ouvi, não foi um sonho ou delírio.

Corri em direção a escada, subi os degraus correndo o mais rápido que podia. Cheguei no segundo andar, me tranquei em meu quarto... Ouvi seus passos no corredor, era ele. O cara só podia ser um assassino, psicopata. Porra! Eu deveria tê-lo deixado lá no beco, morrendo, sei que ele podia pegar uma hipotermia, ou pneumonia.

— Abra! Precisamos conversar, confie em mim, eu juro que não vou te machucar! - Disse com a voz serena, mas ele mexia na maçaneta, tentando girá-la.

Corri até a janela, destravei e tratei logo de abrí-la. Sem pensar duas vezes, pus os pés para fora, em seguida o corpo todo. Fechei a janela, e trêmula por causa do frio noturno de Boston, me equilibrei. Estava ventando, o robe que estava vestindo esvoaçava enquanto eu andava sobre o telhado, pé ante pé. Me afastei devagar, ventania só aumentava, eu precisava descer e fugir. O tecido fino do robe engatou em algo, o puxei depressa e acabou rasgando. Descartei aquela peça, ficando apenas de pijama, me agachei e comecei a engatinhar, indo para a calha.

— JADE! - Ouvi ele gritar meu nome.

Meus cabelos esvoaçavam, o desespero tomava conta de mim.

— JADE! - Gritou mais forte.

Continuei engatinhando, as palmas das minhas mãos doíam, assim como meus joelhos. Finalmente cheguei até a calha, e ela acabou cedendo com o meu peso. Meu grito rasgou minha garganta enquanto meu corpo caía rapidamente, esperei o baque. A queda daquela altura poderia ser fatal, se eu escapasse com certeza saíria com graves seqüelas.

Braços fortes me ampararam, ne senti aliviada. Foi um alívio inesperado e tão grande. Estava salva, mas meu corpo todo sofria de espasmos por conta da adrenalina e do medo.

— Agora vou te colocar no chão, com cuidado... - Sua voz estava ofegante.

Ele me desceu de seu colo, bem devagar. Me colocou no solo, a grama úmida e fria grudou nos meus pés descalços. Suas mãos firmaram-se em minha cintura, segurando-me.

Meu corpo ainda tremia de frio, também de nervosismo. Se ele não estivesse me segurando, com certeza eu desabaria aos seus pés.

— Nunca mais faça isso, entendeu? Você ficou louca? Poderia ter se machucado ou pior... - Fechou os olhos, balançou a cabeça e me puxou, fazendo nossos corpos se chocarem abruptamente, me apertando contra sí.

Meu rosto ficou pressionado contra seu peito. Inalei seu perfume, era embriagante, forte, masculino, com um toque sutil de brisa do mar.

Suas mãos percorreram minhas costas, seus dedos ágeis pararam sobre a barra da blusa do pijama, subindo por baixo do tecido sedoso, tocando minha pele.

Um suspiro involuntário acabou escapando por meus lábios trêmulos. Seu toque era abrasador, gostoso de sentir, de se apreciar...

Me afastei, empurrando seu corpo. E olhei para seu rosto, seus olhos estavam enegrecidos e seus lábios se mantinham fechados numa linha reta.

Umedeci os meus com a ponta da língua, sem quebrar o contato visual. O moreno que ainda tinha uma mão apoiada em minhas costas, levou a outra para a minha nuca e me puxou para um beijo urgente.

[...]

Foi tudo muito rápido, urgente demais. Entramos em casa apressados, aos tropeços, nos batendo contra alguns móveis. Com breves pausas para respirar, nossos lábios pareciam ímãs.

Minhas costas se chocaram contra a parede, não me importei. Suas mãos firmes subiam e desciam pelas laterais do meu corpo, me acariciando por cima do tecido. Prendi seus fios lisos e macios entre meus dedos, puxando seu cabelo com vontade, fazendo-o gemer contra meus lábios.

Nossas bocas se desgrudaram e ele foi direito para o meu pescoço, roçando o nariz contra a pele sensível, antes de começar a depositar beijos. Desci as mãos por suas costas largas até a barra da camiseta, meus dedos subiram por baixo do tecido macio, percorrendo sua pele macia, subindo cada vez mais.

Com as pontas dos dedos delineei suas cicatrizes, sentindo a pele levemente áspera.

Foi então que eu o senti, o volume se formando, crescendo e endurecendo, pressionando minha parte íntima. Arquejei, soltando pequenos gemidos, enquanto seus lábios deslizavam por minha garganta.

Trim Trim Trim...

O telefone tocando irritantemente nos tirou daquela bolha de desejo e excitação. O moreno se afastou sobressaltado, e eu tentei me estabilizar. Ainda com as pernas bambas caminhei até a mesinha redonda aonde estava o telefone residencial, o tirei do gancho o atendendo depressa.

— Alô? - Minha voz saiu rouca, ainda ofegante.

— Jay? - Aquela voz fez meu coração disparar.

— Jonas? - Ofeguei, surpresa. - Jonas? É você? Fale comigo. Jonas? - Comecei a me desesperar com o silêncio que se instalou.

Olhei ao redor da sala, estava sozinha. Nenhum sinal do moreno misterioso...

— Sim, sou eu, maninha! - Respondeu, não pude segurar as lágrimas.

Era ele, o meu irmão caçula que havia desaparecido.

— Aonde você está? Por favor, volte para casa. Você nem imagina o quanto papai e eu sofremos quando você sumiu. - Falei rapidamente.

Sinto muito... - A voz dele começou a embargar. - É perigoso demais, não posso voltar pra casa, Jay. - Disse lamentando.

— Por quê? O que aconteceu? Aonde você está? Me diz, quêm está por trás disso? - Perguntei, angustiada.

— Eu não posso te contar... Preciso desligar. Nunca se esqueça, eu te amo. Eles estão me caçando, preciso ir...

Em seguida, caiu a ligação. Me apoiei na mesa, em prantos, largando o telefone no gancho. Jonas... Não! O que está havendo com o meu irmão? Quêm são "eles"? E o que eles querem?

— Vem aqui, sente-se um pouco. Tome, vai ajudar você se acalmar. - O moreno apareceu com um corpo d'água.

— Não toque em mim. Não preciso disso! - Bati com força na sua mão, derrubando o copo de vidro que se estilhaçou no chão.

Ele recuou sem falar nada, lhe dei as costas e me encaminhei para a escada.

[...]

No dia seguinte: às 09h:25min...

Cheguei um pouco atrasada no trabalho, segui direto para o Stúdio 5 -Classe infantil, descartei o copo vazio no caminho, na lixeira mais próxima dali. Desde que saí de casa, parei três vezes para comprar café.

Cheguei ao Stúdio, e encontrei minha turma me aguardando na fileira de banquinhos encostados na parede. Murmurei um "Bom dia", e pendurei meu casaco no cabideiro.

Abri minha bolsa e tirei um par de sapatilhas pretas, troquei minhas botas por elas, ajeitei meu coque habitual e coloquei minha faixa de cabelo.

O aquecedor estava ligado, naquele dia eu estava usando um Collant preto, com mangas e um discreto decote nas costas, saia e meias-calças da mesma cor do Collant.

Me encarei no enorme espelho que praticamente cobria toda a parede, meu rosto pálido, a expressão cansada e as olheiras denunciavam a noite mal dormida.

Respirei fundo e me virei para o grupinho de meninas, ao total eram quinze alunas.

— Nada de corpo mole, rápido, todas já pra barra de alongamento! - Falei me posicionando, pronta para me alongar.

Elas resmungaram, reclamaram um pouco, mas acataram a minha ordem. Foram uns 15 minutos de alongamento, depois eu liguei o aparelho de som, coloquei um CD qualquer de música clássica, e iniciei minha aula.

[...]

— Odeio isso, não nasci pra dançar Ballet ,prefiro brincar de boneca. - Jessie, uma garotinha de 8 anos se queixava chorosa, enquanto eu massageava seu tornozelo direito que quase fora torcido.

— Jessie é chorona, Jessie é chorona, Jessie é chorona. É desastrada e quase caiu de cara... - Um trio de pirralhas irritantes, cantavam caçoando da colega.

— CALEM A BOCA VOCÊS TRÊS! - Gritei me estressando com Bryanna, Rebecah e Clove. - Se derem mais um pio, juro que pendurarei vocês de ponta cabeça! - Ameacei, irritada.

— Bruxa! - Rebecah mostrou língua e as outras fizeram cara feia.

Respirei fundo, e voltei a massagear o tornozelo de Jessie.

20 minutos depois...

— Tchau, tia Jade! - Jessie se despediu antes de ir embora com a mãe.

Acenei, mesmo não gostando nenhum pouco de ser chamada de "tia". Aos poucos, pais e babás foram chegando para buscar as meninas... Sobrou apenas uma das pestinhas, a Rebecah que estava emburrada esperando o pai.

Ignorei a presença daquela criaturinha irritante, e tirei minhas sapatilhas, trocando-as pelas botas. Arranquei a faixa e soltei meus cabelos, guardei o CD na bolsa, e tranquei o aparelho de som dentro do pequeno armário metalizado.

— Senhorita, West? - Me virei quando ouvi a voz do pai da Rebecah.

Aquele homem maduro e casado me secou descaradamente, e sorriu malicioso, passando a língua pelos lábios. Nojento!

— Pois, não senhor, Baker? - Murmurei apanhando meu casaco, o vesti depressa.

— Está a fim de tomar um café comigo? - Convidou com segundas intenções.

Rebecah estava distraída demais, ouvindo música nos fones, e brincando no vídeo-game portátil, aproveitei aquilo para dizer umas poucas e boas para o safado do pai dela.

— Escute aqui, senhor Baker, pode ir parando de dar em cima de mim. Eu não sou nenhuma vadia que sai com homens casados. Tome vergonha nessa sua cara enrugada e pare de dar em cima de mim na frente da sua filha. E dá próxima vez que olhar para a minha bunda e murmurar coisas obscenas, juro que vou socar a sua cara! - Ameacei, raivosa.

O cretino enguliu em seco e saiu puxando a filha, indo embora com rapidez.

— Velho babão! - Resmunguei pegando a minha bolsa.

Naquele instante, meu celular tocou o peguei depressa e o atendi, enquanto deixava o stúdio.

— Fala, Vega. - Atendi, entediada.

— Credo! Que desânimo, hein? Isso é falta de diversão, sabia? Ou você está muito tempo na seca... - Riu, e eu revirei os olhos.

— Diz logo o que quer! - Exigi impaciente.

— Quero almoçar com minha melhor amiga, colocar a conversa em dia... Te vejo no LLB daqui à vinte minutos? - Sugeriu empolgada.

— Olha, Tori, acabei de sair do trabalho. Estou cansada, precisando de um banho e...

— Eu não aceito um "não" como resposta. Então, venha almoçar comigo aqui em casa. Você pode tomar banho, tem roupas suas aqui... Por favor, vem... Eu cozinho o que você quiser! - Insistiu choramingando.

— Aagh! Tá bom, já estou indo, coisa chata. - Cedi e ouvi ela comemorar, revirei os olhos e desliguei na cara dela.

Em seguida, liguei para o telefone residencial da minha casa, o Aladim atendeu e eu pedi para ele se comportar, não mexer nas minhas coisas e não colocar fogo na casa. Pude jurar que ouvi ele rindo, mas ignorei e encerrei a ligação.

Entrei no meu Toyota e rumei para a casa da Vega.


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Notas finais do capítulo

E aí? Digam o que acharam...

Alguma teoria/palpite sobre o irmão da West?

E sobre o moreno misterioso???

Já sabem o que ele é???

Comentem! Bjs